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Directora
Graça Franco
Terça-feira, 16-06-2015
Edição às 08h30
Editor
Raul Santos
Portugueses pagam cada vez
mais para aceder à Saúde
Procuram-se candidatos a
director do Fisco
Vera Jardim. Venda da TAP fechada até às
eleições "não será fácil de reverter pelo PS"
Francisco dá força de encíclica
à preocupação da Igreja com o
ambiente
Preço do gás
natural no
mercado regulado
baixa em Julho
"Total suspensão"
dos vistos gold
preocupa
construção e
imobiliário
Temporal afectou
mais de 400
hectares de
culturas no Douro
Militares na
reserva chamados
a vigiar recreios
das escolas
LUÍS ANTÓNIO SANTOS
Mas o Papa
também fala do
ambiente?
Arcebispo acusado
de abusos sexuais
de menores vai ser
julgado no
Vaticano
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Terça-feira, 16-06-2015
Portugueses pagam
cada vez mais para
aceder à Saúde
Relatório do Observatório Português dos
Sistemas de Saúde conclui que Portugal
ficou mais “doente” depois da intervenção da
“troika”. Pela positiva, destaque para a baixa
do preço dos medicamentos.
mental tem em avançar. Fecharam-se hospitais
psiquiátricos e não se criaram as correspondentes
respostas.
Portugal é o país da União Europeia que menos investe
na saúde mental, apesar de ter das mais altas taxas do
mundo.
Medicamentos mais baixos…
Segundo o relatório do OPSS, o aumento da taxa de
genéricos facilitou o acesso a medicamentos mais
baratos, mas a revisão de algumas comparticipações
não foi benéfica para os utentes.
Por exemplo, avança o director do Centro de
Investigação em Ciências e Tecnologias da Saúde, a
revisão das comparticipações acabou por prejudicar os
medicamentos anti-psicóticos.
“Essa alteração está a sair mais cara às pessoas e, não
só faz com que paguem mais, como faz com que
deixem de os tomar de acordo com a prescrição”,
sublinha, em declarações à Renascença.
De acordo com o Relatório de Primavera, as medidas de
contenção de custos levaram a uma súbita diminuição
global de consumo de anti-psicóticos estatisticamente
significativa.
[Notícia actualizada às 8h00 com novos dados e sons]
Foto: Lusa
Por Anabela Góis
Apesar de estarem mais pobres, os portugueses pagam
cada vez mais pela sua saúde. As chamadas despesas
“out-of-pocket” – aquelas que cada um dos utentes
paga – têm vindo a aumentar.
A conclusão consta do relatório de Primavera do
Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS)
– o primeiro a ser apresentado depois do programa de
ajustamento.
Segundo o director do Centro de Investigação em
Ciências e Tecnologias da Saúde, Manuel Lopes, a
percentagem que “nos sai do bolso” aumentou por via
das taxas moderadoras, da diminuição das consultas
nos cuidados primários, dos transportes e da alteração
das despesas dedutíveis no IRS.
Portugal subiu, assim, do sexto para o quarto lugar na
lista de países da OCDE com maiores pagamentos
“out-of-pocket”.
Estado gasta cada vez menos
Portugal tem uma das mais baixas despesas em saúde
por habitante da União Europeia, conclui o mesmo
relatório.
O documento indica uma diminuição constante do
número de consultas nos cuidados primários, desde
2008, e uma contínua redução de camas nos hospitais
do Serviço Nacional de Saúde (SNS), enquanto no
privado elas aumentam.
Na rede de cuidados continuados, as camas estão
longe de ser suficientes para as necessidades, mas o
pior é que as equipas que prestam cuidados
domiciliários continuam a estar subocupadas.
A situação verifica-se em todo o país, mas é mais grave
no Centro, onde a referenciação para este tipo de apoio
a doentes ronda os 40%.
O Relatório de Primavera adverte ainda para a
dificuldade que a rede nacional de cuidados de saúde
Vera Jardim. Venda
da TAP fechada até
às eleições "não será
fácil de reverter pelo
PS"
O antigo ministro da Justiça considera que
Bruxelas pode dar o pontapé de saída na
reversão do processo na avaliação da
privatização. No programa Falar Claro, o exdeputado do CDS Diogo Feio rebate
acusações de secretismo no processo.
Por José Pedro Frazão
José Vera Jardim considera que se a privatização da
TAP estiver concluída por altura das eleições, caso o PS
ganhe as legislativas, o negócio “não vai ser fácil de
reverter. Isso depois já custa dinheiro, é mais difícil”.
No programa "Falar Claro", na Edição da Noite da
Renascença, o antigo ministro da Justiça admite que o
negócio “pode desde logo ser reversível se a Comissão
Europeia chegar à conclusão que não estão dadas as
condições de Direito europeu para a aquisição da TAP
por este consórcio. Desde logo aí este negócio é
reversível, não apenas pela acção do PS”.
“Há uma série de entidades, designadamente Bruxelas
tem que se pronunciar sobre se efectivamente estão
dadas as condições. Tem que haver uma maioria de
capital europeu e não só. Pode haver uma maioria de
capital nominal, mas eu não sei que acordos há entre
accionistas privados. O Governo diz que isso está
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Terça-feira, 16-06-2015
assegurado mas eu não conheço os documentos”,
observa o socialista que diz não saber o que consta da
cláusula de reversão.
Diogo Feio responde que “os contratos exigem
evidentemente um conjunto de conversas entre as
partes. E na altura certa, não tenho dúvidas, o contrato
será conhecido. Já temos os critérios da decisão. Já
temos um conjunto muito grande de coordenadas.
Portanto, qual é a pressa?”
O centrista recusa discutir o que fará o PS nesta
matéria. “Porque na minha opinião o PS não vai fazer
nada pois não vai ganhar as eleições”, ressalva o
centrista.
Vera Jardim confessa não ficar “aliviado” com a venda
da TAP, numa referência à expressão usada pelo
Presidente da República sobre a privatização da
companhia aérea portuguesa. “Fico com grandes
perplexidades”, acentua o socialista na Renascença.
Quem vai mesmo mandar na TAP?
O antigo deputado do PS e actual provedor das
agências de viagem deixa várias interrogações sobre a
privatização da TAP.
“Quem é que irá mandar nas grandes decisões
estratégicas da TAP? Nessas decisões estão envolvidas
as rotas onde há perdas, algo que o Governo diz que
estão asseguradas não sei em que termos. São rotas de
interesse estratégico para o país mas que trazem
perdas. É o caso da Guiné-Bissau, para onde a TAP não
voa agora, Cabo Verde ou São Tomé e Príncipe. Isto
estará devidamente assegurado?”, questiona Vera
Jardim.
Já o antigo deputado do CDS considera “ estranho que
se diga que há um secretismo muito grande e criticar
um conjunto de coordenadas deste acordo”, dando
dois critérios de avaliação como exemplo. “ A questão
do hub - não só de Lisboa, mas Porto e Faro – passou
para segundo critério. A questão das rotas está também
dentro do acordo”, responde Diogo Feio.
“Quem é que vai mandar realmente na TAP? Esse
problema ainda está em aberto. Estamos longe ainda
de terminar o processo de privatização”, insiste Vera
Jardim.
Para o centrista Diogo Feio, “é perfeitamente possível
que os privados possam juntar duas coisas: a defesa
dos interesses estratégicos com uma gestão eficiente
da empresa. Nesse plano há um tributo que se deve dar
a Humberto Pedrosa, porque é um português que vai
arriscar na sua vertente negocial na TAP”.
TAP, milhões e Jorge Jesus
Vera Jardim insiste na proposta socialista de
privatização parcial da TAP, com maioria do capital
para o Estado. Apenas não acredita nas virtualidades de
uma dispersão do capital em bolsa.
“Seria muito difícil. É muito difícil colocar uma
companhia na situação da TAP [sem ser] ao fim de
alguns anos. São precisas várias condições que têm a
ver com o seu balanço e com a oferta que possa haver
para pôr a empresa na bolsa”, diz Vera Jardim.
