Lição 1
01 de Julho a 07 de Julho
O Evangelho Chega a Tessalónica
Sábado à tarde
LEITURA PARA O ESTUDO DA SEMANA: Atos 16:9-40; 17:1-4, 12; Jeremias 23:1-6; Isaías 9:1-7; Isaías 53;
Romanos 1:16.
VERSO ÁUREO: “Pelo que, também, damos, sem cessar, graças a Deus, pois, havendo recebido de
nós a palavra da pregação de Deus, a recebestes, não como palavra de homens, mas (segundo é na
verdade), como palavra de Deus, a qual, também, opera em vós, os que crestes.” I Tessalonicenses
2:13.
PENSAMENTO-CHAVE: A nossa certeza das promessas de Deus deve basear-se na confiança que temos
nas Suas Sagradas Escrituras.
O JOVEM PASTOR ESTAVA SENTADO AO AR LIVRE com uma senhora jovem que tinha acabado de se
batizar. Para grande surpresa dele, ela disse: “Preciso de ser batizada outra vez.”
Quando o pastor lhe perguntou a razão, ela respondeu: “Há coisas da minha vida passada que eu não
disse ao pastor principal da igreja.”
E foi assim que começou uma longa conversa sobre o perdão em Cristo, palavras que ela foi absorvendo
vorazmente. Quando o pastor terminou a oração que fez com ela, uma chuvada tremenda e inesperada
deixou ambos encharcados. Com os olhos brilhantes, a jovem senhora disse: “Estou a ser batizada outra
vez!”
Um Deus cheio de graça proporciona, por vezes, estes símbolos vivos, como aquele aguaceiro
inesperado, para garantir aos crentes que eles estão reconciliados com Ele. A nossa confiança em Deus,
porém, ficará ainda mais firmemente fundamentada ao assentar no ensinamento claro da Sua Palavra.
Nesta lição, vamos ver que o cumprimento da profecia levou uma certeza sólida aos novos crentes em
Tessalónica.
Leitura Bíblica e Esp. Profecia: Jer. 39-41; Luc. 8:40-56; D. T. Nações, cap. 36.
Comentário
[Jesus] tinha-Se declarado a Si mesmo como o Messias, mas as pessoas não O recebiam, embora vissem
as Suas maravilhosas obras e se maravilhassem com a Sua sabedoria. Ele não foi ao encontro das suas
expectativas acerca do Messias. Tinham sido instruídas a procurar pompa e glória terrenas no advento
do seu Libertador, e sonhavam que, sob o poder do “leão da tribo de Judá”, a nação judaica seria exaltada
à proeminência entre as nações do mundo. Com estas ideias não estavam preparados para receber o
humilde Mestre da Galileia, embora Ele tivesse vindo tal como os profetas tinham predito a Sua vinda. Ele
não foi reconhecido como “a verdade” e a “luz do mundo”, embora falasse como nenhum outro homem
falou; pois a Sua aparência era humilde e modesta. Ele veio sem uma comitiva de pompa e glória
terrenas. No entanto, havia uma majestade na Sua presença que dava evidências do Seu caráter divino.
Os Seus modos, embora nobres e cativantes, detinham uma autoridade que inspiravam respeito e
reverência. Ele ordenava e a doença abandonava o sofredor. Os mortos ouviam a Sua voz e viviam, os
sofredores regozijavam-se, e os cansados e oprimidos encontravam repouso no Seu amor compassivo. –
Review and Herald, 7 de fevereiro de 1888.
OS PREGADORES PAGAM UM PREÇO
Domingo, 02 de Julho.
Leia Atos 16:9-40. De acordo com esta passagem, que razão levou os Filipenses a reagirem tão
negativamente ao evangelho? Que princípio importante se pode encontrar nessa reação, contra a
qual devemos, nós próprios, estar sempre precavidos? De que outras maneiras se pode vir a
manifestar este princípio, mesmo na vida de professos cristãos?
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O evangelho é as boas novas dos poderosos atos de Deus em Cristo, os quais conduzem ao perdão, à
aceitação e à transformação (Rom. 1:16 e 17). Devido ao pecado, todo o mundo ficou condenado;
mediante a morte e a ressurreição de Jesus, foi dada a todo o mundo uma nova oportunidade de obter a
vida eterna, que originalmente Deus planeara para toda a humanidade. Essa extraordinária obra de Deus
foi realizada enquanto nós éramos ainda pecadores (Rom. 5:8). Esta obra de redenção foi levada a cabo
sem a nossa intervenção, por Jesus, e não nos é possível acrescentar-lhe nada – nada mesmo. No
entanto, o evangelho só se torna real na nossa vida quando aceitamos não apenas a sua condenação dos
nossos pecados, mas o perdão divino desses pecados por intermédio de Jesus.
Sendo o evangelho uma notícia tão boa e gratuita, por que razão há quem lhe resista ou se lhe oponha?
A resposta é simples: aceitar o evangelho requer que ponhamos de lado a confiança no eu e em coisas
do mundo, como seja o dinheiro, o poder e a atração sexual. O dinheiro, o sexo e o poder são coisas boas
quando sujeitos à vontade e às condições propostas por Deus. Quando, porém, as pessoas se apegam a
estas coisas triviais que substituem a certeza do evangelho, esse mesmo evangelho e aqueles que o
proclamam tornam-se uma ameaça.
