Exposição Quem não pode com o pote, não pega na rodilha Galeria de Arte da Copasa recebe cultura popular “aos potes” Exposição “Quem não pode com o pote, não pega na rodilha”, de Lorena D’Arc, traz obras feitas a partir de tigelas de porcelana que remetem ao cotidiano e à história de um povo. O que provérbios antigos, tricô com fibra orgânica e potes de porcelana têm em comum? A resposta está na exposição “Quem não pode com o pote, não pega na rodilha”, de autoria da ceramista mineira Lorena D’Arc. A série, que traz 16 peças e uma instalação, chega à Galeria de Arte Copasa no próximo dia 07 de março. A exposição gira em torno da clássica louçaria utilitária doméstica – potes de porcelana –, de diferentes tamanhos e aparências, ora adornados por impressões serigráficas, ora por um peculiar tricô, feito a base de tripas de porcos. Sobre a matéria-prima dessa série, a artista conta: “sempre gostei de agregar a cerâmica a outros materiais. Nessa série, apesar de utilizar um material que remete ao utilitário, busco despertar o olhar do espectador para o objeto em si, para a escultura”. Nas peças em que optou por trabalhar com a serigrafia, técnica que lhe permitiu escrever sobre a porcelana, ela registrou provérbios antigos relacionados ao pote, que refletem as relações cotidianas e a história do homem, sempre buscando o diálogo entre o objeto e a expressão ali registrada. Um exemplo é a peça “Colher de chá”, em que a artista descreve no pote o significado dessa expressão popular e o ilustra com a figura de duas colheres, uma impressa e outra física, disposta sobre ele. “Gosto de trabalhar com linguagem popular porque a cerâmica, tal qual os ditos populares, acompanha a carga histórica de cada povo. E eu quis trazer um pouco dessa linguagem para minhas peças”, comenta ela. Até a frase que dá nome à exposição – “Quem não pode com o pote, não pega na rodilha” – é um provérbio e quer dizer: quem não pode sustentar uma situação, não deve tentar. Período e horário para visitação: 07/03/2013 a 07/04/2013, das 8h às 19h, inclusive aos sábados e domingos. Já para a expressão “Chá de sumiço”, Lorena confessa não ter encontrado o significado durante suas pesquisas. Por isso, começou a buscar dentro de si um sentido para o dito popular. “Comecei a pensar no que representava o sumiço para mim, buscando referências em minha história. Como nasci no período do Golpe Militar, fiz a comparação entre minha vinda ao mundo e o desaparecimento de tantas outras pessoas”. E tendo como pano de fundo o drama das famílias desses desaparecidos, ela concluiu que sumiço é uma espera sem fim. Essa reflexão a levou a montar uma instalação homônima à expressão popular. Nela, Lorena representa, por meio de 379 tigelas brancas, os 379 desaparecimentos catalogados na época. A cor branca é em alusão às memórias que, junto com aquelas vidas, foram apagadas. “Em cada trabalho, busco a relação com minha memória afetiva, mas também com a memória cultural de um povo”, destaca. Já sobre a matéria orgânica utilizada em algumas peças, ela comenta: “essa fibras contrastam bastante com a porcelana, que é impecável, dura e frágil, ao mesmo tempo. E a relação com a fibra orgânica tem a ver com o que o homem ainda carrega de mais primitivo, como a necessidade de caçar, de obter alimento”. Isso pode ser percebido na obra “Umbigo da Terra”, em que duas tigelas são unidas por uma trama feita de tricô de tripas de porco. Ela ainda acrescenta que o que há de comum nas peças é a busca pela origem do termo ‘pote’. “O pote representa a tecnologia do homem no seu tempo. Ele vai sendo moldado e adaptado à medida em que o homem vai criando suas necessidades específicas. Trabalhar com o pote é como abordar o percurso do homem. Por isso procurei fazer uma aproximação com a linguagem popular e com a literatura. Com isso, acredito que ressalto um pouco de nossa memória humana e, de certa forma, imprimo no pote um pouco mais de nossa história”, finaliza Lorena. A artista Lorena D’Arc é artista plástica e professora titular da disciplina de cerâmica da Escola Guignard UEMG. Mestra em Artes Visuais pela ECA/USP(2011), possui Bacharelado em Artes Plásticas (1988); Graduação em Habilitação em Educação Artística (1993); e Pós-Graduação Latu/Sensu em Ensino e Pesquisa no Campo das Artes Plásticas (2002), todos realizados pela Escola Guignard/UEMG. Em 2010, conquistou o prêmio 2nd Shanghai International Moderm Pot Art Biennial Exibition, em Shanghai, na China. Em 2008, recebeu Menção Honrosa no 2º Salão Nacional de Cerâmica de Curitiba/PR. Local: Galeria de Arte Copasa – Rua Mar de Espanha, 525 – Santo Antônio - Entrada franca.