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A participação da indústria óleo-citrícola na balança comercial brasileira
Silva Santos, A.1; Bizzo, H. R.2; Antunes, A. M. S.3; D’Avila, l. A.3
1
Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Praça Mauá,07,20081-900 Rio de Janeiro, RJ. 2 Embrapa Agroindustria
de Alimentos, Av. das Américas, 29.501, 23023-470, Rio de Janeiro, RJ 3 Escola de Química da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Av. Brigadeiro Trompowski, s/n, Centro de Tecnologia, Bloco E, 21949-900, Rio de
Janeiro, RJ. E-mail: [email protected]., adsantos2005@ yahoo.com.br.
RESUMO: Óleos essenciais são importantes matérias-primas industriais utilizadas, por exemplo, na
manufatura de produtos dos setores de perfumaria, cosmética, farmacêutica, alimentos e polímeros,
em nível mundial. Produzidos na maioria dos países industrializados, a comercialização desses óleos
submete-se às práticas internacionais de Comércio Exterior. Este trabalho avalia o comportamento da
indústria brasileira produtora de óleos essenciais cítricos, em relação às exportações e importações
praticadas entre 1990 e 2002, usando o banco de dados da Secretaria do Comércio Exterior/
Departamento de operações de Comércio Exterior (SECEX/DECEX). As exportações brasileiras de óleos
essenciais (considerando os óleos cítricos e os não-cítricos em conjunto) são lideradas pelo óleo de
laranja, responsável por 90% das 20 mil t exportadas por ano no período analisado (em 2002, o produto
alcançou 93,6% das 21.730 t exportadas) e mais de 60% dos valores de exportações (também em
2002, respondeu por 78,0% de US$ 49.704.920). Sendo um subproduto da produção do suco de laranja,
a comercialização do óleo essencial de laranja sofre as conseqüências das exportações do suco de
laranja, dependente das variações do câmbio e das safras cultivadas nos Estados de São Paulo
(Brasil) e da Flórida (EUA), e em conjunto, esses aspectos respondem pelas oscilações ocorridas no
conjunto das exportações de óleos essenciais.
Palavras-chave: Óleo essencial, cítrico, laranja, comércio exterior, subprodutos
ABSTRACT: Participation of the citrus oil industry in Brazilian Trade Balance. Essential oils are important
industrial raw material used, for example, in the manufacture of perfumery products, in cosmetics,
pharmaceuticals, food and polymer industries worldwide. Produced in the majority of industrialized countries,
essential oils are submitted to the international practices of Foreign Trade. This work evaluates the behavior
of Brazilian citrus essential oil industry in reference to the exports and imports that took place in 1990-2002,
using the database of the Brazilian Secretariat of Foreign Trade/Department of operations of Foreign Trade
(SECEX/DECEX). Brazilian essential oil exports (considering citrus and non citrus oils jointly) are dominated
by orange essential oil, accounting for 90% of the 20 thousand tons exported per year in the analyzed period
(in 2002, the product reached 93.6% from a total of 21,730 tons exported) and more than 60% of the export
figures (also in 2002, it corresponded to 78.0% of US$ 49,704,920). The commerce of orange essential oil
suffers the consequences of the exports of orange juice; as a by-product of orange juice production it is
dependent of the variations of the dollar exchange rates and the yield of crops in the State of São Paulo (Brazil)
and Florida (U.S.A.). These aspects were responsible for the occurrence of oscillations in the essential oil
exports in the period.
Key words: essential oil, citrus, orange, foreign trade, by-products
INTRODUÇÃO
As frutas cítricas, como laranjas, tangerinas,
limas e limões integram a Família das Rutáceas (ou
Rutaceae), pertencendo ao Gênero Citrus. Na linha
de produção de sucos cítricos, durante a etapa de
esmagamento (ou expressão) dessas frutas, os óleos
essenciais cítricos são obtidos na condição de
subprodutos (Braga, 1971). O rendimento máximo
para a extração desse óleo essencial é de 0,4%,
significando que para cada 1 (uma) tonelada de fruta
cítrica processada, obtêm-se 4 kg de óleo (Barros,
1986).
Recebido para publicação em 01/03/2004.
Aceito para publicação em 30/10/2006.