A manutenção de uma maioria de 51% do capital no
Estado não faria sentido, contrapõe o antigo
eurodeputado Diogo Feio. “ O que é que ganharia um
qualquer privado, não tendo a maioria de uma empresa
como a TAP, com as dificuldades imensas que a TAP
tem, em comprar sem ter grande poder de decisão,
deixando a maioria para o Estado? Não me parece que
fosse exequível”, argumenta o advogado que milita no
CDS.
Diogo Feio responde aqueles que dizem que a TAP foi
vendida pelo equivalente a metade do contrato de
Jorge Jesus para defender o Sporting por três épocas,
no valor de 18 milhões de euros. “Só que Jesus, quando
foi contratado, não vinha com capitais próprios
negativos atrás”, responde Feio.
Vera Jardim arrisca a dizer que por pouco a TAP não foi
vendida a preço (ainda mais) simbólico. “ Estes dez
milhões de euros apareceram para não aparecer
apenas um euro. Porque apareceria um euro? Porque a
TAP tem a situação que tem. As medidas que
imediatamente são visíveis não podiam ser feitas com
o Estado com maioria na TAP? Não poderia vender
aviões? Não poderia reestruturar a dívida junto da
banca? Estamos a ver que a TAP vai vender aviões
antigos para fazer alugueres, leasings de aviões mais
modernos, com menos consumos, que possam ser
mais competitivos. É preciso um privado para o fazer?”,
questiona o antigo dirigente do PS.
Portugueses,
franceses, espanhóis
e britânicos. Os
cinco que querem a
Carris e a Metro de
Lisboa
Cinco candidatos apresentaram propostas
para as subconcessões do Metropolitano de
Lisboa e da Carris, das quais três são
conjuntas às duas empresas.
Foto: Lusa
Os cinco candidatos às subconcessões do
Metropolitano de Lisboa e da Carris são portugueses,
franceses, espanhóis e britânicos, adiantou esta
segunda-feira o Ministério da Economia.
Cinco candidatos apresentaram propostas para as
subconcessões do Metropolitano de Lisboa e da Carris,
das quais três são conjuntas às duas empresas, revelou
o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio
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Monteiro.
Apresentaram uma proposta conjunta para a
subconcessão das duas empresas a transportadora
parisiense RATP (Régie Autonome des Transports
Parisiens), a britânica National Express e a espanhola
Avanza.
Na Carris estão interessados ainda a Barraqueiro – cujo
dono, Humberto Pedrosa, faz parte do consórcio que
recentemente venceu o concurso para a privatização
da TAP – em conjunto a TCC (Transports Ciutat
Comtal), que integra o consórcio que venceu o
concurso público para a subconcessão da STCP,
transportes públicos do Porto.
Para a gestão do Metro de Lisboa candidatou-se ainda
a francesa Transdev.
"Temos um processo competitivo como o Governo
esperava e agora é preciso que a empresa e o próprio
júri façam todos os procedimentos que se seguem, no
sentido de podermos rapidamente tomar uma decisão",
disse Sérgio Monteiro, sem acrescentar pormenores, à
margem da "Conferência Portugal-Timor Leste", na
Assembleia da República.
Em declarações à Lusa, no início de Junho, o
presidente da Transportes de Lisboa, Rui Loureiro,
revelou que os contratos das subconcessões do
Metropolitano de Lisboa e da Carris devem estar
assinados a partir de 15 de Julho.
De fora desta subconcessão fica a Carristur, empresa
dedicada ao turismo detida pela Carris.
O Governo aprovou a 26 de Fevereiro a subconcessão
do Metro e da Carris e, em Março, foi publicado em
Diário da República o anúncio do concurso público
internacional.
A 5 de Maio, a Câmara de Lisboa informou que o
Tribunal Administrativo de Lisboa aceitou as
providências cautelares interpostas pelo município
contra a subconcessão das duas empresas públicas,
suspendendo os concursos.
Num comunicado divulgado no mesmo dia, o gabinete
do secretário de Estados das Infra-estruturas,
Transportes e Comunicações anunciou que a Carris e o
Metropolitano entregaram no Tribunal Administrativo
uma "resolução fundamentada" no interesse público
que travou a suspensão dos concursos.
paralisação devem começar a fazer-se sentir quartafeira à noite, uma vez que os Os trabalhadores dos
serviços nocturnos iniciam o seu período de greve às
23h30 de quarta-feira.
"Esta luta tem também o objectivo de lutar contra a
reestruturação interna que está a ser feita, que vai
originar a extinção de postos de trabalho e que assenta
no objectivo de criar uma estrutura para uma empresa
única que não existe", esclareceu a Federação dos
Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans).
A decisão do tribunal arbitral, divulgada na página
daquele organismo na Internet, prevê que "não são
fixados quaisquer serviços mínimos relativamente à
circulação de composições".
Em contrapartida, o acórdão obriga os trabalhadores a
assegurarem os serviços necessários à segurança e
manutenção do equipamento e das instalações.
O tribunal justifica a decisão com o facto de existirem
em Lisboa meios de transporte alternativos ao
Metropolitano e de não haver coincidência de outras
greves nos transportes na mesma área geográfica.
LUÍS ANTÓNIO SANTOS
Mas o Papa também
fala do ambiente?
O incómodo que vai provocar esta incursão
começou já a ser visível; Stephen Moore, um
conhecido economista católico norteamericano, disse, há dias, que o Papa é “um
completo desastre” e que “integra um
movimento Verde radical que é, na sua
essência, anti-cristão, anti-pessoas e antiprogresso”.
Greve no metro de
Lisboa sem serviços
mínimos
Os efeitos da paralisação devem começar a
fazer-se sentir quarta-feira à noite e quintafeira todo o dia.
O tribunal arbitral do Conselho Económico e Social
(CES) anunciou esta segunda-feira que não decretou
serviços mínimos para a circulação de comboios do
Metropolitano de Lisboa na greve de 24 horas
agendada para a próxima quinta-feira.
Os trabalhadores do Metropolitano de Lisboa marcaram
uma greve de 24 horas contra a subconcessão da
empresa para o dia 18 de Junho. Os efeitos da
Escutando, há dias, um programa da BBC Radio 4,
elaborado pelo famoso jornalista britânico, Eduard
Stourton, sob o tema genérico “Será o Papa um
comunista?”, um dos intervenientes dizia, a dado
passo: “Se pensam que pode ser comunista pelo que
disse até agora, esperem até ouvir o que ele vai dizer
sobre o ambiente”.
Confesso que fiquei interessado. Por um lado, porque,
à semelhança do que concluiu o jornalista britânico no
excelente programa, me parece demasiado simplista
tentar encostar todo um percurso de vida e toda uma
proposta desafiadora a formulações necessariamente
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restritivas; o programa termina dizendo que o Papa
Francisco está distante do comunismo mas move-se
num espaço de crítica aberta a um entendimento da
sociedade em que a desigualdade se tornou normal e
em que os mais frágeis são culpabilizados pela vida
que levam. Por outro, porque se percebe na incursão de
um Papa neste território, o potencial para afrontar
algumas das forças mais poderosas do planeta - as
grandes corporações financeiras, energéticas,
agrícolas e as organizações e políticos que assumem a
defesa de uma existência humana em contínuo
crescimento (como acontece até com algumas
universidades na órbita da influência da Igreja
Católica).
Antecipando a encíclica a divulgar na quinta-feira, o
presidente do Conselho Pontifício do Vaticano, o
cardeal Peter Turkson, disse que o Papa vai centrar-se
naquilo que considera ser um ‘ataque à Criação’: “Parte
do mundo vive na pobreza, apesar da abundância que
existe, enquanto uma elite privilegiada controla a
maioria da riqueza e consome a maioria dos recursos”.
O texto (que teve por base um processo de consultas
muito alargado) deverá, certamente, constituir parte da
argumentação que o Papa vai levar aos Estados Unidos,
em Setembro próximo, onde se tornará no primeiro
líder da Igreja Católica a falar no Congresso.
