Jornal do Commercio - PE 14/11/2015 - 08:17 Atenção e ansiedade em dobro MICROCEFALIA Casais grávidos aceleram consultas e reforçam exames para saber de possíveis anomalias no feto. Tamanho da cabeça é o principal questionamento A gestação é uma experiência que envolve expectativas pela chegada do bebê e, para a mulher aproveitar cada fase de forma plena, é natural que os médicos recomendem cuidados e uma rotina de pré-natal que jamais deve ser colocada em segundo plano. Diante do avanço no número de recém-nascidos com microcefalia (condição em que o tamanho da cabeça é menor do que o normal para a idade), é comum as grávidas estarem com vá- rias dúvidas, especialmente pelo fato de não ter sido identificada a causa desse evento inusitado, que surpreende os mais experientes epidemiologistas. “Tenho percebido, na rotina de ultrassonografista, muita ansiedade nas gestantes. A primeira coisa que querem saber é sobre o tamanho da cabeça do feto”, diz o obstetra Carlos Reinaldo Marques, que acompanha gestantes nas redes pública e privada. Das 30 mulheres que ele atendeu ontem durante ultrassom, cinco foram às unidades de saúde para realizar o exame apenas para saber sobre o perímetro cefálico do bebê. “A maioria também questiona sobre repelentes que podem ser usados na gestação sem o risco de prejudicar o feto”, informa Carlos Reinaldo. Como há a hipótese de que o aumento na incidência de microcefalia possa ter relação com doenças transmitidas por mosquitos, é importante que as grávidas perguntem ao médico o tipo de repelente que pode ser usado. Das 30 mulheres que ele atendeu ontem durante ultrassom, cinco foram às unidades de saúde para realizar o exame apenas para saber sobre o perímetro cefálico do bebê. “A maioria também questiona sobre repelentes que podem ser usados na gestação sem o risco de prejudicar o feto”, informa Carlos Reinaldo. Como há a hipótese de que o aumento na incidência de microcefalia possa ter relação com doenças transmitidas por mosquitos, é importante que as grávidas perguntem ao médico o tipo de repelente que pode ser usado. “Durante o ultrassom, geralmente é possível detectar a microcefalia, principalmente após a 30ª semana de gestação, quando começa a avançar a curva de crescimento do bebê”, diz Carlos Reinaldo, que já observou recentemente, durante ultrassonografia em três gestantes, fetos com perímetro cefálico menor do que o esperado para a idade gestacional. Também especialista em reprodução humana assistida, ele tem orientado mulheres que passam por tratamento para engravidar. “A maior parte dos médicos está conversando com as pacientes e deixando para fazer fertilização in vitro, por exemplo, depois que o verão passar. Mas será que isso vale a pena? Ainda não sabemos”, ressalta o médico, com base na premissa de que ainda não há como prever o percentual de bebês que pode ser afetado, caso a mulher desenvolva alguma doença infecciosa, como a zika, na gestação. Jornal do Commercio - PE 14/11/2015 - 08:17 A via-crúcis por um pré-natal Grávida de cinco meses e apavorada com o aumento expressivo de casos de microcefalia em Pernambuco e em outros Estados nordestinos, a operadora de telemarketing Aline Lima, 22 anos, conseguiu fazer o primeiro exame pré-natal há um mês, quando deveria ter acompanhamento desde o início da gestação. A consulta só foi feita porque ela recorreu a uma clínica particular. “Já rodei por vários hospitais e postos de saúde e em nenhum consegui vaga para acompanhamento da gravidez”, conta. Desempregada há seis meses e sem qualquer apoio do pai da criança, ela afirma que não tem condições de bancar as consultas e exames mensais. “Quando li a matéria no Facebook do JC, há dois dias, me apavorei e decidi que devo continuar com o prénatal.” Moradora do bairro de Águas Compridas, em Olinda, no Grande Recife, ela alega ter tentado vaga em postos de saúde da cidade, além de unidades como o Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), no bairro da Encruzilhada, na Zona Norte do Recife. “Em todos os lugares, além de não haver disponibilidade, os funcionários são grosseiros e não orientam as pessoas. Apenas dizem que não vaga e pedem para você voltar