Os óleos essenciais cítricos, assim como os
demais óleos essenciais, são matérias-primas de
aplicação importante na cadeia produtiva das indústrias
de perfumaria, cosmética, farmacêutica, alimentos,
polímeros etc. Esses óleos são formados por uma
combinação de compostos químicos das famílias da
cetona, dos hidrocarbonetos, álcoois, aldeídos,
fenilpropanóides etc. Para os óleos cítricos, o limoneno
é o componente presente em maior quantidade (9394% p/p), sendo amplamente utilizado, dentre outros,
como monômero na fabricação de polímeros,
solventes, matéria-prima na síntese de diversos
compostos químicos (Craveiro e Queiroz, 1993).
Este trabalho tem como objetivo avaliar o
comportamento e as características da indústria
brasileira produtora de óleos essenciais cítricos, bem
Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.8, n.4, p.8-13, 2006
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como identificar a atual situação da balança comercial
desses óleos e sua participação dentro do conjunto
maior da Balança Comercial Brasileira dos Óleos
Essenciais (óleos essenciais cítricos e não cítricos
em conjunto).
Para que se melhor entenda o setor em
questão, apresenta-se, a seguir, uma resenha sobre
seu desenvolvimento histórico.
A atividade óleo-citrícola no Brasil
As frutas cítricas foram trazidas do continente
asiático para o Brasil na segunda metade do século
XVI, pelos padres jesuítas: limão (Sul do Brasil), laranja
(Estado da Bahia) e laranja-azeda (Sul do Brasil).
Somente em 1930, porém, registrou-se a primeira
extração do óleo essencial de laranja, realizada por
imigrantes italianos em São Paulo (Braga, op.cit.).
Em função da Segunda Guerra Mundial, as
importações européias de laranja brasileira foram
suspensas. Apenas com a entrada dos EUA no
confronto, surgiu a oportunidade para o escoamento
da produção citrícola brasileira, mediante a maciça
exportação de óleo essencial de laranja para o
mercado norte-americano. Durante o conflito, a
indústria norte-americana elevou, de modo geral, o
consumo de solventes químicos, e a oferta interna
desse país não foi capaz de atender a tal demanda,
necessitando de alternativas (Raoul, 1943).
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a
sobredemanda norte-americana por solventes
terpênicos exauriu-se, e, como o mercado europeu
não se encontrava em condições de retomar suas
atividades, registrou-se na década de 50 a
desativação da maior parte das unidades extratoras
de óleo essencial de laranja no país. Uma década
depois, essas mesmas unidades seriam reativadas,
com a instalação de uma indústria nacional produtora
de sucos concentrados. O processo utilizado nessa
indústria permitiu a produção do suco concentrado
em conjunto com a extração de óleo essencial de
laranja (Raoul, 1957).
Em 1962, a ocorrência de forte geada no Estado
da Flórida permitiu à indústria brasileira de suco e
outros subprodutos da laranja ganhar “novo” impulso,
transformando o Brasil em um promissor pólo alternativo
para os mercados norte-americano e europeu. Em
1971, o país registrava a exportação de mais de 64
mil t de laranja e 150 t de óleo essencial de laranja. No
fim dessa década (1979), dos 6,32 milhões de toneladas
de laranja produzida, as exportações computaram 90
mil t de laranja, 490 mil t de suco e 6,47 mil t de óleo
essencial de laranja (Silva Santos, 2002).
No início da década de 80, a indústria citrícola
brasileira manteve seu destaque no cenário
internacional, colocando-se entre os três principais
produtores mundiais. A produção superava os 8
milhões de toneladas de laranja, com o Estado de
São Paulo liderando as atividades de beneficiamento
e industrialização. Outra característica de destaque
verificou-se na capacidade da indústria em exportar 98%
dos produtos beneficiados, como sucos concentrados
e óleos essenciais cítricos. No fim da década (1989), a
participação brasileira na indústria mundial do
processamento de suco de laranja concentrado elevouse, atingindo 54,8% ou 1,1 milhão de toneladas. Esse
aumento proporcionou a elevação do nível de produção
do óleo essencial de laranja de 6,5 mil t para 18 mil t,
na mesma década (Lifschitz, 1993).
O quadro apresentado nos anos 80 mantevese ao longo da década seguinte, em que a produção
nacional de laranja continuou crescendo, passando
de 10,5 milhões de t para 16 milhões de t, entre 1989
e 1999. Além disso, o percentual de exportação dos
produtos beneficiados manteve-se em 98%, como
registrado na década anterior.
