O QUE É BIBLIOTECA: UM OLHAR DOS ALUNOS DA EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL
Mardônio Lacet dos Santos Júnior¹, Beatriz Alves de Sousa²
¹Especialista em técnica de arquivo e em Gestão Pública, Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia da Paraíba;
² Doutoranda no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas (UFSC), Mestra
em Biblioteconomia (UFPB), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba
Resumo
Relata uma pesquisa junto aos usuários da Biblioteca Nilo Peçanha do IFPB 1,
campus João Pessoa com objetivo de saber qual é a opinião deles sobre o que é
biblioteca. Trata-se de uma pesquisa exploratória que ocorreu em dois momentos
distintos (1996 e 2011). As duas consultas ocorreram no período em que se
comemorava a semana do livro e da biblioteca, ou seja, de 23 a 29 de outubro dos
anos citados. O instrumento de pesquisa foi uma papeleta, com espaço para
resposta, na qual continha a pergunta: Para você o que é biblioteca? Como
resultado, constatou-se que os participantes da pesquisa apontam a biblioteca como
local de conhecimento, estudo e pesquisa.
Palavras-chave: Biblioteca; Biblioteca Nilo Peçanha; Usuário.
Abstract
It is a research accomplished with the users of the IFPB Nilo Peçanha library,
campus João Pessoa, with the aim to know their opinion about the meaning of
library. It is an exploratory research that occurred in two different periods of time
(1996 and 2011). Both questionings happened during the book and library week
celebration, that is, from October 23rd to 29th of the mentioned years. The research
instrument was a notice, with a blank for the answer, containing the question: What
does library mean for you? As result, it was realized that the participants pointed out
the library as a place for knowledge, study and research.
Keywords: Library; Nilo Peçanha library; User.
1 A biblioteca e suas concepções
Ao longo dos tempos, ouviu-se dizer que a importância da biblioteca era a
preservação da memória com o seu acervo de obras impressas preservando os
1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba.
1
conhecimentos da civilização. Atualmente, esses conhecimentos existem sob muitas
formas: textos, gráficos, sons, imagens, em formato digital podendo
ser distribuídos em redes mundiais acessíveis a qualquer indivíduo o que acaba a
prerrogativa desse conhecimento ser privilégio de poucos que chegam às
academias (CUNHA, 2000).
Sendo assim, qual é a importância da Biblioteca nos dias atuais? Autores
como Drabenstott, Burman e Macedo (1997) entendem que as tecnologias de
informação e comunicação, TICs, não vão suprimir outros meios tradicionais de
organizar, armazenar e disponibilizar o conhecimento e visualizam, ainda, que
documentos impressos podem coexistir perfeitamente com publicações em outros
formatos. Os autores afirmam também que as bibliotecas continuarão a acrescentar
novos processos tecnológicos, sem, entretanto, substituí-los completamente pelos
existentes o princípio norteador para tanto é usar a tecnologia apropriada para cada
propósito particular (DRABENSTOTT, BURMAN e MACEDO, 1997).
Na visão de Fragoso (1994), qualquer que seja o tipo de escola ou instituição
de ensino é imprescindível que, em sua estrutura administrativa, preconize a
existência de uma biblioteca. Para o autor, a biblioteca e seus bibliotecários são
fundamentalmente copartícipes de uma educação integrada, na qual educandos e
educadores, comunidade e família, setores e espaços escolares sejam tratados de
forma que contemplem discussões de conteúdos, de metodologias e de avaliações,
contribuindo para uma formação participativa.
A abordagem trazida pelo autor mostra que a biblioteca, como setor articulado
e participativo no meio escolar, integra-se ao universo da educação, tal como dispõe
a Lei nº 12.244, de 24 de maio de 2010, que trata da universalização das bibliotecas
nas instituições de ensino do País.
Art. 1º As instituições de ensino públicas e privadas de todos os
sistemas de ensino do País contarão com bibliotecas, nos termos
desta Lei. Art. 2º Para os fins desta Lei considera-se biblioteca
escolar a coleção de livros, materiais videográficos e documentos
registrados em qualquer suporte destinados a consulta, pesquisa,
estudo ou leitura (BRASIL, 2010, grifo nosso).
