O QUE É BIBLIOTECA: UM OLHAR DOS ALUNOS DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL Mardônio Lacet dos Santos Júnior¹, Beatriz Alves de Sousa² ¹Especialista em técnica de arquivo e em Gestão Pública, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba; ² Doutoranda no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas (UFSC), Mestra em Biblioteconomia (UFPB), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba Resumo Relata uma pesquisa junto aos usuários da Biblioteca Nilo Peçanha do IFPB 1, campus João Pessoa com objetivo de saber qual é a opinião deles sobre o que é biblioteca. Trata-se de uma pesquisa exploratória que ocorreu em dois momentos distintos (1996 e 2011). As duas consultas ocorreram no período em que se comemorava a semana do livro e da biblioteca, ou seja, de 23 a 29 de outubro dos anos citados. O instrumento de pesquisa foi uma papeleta, com espaço para resposta, na qual continha a pergunta: Para você o que é biblioteca? Como resultado, constatou-se que os participantes da pesquisa apontam a biblioteca como local de conhecimento, estudo e pesquisa. Palavras-chave: Biblioteca; Biblioteca Nilo Peçanha; Usuário. Abstract It is a research accomplished with the users of the IFPB Nilo Peçanha library, campus João Pessoa, with the aim to know their opinion about the meaning of library. It is an exploratory research that occurred in two different periods of time (1996 and 2011). Both questionings happened during the book and library week celebration, that is, from October 23rd to 29th of the mentioned years. The research instrument was a notice, with a blank for the answer, containing the question: What does library mean for you? As result, it was realized that the participants pointed out the library as a place for knowledge, study and research. Keywords: Library; Nilo Peçanha library; User. 1 A biblioteca e suas concepções Ao longo dos tempos, ouviu-se dizer que a importância da biblioteca era a preservação da memória com o seu acervo de obras impressas preservando os 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba. 1 conhecimentos da civilização. Atualmente, esses conhecimentos existem sob muitas formas: textos, gráficos, sons, imagens, em formato digital podendo ser distribuídos em redes mundiais acessíveis a qualquer indivíduo o que acaba a prerrogativa desse conhecimento ser privilégio de poucos que chegam às academias (CUNHA, 2000). Sendo assim, qual é a importância da Biblioteca nos dias atuais? Autores como Drabenstott, Burman e Macedo (1997) entendem que as tecnologias de informação e comunicação, TICs, não vão suprimir outros meios tradicionais de organizar, armazenar e disponibilizar o conhecimento e visualizam, ainda, que documentos impressos podem coexistir perfeitamente com publicações em outros formatos. Os autores afirmam também que as bibliotecas continuarão a acrescentar novos processos tecnológicos, sem, entretanto, substituí-los completamente pelos existentes o princípio norteador para tanto é usar a tecnologia apropriada para cada propósito particular (DRABENSTOTT, BURMAN e MACEDO, 1997). Na visão de Fragoso (1994), qualquer que seja o tipo de escola ou instituição de ensino é imprescindível que, em sua estrutura administrativa, preconize a existência de uma biblioteca. Para o autor, a biblioteca e seus bibliotecários são fundamentalmente copartícipes de uma educação integrada, na qual educandos e educadores, comunidade e família, setores e espaços escolares sejam tratados de forma que contemplem discussões de conteúdos, de metodologias e de avaliações, contribuindo para uma formação participativa. A abordagem trazida pelo autor mostra que a biblioteca, como setor articulado e participativo no meio escolar, integra-se ao universo da educação, tal como dispõe a Lei nº 12.244, de 24 de maio de 2010, que trata da universalização das bibliotecas nas instituições de ensino do País. Art. 1º As instituições de ensino públicas e privadas de todos os sistemas de ensino do País contarão com bibliotecas, nos termos desta Lei. Art. 2º Para os fins desta Lei considera-se biblioteca escolar a coleção de