O crescimento registrado pela citricultura
brasileira foi muito superior àquele verificado pela
cultura norte-americana no mesmo período, quando
se registraram 6,8 milhões de t, em 1989, contra 8,4
milhões de t, em 1999. Tendo em vista que a produção
mundial de laranja em 1989 e 1999, foi, respectivamente, de 38,6 e 53,6 milhões de toneladas, pelos
dados já apresentados, verificou-se aumento de 2,39
p.p. (pontos percentuais) da produção citrícola
brasileira, contra uma redução de 1,75 p.p. da
produção citrícola norte-americana (Lifschitz, op.cit.;
Silva Santos, op.cit.).
A respeito do beneficiamento da laranja no
Brasil, as quantidades processadas também se
elevaram, de 10,3 milhões de t, em 1989, para 11,4
milhões de t, em 1999 (representando 71,25% do total
produzido nesse ano). A indústria suco-citrícola, em
1989, por sua vez, produziu 983 mil t de sucos,
elevando-se para 1,14 milhões de t, em 1999. Quanto
à produção de óleo essencial de laranja, os valores
oscilaram entre 18 mil e 19,63 mil t de óleo produzido
no período considerado (1989 até 1999), embora fosse
registrado 28,19 mil t em 1998 (Silva Santos, op.cit.;
ABECITRUS, 2003).
MATERIAL E MÉTODO
Para a composição deste trabalho, foram
coletadas informações do banco de dados da
Secretaria do Comércio Exterior/Departamento de
operações de Comércio Exterior (SECEX/DECEX),
para o período 1990-2002, através do Sistema de
Análise das Informações de Comércio Exterior
(SISTEMA ALICE; http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br), além da consulta às referências
bibliográficas pertinentes ao tema. A consulta ao
banco de dados foi realizada utilizando-se a
classificação de mercadorias (ADUANEIRAS, 2003)
do Sistema TEC/NCM (Tarifa Externa Comum/
Nomenclatura Comum do Mercosul), em que os óleos
essenciais cítricos recebem as seguintes numerações: 3301.11.00 (bergamota); 3301.12.10 (“petit
grain” de laranja); 3301.12.90 (laranja); 3301.13.00
(limão); 3301.14.00 (lima); 3301.19.00 outros óleos
essenciais de cítricos, como cidra, toranja ou pomelo,
tangerina etc.); e o limoneno (2902.19.10).
Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.8, n.4, p.8-13, 2006
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Valores (US$ FOB)
EXPORTAÇÃO
IMPORTAÇÃO
SALDO(EXP - IMP)
75.000.000
65.000.000
55.000.000
45.000.000
35.000.000
29.102.965
25.000.000
15.000.000
5.000.000
(5.000.000)
1990
1991
1992
(15.000.000)
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
Fonte: SISTEMA ALICE (1990 a 2002).
FIGURA 1. Exportações e importações (US$ FOB) do conjunto dos Óleos Essenciais.
RESULTADO E DISCUSSÃO
Sobre as atividades de comércio exterior
(exportações e importações), a Figura 1 aborda a comercialização dos óleos essenciais em valores (US$ FOB).
Como demonstrado na Figura 1, a balança
comercial brasileira possui três períodos distintos:
a) de 1990 até 1996 - as exportações apresentaram
crescimento superior aos das importações, resultando
em superávit da balança comercial dos óleos
essenciais até o ano de 1996, quando foram
registrados US$ FOB 26 milhões; b) de 1997 até 2000
- ocorreu a alteração do quadro, com as importações
superando as exportações, permanecendo deficitário
até o ano de 2000; e c) 2001 a 2002 - a resposta à
expectativa do setor (permanência ou agravamento)
foi a inesperada recuperação na balança comercial,
alcançando-se um “segundo” superávit da ordem de
US$ FOB 21 milhões em 2002.