para casa”, relata. Aline vive com o filho Gabriel, de 6 anos, e já escolheu o nome do novo integrante da família: João Miguel. “Eu sei que é muito importante fazer o pré-natal da forma correta. É por isso que eu faço um apelo às autoridades: que olhem não apenas para o meu caso, mas para o de todas as gestantes que não têm condições de fazer o acompanhamento na rede particular. E espero que nos atendam com carinho e direcionem para outros lugares caso não haja vaga”. João Miguel está programado para nascer em março de 2016. Jornal do Commercio - PE 14/11/2015 - 08:17 Em busca de serviço uniforme às gestantes MICROCEFALIA Protocolo, em elaboração pela Secretaria de Saúde, vai registrar de imediato possível anomalia apontada no ultrassom. Ideia é garantir ajuda às grávidas A Secretaria Estadual de Saúde (SES) tem elaborado, em cará- ter de urgência, um protocolo para as mulheres grávidas que, durante um ultrassom, já receberam a informação de que o filho apresenta o tamanho da cabeça menor do que o normal para a idade gestacional. O documento, segundo a SES, será divulgado assim que estiver concluído, mas não há prazo. O protocolo deve definir o fluxo de atendimento e uniformizar o acompanhamento dessas gestantes, que precisam de assistência médica e psicológica. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) tem elaborado, em cará- ter de urgência, um protocolo para as mulheres grávidas que, durante um ultrassom, já receberam a informação de que o filho apresenta o tamanho da cabeça menor do que o normal para a idade gestacional. O documento, segundo a SES, será divulgado assim que estiver concluído, mas não há prazo. O protocolo deve definir o fluxo de atendimento e uniformizar o acompanhamento dessas gestantes, que precisam de assistência médica e psicológica. O objetivo dessa aliança é discutir os novos casos de forma criteriosa e planejar ações de cuidado para as gestantes, mães e bebês. A Universidade de São Paulo (USP) também participa da investigação epidemiológica realizada pelo Estado, em parceria com o MS e instituições de pesquisa (Fiocruz, Imip e UFPE). Diante do avanço da microcefalia no Estado, o Ambulatório de Infectologia Pediátrica do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), unidade de referência para atender os bebês com essa anomalia, já recebeu cerca de 40 recém-nascidos com a malformação congênita. Alguns já estão sendo encaminhados, de acordo com a necessidade, para unidades onde possam ser acompanhados por uma equipe interdisciplinar, formada por fisioterapeutas , terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos, além de outros profissionais de saúde. MAIS CASOS Quase 20 dias após Pernambuco ter iniciado a notificação compulsória imediata da microcefalia, mais um Estado relata aumento súbito de nascimentos de bebês com essa anomalia congênita. A Secretaria de Saúde do Piauí informou ontem ter registrado, nas últimas três semanas, 10 casos entre recém-nascidos e dois intrauterinos. Outros quatro seguem em investigação. Com isso, sobe para 243 o número de notificações da malformação que, até recentemente, era considerada um evento raro na pediatria. A maior parte dos casos está concentrada em Pernambuco (141), seguido por Sergipe (49), Rio Grande do Norte (22) e Paraíba (9). Investigações preliminares indicam apenas que a maior parte das mães dos bebês com microcefalia apresentou, durante os primeiros meses de gestação, febre baixa, coceira e vermelhidão. Os sintomas são semelhantes ao provocados pela infecção por zika vírus, que chegou neste ano ao Brasil e afetou principalmente Estados do Nordeste. Técnicos do Ministério da Saúde reconhecem que essa é a principal suspeita, mas há outras causas que estão sendo investigadas. Jornal do Commercio - PE 14/11/2015 - 08:17 Quadro atual surpreende até médicos A grande quantidade de casos de microcefalia no Estado está sendo recebida com surpresa e preocupação inclusive por pediatras mais experientes. Com quase 50 anos de profissão, o médico Marcello Pontual, 73 anos, que integrou a primeira turma de residência de pediatria do Imip e hoje continua atuando na unidade como voluntário, diz que nunca