O incómodo que vai provocar esta incursão começou
já a ser visível; Stephen Moore, um conhecido
economista católico norte-americano, disse, há dias,
que o Papa é “um completo desastre” e que “integra um
movimento Verde radical que é, na sua essência, anticristão, anti-pessoas e anti-progresso”.
Imagina-se que isto seja apenas um sinal. Mas
imagina-se, também, que para o Papa Francisco não
seja mais do que a confirmação de que valerá a pena
insistir.
Teremos, assim, na quinta-feira, mais uma peça de um
‘puzzle de desassossego’, de um desafio em
permanência, que o líder da Igreja Católica lança não
apenas aos seus fiéis e não apenas aos cristãos mas à
Humanidade como um todo, sobretudo à que viveu e
vive os benefícios da prosperidade e do progresso.
(Luís António Santos escreve quinzenalmente, às
segundas-feiras. Esta semana, excepcionalemnte, o
artigo é publicado na terça-feira)
Procuram-se
candidatos a director
do Fisco
Comissão de Recrutamento vai repetir
concurso. Júri não encontrou três
candidatos com mérito.<BR>
Foto: Lusa
A Comissão de Recrutamento e Selecção para a
Administração Pública (CReSAP) não encontrou três
candidatos com mérito entre os 20 que se
candidataram a director-geral da Autoridade Tributária
e Aduaneira.
Ao concurso para director-geral candidataram-se 20
pessoas, mas "concluído todo o processo, o júri não
encontrou três candidatos com mérito" e, por isso, "o
concurso terá de ser repetido", disse à agência Lusa
fonte oficial da Comissão de Recrutamento.
"A CReSAP informou hoje o membro do Governo [o
secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo
Núncio] do resultado do concurso, pelo que o aviso de
abertura do concurso terá de ser repetido, para se dar
oportunidade para encontrar três candidatos com
mérito", disse a mesma fonte.
Em Dezembro de 2011, com a publicação da lei 64/2011,
os concursos para cargos de direcção da
Administração Pública passaram a ser conduzidos pela
CReSAP, que tem de apresentar um conjunto de três
candidatos, que o júri conclui serem os melhores para
o cargo, para que o membro do Governo (da área)
escolha o novo dirigente. A mesma lei define que, caso
não seja encontrado esse grupo de três candidatos, "a
Comissão deve proceder à repetição de aviso de
abertura referente ao mesmo procedimento concursal".
Depois da demissão do anterior director-geral, António
Brigas Afonso, na sequência do caso da "lista VIP", o
Governo nomeou no final de Março a então directora
da Direcção de Finanças de Lisboa, Helena Borges,
para assumir em substituição a liderança da AT e
solicitou a abertura do concurso para aquele cargo.
A lei determina que a substituição cessa "passados 90
dias sobre a data da vacatura do lugar, salvo se estiver
em curso procedimento tendente à designação de
novo titular".
Lei obriga a que sejam apresentados três candidatos
Entre os candidatos estará, segundo noticiou o "Diário
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Económico", Helena Borges, o que não quer dizer que
não tenha mérito para o cargo, uma vez que a CReSAP
até pode ter encontrado apenas um candidato com
mérito neste concurso, mas a lei obriga a que sejam
apresentados três candidatos e, por isso, o
procedimento volta ao início, levando agora mais cerca
de "um mês e meio, dois meses" para concluir o
processo de escolha do novo director-geral do Fisco.
Esta é a segunda vez que a CReSAP repete o concurso
para o cargo de director-geral da AT por não ter
encontrado três candidatos com mérito para o lugar,
reiniciando o processo. Em Maio do ano passado, o
processo decorreu para substituir o então homem forte
do Fisco, Azevedo Pereira, e teve de ser repetido
também porque a CReSAP não encontrou três
candidatos com mérito.
Também nessa altura, Helena Borges apresentou a sua
candidatura (segundo confirmou o presidente da
CReSAP à comunicação social), mas acabou por não
constar da lista final que foi entregue ao Governo e que
levou à escolha de António Brigas Afonso para o cargo.
Ainda na sequência do caso da "lista VIP", também
apresentou demissão o subdiretor-geral da área da
Justiça Tributária e Aduaneira, sendo que neste caso a
CReSAP já apresentou ao Governo três nomes para o
cargo: Acácio Carvalhal Costa, Ana Cristina de Oliveira
Carmona Bicho e Joaquim Manuel Pombo Alves.
Crédito ao consumo
recupera terreno
perdido e pode
"sobreaquecer"
economia em 2016
É o aviso do economista João Duque. O
crédito ao consumo aumentou quase 31%
em Abril em relação ao mesmo mês de 2014.
Ilustração: Freepik
O crédito ao consumo parece estar a regressar em força
a Portugal. No comparativo entre Abril deste ano e o de
2014, entraram mais 403 milhões de euros na
economia através do financiamento pessoal, revelam
dados divulgados esta segunda-feira pelo Banco de
Portugal (BdP). O economista João Duque alerta para os
perigos da insustentabilidade do fenómeno.
Os números divulgados pelo BdP mostram que há
áreas em que o fenómeno é mais evidente do que em
outras. O crédito automóvel foi o que registou maior
número de novos contratos: subiu mais de 72%
comparando com o mesmo mês do ano passado. Já o
crédito pessoal para despesas com o lar cresceu mais
de 33%.
Entre as razões que justificam estes números para João
Duque, investigador do Instituto Superior de Economia
e Gestão (ISEG), estão a "maior confiança e maior
facilidade de acesso ao dinheiro".
"Em primeiro lugar, há um efectivo aumento de algum
rendimento disponível e não havia oportunidade de
todo de haver aumento do consumo não fosse muito
dele financiado. De outro lado, há alguma expectativa
de melhoria que leva as famílias a que encarem o
financiamento para bens de consumo", disse à
Renascença João Duque.
O economista lembra que a confiança dos
consumidores deve ser balizada pelo equilíbrio entre as
políticas para o consumo e as vocacionadas para a
promoção do emprego. O que, segundo João Duque,
não se verifica.
"Há um risco quando as políticas para o consumo não
têm o mesmo tipo de garantias que a promoção do
emprego. Corremos o risco de entrarmos um
sobreaquecimento com reflexos negativos no espaço
de um ano", remata.
"Total suspensão"
dos vistos gold
preocupa construção
e imobiliário
Confederação do sector pede explicações ao
Governo.
A Confederação Portuguesa da Construção e do
Imobiliário (CPCI) está preocupada com o que apelida
de paragem total na atribuição de vistos gold.
Em comunicado, a Confederação Portuguesa da
Construção e do Imobiliário cita dados oficiais de Maio
e pede uma clarificação da situação.
Os registos mostram que foram concedidas seis
autorizações de residência, num total de quatro
milhões de euros, valor que compara com os 54
milhões registados em Abril.
A CPCI "questiona os motivos que justificam esta total
suspensão", nomeadamente se Portugal "deixou de ser
atractivo para os investidores estrangeiros" ou se "os
investidores se mantêm" e o que existe são "questões
de ordem burocrática".
“Após terem sido superadas as questões levantadas
pela ‘Operação Labirinto’, depois de ter sido aprovado o
aperfeiçoamento e alargamento do regime legal, esta
nova situação é incompreensível, tendo em conta a
importância estratégica deste programa”, sublinha a
confederação.
Desde que entrou em vigor, o programa de vistos
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Terça-feira, 16-06-2015
gold foi responsável pela captação de cerca de 1,5 mil
milhões de euros de investimento estrangeiro, do qual
1,3 mil milhões, ou seja, 95% foi aplicado no sector do
imobiliário.
para as tarifas de gás natural de 50 milhões de euros
relativos à Contribuição Extraordinária sobre o Sector
Energético (CESE)", lê-se no comunicado da ERSE,
reclamada pelo Governo à Galp Energia.
Preço do gás natural
no mercado regulado
baixa em Julho
Temporal afectou
mais de 400 hectares
de culturas no Douro
Diminuição do preço do petróleo no último
trimestre de 2014 ajuda a explicar queda dos
preços, que também se verifica na indústria.