Dentre os 60 (sessenta) tipos de óleos essenciais cuja comercialização, via exportação e/ou
impor-tação, registrou-se de 1990 a 2002, cidra,
laranja, limão, tangerina e toranja corresponderam,
em média, a 80% dos valores (US$ FOB) das
exportações, chegando a 99% em 1996. Em média,
o óleo essencial de laranja alcançou 64%, seguido
do limão com 9% e a exportação conjunta de cidra
e tangerina, 9%. Dessa forma, mais de 80% dos
valores exportados pelo setor nacional dos óleos
essenciais (em US$ FOB) originaram-se na
comercialização de óleos essenciais cítricos (Figura
2). O óleo essencial de laranja também respondeu
por 94% da quantidade exportada, em toneladas
(Figura 3), do conjunto dos óleos essenciais. Esse
comportamento nas exportações vem colocando o
óleo essencial de laranja na 43.a posição da versão
mais recente (2002) do ranking elaborado pela
Associação Brasileira da Indústria Química
(ABIQUIM, 2003) sobre os “50 itens tarifários
químicos de maior valor de exportação”, sendo,
também, o único representante do capítulo 33 no
ranking citado.
Tendo em vista que o limoneno apresenta-se
como o principal componente químico do óleo
essencial de laranja (e os demais cítricos), sua
extração e comercialização permitem classificá-lo
como outro subproduto da indústria suco-citrícola
brasileira. Pela Figura 4, observa-se o comportamento
das exportações (US$ FOB e toneladas) para esse
subproduto. Para as importações, em contrapartida,
registraram-se valores homogêneos no período em
questão, obtendo-se uma média de US$ FOB 57 mil
contra 23 t.
Os EUA são o principal mercado comprador
para o óleo essencial de laranja e limoneno produzidos
no Brasil. A série histórica das exportações do óleo
essencial de laranja, em toneladas, para os EUA
assumiu o valor médio de 63%, registrando-se 77%
em 1995. Nos últimos três anos, a participação caiu
para 38% das exportações brasileiras. Para esse
mesmo período (2000 até 2003), computaram-se,
ainda, os seguintes percentuais: Holanda (12%),
Inglaterra (11,5%) e Alemanha (6%). Em relação ao
limoneno, a participação norte-americana na série
histórica é da ordem de 50%, registrando-se 52,49%
em 2001, reduzindo para 43,40%, em 2002.
Aspectos econômicos da subprodução
Na maioria dos países (incluindo o Brasil), na
linha de produção de sucos cítricos, as unidades
extratoras realizam a produção do suco em conjunto
com o óleo essencial cítrico; assim, a obtenção
desses óleos essenciais enquadra-se na categoria
dos subprodutos (Figura 5). Nessa condição, e devido
à teoria econômica existente (Martins, 2000), a receita
obtida com a comercialização desses óleos destinase, exclusivamente, à redução dos custos relacionados com a manufatura de sucos.
Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.8, n.4, p.8-13, 2006
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Valores - US$ FOB
60.000.000
TOTAL
LARANJA
LIMÃO
OUTROS CÍTRICOS
NÃO-CÍTRICOS
50.000.000
40.000.000
30.000.000
20.000.000
10.000.000
0
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Fonte: SISTEMA ALICE (1990 a 2002).
FIGURA 2. Valores (US$ FOB) para as exportações do conjunto dos Óleos Essenciais e dos Óleos Essenciais
Cítricos.
Qtde (t)
Conjunto dos óleos essenciais
Laranja
30.000
25.000
20.000
15.000
10.000
5.000
0
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
Fonte: SISTEMA ALICE (1990 a 2002).
FIGURA 3. Quantidades (toneladas) para as exportações do conjunto dos óleos ssenciais e do Óleo Essencial
de Laranja.
US $ FOB
Qtd e. (kg )
14.000.000
3 5.00 0.00 0
12.000.000
3 0.00 0.00 0
10.000.000
2 5.00 0.00 0
8.000.000
2 0.00 0.00 0
6.000.000
1 5.00 0.00 0
4.000.000
1 0.00 0.00 0
2.000.000
5.00 0.00 0
0
0
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
Fonte: SISTEMA ALICE (1990 a 2002)
FIGURA 4. Exportação do limoneno em termos de valores (US$ FOB) e quantidades (kg)
Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.8, n.4, p.8-13, 2006
12
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&DVFDVHFXERV
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Fonte: Adaptado de SILVA SANTOS (2002).
FIGURA 5. Obtenção de produto e subprodutos em uma linha de produção suco-citrícola
Fonte: SISTEMA ALICE (1990 a 2002).