esperaria algo do tipo. “No Imip, trabalho no setor renal, mas no meu consultório, até hoje, só tive um caso dessa condição, há muitos anos. Foi decorrente de toxoplasmose. É preciso descobrir a causa dessa situação, avaliar todas as mães e todas as crianças e isso está sendo feito pelo Estado, que trouxe até epidemiologistas de fora. O problema é sério, as sequelas são irreversíveis”, declara. Na próxima semana, um grupo de profissionais formado por médicos, pesquisadores, profissionais da Secretaria Estadual de Saúde (SES), do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana da Saúde toma posse na Câmara Temática de Microcefalia do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), oficializada no dia 26. “Vamos traçar estratégias de acompanhamento e apoio técnico e científico para investigar o aumento da incidência de recém-nascidos com a doença”, explica o médico e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Carlos Brito, coordenador da equipe. Jornal do Commercio - PE 14/11/2015 - 08:17 Informação e engajamento Desde o dia 23 de outubro, quando foi preparada a primeira reportagem com o alerta sobre o aumento nos casos de microcefalia em Pernambuco, a equipe do Jornal do Commercio está debruçada sobre o problema com o intuito de informar e tirar dúvidas dos leitores. O caso ganhou repercussão nacional na última quarta-feira, quando, após três matérias publicadas com exclusividade pelo JC, foi manchete do Jornal Nacional, da TV Globo, e passou a atrair a atenção dos meios de comunicação do País. Nos dois últimos dias o assunto foi, de longe, o mais comentado por leitores e internautas nas redes sociais do JC. Apenas o post do Facebook no qual o diretor de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, apela para que as mulheres não engravidem enquanto as causas da anomalia não são descobertas teve 205 mil visualizações e 2,4 mil compartilhamentos, da noite de quintafeira, quando foi publicado, até a tarde de ontem. A mesma matéria, no JC Online, teve 31 mil visualizações no mesmo período. Ao todo, houve 275 mil interações, entre curtidas e compartilhamentos, nos posts relativos ao caso, nos últimos dois dias. O receio e a curiosidade que o tema despertou entre os internautas levou a equipe de Mídias Sociais do Jornal do Commercio a montar um esquema especial de trabalho. “Verificamos um certo clima de pânico entre as pessoas e decidimos que seria interessante prestar um serviço de esclarecimento de dúvidas”, explica o gerente de Mídias Sociais, Diogo Menezes. Os profissionais se dedicaram a responder os comentários, sempre com o auxílio dos gráficos produzidos para o jornal e para a web. A repórter Cinthya Leite fez entradas ao vivo pela plataforma Periscope, respondendo às dúvidas dos internautas. “Recebemos um retorno muito positivo das pessoas. Muitas agradeceram por finalmente entender o que está acontecendo”, completa Diogo. Acompanhe as redes twitter.com/jc_ PE. sociais do JC: facebook.com/jornaldocommercioPE e Diario de Pernambuco - PE 14/10/2015 - 08:05 O drama de uma mãe pernambucana Atendente descobriu que seu filho tinha microcefalia após divulgação de surto na imprensa. Ontem, ministério recuou de recomendação Isabela (nome fictício), 28, é atendente de restaurante e mora na Zona Norte do Recife. Desde a quarta-feira ela não passou um só dia sem chorar. Descobriu por meio da imprensa que seu filho de dois meses se encaixava no perfil de bebês com microcefalia, anomalia congênita que teve aumento no número de casos no Nordeste este ano. Ontem, Isabela levou o bebê ao Hospital Universitário Oswaldo Cruz, em Santo Amaro, onde 40 casos são acompanhados desde outubro. Lá, o diagnóstico foi preciso: a criança tem a anomalia. O menino nasceu com a cabeça medindo 32 centímetros, número abaixo do considerado ideal pela Organização Mundial de Saúde, que aponta 33 cm como parâmetro saudável. As dúvidas e o medo se misturaram à alegria de ser mãe pela primeira vez. A incerteza do futuro a machuca. Mas, se é que é possível, ela diz ter duplicado o amor pelo filho. "Você quer proteger mais, cuidar mais, amar mais. Fiquei triste porque a gente quer o melhor para o nosso