livros, materiais videográficos e documentos registrados em qualquer suporte destinados a consulta, pesquisa, estudo ou leitura (BRASIL, 2010, grifo nosso). Na compreensão de Campello (2010, p. 7), para se enquadrar como produtora de conhecimento, a biblioteca deve se portar como “espaços de aprendizagem que propiciem e estimulem conexões entre saberes; que são laboratórios – não de equipamentos e apetrechos – mas de ideia. “Portanto, se a biblioteca oferecer um padrão de infraestrutura adequada e aparelhamento técnico compatível com as necessidades de sua instituição mantenedora, além de acervos e coleções que atendam aos requisitos de educação, formação, capacitação e qualificação de indivíduos, considerando os objetivos de sua instituição, justifica-se como local de aprendizagem e necessária a sua existência. Nesta perspectiva, a biblioteca se estabelece como espaço da disseminação do saber, no contexto das instituições sociais e para o indivíduo que se relaciona com esse universo. A biblioteca se diversifica e atende às características que apresenta à comunidade de usuários a que serve. Por tanto, designam-se como: pública, escolar, universitária, especializada e nacional. Todas, igualmente, podem ser “conceituadas, unicamente como uma coleção organizada de livros impressos ou de quaisquer outros documentos, nomeadamente gráficos e audiovisuais, assim 2 como os serviços do pessoal que facilita a consulta destes documentos” (FREITAS, 1998, p. 149). A IFLA em sua declaração sobre as bibliotecas e a liberdade intelectual afirma o seguinte: As bibliotecas proporcionam acesso à informação, às ideias e às obras da imaginação. Servem como portas de acesso ao conhecimento, ao pensamento e à cultura. [...]. Têm a responsabilidade de garantir e facilitar o acesso às expressões do conhecimento e da atividade intelectual. Com este fim, as bibliotecas devem adquirir, preservar e disponibilizar a mais ampla variedade de documentos, refletindo a pluralidade (IFLA, online). Já Sousa, por sua vez, (2008, p. 19) conceituou biblioteca como: Unidade de informação que dispõe de uma coleção sistematicamente organizada, tendo em vista seu efetivo uso; serve de fonte para a leitura, o estudo e a pesquisa. Seu propósito é contribuir para o desenvolvimento cultural e intelectual do homem, seja em caráter individual ou coletivo. Assim sendo, é considerada um meio universal e permanente de autoeducação. Quanto ao estado físico, a biblioteca pode ser real ou virtual; quanto à categoria, depende do seu objetivo e do público a que assiste; pode ser infantil, escolar, especializada, comunitária (pública), universitária e em todo país tem a Biblioteca Nacional; quanto ao órgão mantenedor, pode ser público ou particular. Pelo exposto até o momento, biblioteca contextualiza-se no meio educacional onde suas funções coadunam e exprimem-se em termos e expressões como uma fonte indispensável à formação intelectual e integral do indivíduo. Com base nesse entendimento, e procurando saber como essa instituição é reconhecida no meio acadêmico, foi realizada uma pesquisa junto aos usuários da Biblioteca Nilo Peçanha do IFPB, campus João Pessoa com objetivo de saber qual é a opinião deles sobre o significado da biblioteca. 2 Ambiente da pesquisa: Biblioteca Nilo Peçanha Os primeiros registros da existência da Biblioteca Nilo Peçanha, de que se tem conhecimento, datam de 1968. No entanto, somente em 1976 na gestão do professor Itapuan Bôtto de Meneses, a biblioteca adquire sede própria sendo inaugurada em 03 de dezembro do referido ano. Essa teve como função reunir, organizar e difundir as informações necessárias ao ensino e à pesquisa exigida nos cursos ministrados pela instituição. Com a finalidade de atender às grandes mudanças ocorridas nas áreas da informação e da documentação, essa biblioteca passou por uma reforma na sua estrutura física dentro dos mais modernos padrões da arquitetura, com ampliação do espaço físico e novas instalações elétricas e sistema de climatização. Foi reinaugurada em 18 de dezembro de 2001, na gestão do professor Almiro de Sá Ferreira. A referida biblioteca não