FIGURA 6. Elasticidade-preço da demanda de óleo essencial de laranja
Dessa teoria, deduz-se que a elevada
participação dos óleos essenciais cítricos (incluindo
o de laranja) e limoneno nas exportações é conseqüência direta das características da própria
indústria citrícola brasileira: líder no cultivo mundial
de laranja e nas exportações de suco de laranja
concentrado.
Por outro lado, outra característica intrínseca
às indústrias citrícola e suco-citrícola, como atividades
agrícolas, é sua elevada elasticidade-preço. Para uma
safra em questão, os preços a serem aplicados na
comercialização desses produtos variam em
proporções inversamente iguais ou superiores às
elevações ou reduções das quantidades colhidas em
uma safra. Mais precisamente, uma alteração para
mais (ou para menos) na quantidade de laranja
demandada pela indústria provocará uma alteração
para menos (ou mais) nos preços estabelecidos
(Figura 6). A mesma situação será verificada nos sucos
e óleos essenciais cítricos.
Em relação à Figura 6, a alta apresentada para
os preços no período de 1994 a 1995 origina-se na
queda da produção do setor citrícola, em função de
pragas como cancro cítrico e amarelinho nas
plantações de laranja (ABECITRUS, op.cit.). Esse fato
reduziu a quantidade de óleo destinada à exportação,
elevando a cotação do produto no mercado
internacional. Com a solução do problema das pragas,
no início de 1996, e a elevação do preço do óleo
essencial de laranja, o setor nacional viu-se
estimulado em aumentar a oferta do produto no
mercado, de 17,6 mil t (1996) para 27,3 mil t (em
1999). Assim, acabou contribuindo para novo período
de redução do preço internacional, passando de US$
FOB 2,15/kg para US$ FOB 0,59/kg, entre 1996 e
1999. Essa queda no preço afetou novamente o setor,
reduzindo os níveis nacionais de produção para 20,8
mil t, em 2002. As exportações, por sua vez, passaram
de 25,7 mil t, em 1999, para 20,3 mil t, em 2002.
Uma vez mais, a redução na oferta do óleo essencial
Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.8, n.4, p.8-13, 2006
13
de laranja no mercado gerou um efeito positivo na
sua cotação, elevando-a para US$ FOB 1,91/kg, em
2002, e estimulado pela cotação do dólar para a época
(US$ 1 = R$ 3,14) possibilitou a recuperação do
superávit para o setor (SISTEMA ALICE, 2003).
CONCLUSÃO
A alavancagem ocorrida na indústria de óleos
essenciais cítricos, a partir da década de 60, foi
conseqüência direta do crescimento da indústria
citrícola brasileira como um todo, tornando-se líder
no cultivo mundial de laranja e nas exportações de
suco de laranja concentrado.
A razão para a inversão ocorrida na balança
comercial dos óleos essenciais encontra-se,
principalmente, na redução do preço unitário e da
quantidade exportada de óleo essencial de laranja,
visto que o nível geral das atividades de importação,
em termos de preços unitários e quantidades
importadas manteve-se constante. A predominância
do óleo essencial de laranja em termos de valores e
quantidades impacta a balança comercial, como um
todo, na ocorrência de variações negativas nas suas
atividades, ou seja, em preço unitário, quantidade
exportada, cotação do dólar para o período
considerado.
A reconhecida atividade do Brasil na área
agrícola, respondendo pelo cultivo e pela produção
em larga escala de diversas variedades, como café,
milho, trigo ou soja, não tem refletido suas
características na indústria nacional dos óleos
essenciais, salvo os de natureza cítrica. Percebese, no setor, de modo geral, a ausência de políticas
industriais. Constata-se, também, que o mercado
interno não vem orientando a produção desses óleos
essenciais, visto a elevada quantidade de óleo
essencial de laranja destinada à exportação.
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de Produtos Cítricos. Dados de subprodutos da
laranja. Disponível em: <http://www.abecitrus. com.br/
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SISTEMA ALICE - Sistema de Análise das Informa-ções
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SILVA SANTOS, Adailson da. Análise Técnica,
Econômica e de Tendências da Indústria
Brasileira dos Óleos Essenciais. Rio de Janeiro:
Papel Virtual, 2002. 202p.
Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.8, n.4, p.8-13, 2006
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