filho". Isabela contou que durante a gestação nenhum exame identificou a anomalia. Com dez dias, o bebê foi levado a um pediatra, que achou a cabeça da criança pequena, mas disse que os reflexos eram normais. "Fiquei preocupada, mas não achei que fosse sério. Na hora em que vi a reportagem, as lágrimas caíram. Associei uma coisa à outra." Mãe e filho foram atendidos pela chefe do serviço de infectologia pediátrica do Oswaldo Cruz, Ângela Rocha. A especialista disse que a partir de agora os primeiros passos são os exames. "Vamos colher sangue e fazer tomografia. Você deve ficar tranquila e seguir sua vida normal. Daremos as coordenadas", disse a médica para Isabela, enquanto tentava acalmar a jovem. Assim como outras mães de bebês com microcefalia têm relatado, Isabela teve, no início da gravidez, manchas na pele que coçavam, sem febre e sem dor. "O médico da UPA achou que era uma alergia", comentou. Ela disse não fumar, não beber e não usa drogas. Além disso, fez o pré-natal com cuidado na rede particular. Nova diretriz O Ministério da Saúde voltou atrás e afirmou, ontem, que não há recomendação para que mulheres evitem a gravidez em Pernambuco. Na quinta-feira, o diretor de Vigilância de Doenças Transmissíveis do órgão, Cláudio Maierovitch, aconselhou as mulheres a adiarem os planos de ter filhos até que se esclareçam as causas do surto. Ontem, o órgão declarou: "até que se esclareçam as causas, as mulheres que planejam engravidar devem conversar com a equipe de saúde de sua confiança e avaliar as informações e riscos." A Secretaria Estadual de Saúde informou, ontem, que dos 141 casos notificados em Pernambuco, 89 foram confirmados como microcefalia. Diario de Pernambuco - PE 14/10/2015 - 08:05 Médicas temem problema social O aumento do número de casos de microcefalia no Nordeste preocupa os médicos, além de tudo, por causa do problema social que pode causar. A chefe do serviço de infectologia pediátrica do Oswaldo Cruz, Ângela Rocha, frisou que toda uma geração precisará de acompanhamento médico para o resto da vida. Segundo ela, a anomalia não é algo padronizado, ou seja, as lesões cerebrais não são iguais em todas as crianças. Variam de acordo com o nível de comprometimento que a malformação causou. Mas todas precisarão de assistência neurológica. "Não há descrição de um evento com essa magnitude na literatura médica mundial", afirmou Ângela Rocha. As crianças que tiverem um comprometimento cerebral maior terão mais danos. Quer dizer que a lesão da malformação acometeu mais áreas do órgão e as sequelas devem ter mais intensidade. As consequências básicas causam déficit neurocognitivo e motor, ou seja, dificuldades para andar, falar e ouvir. Podem também gerar crises convulsivas. No entanto, os especialistas ponderam que isso vale para a microcefalia tradicional. O que aconteceu este ano se trata de um evento novo que ninguém conhece a causa ainda. "A gente não sabe como vai se portar o cérebro. É difícil de dizer o que vai acontecer. Pode ser que os bebês tenham algum outro sintoma que a gente não espera, ou não tenham nenhum desses", explicou a orientadora do ambulatório de infectologia do Oswaldo Cruz, Regina Coeli. Ontem, a unidade atendeu três mães com seus bebês e uma gestante. Também ontem, a Secretaria de Saúde do Piauí informou o registro, nas últimas três semanas, de 10 casos entre recém-nascidos e dois intrauterinos. A maior parte dos casos do país está em Pernambuco (141), seguido por Sergipe (49), Rio Grande do Norte (22) e Paraíba (9). Folha de Pernambuco - PE 14/11/2015 - 07:32 Microcefalia: MS rebate declaração de gestor ÓRGÃO enfatizou que “a decisão de uma gestação é individual de cada mulher e sua família” "Não há uma recomendação do Ministério da Saúde (MS) para evitar a gravidez." A pasta federal emitiu nota, ontem, negando a orientação dada pelo diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis, Cláudio Maierovitch, que aconselhou as pernambucanas a não engravidarem até que as causas do aumento no número de casos de microcefalia em Pernambuco sejam esclarecidas. Segundo o MS, o planejamento das mulheres que desejam engravidar deve ser acompanhado por profissionais de