Algumas vinhas registaram perdas de 80%,
segundo a Direcção Regional de Agricultura.
Foto: DR
As tarifas transitórias de gás natural descem 3,5% a
partir de 1 de Julho para os clientes domésticos e
pequenos comércios que se mantêm no mercado
regulado, anunciou esta segunda-feira a Entidade
Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE).
Neste escalão estão os consumidores finais que têm
um consumo anual inferior ou igual a 10 mil metros
cúbicos.
Para os consumos acima de 10 mil metros cúbicos
(pequena indústria) as tarifas caem 5%. Já os
consumidores de média pressão (indústria) verão os
preços cair 2,9% a partir de 1 de Julho, adiantou o
regulador do mercado energético.
Esta é a segunda actualização tarifária do gás natural. A
primeira ocorreu a 1 de Maio, com uma descida de 3,9%
face ao valor que tinha entrado em vigor em Julho de
2014 para os consumidores domésticos e pequenos
comércios, de 6,5% para os consumos intermédios e de
9,4% para os consumos industriais.
Já a tarifa social de venda a clientes finais dos
comercializadores de último recurso, que vigora entre
Julho de 2015 e Junho de 2016, terá uma descida de
7,3%.
De acordo com a informação da entidade reguladora, a
descida da factura do gás natural justifica-se por várias
factores, nomeadamente a diminuição do preço do
petróleo no último trimestre de 2014, a descida dos
custos com os acessos às infra-estruturas reguladas
(rede de distribuição do gás natural) e ainda a afectação
da contribuição extraordinária sobre o sector
energético (CESE) aos custos do sistema nacional de
gás natural.
"Outro factor com impacto significativo nas tarifas para
o ano gás 2015-2016 refere-se à previsão de reversão
Mais de 400 hectares de vinha, pomares e hortas de
sete concelhos da região do Douro foram afectados
pela intempérie da semana passada, avança a Direcção
Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN).
A chuva forte e granizo que caíram a 9 de Junho, ao
final da tarde, danificaram sobretudo vinha, mas
também plantações de maçãs, cerejas e hortícolas, bem
como caminhos rurais e muros.
A DRAPN procedeu ao levantamento dos estragos e,
segundo o responsável pela instituição, Manuel
Cardoso, a área total afectada "é superior a 400
hectares", sobretudo de vinha, mas também em
plantações de maçãs, cerejas e hortícolas.
O mau tempo afectou vinha sobretudo nos concelhos
de Alijó, Murça e Sabrosa, no Douro norte, e as restantes
plantações no Douro sul, em concelhos como
Moimenta da Beira, Armamar, Sernancelhe e Tarouca.
O director regional refere que os estragos foram muito
localizados, mas muito intensos nos sítios afectados.
"Temos vinhas com perdas de 80%, só que foram em
zonas localizadas, por exemplo em um hectare ou meio
hectare."
Manuel Cardoso disse ainda que "muitos dos
agricultores afectados aderiram aos seguros
colectivos". "Não estamos perante as situações
totalmente dramáticas que aconteceram há uns anos
em que não havia um seguro", sustentou.
No entanto, agricultores e autarcas reclamaram já
apoios do Governo para colmatar os prejuízos causados
pelo mau tempo.
Manuel Cardoso frisa que o Ministério da Agricultura só
vai tomar uma posição definitiva depois de um
relatório final que será feito dentro de alguns dias e de
uma segunda avaliação às parcelas afectadas.
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Terça-feira, 16-06-2015
Militares na reserva
chamados a vigiar
recreios das escolas
Os militares terão por missão vigiar os
recreios e impedir agressões entre elementos
da comunidade escolar.
"Fiscalizar e informar do estado de conservação das
infra -estruturas e equipamentos da escola, sempre que
verifique que o mesmo se encontra deteriorado,
danificado ou a funcionar defeituosamente" é outra das
missões referidas pelo Ministério.
"Exames acabam por
legitimar abandono
de certos alunos"
Actual sistema desculpabiliza escola e
professores, defendeu Paulo Chitas, autor do
livro “A Escola”, num debate promovido pela
Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Foto: DR
Os militares das Forças Armadas na reserva vão fazer
vigilância dentro das escolas, essencialmente nos
recreios, com missões como impedir agressões entre
elementos da comunidade escolar, explicou o
Ministério da Educação e Ciência (MEC).
O Conselho de Ministros aprovou, na passada quintafeira, alterações a um diploma que permitem agora o
recrutamento de elementos das Forças Armadas na
reserva para fazer vigilância nas zonas escolares.
Estes militares deverão "assegurar as funções de
vigilância relativas ao ambiente do espaço escolar, com
especial incidência nos recreios e junto das
imediações da vedação escolar", explicou à Lusa fonte
do gabinete do MEC.
Os militares na reserva vão fazer a segurança escolar
no interior das escolas e terão funções
complementares ao trabalho que é actualmente
desenvolvido pela PSP, ou seja, "não se substituem ao
do Programa Escola Segura, pelo contrário vêm
complementá-lo".
Os vigilantes serão colocados nos estabelecimentos
escolares que, "devido à sua localização, população,
dimensão e problemáticas associadas, necessitem dos
mesmos para garantir a tranquilidade da comunidade
escolar", acrescenta o ministério.
As principais missões serão a de zelar pelo
cumprimento dos regulamentos das escolas,
"requerendo o auxílio de forças de segurança, sempre
que for justificado".
Sensibilizar os alunos para a conservação e gestão dos
equipamentos das escolas e "impedir a prática de
qualquer tipo de agressão, verbal ou física, entre os
membros da comunidade escolar" são outras das
tarefas atribuídas.
O MEC sublinha ainda que as escolas poderão contar
com os militares para "defender os direitos das crianças
e jovens da escola onde prestam serviço, protegendoas de qualquer forma de abuso" e para detectar
ilegalidades e infracções às regras da escola.
Os exames e o actual sistema de avaliação “acabam por
legitimar o abandono de certos alunos” e
desculpabilizam escola e professores. A ideia é
defendida por Paulo Chitas, autor do livro “A Escola”.
Ao longo desta semana, a Renascença vai transmitir,
todos os dias depois das 19h00, o melhor dos debates
que decorreram na Feira do Livro de Lisboa, no espaço
da Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Durante os últimos 15 dias, a Praça Azul foi palco de
conversas à volta dos títulos editados pela Fundação. O
primeiro foi sobre Educação. Trata-se do livro "A
Escola", de Paulo Chitas. É a história de um projecto
inovador que conseguiu reduzir o insucesso escolar
numa escola em Estremoz.
O debate com o autor do livro e com o presidente do
Conselho Nacional de Educação, David Justino, foi
acompanhado pela jornalista Manuela Pires.
FRANCISCO SARSFIELD CABRAL
Abuso de direitos
Temos assistido a um elevado número de
greves e providências cautelares, que, no
fundo, pouco adiantam às pretensões dos
seus intervenientes.
Por Francisco Sarsfield Cabral
Estamos numa semana de greves nos transportes
públicos (mais uma!), em Lisboa, contra as previstas
privatizações. Toda a gente sabe que estas greves não
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Terça-feira, 16-06-2015
vão travar qualquer privatização – pelo contrário, os
utilizadores do Metro e da Carris, sobretudo os que
pagaram um passe, anseiam pela privatização.
É que, com ela, as greves diminuirão, como se viu
quando a Rodoviária Nacional foi privatizada. Mas,
politicamente, há que mostrar a força do PCP, através
da CGTP, ainda que seja à custa dos utilizadores dos
transportes colectivos.
Outro abuso de um direito é o constante recurso a
providências cautelares, para impedir medidas
governamentais. Na grande maioria dos casos, a
objecção a tais medidas não é jurídica, mas política. Ou
seja, trata-se de matéria fora da alçada dos tribunais.
Segundo o “Diário Económico”, a ministra da Justiça
irá propor legislação que restrinja a possibilidade de
uma sentença favorável à providência cautelar. Pode e
deve discutir-se os termos dessa restrição. Mas que ela
é necessária, até para prestígio da justiça, aí não restam
dúvidas.