Leia I Tessalonicenses 2:1 e 2. Foi debaixo de dor que Paulo e Silas entraram em Tessalónica, com o corpo
marcado pelos golpes e contusões que haviam recebido nos maus tratos e na detenção em Filipos (Atos
16:22-24). Contudo, alguns sinais dos poderosos atos de Deus (Atos 16:26, 30 e 36) tinham trazido ânimo
ao seu coração. Entraram corajosamente na sinagoga em Tessalónica, apesar das dores que sentiam, e
falaram de novo do Messias que tinha transformado a sua vida e que os tinha enviado nessa missão de
pregar as boas novas em lugares onde não tinham sido anunciadas antes.
Quais são as coisas do mundo que, se não formos cautelosos, nos podem afastar do Senhor? Por
que razão, então, é tão importante conservar sempre a Cruz e o seu significado no centro dos
nossos pensamentos, sobretudo quando a atração do mundo parece ser mais forte?
Leitura Bíblica e Esp. Profecia: Jer. 42 e 43; Luc. 9:1-27; D. T. Nações, cap. 37.
Comentário
Em Filipos, Lídia, da cidade de Tiatira, ouviu os apóstolos, e o seu coração abriu-se para receber a
verdade. Ela e a sua família converteram-se e foram batizados, e pediu aos apóstolos que fizessem da
sua casa o seu lar.
Dia após dia, ao dirigirem-se para as suas meditações, uma mulher com um espírito de adivinhação
seguia-os, gritando: “Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus
Altíssimo” (Atos 16:17). Esta mulher era um agente especial de Satanás; e, como os demónios estavam
perturbados pela presença de Cristo, também o espírito mau que a possuía se sentia desconfortável na
presença dos apóstolos. Satanás sabia que o seu reino tinha sido invadido, e seguiu este caminho de
oposição ao trabalho dos ministros de Deus. As palavras de recomendação proferidas por esta mulher
prejudicaram a causa, distraindo a mente das pessoas das verdades que lhes foram apresentadas,
lançando descrédito sobre o trabalho, levando as pessoas a crerem que os homens que falavam com o
Espírito e o poder de Deus atuavam sob o mesmo espírito do emissário de Satanás.
Os apóstolos suportaram esta oposição durante vários dias. Depois, Paulo sob a inspiração do Espírito de
Deus, ordenou ao espírito mau que deixasse a mulher. Satanás foi assim confrontado e repreendido. O
silêncio imediato e contínuo da mulher foi um testemunho de que os apóstolos eram servos de Deus, e
de que o demónio os tinha reconhecido como tal, tendo obedecido à sua ordem. Quando a mulher ficou
livre do espírito do diabo, e foi restaurada, os seus senhores ficaram alarmados por causa dos seus
negócios. Viram que toda a esperança de receber lucro através das adivinhações e predições que ela
fazia, tinha chegado ao fim; e perceberam que, se fosse permitido aos apóstolos continuar o seu
trabalho, a sua única fonte de rendimento, em breve, seria totalmente suprimida.
Levantou-se, então, censura contra os servos de Deus, pois muitos estavam interessados em ganhar
dinheiro com os enganos satânicos. Levaram Paulo e Silas à presença dos magistrados com a acusação
de que “estes homens, sendo Judeus, perturbaram a nossa cidade, e nos expõem costumes que nos não
é lícito receber, nem praticar, visto que somos Romanos” (Atos 16:20 e 21).
Satanás suscitou um frenesim entre o povo. Prevaleceu na multidão um espírito de rebelião, sancionado
pelas autoridades, que, com as suas mãos, rasgaram as roupas dos apóstolos e ordenaram que fossem
açoitados. “E, havendo-lhes dado muitos açoites, os lançaram na prisão, mandando ao carcereiro que os
guardasse com segurança. O qual, tendo recebido tal ordem, os lançou no cárcere interior, e lhes
segurou os pés no tronco” (Atos 16:23 e 24). – Sketches From the Life of Paul, pp. 74 e 75.
Os apóstolos viam que o seu trabalho em Filipos não tinha sido em vão. Enfrentaram ali muita oposição e
perseguição; mas a intervenção da Providência a seu favor, e a conversão do carcereiro e de toda a sua
casa, foi mais do que o suficiente para compensar a adversidade e o sofrimento que tinham suportado.
Os Filipenses viram representado, na postura e na disposição mental dos apóstolos, o espírito da religião
de Jesus Cristo. Os apóstolos podiam ter fugido quando o terramoto abriu as portas da prisão e libertou
os seus grilhões; mas isso teria sido um reconhecimento de que eles eram criminosos, o que teria sido
uma desgraça para o Evangelho de Cristo; o carcereiro teria sido exposto à pena de morte, e a influência
geral teria sido má. Nestas circunstâncias, Paulo controlou os prisioneiros libertos de forma tão eficaz
que ninguém tentou fugir.
Os Filipenses não podiam deixar de reconhecer a nobreza e a generosidade dos apóstolos na forma
como se comportaram, especialmente por não terem apelado a um poder mais elevado contra os
magistrados que os tinham perseguido. As notícias do seu injusto encarceramento e a miraculosa
libertação tornaram-se conhecidos em toda a região, e isto levou os apóstolos e a sua obra ao
conhecimento de um grande número de pessoas que, de outra maneira, não teriam sido alcançadas.