Na compreensão de Campello (2010, p. 7), para se enquadrar como
produtora de conhecimento, a biblioteca deve se portar como “espaços de
aprendizagem que propiciem e estimulem conexões entre saberes; que são
laboratórios – não de equipamentos e apetrechos – mas de ideia. “Portanto, se a
biblioteca oferecer um padrão de infraestrutura adequada e aparelhamento técnico
compatível com as necessidades de sua instituição mantenedora, além de acervos e
coleções que atendam aos requisitos de educação, formação, capacitação e
qualificação de indivíduos, considerando os objetivos de sua instituição, justifica-se
como local de aprendizagem e necessária a sua existência.
Nesta perspectiva, a biblioteca se estabelece como espaço da disseminação
do saber, no contexto das instituições sociais e para o indivíduo que se relaciona
com esse universo. A biblioteca se diversifica e atende às características que
apresenta à comunidade de usuários a que serve. Por tanto, designam-se como:
pública, escolar, universitária, especializada e nacional. Todas, igualmente, podem
ser “conceituadas, unicamente como uma coleção organizada de livros impressos ou
de quaisquer outros documentos, nomeadamente gráficos e audiovisuais, assim
2
como os serviços do pessoal que facilita a consulta destes documentos” (FREITAS,
1998, p. 149).
A IFLA em sua declaração sobre as bibliotecas e a liberdade intelectual afirma
o seguinte:
As bibliotecas proporcionam acesso à informação, às ideias e às
obras da imaginação. Servem como portas de acesso ao
conhecimento, ao pensamento e à cultura. [...]. Têm a
responsabilidade de garantir e facilitar o acesso às expressões do
conhecimento e da atividade intelectual. Com este fim, as bibliotecas
devem adquirir, preservar e disponibilizar a mais ampla variedade de
documentos, refletindo a pluralidade (IFLA, online).
Já Sousa, por sua vez, (2008, p. 19) conceituou biblioteca como:
Unidade de informação que dispõe de uma coleção sistematicamente
organizada, tendo em vista seu efetivo uso; serve de fonte para a
leitura, o estudo e a pesquisa. Seu propósito é contribuir para o
desenvolvimento cultural e intelectual do homem, seja em caráter
individual ou coletivo. Assim sendo, é considerada um meio universal
e permanente de autoeducação. Quanto ao estado físico, a biblioteca
pode ser real ou virtual; quanto à categoria, depende do seu objetivo
e do público a que assiste; pode ser infantil, escolar, especializada,
comunitária (pública), universitária e em todo país tem a Biblioteca
Nacional; quanto ao órgão mantenedor, pode ser público ou
particular.
Pelo exposto até o momento, biblioteca contextualiza-se no meio educacional
onde suas funções coadunam e exprimem-se em termos e expressões como uma
fonte indispensável à formação intelectual e integral do indivíduo.
Com base nesse entendimento, e procurando saber como essa instituição é
reconhecida no meio acadêmico, foi realizada uma pesquisa junto aos usuários da
Biblioteca Nilo Peçanha do IFPB, campus João Pessoa com objetivo de saber qual é
a opinião deles sobre o significado da biblioteca.
2 Ambiente da pesquisa: Biblioteca Nilo Peçanha
Os primeiros registros da existência da Biblioteca Nilo Peçanha, de que se tem
conhecimento, datam de 1968. No entanto, somente em 1976 na gestão do
professor Itapuan Bôtto de Meneses, a biblioteca adquire sede própria sendo
inaugurada em 03 de dezembro do referido ano. Essa teve como função reunir,
organizar e difundir as informações necessárias ao ensino e à pesquisa exigida nos
cursos ministrados pela instituição.
Com a finalidade de atender às grandes mudanças ocorridas nas áreas da
informação e da documentação, essa biblioteca passou por uma reforma na sua
estrutura física dentro dos mais modernos padrões da arquitetura, com ampliação do
espaço físico e novas instalações elétricas e sistema de climatização. Foi
reinaugurada em 18 de dezembro de 2001, na gestão do professor Almiro de Sá
Ferreira.
A referida biblioteca não pertence a uma categoria específica em razão do
público a que atende. Funciona como biblioteca escolar porque atende a alunos do
3
ensino médio; pode ser considerada especializada porque atende ao ensino técnico
e é, fundamentalmente, universitária porque faz parte de um instituto de ensino
superior atendendo a um público universitário, que se constitui de aluno, professor e
pesquisador. Isso dificulta não apenas a sua nomenclatura, mas principalmente
cumprir seus objetivos que se referem a atender de forma eficiente às necessidades
de informação dos seus usuários-clientes. Sua função é reunir, organizar, e difundir
as informações necessárias ao ensino, à pesquisa e a extensão. Para tanto, seus
acervos e serviços devem estar em consonância com os programas de ensino
ministrados pelo Instituto.