“Os empresários
portugueses
manifestam grande
interesse na
Bulgária”
A balança comercial entre os dois países foi
negativa em 2014, mas o Presidente da
República quer reverter a tendência e levou
mais de 20 empresas portuguesas a
conhecer a Bulgária.
Saúde. País gasta
menos, portugueses
pagam mais
Neste noticiário: os portugueses estão a
pagar cada vez mais para aceder à saúde, diz
o Observatório Português dos Sistemas de
Saúde; mesmo se ganhar as eleições, o PS
pode não ter margem para reverter o
negócio da venda da TAP, defende Vera
Jardim num debate com Diogo Feio onde o
negócio foi comparado com a ida de Jorge
Jesus para o Sporting; o medo dos gregos
contado por uma jovem que se viu obrigada
a abandonar o país; há mais um Bush na
corrida à Casa Branca.
Por Teresa Abecasis
Cavaco Silva visitou o Museu Nacional de História em Sófia. Foto:
Tiago Petinga/Lusa
Por Paula Caeiro Varela, na Bulgária
O Presidente da República preside esta terça-feira, ao
lado do seu homólogo búlgaro, Rosen Plevneliev, ao
Fórum Empresarial Bulgária-Portugal. Num mercado
onde as exportações portuguesas estão longe de
bombar, Cavaco Silva quer lançar novas oportunidades
de negócio.
“Os empresários portugueses manifestam um grande
interesse em conhecer melhor as oportunidades de
negócios na Bulgária e estou certo de que será possível
aprofundar a cooperação em múltiplas áreas: no
domínio do turismo, das energias renováveis, dos
transportes, da aplicação das tecnologias digitais e a
administração pública, uma área onde Portugal regista
progressos muito assinaláveis”, afirmou.
Em 2014, a balança comercial entre os dois países foi
deficitária, com as importações da Bulgária a chegarem
aos 110 milhões de euros e as exportações a ficarem
nos 66 milhões.
O fórum empresarial será ainda oportunidade para a
criação da Câmara de Comércio Portugal-Bulgária.
Esta terça-feira é o último dia da visita do Presidente da
República a Sófia e da agenda faz parte um encontro
com a presidente da Assembleia Nacional e com o
primeiro-ministro búlgaro.
Na comitiva, Cavaco Silva levou representantes de mais
de 20 empresas portuguesas.
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Terça-feira, 16-06-2015
Grécia não vai
apresentar novas
medidas ao
Eurogrupo
Ministro grego das Finanças está "disponível
para, a todo o momento, encontrar uma
solução compreensiva" com os credores
internacionais.
"Gregos agem como
se estivessem à beira
da guerra"
A Renascença falou com uma jovem grega
obrigada a deixar o país para escapar à crise.
Conta como os seus compatriotas vivem
com medo num país onde o presente é duro
e o futuro incerto.
Mais velhos vêem os jovens deixar a Grécia todos os dias. Foto: EPA
Varoufakis não cede aos credores. Foto: Simela Pantzartzi/EPA
Por Liliana Monteiro
A Grécia não vai apresentar uma nova lista de reformas
na próxima reunião do Eurogrupo, marcada para
quinta-feira.
O anúncio foi feito pelo ministro grego das Finanças,
Yanis Varoufakis, em entrevista ao jornal alemão “Bild”.
A equipa de negociadores gregos está “disponível para,
a todo o momento, encontrar uma solução
compreensiva” com os seus parceiros europeus,
sublinha Varoufakis.
As negociações do último fim-de-semana falharam.
Na reacção, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras,
exigiu que credores internacionais acabem com o que
apelida de pilhagem levada a cabo nos últimos anos.
"Só se pode ver uma intenção política na insistência
dos credores em novos cortes nas pensões, após cinco
anos de pilhagem ao abrigo dos planos de resgate",
acusou o primeiro-ministro grego, num comunicado
citado pelo jornal grego “Ton Syntakton”.
Já o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario
Draghi, admite que é impossível prever as
consequências a médio e longo prazo de um eventual
incumprimento por parte da Grécia, já que se entraria
"em águas desconhecidas".
O Presidente da República, Cavaco Silva, ainda tem
esperança de que a Grécia possa continuar no euro,
mas lembra que na moeda única há regras e que
ninguém pode deixar de as cumprir.
Fai Stepanova é uma jovem grega que optou por fazer
vida fora do país, mas que acompanha o drama da
família que vive em Atenas.
Em entrevista à Renascença, fala numa vida difícil e
mais cara de dia para dia. Os gregos vivem com medo.
Vão tomando precauções porque não sabem como vai
ser o futuro e porque receiam uma bancarrota. Restalhes acreditar neste novo governo que aos olhos da
população parece estar a lutar pelo país.
Como é viver, actualmente, em Atenas?
Nesta altura a vida é muito difícil. As pessoas estão
cansadas de toda esta situação da crise. Os gregos
vivem com medo e andam stressados. É muito duro. As
pessoas não têm muito dinheiro, os salários são baixos,
têm medo de perder os empregos. Tentam ganhar
dinheiro, mas está tudo muito caro, os preços subiram.
Só se pensa em ter dinheiro para pagar as contas ao
fim do mês: pagar a electricidade, a água, as coisas do
dia a dia e, às vezes, não chega.
As pessoas pensam em tirar dinheiro dos bancos?
Sim, estive há duas semanas na Grécia e vi muita gente
em pânico. As pessoas que têm economias de uma
vida estão a ir aos bancos levantar tudo, porque têm
medo de uma bancarrota e de ficarem sem nada. As
pessoas não têm, nesta altura, confiança no sistema
bancário.
Quando surgem notícias sobre a possível saída do
euro, como reage o povo grego?
Obviamente que tem medo. Este novo Governo é
diferente dos outros, está mais motivado, mas não está
sempre alinhado com a Europa. O Governo entra
muitas vezes em desacordo com a Europa. As pessoas
têm pânico que um dia se atire a Grécia para fora da
Europa.
Como é que vêem a acção do Governo de Alexis
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Terça-feira, 16-06-2015
Tsipras?
Nos últimos 20, 30 anos houve tanta corrupção no país.
Os gregos andavam tão desapontados com os últimos
executivos que agora estão mais optimistas e pensam
positivo porque este Governo é mais jovem, são
pessoas diferentes, têm muita energia e parecem ser
honestos, querem lutar mais pela Grécia do que por
eles próprios. Eles trouxeram uma nova esperança para
o futuro.
Os gregos ainda acreditam nos políticos?
Sim, no Tsipras e Varoufakis confiam, mas nos outros
políticos não.
Os gregos começaram já a abandonar o país?
Sim, há muita gente que prefere sair do país. Tenho
muita família que já emigrou. Principalmente as
camadas jovens, porque não têm esperança e não têm
trabalho e por isso saem. Mas depois há os mais
velhos, esses já não partem, já não têm mais energia
para sair do país. Então ficam na esperança de que as
coisas mudem um dia.
As pessoas começaram já a fazer reservas de comida
porque não sabem como vai ser o dia amanhã?
Sim, as pessoas agem como se estivessem num
período antes da guerra. Predomina o medo e então
compram muito arroz, massas e conservas, coisas que
aguentam muito tempo na despensa. Começaram a
juntar comida porque não sabem como vai ser o futuro.
É uma jovem, vai ser mãe em breve e preferiu emigrar.
Os jovens gregos pensam que é melhor viver noutros
países da Europa?
Eu vivo agora na Suíça, um país perfeito para trabalhar
e criar a minha família. Há melhores condições de
vida, ganhamos dinheiro para viver bem. Vejo o meu
irmão que vive na Grécia, tem um salário de 400 euros
por mês e vive assim de uma forma quase impossível.
Cientistas
desenvolvem
resposta ao letal
"coronavírus"
Anticorpo foi isolado por especialista
chineses e norte-americanos e já foi testado
em animais.
Cientistas da China e dos Estados Unidos anunciaram
esta segunda-feira o desenvolvimento de um anticorpo
para o tratamento da Síndrome Respiratória do Médio
Oriente, que nos últimos dias provocou a morte a 16
pessoas na Coreia do Sul.
