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Teleflora
40 anos a “construir paisagem”
A Teleflora celebra, em 2010, o seu 40.º aniversário. Para assinalar esta data especial,
convidámos o Arqt.º Alexandre Castelo Branco, administrador da empresa, a revisitar
um percurso de sucesso pautado pela inovação e pela determinação em superar
qualquer desafio.
HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE: Fazendo um
breve enquadramento, em que contexto é que a Teleflora passou a integrar o Grupo Horto do Campo Grande?
ALEXANDRE CASTELO BRANCO: Até 1986, a actividade do
Horto do Campo Grande estava estritamente vocacionada para o
sector privado, até que, a certa altura, o meu irmão, Pedro Castelo Branco, sentiu a necessidade de aumentar e diversificar o
âmbito de actuação, nomeadamente para o sector público. Foi
assim que surgiu a aposta na aquisição da Teleflora, enquanto
empresa na área dos espaços verdes, e que detinha Alvará que
lhe permitia o acesso a concursos públicos.
De facto, quando adquirimos a Teleflora, esta era uma das únicas três empresas com potencial para dar resposta às exigências do mercado, que na época eram francamente diminutas.
Hoje, a realidade do mercado é outra e existem mais de trezentas empresas a operar no mesmo ramo. A concorrência
é grande, mas continuamos a diferenciar-nos pela qualidade
dos nossos serviços, o que reforça a confiança depositada no
nosso trabalho.
FOTOS: Miguel Serradas Duarte
H.C.G.M.: Sendo a arquitectura a sua área de formação, como
se proporcionou assumir a direcção desta empresa?
A.C.B.: Após poucos anos a exercer arquitectura, foi o convite
do meu irmão para administrar a Teleflora que marcou uma nova
etapa na minha vida profissional. Muito embora a arquitectura
seja uma área que me continua a apaixonar, a verdade é que
hoje a encaro mais como um hobby e não estou nada arrependido da opção que tomei.
H.C.G.M.: Percorrer a história da Teleflora é reviver a paixão de
“construir paisagem”. Que análise pode ser feita da sua actividade?
A.C.B.: É uma história de muito trabalho e objectivos atingidos.
Estou há 25 anos à frente deste projecto e a verdade é que
parece que foi ontem que tudo começou, o que me leva a concluir que ao “construir paisagem” não damos pelo tempo passar. E isto é bom porque demonstra que continuamos apaixonados por esta profissão. Tem sido um percurso coeso e positivo,
com momentos marcantes. Sempre a pensar no que será melhor para o futuro
da empresa.
A Teleflora está estruturada de forma a dar uma resposta eficaz às mais variadas solicitações. As hidrossementeiras, os transplantes de árvores de grande
porte e as recuperações de sistemas dunares, a par da concepção, construção
e manutenção de jardins e de vias de comunicação, são as áreas de intervenção que fundamentam a nossa actividade.
H.C.G.M.: Pode referir alguns exemplos de projectos desenvolvidos nestas
diferentes áreas?
A.C.B.: No que respeita à concepção de projectos de espaços verdes, intervimos em concursos públicos ou em projectos particulares. Dispomos de uma
equipa de arquitectos paisagistas, embora mantenhamos a nossa política de não
concorrência com os diversos gabinetes de arquitectura paisagista existentes no
mercado, com os quais colaboramos quando necessário/frequentemente.
Quanto à vertente de construção de jardins, um dos sectores mais relevantes
da nossa actividade, temos desenvolvido obras importantes como é o caso do
Centro Cultural de Belém, o Parque Tejo e Trancão no Parque das Nações, o
Parque dos Poetas, em Oeiras, o Parque da Falagueira, na Amadora, o Jardim do Cerco, em Mafra, entre outros, bem como variadíssimas intervenções
no âmbito do Programa Polis, nas cidades de Castelo Branco, Coimbra, Silves e Setúbal.
No sector privado, além das obras em hotéis como o Marinotel ou o Hotel Quinta
do Lago, destaco também os trabalhos de arranjo paisagístico em grandes centros comerciais, como sejam o Colombo, o LoureShoping, o MadeiraShopping,
o AlgarveShoping e inúmeros outros em Espanha e Itália.
Já no que se refere às manutenções, passámos por diversas autarquias como
sejam, Lisboa, Oeiras, Cascais, Sintra, Amadora, Almada, Palmela, Castelo
Branco, Coimbra, Setúbal e Faro, assim como por algumas obras emblemáticas como a Autoeuropa, TagusParque ou o Parque Tejo e Trancão.
Mantemos igualmente uma forte intervenção na área de integração paisagística em vias de comunicação, com maior incidência em auto-estradas e itinerários principais. Neste âmbito, além das respectivas manutenções de garantia, a
Teleflora dispõe ainda de contratos directos com as concessionárias em centenas de quilómetros de vias.
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tros de paliçadas, passadiços e plantações autóctones. Quem
conhece a zona, apercebe-se da importância que estes trabalhos
assumiram em termos ambientais e como a colocação de paliçadas, que impede o acesso às zonas dunares, contribuiu para
uma eficaz fixação da vegetação.