O resultado do trabalho de Paulo em Filipos foi ter sido ali estabelecida uma igreja, cujo número de
membros aumentava constantemente. O seu exemplo de zelo e devoção, e, acima de tudo, a sua
disposição para sofrer por Cristo, exerciam uma profunda e perdurável influência sobre os que se
convertiam à fé. Apreciavam grandemente as preciosas verdades pelas quais o apóstolo tanto se tinha
sacrificado e entregavam-se com devoção e dedicação totais à causa do seu Redentor. – Sketches From
the Life of Paul, pp. 80 e 81.
A ESTRATÉGIA DA PREGAÇÃO DO APÓSTOLO PAULO
Segunda, 03 de Julho.
O que é que Atos 17:1-3 nos diz sobre o onde, o quando e o como da estratégia da pregação de
Paulo em Tessalónica?
Embora I Tessalonicenses esteja entre as primeiras cartas escritas pelo apóstolo Paulo, tanto a sua
teologia como a sua estratégia missionária estavam bem desenvolvidas quando ele chegou a Tessalónica.
O primeiro passo na estratégia missionária de Paulo era frequentar a sinagoga local no dia de Sábado.
Era natural que assim fizesse, pois o Sábado era uma boa ocasião para contactar com um grande número
de judeus. Contudo, havia algo mais em ação do que uma simples estratégia missionária. O apóstolo
teria dedicado tempo à oração e ao culto no dia de Sábado mesmo que não houvesse lá judeus nem
sinagoga (veja Atos 16:13).
Não era raro naqueles dias os Judeus convidarem os visitantes à sinagoga para falar, sobretudo se
aqueles tinham vivido em Jerusalém, como era o caso de Paulo e Silas. A congregação estaria sempre
desejosa de ouvir notícias sobre como decorria a vida judaica noutros lugares. Também haveria interesse
em quaisquer novas ideias que os visitantes tivessem descoberto com o seu estudo pessoal das
Escrituras. Por isso, a estratégia de Paulo enquadrava-se naturalmente no ambiente da sinagoga.
O segundo passo na estratégia de Paulo era pregar diretamente das Escrituras que todos tinham em
comum, ou seja, o Velho Testamento. Ele começava também com um tópico de grande interesse para os
Judeus daquele tempo, o Messias (“o Cristo” era o termo grego equivalente a “o Messias” em hebraico;
veja Atos 17:3). Recorrendo a textos do Velho Testamento, Paulo demonstrava que o Messias teria
primeiramente de sofrer antes de alcançar a glória com que os Judeus estavam familiarizados. Noutras
palavras, a versão popular e gloriosa da missão do Messias era apenas uma parte do quadro. Quando o
Messias viesse pela primeira vez seria um servo sofredor e não um conquistador real.
Em terceiro lugar, depois de ter delineado uma nova imagem do Messias na mente dos ouvintes, Paulo
prosseguia com a história de Jesus. Explicava, então como a vida de Jesus correspondia ao modelo da
profecia bíblica de que ele acabava de lhes falar. Sem dúvida que o apóstolo acrescentava histórias das
dúvidas e oposição que ele próprio tivera anteriormente, e falava-lhes também do poder convincente do
encontro pessoal que tivera com o Cristo ressuscitado. De acordo com Lucas (Lucas 24:25-27, 44-46), a
estratégia de pregação do apóstolo Paulo em Tessalónica seguia o mesmo modelo utilizado por Jesus
com os Seus discípulos depois da ressurreição.
Repare que Paulo procurava chegar às pessoas no ponto em que elas estavam, recorrendo àquilo
que lhes era familiar. Por que razão é tão importante esta estratégia? Pense naquelas pessoas que
pessoalmente deseja contactar. Como é que se aprende a começar onde elas estão e não onde nós
estamos?
Leitura Bíblica e Esp. Profecia: Jer. 44 e 45; Mar. 6:30-56; D. T. Nações, cap. 38.
Comentário
Depois de terem deixado Filipos, Paulo e Silas dirigiram-se para Tessalónica. Ali tiveram o privilégio de
falar para uma grande assembleia na sinagoga, com bons resultados. A sua aparência era uma evidência
do recente tratamento vergonhoso que tinham recebido e necessitava de uma explicação sobre o que
tinham suportado. Fizeram-no sem se exaltarem a si mesmos, mas magnificando a graça de Deus, que
tinha operado a sua libertação. No entanto, os apóstolos, sentiram que não tinham tempo para se
concentrarem nas suas aflições. Sentiam a responsabilidade da mensagem de Cristo, e estavam
profundamente determinados na Sua obra.
Paulo deixou bem claras as profecias do Velho Testamento com relação ao Messias, e a harmonia entre
essas profecias e a vida e os ensinos de Cristo, na mente de todos os seus ouvintes que aceitaram as
evidências do assunto. Cristo, no Seu ministério, tinha aberto a mente dos Seus discípulos para as
escrituras do Velho Testamento: “começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que
d'Ele se achava em todas as Escrituras” (Lucas 24:27). Pedro, ao pregar Cristo, usou evidências das
escrituras do Velho Testamento, começando com Moisés e os profetas. Estêvão usou o mesmo método, e
Paulo seguiu estes exemplos, dando provas inspiradas em relação à missão, ao sofrimento, à morte, à
ressurreição e à ascensão de Cristo. Ele provou de claramente a sua identidade com o Messias, através
do testemunho de Moisés e dos profetas; e demonstrou que foi a voz de Cristo que falou através dos
profetas e patriarcas desde os dias de Adão até àquela altura.