O anticorpo foi isolado por especialista da
Universidade de Fundan, em Xangai, em conjunto com
colegas do Instituto de Saúde dos Estados Unidos e as
primeiras experiências em animais foram "muito
efectivas", segundo a agência noticiosa Xinhua.
Jiang Shibo, líder da equipa de investigadores de
Fudan, referiu que o anticorpo, baptizado como "m336",
pode neutralizar o vírus, também conhecido como
"novo coronavírus", de forma mais eficaz que outros,
especialmente quando com combinado com um tipo
específico de polipéptido.
Na China foi detectado um caso de Síndrome
Respiratória do Médio Oriente. O paciente é um
cidadão da Coreia de Sul que viaja em negócios.
Dezenas de pessoas estiveram de quarentena por terem
estado em contacto com o cidadão sul coreano.
Desde que foi detectado o primeiro caso em 2012, na
Arábia Saudita, cerca de 1.200 pessoas em 23 países
foram contaminadas com o vírus e mais de 400
morreram.
Temperatura pode
subir mais de quatro
graus até ao fim do
século
Agência Internacional de Energia pede ao
mundo mais empenho na luta contra
as emissões de gases com efeito de estufa.
A temperatura global pode subir 4,3 graus até ao fim do
século e é preciso medidas mais audaciosas na
redução das emissões de gases com efeito de estufa,
alerta a Agência Internacional de Energia (AIE).
Num relatório publicado antes da conferência do clima,
marcada para Dezembro, em Paris, a AIE conclui que
pode ser feito mais para atingir o objectivo de manter a
subida média da temperatura global abaixo dos dois
graus centígrados.
Os compromissos actuais "terão um impacto positivo
nas tendências energéticas futuras, mas ficarão aquém
da necessária correcção para respeitar o objectivo dos
dois graus", indica o relatório, apresentado em Londres.
O estudo afirma que será registado um aumento médio
da temperatura global em cerca de 2,6º até 2100,
defendendo que o aumento pode subir até aos 4,3º nos
países do hemisfério norte.
"O sector energético deve desempenhar um papel
crítico para que os esforços na redução das emissões
[dos gases com efeito de estufa] tenham êxito. A
produção e utilização de energia representa dois terços
das emissões mundiais de gases com efeito de estufa"
(GEE), disse a directora executiva da AIE, Marie van der
Hoeven.
O principal economista da agência, Fatih Birol, alertou
que os desastres causados por condições
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Terça-feira, 16-06-2015
meteorológicas adversas serão "cada vez mais
frequentes" devido ao aumento da temperatura, com
África a ser particularmente afectada, apesar de uma
reduzida contribuição para o problema.
Van der Hoeven sublinhou, por seu turno, "não haver
tempo a perder", já que "o custo e a dificuldade das
medidas atenuantes das emissões de gases com efeito
de estufa aumentam todos os anos".
Apesar do "crescente consenso entre os países de que
chegou a altura de actuar", é necessária grande
vigilância para garantir que os compromissos são
adequados e mantidos, acrescentou.
A AIE apresentou cinco medidas essenciais para
controlar as emissões globais relacionadas com a
produção e utilização de energia em 2020: melhorar a
eficiência energética em sectores industriais
fundamentais, reduzir o uso de centrais energéticas
alimentadas a carvão, aumentar o investimento nas
tecnologias de energia renovável, reduzir gradualmente
os subsídios aos combustíveis fósseis e uma redução
das emissões de gás metano na produção de petróleo e
gás.
"Esta etapa decisiva é possível se recorrermos apenas a
políticas e tecnologias com provas dadas e sem alterar
as perspectivas económicas e de desenvolvimento de
nenhuma região", de acordo com a AIE.
Os países estão a preparar um encontro crucial em
Paris, a 21.ª conferência das partes (COP21), no âmbito
da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as
Alterações Climáticas (UNFCCC, sigla em inglês), que
agrupa 195 nações.
No início do ano, a UE aprovou formalmente as metas
de redução de GEE para a conferência de Paris,
incluindo uma redução de 40% nos GEE até 2030,
relativamente aos níveis de 1990.
Os Estados Unidos, responsáveis por 12% das emissões
globais de GEE, anunciaram a intenção de reduzir os
GEE entre 26 e 28% em 2025, relativamente aos níveis
em 2005.
A China, a segunda maior economia do mundo e
responsável por 25% das emissões globais, definiu o
pico das emissões de GEE para "cerca de 2030", mas
não prometeu quaisquer reduções.
Arcebispo acusado
de abusos sexuais de
menores vai ser
julgado no Vaticano
Este é o primeiro caso em que um bispo
acusado de abusos sexuais é julgado em
tribunal por este crime. Os outros casos de
bispos julgados neste âmbito envolvem
acusações de encobrimento.
O ex-núncio, quando ainda em funções. Foto: DR
Por Filipe d'Avillez
O arcebispo Józef Wesołowski, ex-núncio apostólico
da Santa Sé na República Dominicana, vai ser julgado
pelo tribunal do Vaticano, informou esta segunda-feira
a sala de imprensa da Santa Sé. Este é o primeiro caso
em que um bispo acusado de abusos sexuais de
menores é julgado em tribunal por este crime.
O arcebispo, de nacionalidade polaca, viu-se envolvido
num escândalo de abusos sexuais de menores, em
2013 e saiu do país, onde era representante diplomático
do Vaticano.
Contudo, uma vez na Santa Sé, Wesołowski foi detido.
Devido a questões de saúde, foi sujeito a prisão
domiciliária enquanto decorria contra ele um processo
canónico, que em primeira instância determinou a sua
laicização, e um inquérito criminal, cujo resultado foi
anunciado esta segunda-feira, confirmando a
realização de um julgamento, que terá início a 11 de
Julho.
A nota emitida pela Santa Sé confirma que o Vaticano
está a colaborar com as autoridades da República
Dominicana, onde foram cometidos a maioria dos
crimes de abuso contra menores. Para além desta
acusação, o ex-núncio é também acusado de posse de
pornografia infantil.
O arcebispo, que tem 66 anos, arrisca uma pena de
prisão de 12 anos caso seja condenado.
Primeiro julgamento de um bispo
Embora já tenha havido casos de bispos católicos
julgados e até condenados por encobrir casos de
abusos sexuais praticados por padres sob a sua
jurisdição, esta é a primeira vez que um bispo é mesmo
julgado pela prática deste tipo de abusos. Casos
anteriores de bispos que admitiram ter abusado de
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Terça-feira, 16-06-2015
menores não chegaram a ir a tribunal.
Recentemente, o Papa Francisco ordenou a abertura de
um tribunal com jurisdição para investigar e julgar
casos de bispos acusados de encobrimento, mas tudo
indica que Wesołowski vai ser julgado num tribunal
normal da Santa Sé, uma vez que é acusado
directamente de abusos.
Um outro sacerdote polaco que trabalhava com o
arcebispo na nunciatura, o padre Wojciech Gil, também
é acusado dos mesmos crimes, mas encontra-se
detido na Polónia, para onde viajou em 2013. As
autoridades polacas e dominicanas estão também a
colaborar no processo criminal contra ele.
TÉNIS DE MESA
Ouro! Portugal é
campeão em Baku
Mesa-tenistas lusos voltam a fazer história,
conquistando a primeira medalha de ouro
para Portugal nos primeiros Jogos Europeus.
João Silva (triatlo) e Fernando Pimenta
(canoagem) obtiveram a prata.
Bispos portugueses
reflectem sobre a
vida consagrada
Arcebispo espanhol Jose Rodriguez Carballo
vai dar o seu testemunho.
Os bispos portugueses estão reunidos em Fátima,
numas jornadas pastorais dedicadas à vida
consagrada.
O arcebispo espanhol Jose Rodriguez Carballo,
secretário para a Congregação para os Estatutos de
Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, é
um dos participantes do encontro que termina na
quarta-feira.