H.C.G.M.: O transplante de árvores é outra das áreas em que a
Teleflora detém muita experiência. Gostaria de partilhar connosco
alguns desses desafios?
A.C.B.: A experiência da Teleflora em transplantes de árvores
iniciou-se com a especialização do transplante de palmeiras de
grande porte. Na década de 90, fizemos um acordo com um parceiro detentor da exclusividade do sistema Optimal para a Península Ibérica, o que permitiu à Teleflora, em consórcio com os
Viveiros Falcão, realizar todos os transplantes, das diversas espécies existentes na área, onde de futuro viria a surgir a Expo’98.
Foi neste âmbito que se realizou aquela que foi considerada uma
das maiores operações de transplante em Portugal e que consistiu no transplante de uma Phoenix reclinata, existente no local
que agora acolhe o Estádio do Sporting (Alvalade XXI), tufo este
com mais de 50 pés e com uma altura entre 6 e 12 metros. Este
transplante surgiu na sequência de negociações e contrapartidas
entre a Câmara Municipal de Lisboa e a Teleflora, o que nos permitiu oferecer esta palmeira à Expo 98, para a sua colocação na
sua área de intervenção. Procederam-se a inúmeros trabalhos de
preparação e, durante a operação, foram vários os desafios técnicos com que nos deparámos, principalmente por se tratar de uma
árvore de grande porte que possuía, não um, mas vários troncos.
De referir que, dada a especificidade destes trabalhos, a sua boa
concretização só foi possível graças a todos os meios humanos e
técnicos envolvidos, alguns pioneiros neste tipo de trabalho.
Paralelamente a estes trabalhos, concretizou-se também o trans-
Uma referência ainda para os trabalhos de manutenção realizados em vários
campos de golfe como o Oitavos Campo de Golfe, o Golfe da Aroeira e
XXXXXXXXXXX, da Lusotur.
H.C.G.M.: Ao longo da história da Teleflora, a inovação tem sido uma constante. Como é que ilustra esta forte aposta?
A.C.B.: Há mais de 30 anos, fomos pioneiros na introdução da técnica de
Hidrossementeira em Portugal, uma solução inovadora para o revestimento
dos taludes em auto-estradas e que permite controlar eficazmente a erosão dos
solos. Entretanto, e porque as preocupações com o meio ambiente são também um importante compromisso, a Teleflora evoluiu na procura de novas soluções que permitissem minimizar o impacto ambiental. Assim, passámos a utilizar
o método de sementeira Hidroecológica, o primeiro método totalmente ecológico que utiliza um biofertilizante ao invés dos fertilizantes químicos tão prejudiciais para o ambiente.
Ainda, perante a necessidade de aplicar sementes raras no método de Hidrossementeira em vias de comunicação e uma vez que a oferta no mercado nacional é escassa ou inexistente, a Teleflora desenvolveu, há 25 anos, um processo
de recolha e tratamento de sementes (arbóreas e arbustivas) tendo por base a
sua aplicação em obras futuras. Desta forma, a recolha de sementes, autorizada pelas entidades competentes, foi desenvolvida paralelamente com todos
os meios necessários para a limpeza, tratamento e conservação das sementes.
Desenvolveu-se toda uma estrutura de tararas, mesas densimétricas, escarificadoras de sementes, estufas de secagem, entre outros, para tratamento das
sementes antes de seguirem para os modernos frigoríficos com a temperatura
e humidade controlada sendo, os mesmos, essenciais para a sua conservação.
Posteriormente, foi criado um laboratório para estudos de germinação (câma-
ras de germinação), assim como todos os meios para quebrar a
dormência da semente, previamente à sua aplicação. A mesma
metodologia veio a ser aplicada para as sementes utilizadas nos
projectos de recuperação dos sistemas dunares, área em que o
trabalho da Teleflora é amplamente reconhecido.
H.C.G.M.: Na área de recuperação dos sistemas dunares, que
trabalhos destaca?
A.C.B.: A costa marítima portuguesa constitui um importante
património natural que tem de ser preservado. Até à data, a Teleflora já teve o privilégio de participar em diversas intervenções,
com especial destaque para a recuperação do cordão dunar da
Ria Formosa, em 2003. Foi um trabalho interessantíssimo, em
que se interveio pontualmente ao longo dos 60 km existentes de
ilhas barreira e que, exactamente por se tratar de ilhas, obrigou ao
transporte marítimo de muitas toneladas de material, razão pela
qual a Teleflora adquiriu um veículo anfíbio. Fizeram-se quilóme-
“Estou há 25 anos à frente
deste projecto e a verdade
é que parece que foi ontem
que tudo começou, o que me
leva a concluir que ao “construir
paisagem” não damos
pelo tempo passar.”
plante de cerca de um milhar de pinheiros de grande porte, transplantes inéditos em Portugal à data, também tendo como destino final, a Expo’98. Desde
então, têm sido muitos os trabalhos realizados no transplante de árvores de
grande porte como, por exemplo, as centenas de oliveiras e azinheiras transplantadas do Alqueva, através de um protocolo realizado com a EDIA. Actualmente, as inúmeras solicitações que recebemos comprovam que somos uma
empresa de referência nesta área específica.