Ele demonstrou como lhes era impossível explicar a Páscoa sem Cristo, tal como está revelada no Velho
Testamento; e que a serpente de bronze levantada no deserto simbolizava Jesus Cristo, que foi levantado
na cruz. Ele ensinou-lhes que todos os seus serviços e cerimónias religiosos não teriam qualquer valor se
rejeitassem agora o Salvador, que lhes foi revelado, e que era representado naquelas cerimónias.
Mostrou-lhes que Cristo era a chave que revelava o Velho Testamento e dava acesso aos seus ricos
tesouros.
Assim, Paulo pregou aos Tessalonicenses três sábados seguidos, debatendo com eles assuntos das
Escrituras referentes à vida, morte e ressurreição de Cristo. Mostrou-lhes que a expectativa dos Judeus
em relação ao Messias não estava de acordo com a profecia, que tinha predito um Salvador que viria em
humildade e pobreza, para ser rejeitado, desprezado e sacrificado.
Ele declarou que Cristo viria uma segunda vez em poder e grande glória, e estabeleceria o Seu reino na
Terra, subjugando toda a autoridade e governando sobre todas as nações. Paulo era um Adventista; ele
apresentou o importante acontecimento da Segunda Vinda de Cristo com tal poder e argumentação a
ponto de causar nas mentes dos Tessalonicenses uma profunda impressão, que nunca mais
desapareceu. – Panfleto: Redemption: or the Teachings of Paul and His Mission to the Gentiles, pp. 44-46.
DUAS PERSPETIVAS ACERCA DO MESSIAS
Terça, 04 de Julho.
Desde os tempos mais antigos que os leitores do Velho Testamento notavam uma variedade de
perspetivas nas profecias que apontavam para o Messias. A maior parte dos Judeus e os cristãos do
primeiro século identificavam duas tendências principais nas profecias messiânicas. De um lado, havia
textos das Escrituras que apontavam para um Messias majestoso: um rei conquistador que traria a
justiça ao povo e ampliaria o domínio de Israel até aos confins da Terra. Do outro, havia textos que
sugeriam que o Messias seria um servo sofredor, humilhado e rejeitado. O erro que muitos cometiam
era o de não compreenderem que todos aqueles textos se referiam à mesma pessoa – a dois aspetos
diferentes da Sua obra em diferentes momentos no tempo.
Leia Jeremias 23:1-6; Isaías 9:1-7, 53:1-6; Zacarias 9:9. Enumere as características do futuro
libertador que é referido nestes textos. Que tipo de imagens “contraditórias” surge aí?
Estes textos eram intrigantes antes da vinda do Messias. Por um lado, os textos messiânicos que falavam
do Messias Rei normalmente não continham qualquer referência ao sofrimento e à humilhação. Por
outro, os textos sobre o Servo Sofredor geralmente referiam o Messias como limitado no poder ou na
autoridade mundanos. Uma maneira como os Judeus no tempo de Jesus resolveram este problema foi a
de olharem o Servo Sofredor como um símbolo de toda a nação e dos seus sofrimentos durante o exílio
e a ocupação da sua pátria. Ao retirarem esses textos da equação messiânica, muitos judeus aguardavam
o Messias conquistador e soberano. Este Rei, como David, expulsaria os ocupantes e restauraria o lugar
de Israel entre as nações.
Naturalmente, o maior problema com a remoção dos textos sobre o Servo Sofredor da equação era o de
haver, na verdade, textos importantes no Velho Testamento que juntam as duas principais características
do Messias. Esses textos descrevem a mesma pessoa. O que é menos claro, à primeira vista, é saber se
essas características ocorrem ao mesmo tempo ou uma depois da outra.
Tal como demonstrado em Atos 17:2 e 3, Paulo conduziu os judeus de Tessalónica através desses textos
messiânicos do Velho Testamento e juntos analisaram o seu significado.
Nos tempos antigos, os Judeus sentiam-se confusos quanto à primeira vinda do Messias. Hoje,
encontramos também muita confusão acerca da Segunda Vinda. O que é que isto nos deve dizer
sobre a necessidade de verdadeiramente buscar compreender a verdade da Bíblia? Por que razão
as falsas doutrinas podem ser tão problemáticas?
Leitura Bíblica e Esp. Profecia: Jer. 46 e 47; João 6:1-15; D. T. Nações, cap. 39.
Comentário
A nação judaica tinha corrompido a sua religião através de cerimónias e costumes inúteis. Isto levou a
que o povo ficasse sob uma carga fiscal pesada, especialmente as classes mais pobres. Além disso,
estavam sob o jugo dos Romanos e isso exigia que se pagasse impostos a eles. Os Judeus não estavam
conformados com o seu cativeiro, e ansiavam o triunfo da sua nação através do Messias, o poderoso
Libertador predito na profecia. Eram pessoas de vistas curtas. Pensavam que Aquele que estava para vir
iria assumir honras majestosas e, pela força, ou pelas armas, subjugar os seus opressores, e assumir o
trono de David. Se eles tivessem estudado as profecias com espírito de humildade e discernimento
espiritual, não teriam sido encontrados em tamanho erro a ponto de negligenciarem as profecias que
apontavam para o Seu primeiro advento em humildade, e não teriam aplicado mal aquelas que falavam
da Sua Segunda Vinda com poder e grande glória. O povo Judeu tinha-se empenhado em obter poder.