2.1 Estrutura organizacional
Pavimento térreo: Hall de recepção, sala da coleção especial, sala de
processos técnicos, biblioteca virtual, hall de exposições, sala de estudo
programado, cabines coletivas, coordenação, setor de empréstimos, banheiros.
1.º Pavimento: Acervo geral, salão de estudos, setor de organização e
manutenção do acervo.
2.2 Serviços oferecidos
a) Ambiente favorável ao estudo e à pesquisa;
b) Salão de leitura e cabines coletivas;
c) Livre acesso às estantes do acervo geral com direito à consulta de todos os
documentos registrados na Biblioteca;
d) Orientação técnica para elaboração e apresentação de trabalhos acadêmicos,
com base na ABNT;
e) Sala de estudo programado destinada a reuniões, palestras e cursos, com
reserva antecipada;
f) Programas de ação e extensão cultural realizados pela Biblioteca;
g) Uso de computadores e outros equipamentos para realização de pesquisas,
digitação de trabalhos e impressão de cópias, permitidos aos servidores e
alunos do IFPB;
h) Levantamento de informação;
i) Empréstimo domiciliar de documentos do acervo geral;
j) Empréstimo especial reservado a documentos considerados especiais p/ esta
Biblioteca;
k) Visita dirigida: indicada para os novos usuários ou solicitada por professores
para grupos de alunos, tendo a finalidade de familiarizar os usuários quanto aos
serviços, normas e uso da Biblioteca. Estas visitas são agendadas previamente;
i) Serviços de alerta: divulgação através de folder, informativos em murais,
catálogos e programas de ação e extensão cultural. (SOUSA, 2005).
3 Metodologia
Trata-se de uma pesquisa exploratória que ocorreu em dois momentos
distintos (1996 e 2011). As duas consultas ocorreram no período em que se
4
comemorava a semana do livro e da biblioteca, ou seja, de 23 a 29 de outubro dos
anos citados.
O instrumento de pesquisa foi uma papeleta contendo a pergunta: Para você
o que é biblioteca? Havia espaço para resposta, sendo que o respondente não
precisava se identificar.
Nos dois momentos, houve a distribuição da mesma quantidade de papeleta,
ou seja, 100 (cem) unidades. Sendo que das 100 papeletas entregues, no ano de
1996, 53 foram devolvidas respondidas. No entanto, em 2011 das 100 papeletas
entregues, foram devolvidas 72. Em suas respostas, os usuários deixaram suas
impressões, tanto sobre o que é uma biblioteca como acerca da própria Biblioteca
Nilo Peçanha, pois, apesar de não fazerem menção a essa biblioteca, no conteúdo
de suas respostas ficou clara essa relação.
3.1 Procedimentos
Em 1996 as papeletas devolvidas foram afixadas em um mural exposto na
biblioteca. Logo após, foi realizada uma análise dos conteúdos cujos resultados, na
época, serviram de suporte para melhoria dos serviços oferecidos e, agora, quinze
anos depois, serviram de modelo e de inspiração para este gratificante trabalho.
Em 2011, a devolução foi feita em uma caixa de sugestões posta no recinto
da biblioteca. Para ser feita uma comparação justa com os alunos do período
anterior (1996), a pesquisa foi realizada somente com os alunos de ensino médio e
do técnico integrado, deixando de fora os alunos do ensino superior em razão de
que em 1996, não ter essa modalidade de ensino na instituição.
Procurou-se extrair das respostas elementos que confirmam possíveis
mudanças emblemáticas e simbólicas do que representa uma biblioteca para os
estudantes de 1996, da ETFPB, e o que representa esse mesmo setor para
estudantes de 2011, do IFPB.
Todavia, o espaço temporal de quinze anos, que representar uma excepcional
distância para os avanços tecnológicos, no âmbito social e pedagógico, pode
também, revelar uma significativa possibilidade de identificação entre o que é
considerado como “antigo” e o que é visto como “moderno”. Principalmente quando
estamos em uma Instituição que preconiza a TIC como formação e atualização de
profissionais, por meio do ensino e da técnica. Neste sentido, qualquer indício das
TICs, nas respostas dos alunos, foi considerado como marcadores de tempo da
moderna sociedade da informação.
Quando se trata de análise de conteúdo, é preciso ponderar sobre as
possíveis respostas. Com o objetivo de atingir uma significação profunda dos textos,
questionamos: O que é passível de interpretação em um texto? Estaremos
habilitados metodologicamente a interpretar mensagens obscuras? Deixar-nosemos levar por uma objetividade excessiva ou por um sentimento de pertencimento
com alguma resposta?