saúde da confiança das famílias. No entanto, a decisão deve considerar todos os riscos para a gestação. O órgão acrescentou: “A decisão de uma gestação é individual de cada mulher e sua família”. Na última quarta-feira, o Ministério da Saúde decretou estado de emergência sanitária nacional, após a notificação de 141 casos da doença em 42 municípios do Estado. O MS ressaltou que trabalhará em parceria com os estados e municípios, "recebendo as ocorrências, dando apoio técnico e mantendo ativo o Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública (COES), para o estudo, a investigação e a definição do agente causador do aumento da ocorrência de microcefalia”. Um boletim epidemiológico sobre a situação em todo o País está previsto para ser divulgado na próxima terça-feira. Ontem, o Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que, desse número, 89 casos já haviam sido confirmados, por meio do protocolo de exames da Organização Mundial de Saúde (OMS). No Nordeste, os estados da Paraíba e Rio Grande do Norte também investigam notificações da doença. Em Pernambuco, o atendimento às gestantes está sendo distribuído entre duas unidades de referência: Imip e o Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), ambos na área central do Recife. O Estado está elaborando protocolos emergenciais que envolvem a "elaboração e publicação de protocolo clínico e epidemiológico para orientação dos profissionais das maternidades e unidades de referência; e a elaboração do protocolo para orientação dos profissionais nos cuidados comas gestantes, com indicação de assistência médica e psicológica". Em entrevista à Folha, a infectologista Regina Coeli, do Hospital Oswaldo Cruz, tranquilizou as mulheres que já estão em período gestacional e as que querem engravidar. A profissional, inclusive, ressaltou que elas não precisariam abrir mão do sonho da maternidade. PRECONCEITO Os casos de microcefalia motivaram ataques preconceituosos contra nordestinos no Twitter. Um dos post ironizava: “O pessoal sacaneou tanto cabeça de nordestino que agora os bebês de lá tão nascendo tudo com microcefalia”. Correio Braziliense DF 12/10/2015 - 08:05 Reação contra alerta para não engravidar Entidades de defesa dos direitos e da saúde das mulheres reagiram à declaração de diretor do Ministério da Saúde. Cláudio Maierovitch orientou pernambucanas a adiarem os planos de gravidez em razão do surto da doença Apesar de o momento ser de preocupação, a recomendação do diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, para que as mulheres de Pernambuco adiem os planos de gravidez por causa do aumento de casos de microcefalia em bebês foi mal recebida por organizações de defesa dos direitos e da saúde das mulheres. "A declaração foi, no mínimo, infeliz", comenta a coordenadora da organização não governamental Grupo Curumim, Paula Viana. Diante dos 141 casos identificados da malformação no estado, a maior parte desde agosto, em 42 cidades - indicador 15 vezes superior à média registrada entre 2010 e 2014, de 9 casos por ano -, Maierovitch alertou na noite da última quinta-feira: "Não engravidem agora. Esse é o conselho mais sóbrio que pode ser dado". Para Paula Viana, se a gravidez estiver nos planos de um casal neste momento, de fato, é prudente esperar até que se identifiquem as causas do surto da doença, mas considera que a orientação em uma realidade em que a maioria das gravidezes não são planejadas é inadequada. "Para se falar isso, tínhamos que ter no país um sistema de controle familiar eficiente. A orientação também é para se fazer um pré-natal benfeito. O que é muito complicado quando não há qualidade no pré-natal oferecido por causa da falta de investimento na atenção básica à saúde. É colocar nas mãos da mulher a responsabilidade por gerar um bebê com a doença. Depois, vão dizer a ela "tá vendo, não falamos que não era para engravidar"", comenta Paula. Sílvia Camurça, do Instituto Feminista para a Democracia SOS Corpo, o surto de bebês com microcefalia acontece em um momento muito grave na Saúde. De acordo com dados levantados pelo Fórum de Mulheres de Pernambuco, em setembro, todos os pediatras de duas Unidades de