pertence a uma categoria específica em razão do público a que atende. Funciona como biblioteca escolar porque atende a alunos do 3 ensino médio; pode ser considerada especializada porque atende ao ensino técnico e é, fundamentalmente, universitária porque faz parte de um instituto de ensino superior atendendo a um público universitário, que se constitui de aluno, professor e pesquisador. Isso dificulta não apenas a sua nomenclatura, mas principalmente cumprir seus objetivos que se referem a atender de forma eficiente às necessidades de informação dos seus usuários-clientes. Sua função é reunir, organizar, e difundir as informações necessárias ao ensino, à pesquisa e a extensão. Para tanto, seus acervos e serviços devem estar em consonância com os programas de ensino ministrados pelo Instituto. 2.1 Estrutura organizacional Pavimento térreo: Hall de recepção, sala da coleção especial, sala de processos técnicos, biblioteca virtual, hall de exposições, sala de estudo programado, cabines coletivas, coordenação, setor de empréstimos, banheiros. 1.º Pavimento: Acervo geral, salão de estudos, setor de organização e manutenção do acervo. 2.2 Serviços oferecidos a) Ambiente favorável ao estudo e à pesquisa; b) Salão de leitura e cabines coletivas; c) Livre acesso às estantes do acervo geral com direito à consulta de todos os documentos registrados na Biblioteca; d) Orientação técnica para elaboração e apresentação de trabalhos acadêmicos, com base na ABNT; e) Sala de estudo programado destinada a reuniões, palestras e cursos, com reserva antecipada; f) Programas de ação e extensão cultural realizados pela Biblioteca; g) Uso de computadores e outros equipamentos para realização de pesquisas, digitação de trabalhos e impressão de cópias, permitidos aos servidores e alunos do IFPB; h) Levantamento de informação; i) Empréstimo domiciliar de documentos do acervo geral; j) Empréstimo especial reservado a documentos considerados especiais p/ esta Biblioteca; k) Visita dirigida: indicada para os novos usuários ou solicitada por professores para grupos de alunos, tendo a finalidade de familiarizar os usuários quanto aos serviços, normas e uso da Biblioteca. Estas visitas são agendadas previamente; i) Serviços de alerta: divulgação através de folder, informativos em murais, catálogos e programas de ação e extensão cultural. (SOUSA, 2005). 3 Metodologia Trata-se de uma pesquisa exploratória que ocorreu em dois momentos distintos (1996 e 2011). As duas consultas ocorreram no período em que se 4 comemorava a semana do livro e da biblioteca, ou seja, de 23 a 29 de outubro dos anos citados. O instrumento de pesquisa foi uma papeleta contendo a pergunta: Para você o que é biblioteca? Havia espaço para resposta, sendo que o respondente não precisava se identificar. Nos dois momentos, houve a distribuição da mesma quantidade de papeleta, ou seja, 100 (cem) unidades. Sendo que das 100 papeletas entregues, no ano de 1996, 53 foram devolvidas respondidas. No entanto, em 2011 das 100 papeletas entregues, foram devolvidas 72. Em suas respostas, os usuários deixaram suas impressões, tanto sobre o que é uma biblioteca como acerca da própria Biblioteca Nilo Peçanha, pois, apesar de não fazerem menção a essa biblioteca, no conteúdo de suas respostas ficou clara essa relação. 3.1 Procedimentos Em 1996 as papeletas devolvidas foram afixadas em um mural exposto na biblioteca. Logo após, foi realizada uma análise dos conteúdos cujos resultados, na época, serviram de suporte para melhoria dos serviços oferecidos e, agora, quinze anos depois, serviram de modelo e de inspiração para este gratificante trabalho. Em 2011, a devolução foi feita em uma caixa de sugestões posta no recinto da biblioteca. Para ser feita uma comparação justa com os alunos do período anterior (1996), a pesquisa foi realizada somente com os alunos de ensino médio e do técnico integrado, deixando de fora os alunos do ensino superior em razão de que em 1996, não ter essa modalidade de ensino na instituição. Procurou-se extrair das respostas elementos que confirmam possíveis mudanças emblemáticas e simbólicas do que representa