Tinham ambições de honras mundanas. Eram orgulhosos e corruptos, e não conseguiam discernir as
coisas sagradas. Não conseguiam fazer a distinção entre as profecias que apontavam para o primeiro
advento de Cristo e aquelas que descreviam o Seu segundo aparecimento glorioso. Eles procuraram no
Seu primeiro advento o poder e a glória descritos pelos profetas e que acompanharão o Seu segundo
advento. A sua glória nacional era a sua maior ânsia. O seu desejo ambicioso era o estabelecimento de
um reino temporal, que eles suponham que iria reduzir os Romanos à sujeição, e exaltar-se a si mesmos
com autoridade e poder para reinarem sobre eles. Tinham-se gabado, junto daqueles a quem estavam
sujeitos, que eles não iriam oprimi-los por muito mais tempo; pois em breve começaria o seu reino, que
seria até mais exaltado e glorioso do que o de Salomão.
Quando chegou o momento, Cristo nasceu num estábulo, com uma manjedoura por berço, rodeado
pelos animais do estábulo. E será este realmente o Filho de Deus, que pela aparência é um bebé frágil e
indefeso, e que tanto lembra outras crianças? A Sua glória e majestade divinas estavam encobertas pela
humanidade, e os anjos anunciaram o Seu advento. A notícia do Seu nascimento foi transmitida com
alegria nas cortes celestiais, enquanto os grandes homens da Terra não tinham conhecimento dela. Os
orgulhosos fariseus e os escribas, com as suas cerimónias hipócritas, e aparente devoção à lei, não
sabiam nada sobre o Bebé de Belém. Eram ignorantes em relação à forma como apareceu, apesar de
toda a instrução e sabedoria, de que tanto se gabavam, ao expor a lei e as profecias nas escolas dos
profetas. Eles procuravam meios para obter benefício próprio. O seu estudo visava, da melhor forma
possível, obter riquezas e honras mundanas, e estavam totalmente despreparados para a revelação do
Messias. Procuravam um príncipe poderoso, que reinaria no trono de David, e cujo reino duraria para
sempre. As suas orgulhosas e grandiosas ideias sobre a vinda do Messias não estavam de acordo com as
profecias que eles diziam ser capazes de expor às pessoas. Estavam espiritualmente cegos e eram líderes
dos cegos. – Review and Herald, 17 de dezembro de 1872.
SOFRIMENTO ANTES DA GLÓRIA
Quarta, 05 de Julho.
Jesus, tal como o apóstolo Paulo, estudou o Velho Testamento e chegou à conclusão de que estava
anunciado que “convinha” que o Messais “padecesse estas coisas, e entrasse na sua glória” (Lucas 24:26).
A expressão “convinha que padecesse”, de Lucas 24:26, é a tradução da mesma palavra grega usada por
Paulo em Atos 17:3, onde ele diz que o Messias “tinha de sofrer”. Tanto para Jesus como para Paulo, a
existência do sofrimento antes da glória estava escrita nas profecias muito tempo antes de terem de
ocorrer. A questão é, então, com que bases do Velho Testamento chegaram eles a essa conclusão?
Provavelmente ambos repararam que as figuras mais importantes no Velho Testamento tiveram períodos
prolongados de sofrimento antes de entrarem no período de glória das respetivas existências. José, por
exemplo, passou uns treze anos na prisão antes de ascender à posição de primeiro-ministro do Egito.
Moisés andou quarenta anos a guardar carneiros no deserto antes de assumir a função de poderoso
dirigente do Êxodo. David viveu muitos anos como fugitivo, parte desse tempo em terras estrangeiras,
antes de ser elevado à realeza. Daniel foi prisioneiro de guerra, e foi até condenado à morte, antes de ser
guindado à posição de primeiro-ministro de Babilónia. Nas histórias destes servos de Deus do Velho
Testamento há prefigurações do Messias, que haveria de sofrer também e ser humilhado antes de vir a
ocupar em pleno a Sua função real.
O ponto alto desta convicção do Novo Testamento encontra-se no texto do Velho Testamento mais citado
no Novo: Isaías 53. O Servo Sofredor de Isaías foi desprezado, rejeitado e ferido (Isa. 53:2-4). Como um
cordeiro no santuário, foi morto por causa dos nossos pecados (Isa. 53:5-7), conforme a vontade do
Senhor (Isa. 52:8-10). Contudo, após “o trabalho da sua alma” (Isa. 53:11), Ele justificaria a muitos e
receberia uma extraordinária herança (Isa. 53:12).
Para os autores do Novo Testamento, Isaías 53 foi a chave da função do Messias. Certamente que Paulo
pregou este texto em Tessalónica. De acordo com Isaías 53, o Messias não surgiria, na altura da Sua
primeira vinda, como um soberano poderoso. Na realidade, Ele seria rejeitado por muitos do Seu próprio
povo. Essa rejeição, porém, seria o prelúdio do Messias glorioso da expetativa judaica. Tendo isso em
mente, o apóstolo foi capaz de demonstrar que o Jesus que ele acabou por conhecer era, de facto, o
Messias que o Velho Testamento anunciava.