Pronto Atendimento foram demitidos e os atendimentos nas demais estão restritos a 30 por dia. "O mercado não forma mais pediatras por causa da lógica de mercado. Outras especialidades são mais rentáveis. Como o estado vai garantir atendimento a essas crianças? É um cenário extremamente desfavorável. A mulher sofre duas vezes, por ter o filho com a doença e por não ter atendimento." A socióloga destaca ainda ataques conservadores que os mecanismos de planejamento familiar sofrem. "O acesso à camisinha e a métodos contraceptivos está cada vez mais complicado, em especial, para os jovens. A frase foi infeliz. O governo deveria dar condições para essa mulher ter o filho ou não. A gente entende que o momento não é adequado, mas a orientação coloca sobre a mulher a responsabilidade de gerar filhos com a doença", comenta Sílvia. Por meio de nota, o Ministério da Saúde afirma que não há uma recomendação para que se evite a gravidez. "Até que se esclareçam as causas do aumento da incidência dos casos de microcefalia na região Nordeste, as mulheres que planejam engravidar devem conversar com a equipe de saúde de sua confiança (.) A decisão de uma gestação é individual de cada mulher e sua família." A Secretaria Estadual de Saúde divulgará na próxima semana um boletim atualizado sobre os registros no estado e o ministério divulgará na próxima terça-feira o levantamento pelo país. Além de Pernambuco, outras unidades da Federação relataram aumento expressivo de casos. Na manhã de ontem, a secretaria de Saúde do Piauí informou o registro, nas últimas três semanas, de 10 casos entre recém-nascidos e dois intrauterinos. Com isso, sobe para 243 o número de notificações no país da má-formação que, até hoje, era considerada um evento raro na pediatria. Crianças com o problema apresentam uma circunferência cefálica menor do que a média e podem ter deficiência mental, motora, problemas de visão e audição. A maior parte dos casos está concentrada em Pernambuco (141), seguido por Sergipe (49), Rio Grande do Norte (22) e Paraíba (9). Um dia após o Ministério da Saúde decretar estado de emergência sanitária nacional diante do aumento de casos de microcefalia em Pernambuco, as redes sociais foram utilizadas como ferramenta de expressão de comentários preconceituosos contra nordestinos. O perímetro encefálico menor que o normal foi ridicularizado em postagens no Twitter: "O pessoal sacaneou tanto cabeça de nordestino que agora os bebês de lá tão nascendo tudo com microcefalia", diz uma das mensagens. "O acesso à camisinha e a métodos contraceptivos está cada vez mais complicado, em especial, para os jovens. A frase foi infeliz. O governo deveria dar condições para essa mulher ter o filho ou não" Sílvia Sílvia Camurça, do Instituto Feminista para a Democracia SOS Corpo. Jornal do Commercio - PE 14/11/2015 - 08:17 Mudança de hábitos e mais cuidado com a saúde No último dia da série Novembro Azul, homens mostram que estão se movimentando para viver mais e melhor. Os profissionais de saúde apontam os exames essenciais e hábitos que devem ser adotados pelo público masculino em busca da saúde integral e da longevidade alcançada pelas mulheres É público e notório o fato de que os homens só procuram um médico quando estão “às portas da morte”. Mas, felizmente para eles (e para suas famílias aflitas), os sinais de uma mudança de hábito começam a surgir no horizonte. Estimulado por campanhas, agentes de saúde ou empurrado pelas companheiras, o público masculino começa a cuidar mais de si, participando, inclusive, de grupos que atuam em defesa da saúde integral. Com uma postura preventiva, é possível afastar o risco não somente do câncer de próstata, mas das temíveis doenças do aparelho cardiocirculatório, segunda causa de mortalidade masculina no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. “Normalmente, quando procuram o posto de saúde, os homens já estão com doença instalada em estado avançado, mas estamos começando a perceber uma mudança de conduta”, afirma a gerente de Saúde do Homem e do Idoso em Pernambuco, Valéria Pastor.” Ela diz que é fundamental a população masculina adotar hábitos saudáveis, assumir responsabilidade