H.C.G.M.: Em que áreas é que se pode e deve inovar ainda mais?
A.C.B.: Inovar é um desafio diário, mas a técnica de Aerossementeira, em que
investimos bastante na aquisição de equipamentos, é sem dúvida uma área
que gostaríamos de aprofundar. Trata-se da execução de sementeiras por via
aérea, o que permite, a baixo custo, combater a erosão em grandes áreas.
Foi desenvolvida não só para se proceder aos trabalhos em zonas inacessíveis, mas também para combater a erosão causada pelos incêndios florestais.
No nosso parecer, os solos, independentemente de a quem pertençam, são
um bem Nacional e como tal a sua preservação deveria estar contemplada no
erário público. Embora até à data este processo não tenha tido a aceitação
que pretendíamos, continuamos a trabalhar com a convicção de que esse dia
chegará, à semelhança do que acontece em países como os Estados Unidos,
o Canadá e o Brasil, entre outros.
H.C.G.M.: O ano de 1994 marcou a constituição da empresa subsidiária
S.Y.P. Siembras y Plantaciones, em Espanha. Que balanço pode ser feito da
sua actividade?
A.C.B.: Em 1994, a utilização do método da Hidrossementeira em Portugal,
técnica em que éramos líderes do mercado, atingia o seu auge. No entanto, o
mercado português começava a tornar-se demasiado pequeno. Perante isto,
porque não explorar o país vizinho, com uma maior dimensão e em franco
crescimento? Sabíamos que nesta área tão específica, a Espanha detinha um
know-how inferior ao nosso, e foi assim que criámos a nossa primeira sucursal fora de Portugal. Demos muito, mas também aprendemos muito em Espanha, e embora tenhamos começado pela Hidrossementeira e pelas plantações maciças em vias de comunicação, recentemente, os trabalhos realizados
evoluíram também para outros âmbitos, como seja os ajardinamentos de inúmeros parques industriais, ETARs, e trabalhos de enquadramento paisagístico em centros comerciais, etc.
H.C.G.M.: A grandiosidade e grau de exigência das obras realizadas pela Teleflora implicam um elevado investimento em equipamentos técnicos especializados. Que exemplos nos pode dar?
A.C.B.: As Hidrossemeadoras de maior calibre, o veículo anfíbio adquirido
para as intervenções realizadas na Ria Formosa, os aparelhos específicos
para o processo das Aerossementeiras, as transplantadoras de médio calibre
e a introdução do Sistema Optimal. O laboratório de tratamento de sementes
também mereceu um forte investimento através da aquisição de equipamen-
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tos de diagnóstico, tais como câmaras de germinação, tararas, mesas dissimétricas, rectificadoras de semente, câmaras frigoríficas de condições controladas e estufas de secagem, entre outros.
Também na área de diagnóstico de árvores foram feitas várias apostas em
equipamento mecânico e electrónico para testes do estado físico das mesmas, assim como todo um equipamento de trepa devidamente certificado
para o efeito.
H.C.G.M.: O que levou a Teleflora a optar pela Certificação?
A.C.B.: A melhoria contínua. A Teleflora encontra-se certificada desde 2005,
assumindo-se como a primeira empresa na área dos espaços verdes a implementar um Sistema Integrado de Gestão em Ambiente, Qualidade e Segurança. Esta Certificação, não só contribui para fortalecer a imagem e credibilidade da empresa, como também representa uma vantagem competitiva
que nos permite distinguir-nos da concorrência. Acima de tudo, assume-se
um conjunto de mais-valias que tem como objectivo a motivação das nossas
equipas e a máxima satisfação dos clientes.
H.C.G.M.: A área de responsabilidade social é também uma prioridade da Teleflora. O que é que este compromisso solidário representa para a empresa?
A.C.B.: Hoje em dia assistimos a um crescente sentido de responsabilidade
social enquanto parte integrante do código de valores das organizações, e é
com todo o orgulho que a Teleflora partilha este tipo de preocupações. Temos
vindo a colaborar com vários projectos muito interessantes – como é o caso
da Casa das Cores, na Bela Vista, ou o Jardim Terapêutico Sensorial, no Hospital Garcia de Orta, e ainda o Projecto “ Um Jardim em Cada Escola” – e a
maior recompensa é saber que podemos ajudar a fazer a diferença. Recen-
temente, tornámo-nos também mecenas da Fundação Batalha
de Aljubarrota. A política de responsabilidade social continuará
sem dúvida a ser uma vertente fundamental no âmbito de actuação da Teleflora.
H.C.G.M.: O que se perspectiva para o futuro da Teleflora?
A.C.B.: Na área do paisagismo, pretendemos oferecer aos
nossos clientes um serviço tipo “chave na mão”, integrando
nos nossos serviços os trabalhos de construção civil necessários à realização dos projectos de arquitectura paisagista.
Por outro lado, e tendo em conta a conjuntura económica em
que vivemos, o que pretendo é dar passos cautelosos. Procurar novos mercados, fora da CEE, como por exemplo dentro das nossas ex-colónias, onde já estamos a realizar prospecção do mercado.
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