Leia, em espírito de oração, Isaías 53, percebendo que o texto está a falar daquilo que o Senhor, o
nosso Criador, teve de passar para que você, pessoalmente, pudesse ter a vida eterna. À luz do
que esta admirável verdade nos diz sobre o caráter de Deus, por que razão deve Cristo ter o
primeiro e o mais importante lugar na nossa vida?
Leitura Bíblica e Esp. Profecia: Jer. 48-50; João 6:16-21; D. T. Nações, cap. 40.
Comentário
Este símbolo [a sarça ardente], obscurecendo a manifestação da glória de Deus, prefigurava o
aparecimento de Cristo no nosso mundo, a Sua divindade revestida com a humanidade. Certamente, aos
olhos do mundo, Cristo não possuía nenhuma beleza que os fizesse desejá-l’O, no entanto Ele era o Deus
incarnado. Este é o mistério da divindade. A ciência humana, embora seja muito avançada, não o pode
explicar. Os homens podem pensar que possuem qualidades superiores, representadas pelo nobre
carvalho ou o altaneiro cedro. Atentem no nascimento humilde de Cristo, na Sua graça condescendente,
na Sua infinita humildade, nas profundezas até onde Ele desceu. Ele é a Palavra eterna. No entanto, fezSe carne e habitou entre nós.
Antes de Cristo vir à semelhança dos homens, Ele existia na imagem expressa do Seu Pai. Ele não teve
por usurpação ser igual a Deus. No entanto, aniquilou-Se a Si mesmo voluntariamente, assumindo a
forma de servo. Ele era Deus incarnado, a luz do Céu e da Terra. N’Ele estão escondidos todos os
tesouros da sabedoria e do conhecimento. Contudo, nasceu num estábulo, em Belém da Judeia. Ele era o
filho de Maria, considerado filho de José, e cresceu como qualquer outra criança. A Sua vida nesta Terra
foi uma vida de abnegação e sacrifício próprios. “As raposas têm covis”, disse Ele, “e as aves do céu têm
ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mat. 8:20).
A profecia previu que Cristo apareceria como uma raiz de terra seca. “Não tinha parecer nem formosura”,
escreveu Isaías, “e, olhando nós para Ele, nenhuma beleza víamos, para que O desejássemos. Era
desprezado, e o mais indigno entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos: e,
como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos d'Ele caso algum” (Isa.
53:2 e 3). Este capítulo deveria ser estudado. Ele apresenta Cristo como o Cordeiro de Deus. Aqueles que
são exaltados com orgulho, que têm a alma cheia de vaidade, deveriam observar esta imagem do seu
Redentor, e humilhar-se a si mesmos no pó. Todo o capítulo deveria ser memorizado. A sua influência irá
subjugar e humilhar a alma corrompida pelo pecado e pela exaltação própria.
Pensem na humilhação de Cristo. Ele assumiu a natureza humana caída e sofredora, degradada e
corrompida pelo pecado. Ele assumiu os nossos sofrimentos, suportando a nossa dor e vergonha.
Suportou todas as tentações que o homem sofre. Ele uniu a humanidade com a divindade: um espírito
divino habitou num templo de carne. Ele uniu-Se ao templo. “E o Verbo Se fez carne, e habitou entre nós”
(João 1:14), porque ao fazê-lo podia associar-Se aos pecadores e sofredores filhos e filhas de Adão.
A glória de Cristo estava velada para que a majestade e a beleza da Sua forma exterior não se tornasse
num alvo de atração. Nisto há uma lição para toda a humanidade. “Na verdade, todo o homem, por mais
firme que esteja, é totalmente vaidade” (Sal. 39:5). Cristo veio sem qualquer ostentação exterior. Estando
na forma de homem, humilhou-Se a Si mesmo, mostrando que o homem caído deve andar sempre
humildemente perante Deus. Riquezas, honra do mundo e grandeza humana nunca poderão salvar uma
alma da morte. O Senhor declara: “Eis para quem olharei: para o pobre e abatido de espírito, e que treme
da minha palavra.” – The Youth’s Instructor, 20 de dezembro de 1900.
ASSIM NASCE UMA IGREJA
Quinta, 06 de Julho.
De acordo com Atos 17:1-4 e 12, que classes de pessoas constituíram o núcleo forte da igreja de
Tessalónica?
Uma parte da estratégia missionária do apóstolo Paulo era “primeiro do judeu, e também do grego”
(Rom. 1:16). No decorrer do ministério de Paulo, os Judeus tiveram regularmente a primeira
oportunidade de ouvir e de aceitar o evangelho. E a verdade é que, de acordo com a Bíblia, muitos judeus
no tempo de Paulo aceitaram de facto Jesus como Messias. Mais tarde, quando a Igreja começou a
apostatar e a rejeitar a Lei, sobretudo o Sábado, foi-se tornando cada vez mais difícil para os Judeus
aceitarem Jesus como Messias, porque, afinal de contas – que verdadeiro Messias anularia a Lei,
especialmente o Sábado?
Como demonstram os textos, alguns dos judeus em Tessalónica foram convencidos pela exposição que
Paulo fez dos textos messiânicos relacionados com a história de Jesus. Um desses, Aristarco, foi mais
tarde colaborador de Paulo e até, em dada altura, seu companheiro de prisão (veja Col. 4:10 e 11; Atos
20:4). Um outro, Jasão, era, ao que parece, suficientemente rico para acolher em sua casa a igreja local
quando os crentes deixaram de ser bem recebidos na sinagoga, tendo também sido ele quem pagou
parte da multa requerida para evitar a detenção de Paulo (ver Atos 17:4-9).