com a própria saúde e fazer exames preventivamente. “Quando a pessoa vai ao médico regularmente, se forem detectados os primeiros sinais de hipertensão ou diabetes, é possível controlar a pressão e reduzir o risco de eventos mais graves como o infarto”, assegura, acrescentando que os homens precisam comparecer a um serviço de saúde pelo menos uma vez por ano. “Uma alimentação saudável também mantém o peso adequado”, lembra. Embora nasçam mais homens que mulheres, elas vivem, em média, sete anos a mais que eles. Entre os motivos estão a violência e os acidentes de trânsito, primeira causa de morte masculina no País. Por isso, a Coordenação da Política de Saúde do Homem do Recife optou por centrar fogo não apenas no câncer de próstata, mas na busca pela proteção integral. “Nas nossas ações, explicamos que a alimentação, por exemplo, está associada à hipertensão e diabete, e que uma higienização correta do pênis reduz os riscos de câncer peniano”, diz o coordenador Elton Bruno Feitosa. “Também alertamos para os riscos de dirigir em alta velocidade.” Na opinião de Elton, os homens se escondem atrás de velhas crenças para fugir do médico. “Eles acham que não vão adoecer, mas essa postura, na verdade, está ligada ao medo de ficar doente e não poder prover a família.” No entanto, ele acredita que esse comportamento está ficando para trás. “A conscientização começou com os profissionais de saúde, que passaram a mobilizar essa população. Hoje, é fácil perceber que há mais homens nos consultórios médicos. O aposentado Everaldo Marques, 62 anos, concorda. “Só campanha na TV não resolve. Quando o serviço de saúde se aproxima da gente, a coisa funciona porque os profissionais nos ajudam a revelar nossos problemas, como a agente de saúde que me convenceu a participar das reuniões no bairro.” Jornal do Commercio - PE 14/11/2015 - 08:17 Enfermaria para detentos com HIV Na tentativa de minimizar o problema da falta de assistência aos detentos com HIV e com tuberculose, uma enfermaria avaliada em cerca de R$ 1 milhão será construída no Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros, que faz parte do Complexo Prisional do Curado. A confirmação foi dada pelo secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico. De acordo com ele, a atual enfermaria, alvo de críticas pela superlotação e condições insalubres, será demolida. Atualmente, há 144 presos com tuberculose e 61 com HIV nas três unidades que formam o complexo (antigo Aníbal Bruno), segundo dados oficiais da Secretaria Executiva de Ressocialização. “Na reunião emergencial convocada pelo governador Paulo Câmara, foi autorizado o investimento. Há excesso de presos com doenças, e eles precisam de assistência adequada”, afirmou. Eurico não deu prazo para início e conclusão das obras, mas garantiu que a verba será liberada. Pedro Eurico disse ainda que o Complexo do Curado passará por reformas nos muros para torná-los mais seguros. O mesmo acontecerá com a Penitenciária Barreto Campelo, que recentemente registrou fuga em massa. Ontem, o governador Paulo Câmara visitou as obras do Presídio de Tacaimbó, que terá espaço para 670 detentos. Após meses de atraso para entrega, a unidade será equipada e deve começar a receber os presos no início do próximo ano. Jornal do Commercio - PE 14/11/2015 - 08:17 Voz do Leitor Catástrofe na saúde Parabéns ao médico Sérgio Gondim pela excelente matéria publicada neste JC, dia 12, sobre a situação do Imip, consequência da catástrofe atual na saúde pública brasileira. Além de toda a roubalheira, em volume nunca visto antes na história deste País, o aparelhamento do Estado brasileiro para acomodar e enriquecer correligionários e aliados políticos desmantelou de vez a administração pública, afetando até o que funcionava bem, como o Imip. Enquanto a população morre nas portas dos hospitais, os políticos estão concentrados em apoiar ou não Eduardo Cunha. Neste naufrágio nacional cabem poucos nos botes salva-vidas. Muito poucos. Maria Elizabeth Freire, por e-mail Jornal do Commercio - PE 14/11/2015 - 08:17 Registre-se Prevenção do câncer de próstata Como “incentivo” do governo para exame de prevenção de câncer de