As jornadas estão divididas em vários painéis. Em
destaque vão estar temas como a Teologia da vida
consagrada ou a história da vida consagrada em
Portugal, como avançou o porta-voz da Conferência
Episcopal Portuguesa (CEP), padre Manuel Barbosa.
As jornadas decorrem até quarta-feira e incluem a
habitual reunião mensal do conselho permanente da
CEP, agendada para terça-feira à noite.
A selecção nacional de ténis de mesa venceu a
medalha de ouro nos primeiros Jogos Europeus, em
Baku, no Azerbaijão.
Na final, Portugal bateu a França por 3-1, com João
Geraldo a vencer Adrien Mattenet, por 3-0 (11-4, 12-10 e
11-9), no quarto jogo.
Mattenet já havia sido derrotado por Tiago Apolónia no
primeiro jogo, também por 3-0 (13-11, 11-9 e 11-6),
vantagem aumentada por Marcos Freitas que se
superiorizou a Simon Gauzy no segundo jogo por 3-2
(11-8, 10-12, 11-8, 9-11, 11-5).
Portugal só "caiu" em pares. Apolónia e Geraldo
perderam por 2-3 frente à dupla Lebesson/Gauzy.
A equipa nacional da modalidade, que se tinha sagrado
campeã europeia em Lisboa, conquista, deste modo, a
primeira medalha de ouro para Portugal em Baku. João
Silva (triatlo) e Fernando Pimenta (canoagem)
obtiveram a prata.
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Terça-feira, 16-06-2015
RIBEIRO CRISTÓVÃO
REVISTA DA IMPRENSA DESPORTIVA
Jogos europeus
Vitória
Há novos heróis portugueses. Três jovens
ganharam a medalha de ouro no Ténis de
Mesa e merecem o reconhecimento de todos
nós.
Foto: RR
Por Ribeiro Cristóvão
Escrevemos ontem neste espaço sobre os
desempenhos das selecções de futebol nos mais
recentes torneios internacionais ou a disputar dentro
dias, dando o devido relevo às diversas participações,
todas elas enriquecedoras do estatuto de que o nosso
país já beneficia em todo o mundo.
Não referimos, porque de um desafio particular se trata,
o encontro de logo à noite, no qual a nossa equipa
principal, desfalcada sobretudo de Cristiano Ronaldo,
vai defrontar, em território helvético, igual formação da
Itália.
Trata-se de mero cumprimento do calendário acordado
entre as partes e sob a égide da FIFA, e que, por isso,
não tem um significado muito transcendente.
Referência especial merecem hoje os Jogos Europeus,
que decorrem em Baku, no Azerbaijão, e nos quais se
pode falar já de presença relevante da representação
portuguesa.
Com efeito, depois de João Silva, no triatlo, e Fernando
Pimenta, na canoagem, terem conquistado duas
medalhas de prata, o dia de ontem ficou marcado por
uma proeza invulgar numa modalidade a que
raramente se dá transcendente importância.
No Ténis de Mesa, três jovens, João Geraldo, Tiago
Apolónia e Marco Freitas, conquistaram a medalha de
ouro, o maior feito de sempre alcançado por tenistas
portugueses, depois de a selecção portuguesa já se
haver sagrado campeã europeia nos jogos realizados
em Lisboa.
Estes heróis, provenientes de Mirandela, Lisboa e
Funchal, cidades onde iniciaram as suas carreiras,
merecem o reconhecimento de todos nós.
E o agradecimento que também aqui lhes queremos
deixar. Obrigado!
"Temos homem!", proclama A Bola, ao lado da foto de
Rui Vitória. O jornal historicamente ligado ao Benfica
sublinha que o treinador "causou impacto muito
positivo entre dirigentes".
Ainda sobre o Benfica, o jornal do Bairro Alto adianta:
"Maxi Pereira em semana decisiva".
Rui Vitória está também na primeira página do diário
Record, que cita o técnico: "Que a Supertaça chegue
depressa".
É também uma citação de Rui Vitória que está na
manchete da edição Sul de O Jogo: "Formação? Não
sou tolinho".
Na edição Norte, lê-se: "FC Porto na corrida por Bartra".
Ainda em O Jogo, sobre o Sporting, avança-se que
"Bruno vai a Genebra pressionar Danilo".
RUI VITÓRIA
"Darei a vida por este
clube"
Não promete títulos, está ansioso pela
Supertaça e prevê um campeonato "muito
difícil". As primeiras declarações de Rui
Vitória na qualidade de treinador do Benfica.
Não será preciso tanto, mas para as batalhas
futebolísticas que se aproximam, Rui Vitória diz estar
pronto para "dar a vida" pelo Benfica.
O técnico ribatejano foi oficialmente apresentado esta
segunda-feira, no Museu Cosme Damião, e abriu a
apresentação a sublinhar o "prazer enorme" de estar no
Benfica, clube que deixou há nove anos, depois de
comandar os júniores.
"Quero muito ganhar. Quero ganhar mais do que
nunca", garantiu o técnico aos jornalistas, mas "não
prometo títulos". Ainda assim, ao nível interno, Rui
Vitória tem "um objectivo muito claro" de chegar ao
tricampeonato e, ao nível europeu, assume a "vontade
de fazer mais do que foi feito" até aqui.
O primeiro embate oficial da época é já a 9 de agosto e
frente ao Sporting, agora comandado por Jorge Jesus.
Rui Vitória diz estar ansioso que chegue o jogo: "Que o
tempo passe depressa", declarou.
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Terça-feira, 16-06-2015
Sobre uma futura aposta na formação, o novo tecnico
do Benfica quis esclarecer que "não vai mudar tudo".
"Vamos incluir jogadores jovens nos seniores, mas pela
competência que revelarem. "Não sou tonto", disse
sobre a matéria.
Rui Vitória mostra-se confiante na qualidade do
plantel. "O grosso da equipa está definido. Estou
convencido que podemos formar uma grande equipa",
para um campeonato que Vitória prevê "muito difícil".
GRÉCIA
Marco Silva muito
perto do Olympiakos
FC PORTO
Antero Henrique na
Argentina para
contratar Carrillo
Segundo o jornal "El Dia", a visita do dirigente
portista a Avellaneda para falar com os
dirigentes do Racing sobre Gustavo Bou é
outro dos objectivos da deslocação.
Negociações entre campeão helénico e extreinador do Sporting, ao que Bola Branca
apurou, encontram-se adiantadas.
Guido Carrillo na mira dos dragões. Foto: DR
Depois de Leonardo Jardim e Vítor Pereira, o clube
grego prepara-se para contratar mais um treinador
português, desta vez Marco Silva, que foi despedido do
Sporting no passado dia 4.
Os leões alegaram justa causa na rescisão de contrato
com o treinador que ganhou a Taça de Portugal,
interrompendo um jejum de títulos de sete anos do
clube. Vítor Pereira foi campeão no Olympiakos e saiu
para o Fenerbahce e agora os campeões helénicos
desejam o jovem técnico.
De acordo com as informações avançadas a partir de
Atenas, pelo chefe de redacção do jornal "Sport Day",
Jorge Macias, em serviço especial para a Bola Branca,
as negociações encontram-se adiantadas.
O Olympiakos só assinará contrato com Marco Silva no
momento em que o conflito do treinador com o
Sporting esteja resolvido.
Marco Silva, de 37 anos, treinou Estoril-Praia e Sporting.
O administrador da SAD do FC Porto, Antero Henrique,
está na Argentina para encontrar o sucessor de
Jackson Martínez.
A informação é avançada pela imprensa daquele país.
Guido Carrillo, avançado do Estudiantes, poderá ser o
alvo prioritário.
Segundo o jornal "El Dia", a visita do dirigente portista a
Avellaneda para falar com os dirigentes do Racing
sobre Gustavo Bou é outro dos objectivos da
deslocação.
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Terça-feira, 16-06-2015
SELECÇÃO NACIONAL
Conte desvaloriza
ausência de Ronaldo.
"Há outros"
Portugal e Itália jogam esta terça-feira, na
Suiça, um encontro particular de preparação.