Neste movimento de interpretação pendular da análise de conteúdo entre a
objetividade e a subjetividade, haverá sempre o risco de invalidar a análise, ou pelo
excesso de rigor positivista, herdeiro do ideal Iluminismo, ou pela presença acirrada
da ideologia, que obscurece o olhar e endurece as amarras de novas perspectivas.
Neste sentido, propomos uma aproximação da neutralidade científica possível, ou
seja, delimitaremos no campo de estudo o que a literatura e seus autores
5
preconizam, procurando, desta forma, elementos de identificação com a realidade
científica.
4 Resultados parciais
Para facilitar a compreensão desse estudo foi feita uma divisão por grupos de
temáticas abordadas pelos usuários, os quais são expostos a seguir.
4.1 Estudo, pesquisa
Em 1996, 17 usuários, ou seja32% do total dos respondentes classificaram a
biblioteca como lugar que inspira motivação ao ato de estudar e de pesquisar.
Enquanto que em 2011, foram 23 respostas, compreendendo cerca de 32% dos
usuários que classificaram a biblioteca dessa maneira. A seguir fragmentos
constatados nas respostas desses usuários que elucidam a especificação desse
grupo.
(1996)
A biblioteca é...
“O lugar onde realmente encontramos motivação para estudar”.
“Local onde podemos estudar.”
“Onde encontramos melhores condições para estudar”.
“O centro de estudo, de pesquisa”.
“Espaço onde conseguimos relaxar para estudar”.
“Um cantinho que realmente é sossegado e que nós alunos
aproveitamos para estudar”.
“Um espaço físico de pesquisa, estudo, consulta de livros”.
(2011)
“Local que os estudantes de uma determinada instituição têm, para
estudar, ler, pensar, fazer exercícios, estimular sua inteligência. Nela
podem-se consultar livros e fazer pesquisas para uso educacional ou
próprio”.
“Um lugar que conseguimos nos concentrar para resolver exercícios,
praticar a leitura, estudar, fazer pesquisas etc., desde que esse
espaço nos ofereça suporte, conteúdo, silêncio e bom atendimento”.
“Ambiente de estudo, pesquisa e de outras atividades relacionadas
com o estudante”.
“Um dos poucos lugares onde eu posso estudar com conforto”.
“Para mim, biblioteca é um lugar onde você pode completar o ensino
e o estudo. Onde você pode vir para pesquisar e estudar”.
“Melhor local para estudar com conforto”.
“Um espaço reservado para os estudos, com grande acervo, que
deve ser bem planejado e utilizado”.
“Local onde podemos buscar fontes de estudo, realizar atividades
educacionais”.
“É um lugar de estudo”.
4.2 Conhecimento, aprendizagem, saber
6
17 participantes da pesquisa, cerca de 32% dos pesquisados em 1996,
identificaram a biblioteca como lugar onde se ampliam, aumentam e estão reunidos
o conhecimento e a aprendizagem. Em 2011, esse número aumentou para 41
respondentes, (57%). Algumas argumentações feitas pelos pesquisados a esse
respeito.
(1996)
“Biblioteca é o melhor lugar para se adquirir conhecimento para que
possamos fluir um pouco de sabedoria”.
“Local onde podemos aprimorar os nossos conhecimentos”.
“É nela que estão reunidos todos os conhecimentos, dos mais
ínfimos aos mais importantes, isto é biblioteca”.
“Biblioteca: local onde se deseja que o conhecimento seja o alicerce”.
“Casa da sabedoria”.
“Biblioteca é o lar do saber, é o início da sabedoria”.
“Biblioteca é uma vasta imensidão de conhecimento, onde se filtra a
ignorância pelo saber”.
“Lugar onde nós vamos procurar algo para aprimorar nossos
conhecimentos”.
“É um local de atualização e aquisição de cultura”.
“Biblioteca é um local reservado para todos aqueles que querem
elevar o conhecimento”.
“Biblioteca é mais uma casa da sabedoria”.
“Biblioteca é o lugar onde se encontra parte do saber contido nos
livros”.
“Onde aprendemos sobre o mundo através das páginas dos livros”.
“Uma porta, uma oportunidade para o conhecimento que se abre
para o leitor, à medida que este abre novos livros”.
“Biblioteca é o recanto dos estudantes, um lugar onde adquirimos
cultura e conhecimento”.