uma biblioteca para os estudantes de 1996, da ETFPB, e o que representa esse mesmo setor para estudantes de 2011, do IFPB. Todavia, o espaço temporal de quinze anos, que representar uma excepcional distância para os avanços tecnológicos, no âmbito social e pedagógico, pode também, revelar uma significativa possibilidade de identificação entre o que é considerado como “antigo” e o que é visto como “moderno”. Principalmente quando estamos em uma Instituição que preconiza a TIC como formação e atualização de profissionais, por meio do ensino e da técnica. Neste sentido, qualquer indício das TICs, nas respostas dos alunos, foi considerado como marcadores de tempo da moderna sociedade da informação. Quando se trata de análise de conteúdo, é preciso ponderar sobre as possíveis respostas. Com o objetivo de atingir uma significação profunda dos textos, questionamos: O que é passível de interpretação em um texto? Estaremos habilitados metodologicamente a interpretar mensagens obscuras? Deixar-nosemos levar por uma objetividade excessiva ou por um sentimento de pertencimento com alguma resposta? Neste movimento de interpretação pendular da análise de conteúdo entre a objetividade e a subjetividade, haverá sempre o risco de invalidar a análise, ou pelo excesso de rigor positivista, herdeiro do ideal Iluminismo, ou pela presença acirrada da ideologia, que obscurece o olhar e endurece as amarras de novas perspectivas. Neste sentido, propomos uma aproximação da neutralidade científica possível, ou seja, delimitaremos no campo de estudo o que a literatura e seus autores 5 preconizam, procurando, desta forma, elementos de identificação com a realidade científica. 4 Resultados parciais Para facilitar a compreensão desse estudo foi feita uma divisão por grupos de temáticas abordadas pelos usuários, os quais são expostos a seguir. 4.1 Estudo, pesquisa Em 1996, 17 usuários, ou seja32% do total dos respondentes classificaram a biblioteca como lugar que inspira motivação ao ato de estudar e de pesquisar. Enquanto que em 2011, foram 23 respostas, compreendendo cerca de 32% dos usuários que classificaram a biblioteca dessa maneira. A seguir fragmentos constatados nas respostas desses usuários que elucidam a especificação desse grupo. (1996) A biblioteca é... “O lugar onde realmente encontramos motivação para estudar”. “Local onde podemos estudar.” “Onde encontramos melhores condições para estudar”. “O centro de estudo, de pesquisa”. “Espaço onde conseguimos relaxar para estudar”. “Um cantinho que realmente é sossegado e que nós alunos aproveitamos para estudar”. “Um espaço físico de pesquisa, estudo, consulta de livros”. (2011) “Local que os estudantes de uma determinada instituição têm, para estudar, ler, pensar, fazer exercícios, estimular sua inteligência. Nela podem-se consultar livros e fazer pesquisas para uso educacional ou próprio”. “Um lugar que conseguimos nos concentrar para resolver exercícios, praticar a leitura, estudar, fazer pesquisas etc., desde que esse espaço nos ofereça suporte, conteúdo, silêncio e bom atendimento”. “Ambiente de estudo, pesquisa e de outras atividades relacionadas com o estudante”. “Um dos poucos lugares onde eu posso estudar com conforto”. “Para mim, biblioteca é um lugar onde você pode completar o ensino e o estudo. Onde você pode vir para pesquisar e estudar”. “Melhor local para estudar com conforto”. “Um espaço reservado para os estudos, com grande acervo, que deve ser bem planejado e utilizado”. “Local onde podemos buscar fontes de estudo, realizar atividades educacionais”. “É um lugar de estudo”. 