CR7 foi um dos dispensados. O jogo,
marcado para as 19h30, terá relato na
Renascença e acompanhamento em
rr.sapo.pt
Para a Easyjet, um
paraíso grego fica no
Norte de Portugal
No Facebook, a companhia aérea põe a
paradisíaca Cefalónia no Norte de Portugal.
A gafe motivou dezenas de comentários.
A imagem que confunde Portugal com a Grécia
O seleccionador italiano desvaloriza a ausência de
Cristiano Ronaldo no encontro de preparação, entre
Portugal e Itália, esta terça-feira em Genebra, na Suíça.
António Conte, na projecção do desafio, garante ainda
que a ideia é só uma: ganhar. Porque o técnico
transalpino não gosta de perder, nem a "feijões".
"As equipas fazem a própria gestão e todos os
jogadores chegam ao final da temporada cansados.
Mas, também, nenhuma equipa é composta por um
único jogador, mesmo por Ronaldo, que é um
fenómeno. Portugal tem outros grandes jogadores, de
qualidade, e por isso vai ser um teste interessante",
referiu Conte.
"Odeio a palavra derrota. Odeio. Os meus jogadores
sabem muito bem disso. Não vejo nenhuma diferença
com uma partida oficial. Quero ganhar e quero que os
meus jogadores sintam o mesmo", acrescentou.
O objectivo era promover no Facebook uma nova rota
para o "glorioso paraíso" que é a ilha grega de
Cefalónia, mas a companhia aérea Easyjet enganou-se
e localizou-a no mapa de Portugal.
A gafe motivou dezenas de comentários na página de
Facebok da companhia de baixo custo, que, pelas
17h51, ainda mantinha o "post" feito ao início da tarde
para promover a rota Manchester-Cefalónia.
A situação levou mesmo a Easyjet Portugal a participar
na torrente de comentários: "Por aqui não temos
dúvidas de onde fica o melhor de Portugal… Visitem a
nossa página em easyJet Portugal e fiquem também a
conhecer tudo o que o nosso país tem para oferecer: as
praias, a cultura, a gastronomia, as fantásticas ilhas e
muito mais! Estamos à vossa espera".
Não há má publicidade? Nem todos concordaram: "O
primeiro-ministro Passos Coelho disse que Portugal
não é a Grécia (…) Mas para a Easyjet é tudo a mesma
coisa".
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Terça-feira, 16-06-2015
Francisco dá força de
encíclica à
preocupação da
Igreja com o
ambiente
Francisco publica esta quinta-feira a
primeira encíclica de um Papa dedicada
inteiramente ao ambiente. Mas há longos
anos que os papas procuram mostrar que o
cuidado com a Terra não é reserva de
cientistas, mas tem implicações morais.
"Hoje, as questões relacionadas com o cuidado e a
preservação do ambiente devem ter na devida
consideração as problemáticas energéticas. De facto, o
açambarcamento dos recursos energéticos não
renováveis por parte de alguns Estados, grupos de
poder e empresas constitui um grave impedimento
para o desenvolvimento dos países pobres. Estes não
têm os meios económicos para chegar às fontes
energéticas não renováveis que existem, nem para
financiar a pesquisa de fontes novas e alternativas."
O texto continua, dizendo que "a monopolização dos
recursos naturais, que em muitos casos se encontram
precisamente nos países pobres, gera exploração e
frequentes conflitos entre as nações e dentro das
mesmas. E muitas vezes estes conflitos são travados
precisamente no território de tais países, com um
pesado balanço em termos de mortes, destruições e
maior degradação".
Bento XVI concluía: "A comunidade internacional tem
o imperioso dever de encontrar as vias institucionais
para regular a exploração dos recursos não renováveis,
com a participação também dos países pobres, de
modo a planificar em conjunto o futuro."
João Paulo II preocupado com efeito de estufa
Já antes, João Paulo II tinha reservado palavras fortes
para estas questões.
Preocupação do Vaticano com o ambiente não é bem vista em alguns
círculos. Foto: EPA
Por Filipe d'Avillez
O muito aguardado documento do Papa Francisco
sobre o ambiente e as alterações climáticas, que será
publicada na quinta-feira com o título "Laudato Si",
constitui a primeira vez que um pontífice dedica uma
encíclica inteira a este assunto.
Contudo, a preocupação de um Papa pelo ambiente
não é novidade. Francisco está a dar apenas mais um
passo (com a força reforçada de uma encíclica) numa
longa tradição, que tem entre os seus protagonistas os
papas João Paulo II e Bento XVI.
Bento XVI, que mandou colocar painéis fotovoltaicos
no Vaticano e comprometeu a Santa Sé ao objectivo de
se tornar o primeiro estado europeu neutro no que diz
respeito a emissões de carbono, chegou a ser
apelidado de "Papa Verde".
O Papa alemão revelou em várias ocasiões a sua
preocupação com o ambiente, deixando claro que esta
é uma causa inseparável de outros grandes temas de
ordem moral. Bento XVI chegou mesmo a utilizar a
expressão "ecologia humana", ligando o cuidado pelo
meio ambiente ao cuidado pela natureza humana e
fazendo a ligação à necessidade de se respeitar, tanto
numa questão como na outra, pelo respeito pelo direito
natural.
Na encíclica "Caritas in Veritate", Bento XVI escrevia:
Na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz de 1990, o
Papa polaco dizia que "o gradual esgotamento da
camada do ozono e o consequente 'efeito de estufa'
que ele provoca já atingiram dimensões críticas, por
causa da crescente difusão das indústrias, das grandes
concentrações urbanas e dos consumos de energia.
Resíduos industriais, gases produzidos por
combustíveis fósseis, desflorestação imoderada, uso de
alguns tipos de herbicidas, refrigerantes e propelentes,
tudo isto, como se sabe, é nocivo para a atmosfera e
para o ambiente."
"Daí resultam múltiplas mudanças meteorológicas e
atmosféricas, cujos efeitos vão desde os prejuízos para
a saúde até à possível submersão, no futuro, de terras
baixas", concluía o Papa.
Contudo, também João Paulo II fazia depois a ligação
para assuntos vistos como prioritários para a Igreja.
"Mas o índice mais profundo e mais grave das
implicações morais, inseridas na problemática
ecológica, é constituído pela falta de respeito pela vida,
como se pode verificar em muitos comportamentos."
Desconfiança conservadora
À luz destes exemplos históricos apenas se pode
concluir que a preocupação ambiental de Francisco
não é nova. Nova será, isso sim, a forma e a ênfase,
para além da atenção mediática que as suas acções
têm em comparação com a dos seus antecessores.
Mas a insistência do Papa em entrar por temas
ambientais não está a ser inteiramente pacífica. O facto
de ter colaborado com instituições das Nações Unidas,
uma organização com a qual a Igreja tem um historial
Terça-feira, 16-06-2015
complexo e que é vista como enorme desconfiança por
facções mais conservadoras da Igreja, sobretudo em
países como os Estados Unidos, e o seu entusiasmo
por um tema que é visto frequentemente como uma
causa de esquerda têm feito surgir várias críticas.
Quando o Vaticano ajudou a organizar uma cimeira
sobre o ambiente, em Roma, com a presença do
secretário-geral da ONU, um grupo de cientistas que
discordam das teorias das alterações climáticas fizeram
uma contracimeira de protesto e acusaram o Papa de
estar a dar crédito a teorias que, dizem, não foram
ainda provadas.
De igual modo, o político americano Rick Santorum,
um católico conhecido pelas suas posições
conservadoras em assuntos morais, disse que, embora
ame muito o Papa, este devia deixar a ciência para os
cientistas – esquecendo-se de que o Papa é licenciado
e tem mestrado em química.
Mas o que os Papas têm estado a fazer, pelo menos
desde João Paulo II e com particular destaque para
Bento XVI e agora Francisco, é exactamente sublinhar
que questões como o cuidado pelo ambiente e os
recursos naturais não são temas exclusivamente
científicos, mas também profundamente morais. Isso
será certamente realçado pelo Papa na sua encíclica
"Laudato Si".
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