(2011)
“Um ambiente de estudo e consulta de acervos, para ampliação dos
conhecimentos”.
“Espaço utilizado por estudantes para ajudar em pesquisas e no
aumento de conhecimento”.
“Um lugar onde o objetivo principal é o conhecimento que seus
componentes, como os livros, têm a passar”.
“Um universo multicultural, onde o principal objetivo dos que
procuram este universo é o conhecimento”.
“Lugar de aprender, conhecer. Lugar de sabedoria e concentração”.
“Local de busca do conhecimento e do complemento para o infinito
saber”.
“É um espaço reservado e destinado à dedicação do aprendizado,
buscando melhorias e complementos”.
4.3 Informação
05 usuários, cerca de 5,5% dos respondentes de 1996, classificaram a
biblioteca como local de tratamento da informação.e apenas, um respondente de
2011 fez referência a essa temática.
7
1996
“Biblioteca é um local que tem como objetivo maior organizar e
disseminar informações de forma democrática”.
“Biblioteca, local onde é armazenada, organizada e disseminada a
informação”.
2011
“É um lugar onde existe troca de informação, onde as pessoas
encontram aprendizado através dos livros”.
4.4 Leitura, lazer
14 respondentes, ou seja, 26% dos participantes da pesquisa de 1996,
fizeram alusão à biblioteca como ambiente de lazer e leitura recreativa.
“A biblioteca é o lugar onde viajamos pelos quatro cantos da terra,
sem sair do lugar”.
“Onde podemos viajar na leitura e descobrir que a vida é um eterno
aprendizado”.
“A biblioteca existe tanto para o lazer como é uma necessidade vital
para qualquer pesquisador”.
“Onde passo tardes prazerosas concentrado na leitura”.
“É o lugar do lazer, é um pouco de tudo da nossa vida”.
4.5 Uso das TICs
05 participantes da pesquisa de 2011 relacionaram a biblioteca a um local no
qual é imprescindível o uso das TICs como ferramenta de estudo e pesquisa. Nesse
sentido, fizeram um apelo aos gestores da Biblioteca Nilo Peçanha que
disponibilizassem essas tecnologias na referida biblioteca.
“A biblioteca é um ambiente de estudo nele você encontrará vários
instrumentos que te auxiliam, como livros atualizados, internet, além
de tomadas para a utilização de notebooks”.
“Para mim é um ambiente de estudo. Porém a biblioteca do IFPB
falta estrutura: exemplo, tomadas para notebooks e para um
ambiente de estudo nada melhor que WI-FI para os notebooks”.
“Gostaria que a biblioteca do IFPB tivesse em suas instalações
tomadas, pois para nós o computador é de estrema importância e
não temos como usar na biblioteca”.
“Lugar onde é possível adquirir conhecimento para a vida pessoal e
acadêmica, a partir de vários meios (livros, multimídia e acesso à
redes de computadores”.
4.6 Fundamental, indispensável
Neste grupo somente dois usuários, dos consultados em 2011, reconheceram
a biblioteca como local indispensável para o educando. “É de fundamental
importância a existência de biblioteca em uma cidade, tanto para facilitar a vida dos
estudantes quanto para conservar livros. “Para mim, a biblioteca é um subsídio
muito importante indispensável na vida do aluno”.
8
Apesar de a pesquisa não ter especificado a Biblioteca Nilo Peçanha, dois
usuários referiram-se a essa biblioteca e manifestaram sua opinião acerca dos
serviços por ela oferecidos. Outros seis pesquisados aproveitaram a pesquisa para
reclamar da falta de silêncio nesse ambiente de estudo
5 Considerações finais
O que podemos auferir dos alunos da educação profissional de 1996 e de
2011?
Parece-nos que os alunos de 1996 tinham em mente questões que
relacionavam a biblioteca a lugar de cultura, leitura e lazer. Situação que não se
repete em nenhuma das respostas dadas pelos alunos de 2011. No nosso entender,
isso pode ser explicado pelo fato de nossas bibliotecas não desempenharem o seu
papel cultural de realizar eventos, divulgar, participar, promover atividades culturais
que envolvam cinema, teatro, arte, literatura, entre outras manifestações que
mostrem a biblioteca como um local de cultura. Da mesma forma ocorre com relação
à leitura, se fala muito acerca da sua importância, mas a biblioteca não desenvolve
programas que estimulem a sua prática. Percebe-se um desligamento entre ler um
texto para realizar uma atividade escolar e ler um texto por prazer, para acrescentar
conhecimentos, aprender para a vida. Sabe-se da importância dessa atividade para
o engrandecimento do indivíduo, mas falta essa preocupação das bibliotecas em ter,
em seus acervos, bons livros de literatura e informação em geral a fim de se
estimular a leitura como fonte de lazer. Por meio das respostas dos participantes da
pesquisa ficou claro que a biblioteca é considerada como o local ideal onde o aluno
pode estudar e realizar suas pesquisas.