Geralmente pensa-se que os “gregos religiosos” (Atos 17:4) eram gentios que se interessavam pelo
Judaísmo e que frequentavam a sinagoga, sem contudo se converterem. Este era um fenómeno
generalizado nos tempos do apóstolo Paulo. Estes gentios tornaram-se uma ponte natural para Paulo
chegar aos gentios que não tinham nenhum conhecimento acerca do Judaísmo ou do Velho Testamento.
Atos 17 (nomeadamente no versículo 12) salienta o caráter judaico, e relativamente abastado, da
primeira igreja estabelecida em Tessalónica, onde gregos “da classe nobre” também se tornaram crentes.
No entanto, é claro que, na altura em que I Tessalonicenses foi escrita, a igreja a que Paulo estava a
endereçar a sua carta era maioritariamente constituída por gentios (I Tes. 1:9) oriundos das classes
trabalhadoras (I Tes. 4:11).
O que se pode perceber aqui é o caráter universal do evangelho, que ele é para toda a gente, todas as
classes e todas as etnias; ricos ou pobres, gregos ou judeus, isso não interessa – a morte de Cristo foi
para todo o mundo. Esta é a razão por que a nossa mensagem, como Adventistas do Sétimo Dia, é para
todo o mundo (Apoc. 14:6) – sem exceções baseadas em etnia, nacionalidade, casta ou estatuto
económico. É muito importante que mantenhamos esse mandato sempre diante de nós. É muito
importante que não nos isolemos, que não nos concentremos em nós mesmos, que não estejamos mais
interessados em apoiar o que temos do que em ir além das fronteiras confortáveis que nós, talvez até
subconscientemente, tenhamos traçado para nós mesmos.
Leitura Bíblica e Esp. Profecia: Jer. 51 e 52; João 6:22-71; D. T. Nações, cap. 41.
Comentário
Assim como os raios do Sol penetram até aos mais remotos recantos do globo, assim é desígnio de Deus
que a luz do Evangelho alcance todas as pessoas da superfície da Terra. … Atualmente, quando o inimigo
está a agir como nunca antes para monopolizar o espírito de homens e mulheres, deveríamos estar a
trabalhar com uma atividade crescente. De forma diligente e desinteressada, devemos proclamar a
última mensagem de misericórdia nas cidades, nos caminhos e valados. Todas as classes devem ser
alcançadas. Ao trabalhar, encontraremos diversas nacionalidades. Nenhuma deve ser passada por alto,
sem ser advertida. O Senhor Jesus foi uma dádiva de Deus ao mundo inteiro; não apenas às classes mais
altas, nem tão pouco a uma só nacionalidade, com exclusão das outras. A Sua graça salvadora envolve o
mundo. Todo o que quiser pode beber da água da vida. O mundo todo está à espera de ouvir a
mensagem da verdade presente. – Nos Lugares Celestiais (Meditações Matinais, 2011), p. 337 (Ed. P.
SerVir).
O convite do Evangelho deve ser dado aos ricos e aos pobres, aos elevados e aos humildes, e precisamos
de descobrir meios para levar a verdade a novos lugares e a todas as classes de pessoas. O Senhor
ordena-nos: "Sai pelos caminhos e valados, e força-os a entrar, para que a Minha casa se encha" (Luc.
14:23). Ele diz: "Comecem pelos caminhos; trabalhem completamente os caminhos; preparem um grupo
que juntamente convosco possa ir e fazer aquela mesma obra que Cristo fez ao buscar e salvar o que se
havia perdido."
Cristo pregou o Evangelho aos pobres, mas não confiou a Sua obra a essa classe. Ele trabalhou por todos
aqueles que ouviam a Sua palavra – não só o publicano e o rejeitado, mas também o rico e o culto
fariseu, o nobre judeu e a autoridade romana. Este é o tipo de trabalho que eu sempre vi que deveria ser
feito. Nós não devemos esforçar cada tendão e nervo espiritual para trabalhar pelas classes mais baixas,
e fazer dessa tarefa o todo em tudo. Há outros que devemos levar ao Mestre, pessoas que necessitam da
verdade, que estão a assumir responsabilidades e que trabalharão com toda a sua santificada
capacidade pela alta sociedade como também pelos mais pobres. – Medicina e Salvação, p. 312.
Embora devamos pregar o Evangelho aos pobres e iletrados, não devemos deixar de apresentá-lo, na sua
luz mais atrativa, àqueles que têm capacidade e talento. Mas, para fazer isto, os nossos obreiros devem
ser homens inteligentes. Não podem descer a um nível baixo, sentindo que não importa o quanto
trabalham ou o que dizem. Devem acalentar uma fé viva, e o Espírito de Cristo deve estar em nós, para
dirigir o nosso trabalho. Então os nossos esforços irão ao encontro da mente de Deus. É devido à falta de
fé e verdadeira coragem no Senhor que ainda não se fizeram esforços maiores pelas classes mais
inteligentes. Não me refiro aos mais ricos. Muitas vezes, estes fazem deste mundo o seu deus, e é-lhes
muito difícil ver a força das verdades que os separariam do mundo. No entanto, há homens ricos que
aceitarão a última mensagem, se se fizer o trabalho certo. O Senhor fez dos homens os Seus mordomos,
e confiou-lhes os meios para levar esta obra avante. Quando os pobres tiverem feito tudo o que puderem
para fazer avançar a causa, o Senhor trará homens de meios para dar continuidade à obra. – Obreiros
Evangélicos, ed. de 1892, p. 298.