4.2 Conhecimento, aprendizagem, saber 6 17 participantes da pesquisa, cerca de 32% dos pesquisados em 1996, identificaram a biblioteca como lugar onde se ampliam, aumentam e estão reunidos o conhecimento e a aprendizagem. Em 2011, esse número aumentou para 41 respondentes, (57%). Algumas argumentações feitas pelos pesquisados a esse respeito. (1996) “Biblioteca é o melhor lugar para se adquirir conhecimento para que possamos fluir um pouco de sabedoria”. “Local onde podemos aprimorar os nossos conhecimentos”. “É nela que estão reunidos todos os conhecimentos, dos mais ínfimos aos mais importantes, isto é biblioteca”. “Biblioteca: local onde se deseja que o conhecimento seja o alicerce”. “Casa da sabedoria”. “Biblioteca é o lar do saber, é o início da sabedoria”. “Biblioteca é uma vasta imensidão de conhecimento, onde se filtra a ignorância pelo saber”. “Lugar onde nós vamos procurar algo para aprimorar nossos conhecimentos”. “É um local de atualização e aquisição de cultura”. “Biblioteca é um local reservado para todos aqueles que querem elevar o conhecimento”. “Biblioteca é mais uma casa da sabedoria”. “Biblioteca é o lugar onde se encontra parte do saber contido nos livros”. “Onde aprendemos sobre o mundo através das páginas dos livros”. “Uma porta, uma oportunidade para o conhecimento que se abre para o leitor, à medida que este abre novos livros”. “Biblioteca é o recanto dos estudantes, um lugar onde adquirimos cultura e conhecimento”. (2011) “Um ambiente de estudo e consulta de acervos, para ampliação dos conhecimentos”. “Espaço utilizado por estudantes para ajudar em pesquisas e no aumento de conhecimento”. “Um lugar onde o objetivo principal é o conhecimento que seus componentes, como os livros, têm a passar”. “Um universo multicultural, onde o principal objetivo dos que procuram este universo é o conhecimento”. “Lugar de aprender, conhecer. Lugar de sabedoria e concentração”. “Local de busca do conhecimento e do complemento para o infinito saber”. “É um espaço reservado e destinado à dedicação do aprendizado, buscando melhorias e complementos”. 4.3 Informação 05 usuários, cerca de 5,5% dos respondentes de 1996, classificaram a biblioteca como local de tratamento da informação.e apenas, um respondente de 2011 fez referência a essa temática. 7 1996 “Biblioteca é um local que tem como objetivo maior organizar e disseminar informações de forma democrática”. “Biblioteca, local onde é armazenada, organizada e disseminada a informação”. 2011 “É um lugar onde existe troca de informação, onde as pessoas encontram aprendizado através dos livros”. 4.4 Leitura, lazer 14 respondentes, ou seja, 26% dos participantes da pesquisa de 1996, fizeram alusão à biblioteca como ambiente de lazer e leitura recreativa. “A biblioteca é o lugar onde viajamos pelos quatro cantos da terra, sem sair do lugar”. “Onde podemos viajar na leitura e descobrir que a vida é um eterno aprendizado”. “A biblioteca existe tanto para o lazer como é uma necessidade vital para qualquer pesquisador”. “Onde passo tardes prazerosas concentrado na leitura”. “É o lugar do lazer, é um pouco de tudo da nossa vida”. 4.5 Uso das TICs 05 participantes da pesquisa de 2011 relacionaram a biblioteca a um local no qual é imprescindível o uso das TICs como ferramenta de estudo e pesquisa. Nesse sentido, fizeram um apelo aos gestores da Biblioteca Nilo Peçanha que disponibilizassem essas tecnologias na referida biblioteca. “A biblioteca é um ambiente de estudo nele você encontrará vários instrumentos que te auxiliam, como livros atualizados, internet, além de tomadas para a utilização de notebooks”. “Para mim é um ambiente de estudo. Porém a biblioteca do IFPB falta estrutura: exemplo, tomadas para notebooks e para um ambiente de estudo nada melhor que WI-FI para os notebooks”. “Gostaria que a biblioteca do IFPB tivesse em suas instalações tomadas, pois para nós o computador é de estrema importância e não temos como usar na biblioteca”. “Lugar onde é possível adquirir conhecimento para a vida pessoal e acadêmica, a partir de vários meios (livros, multimídia e acesso à redes de computadores”. 4.6 Fundamental, indispensável Neste grupo somente dois usuários, dos consultados em 2011, reconheceram a biblioteca como local indispensável para o educando. “É de fundamental importância a existência de biblioteca em uma cidade, tanto para facilitar a vida dos estudantes quanto para conservar livros. “Para mim, a biblioteca é um subsídio muito importante indispensável na vida do aluno”. 