Estudo, pesquisa, conhecimento, saber e informação são termos que
representam a biblioteca de ontem e a de hoje de acordo com as respostas dos
alunos. No entanto, a biblioteca como um ambiente fundamental, indispensável só
estão presentes nos discursos dos alunos de 2011. Também como era de se
esperar, nas respostas dadas pelos usuários de 2011, tivemos a presença de
indicadores da “modernidade”. Aliás, respostas estas que cobram da gestão da
biblioteca a atualização da infraestrutura para que se ofereçam oportunidades para
utilização dos novos recursos tecnológicos.
Nas respostas dadas, pelos pesquisados sobre biblioteca, assimilou-se a
conceituação apresentada por Freitas (1998, p.149) que aponta ser uma “coleção
organizada de livros impressos ou de quaisquer outros documentos, nomeadamente
gráficos e audiovisuais, assim como os serviços do pessoal que facilita a consulta
destes documentos”. Conceito, sem dúvida, verdadeiro, mas no nosso entender
biblioteca é muito mais do que isso Sousa (2008, p. 19) ressalta que:
A unidade de informação é um espaço que dispõe de uma coleção
sistematicamente organizada, tendo em vista seu efetivo uso; serve
de fonte para a leitura, o estudo e a pesquisa. Seu propósito é
contribuir para o desenvolvimento cultural e intelectual do homem,
seja em caráter individual ou coletivo. Assim sendo, é considerada
um meio universal e permanente de autoeducação [...].
Por fim, as respostas dadas, na pesquisa, nos levam a refletir sobre a
atuação de nossas bibliotecas, pois pelo exposto o que elas estão transmitindo para
seus usuários não está condizente com seus objetivos, com o seu papel social e
9
cultural de formar cidadãos e cidadãs conscientes com diversidade de ideias e
opiniões, com independência e liberdade intelectual, capazes de exercer os seus
direitos democráticos, de terem um papel ativo na sociedade e de se manterem em
permanente aprendizagem ao longo da vida.
Referências
BRASIL. Lei nº 12.244, de 24 de maio de 2010. Dispõe sobre a universalização das
bibliotecas nas instituições de ensino do País. Disponível em:
<http://www.cfb.org.br/projetos.php?codigo=18>. Acesso em: 8 nov. 2011.
CAMPELLO, Bernadete (Org.). Biblioteca escolar como espaço de produção do
conhecimento: parâmetros para bibliotecas escolares. Belo Horizonte: UFMG;
Grupo de Estudo em Biblioteca Escolar, 2010. 36 p. Disponível em:
<http://www.cfb.org.br/projetos.php? 20>. Acesso em: 8 nov. 2011.
CUNHA, Murilo Bastos da. Construindo o futuro: a biblioteca universitária brasileira
em 2010. Ciência da Informação, Brasília, v.29, n.1, p.71-89, jan./abr.2000.
DRABENSTOTT, Karen M., BURMAN, Celeste M., MACEDO, Neuza Dias de.
Revisão analítica da biblioteca do futuro. Ciência da Informação, 1997. Disponível
em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0100-19651997000200001.>. Acesso em 01 abr.
2012.
FRAGOSO, Graça Maria (Org.). Biblioteca e escola: uma atividade interdisciplinar.
Minas Gerais: Editora Lê, 1994. 68 p.
FREITAS, Eduardo de. As bibliotecas em Portugal: elementos para uma avaliação.
Lisboa: Observatório das Atividades Culturais, 1998.
IFLA [International Federation of Library Associations and Institutions] – Declaração
da IFLA sobre as Bibliotecas e a Liberdade Intelectual [online]..
Disponível na Internet: <http://www.ifla.org/faife/policy/iflastat/iflastat_pt.htm>.
SOUSA, Beatriz Alves. Glossário: biblioteconomia – arquivologia – comunicação e
Ciência da informação. 2. ed. João Pessoa: Universitária, 2008. 133 p.
SOUSA, Beatriz Alves de. Perfil da biblioteca Nilo Peçanha, 2005. (Banner).
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