próstata, constatei um absurdo: meus exames eram feitos de forma completa, diretamente no Hospital Evangélico, sem nenhuma burocracia. Agora mudou. Primeiro é necessário procurar atendimento num posto de saúde, madrugar para receber uma ficha, falar com um atendente, agendar uma data para comparecer a um laboratório e a autorização é apenas para o exame de PSA. Depois de muitos dias recebe-se o resultado do PSA, volta-se ao posto de saúde, marca-se uma consulta com o urologista, que decidirá sobre a necessidade de complementar o referido exame. Libert Dário, por e-mail Diario de Pernambuco - PE 14/10/2015 - 08:05 Cuidado com diabético ainda é desafio Pesquisa da Fiocruz mostra que a implantação de rede de assistência ocorreu de forma parcial no Recife. A PCR estuda ampliar Retirar o pão da alimentação diária foi um dos maiores desafios do engenheiro Benévolo Wanderley, 58 anos, amante da comida. A recomendação médica veio há cerca de sete anos, quando ele descobriu que tinha diabetes. Desde então, faz questão de procurar médico a cada seis meses. Dessa forma, consegue controlar as taxas e evitar comorbidades associadas à doença. Benévolo pode se considerar privilegiado, segundo recentes pesquisas realizadas na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Pernambuco. Hoje é o Dia Mundial de Combate à Diabetes. Em todo o mundo, cerca de 387 milhões de pessoas têm a doença, ou seja, 8% da população. No Brasil, são pelo menos 12 milhões de diabéticos. Cadastrados somente na atenção primária de Pernambuco são 188 mil pessoas. E na rede municipal do Recife são 29,6 mil pessoas com diabetes tipo 2. Um estudo realizado pela Fiocruz no Distrito Sanitário 3 da cidade, onde estão os centros de referência para diabéticos, mostrou que a implantação da rede de atenção à saúde das pessoas com Doenças Crônicas Não Transmissíveis - dentre as quais se inclui diabetes - ocorreu de forma parcial. "Identificamos dificuldades para marcar consultas e exames, faltam medicamentos. Também não há prontuário eletrônico. Com isso a informação se perde na rede. Percebemos que o usuário não está bem assistido", explicou a mestre em saúde pública responsável pelo levantamento, Rebecca Soares. Os dados foram apresentados em seminário para a gestão da rede municipal. Outro estudo realizado na Fiocruz mostrou que os atendimentos na rede são focados nas crises agudas e não na atenção integral do paciente, como determinado na regulamentação do Sistema Único de Saúde (SUS). Entre os problemas identificados, estão a falta de atendimento humanizado, a fragilidade na coordenação e no ordenamento do cuidado dos usuários e a falta de vínculo e acompanhamento na atenção básica. "Podemos evitar o agravamento da doença se o paciente for tratado de forma adequada, mas identificamos que não há comunicação entre os serviços. O paciente precisa muitas vezes contar a história dele toda ao ir a outro especialista. Há relatos de gente esperando até dois anos por oftalmologista", lembra a mestre em saúde pública responsável pela pesquisa, Marília Santana. Desde o ano passado, a Secretaria de Saúde do Recife criou uma coordenação da política de Doenças Crônicas Não Transmissíveis, que iniciou os trabalhos pela hipertensão, com demanda maior. Desde maio, o órgão discute a organização das medicações, consultas e dos protocolos para diabetes. Diario de Pernambuco - PE 14/10/2015 - 08:05 Paciente segue internado O brasileiro de 46 anos que esteve na Guiné e retornou ao Brasil no último dia 6, com suspeita de ter contraído o vírus ebola, passou o dia de ontem bem. O homem, que não teve a identidade divulgada, está internado no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, na sede da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Manguinhos, zona norte do Rio. Segundo a instituição, o paciente continua sem febre, respondendo bem ao tratamento para a malária e se alimentando. Ele apresenta quadro estável e sem febre desde que chegou à Fiocruz, à 0h da última quinta-feira. No início da noite de hoje, o Ministério da Saúde deverá divulgar o segundo exame do paciente. O primeiro teste, divulgado na quinta-feira, deu resultado negativo para o ebola.