8 Apesar de a pesquisa não ter especificado a Biblioteca Nilo Peçanha, dois usuários referiram-se a essa biblioteca e manifestaram sua opinião acerca dos serviços por ela oferecidos. Outros seis pesquisados aproveitaram a pesquisa para reclamar da falta de silêncio nesse ambiente de estudo 5 Considerações finais O que podemos auferir dos alunos da educação profissional de 1996 e de 2011? Parece-nos que os alunos de 1996 tinham em mente questões que relacionavam a biblioteca a lugar de cultura, leitura e lazer. Situação que não se repete em nenhuma das respostas dadas pelos alunos de 2011. No nosso entender, isso pode ser explicado pelo fato de nossas bibliotecas não desempenharem o seu papel cultural de realizar eventos, divulgar, participar, promover atividades culturais que envolvam cinema, teatro, arte, literatura, entre outras manifestações que mostrem a biblioteca como um local de cultura. Da mesma forma ocorre com relação à leitura, se fala muito acerca da sua importância, mas a biblioteca não desenvolve programas que estimulem a sua prática. Percebe-se um desligamento entre ler um texto para realizar uma atividade escolar e ler um texto por prazer, para acrescentar conhecimentos, aprender para a vida. Sabe-se da importância dessa atividade para o engrandecimento do indivíduo, mas falta essa preocupação das bibliotecas em ter, em seus acervos, bons livros de literatura e informação em geral a fim de se estimular a leitura como fonte de lazer. Por meio das respostas dos participantes da pesquisa ficou claro que a biblioteca é considerada como o local ideal onde o aluno pode estudar e realizar suas pesquisas. Estudo, pesquisa, conhecimento, saber e informação são termos que representam a biblioteca de ontem e a de hoje de acordo com as respostas dos alunos. No entanto, a biblioteca como um ambiente fundamental, indispensável só estão presentes nos discursos dos alunos de 2011. Também como era de se esperar, nas respostas dadas pelos usuários de 2011, tivemos a presença de indicadores da “modernidade”. Aliás, respostas estas que cobram da gestão da biblioteca a atualização da infraestrutura para que se ofereçam oportunidades para utilização dos novos recursos tecnológicos. Nas respostas dadas, pelos pesquisados sobre biblioteca, assimilou-se a conceituação apresentada por Freitas (1998, p.149) que aponta ser uma “coleção organizada de livros impressos ou de quaisquer outros documentos, nomeadamente gráficos e audiovisuais, assim como os serviços do pessoal que facilita a consulta destes documentos”. Conceito, sem dúvida, verdadeiro, mas no nosso entender biblioteca é muito mais do que isso Sousa (2008, p. 19) ressalta que: A unidade de informação é um espaço que dispõe de uma coleção sistematicamente organizada, tendo em vista seu efetivo uso; serve de fonte para a leitura, o estudo e a pesquisa. Seu propósito é contribuir para o desenvolvimento cultural e intelectual do homem, seja em caráter individual ou coletivo. Assim sendo, é considerada um meio universal e permanente de autoeducação [...]. Por fim, as respostas dadas, na pesquisa, nos levam a refletir sobre a atuação de nossas bibliotecas, pois pelo exposto o que elas estão transmitindo para seus usuários não está condizente com seus objetivos, com o seu papel social e 9 cultural de formar cidadãos e cidadãs conscientes com diversidade de ideias e opiniões, com independência e liberdade intelectual, capazes de exercer os seus direitos democráticos, de terem um papel ativo na sociedade e de se manterem em permanente aprendizagem ao longo da vida. Referências BRASIL. Lei nº 12.244, de 24 de maio de 2010. Dispõe sobre a universalização das bibliotecas nas instituições de ensino do País. Disponível em: <http://www.cfb.org.br/projetos.php?codigo=18>. Acesso em: 8 nov. 2011. CAMPELLO, Bernadete (Org.). Biblioteca escolar como espaço de produção do conhecimento: parâmetros para bibliotecas escolares. 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Disponível na Internet: <http://www.ifla.org/faife/policy/iflastat/iflastat_pt.htm>. SOUSA, Beatriz Alves. Glossário: biblioteconomia – arquivologia – comunicação e Ciência da informação. 2. ed. João Pessoa: Universitária, 2008. 133 p. SOUSA, Beatriz Alves de. Perfil da biblioteca Nilo Peçanha, 2005. (Banner). 10