Sexta, 07 de Julho.
ESTUDO ADICIONAL: “Desde o tempo de Paulo até ao presente, Deus, através do Seu Espírito Santo, tem
chamado tanto judeus como gentios. ‘Deus não faz distinção de pessoas’ (Rom. 2:11), declarou Paulo. O
apóstolo considerava-se a si mesmo devedor ‘tanto a gregos como a bárbaros’, bem como a judeus; mas
nunca perdeu de vista as decididas vantagens que os judeus tinham possuído sobre outros,
‘primeiramente’, porque ‘Deus confiou a Sua mensagem aos judeus’ (Rom. 3:2). No ‘evangelho’, declarou,
está a força de Deus para salvar todos os que creem; primeiro os judeus e também aqueles que o não
são. …’ – Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 270.
“Ao pregar aos Tessalonicenses, Paulo apelou para as profecias do Velho Testamento relativas a Jesus.
…Pelo inspirado testemunho de Moisés e dos profetas, provou cabalmente que Jesus de Nazaré era o
Messias, e demonstrou que desde o tempo de Adão tinha sido a voz de Cristo a falar por intermédio dos
patriarcas e profetas.” – Idem, p. 159. (Veja a extensa lista de textos do Velho Testamento que se inclui
nas páginas 159-164.)
“Na proclamação final do evangelho, quando deve ser feito um trabalho especial pelas classes de pessoas
até aqui negligenciadas, Deus espera que os Seus mensageiros se interessem especialmente pelo povo
judeu, que pode ser encontrado em todas as partes da Terra.… Ao verem o Cristo da dispensação
evangélica retratado nas páginas das Escrituras do Antigo Testamento, e ao verem claramente como o
Novo Testamento explica o Antigo, as suas faculdades adormecidas despertarão e reconhecerão Cristo
como o Salvador do mundo. Muitos receberão Cristo pela fé como seu Redentor.” – Idem, pp. 270 e 271.
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:
O apóstolo Paulo abordava os Judeus do seu tempo baseado nas profecias messiânicas do Velho
Testamento. Até que ponto é essa abordagem útil nos nossos dias junto dos Judeus, sobretudo
judeus seculares que poderão nem sequer estar familiarizados com as profecias do Velho
Testamento? Que outros tipos de abordagens devem ser considerados para os judeus seculares,
bem como para quaisquer grupos de pessoas ainda não contactadas nos nossos dias?
De que modo podem as profecias da Bíblia ser úteis para aproximação mais efetiva junto dos
nossos amigos e vizinhos? Que abordagens devemos pôr em prática junto de pessoas que não
acreditam na autoridade da Bíblia? Por exemplo, de que modo poderia Daniel 2 ajudar alguém
num ambiente secular ou não bíblico a começar a confiar na Bíblia como a Palavra de Deus?
Sumário: Foi apresentada uma série de pontos importantes nesta semana inicial. Aquilo que devemos
reter, acima de tudo o mais, é quão importante a Palavra de Deus é na nossa vida, na nossa missão e no
nosso testemunho. Precisamos de estar fundamentados na Bíblia e nas verdades que esta ensina, não
apenas para nosso benefício próprio, mas também com o objetivo de sermos as testemunhas mais
eficazes possível.
Leitura Bíblica e Esp. Profecia: Lament. 1 e 2; Marc. 7:1-23; D. T. Nações, cap. 42.
Moderador
Texto-Chave: Atos 17:1-4
Com o Estudo desta Lição o Membro da Classe Vai:
Aprender: A reconhecer que o sofrimento e a morte de Cristo foram um cumprimento de profecia do
Velho Testamento.
Sentir: A certeza de que a sua fé não está mal aplicada, mas sim firmada no plano supremo de Deus para
salvar o mundo.
Fazer: Partilhar com outros a certeza da sua fé.
Esboço da Aprendizagem:
I. Aprender: Morto desde a Fundação do Mundo
Jesus é descrito em Apocalipse 13:8 como o “Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.” O que
é que isto indica sobre a natureza e a origem do plano de Deus para redimir o mundo?
Por que razão foi necessário Cristo sofrer e morrer a fim de o mundo poder ser restaurado? Por que
motivo Deus não passou simplesmente por alto o pecado de Adão e Eva?
O apóstolo Paulo refere-se a Cristo a “nossa páscoa” (I Cor. 5:7). Em que aspeto é que o Cordeiro Pascal é
um tipo de Cristo?
II. Sentir: Salvo por Outro
Se, pessoalmente, fosse o filho mais velho numa família judaica no Egito, durante a Páscoa, que tipo de
emoções acha que teria tido na manhã seguinte?
III. Fazer: Compelido a Partilhar
Até que ponto a sua gratidão pessoal pela dádiva gratuita que Deus fez da salvação o/a tem compelido a
viver uma vida dedicada a Ele?
Sumário:
O sofrimento e a morte de Cristo foram, em última análise, não um erro de justiça, mas o cumprimento
do plano de Deus para redimir o mundo. A compreensão disto pode levar-nos a ter confiança na Palavra
de Deus e no Seu amor por nós, tal como aconteceu com os novos crentes em Tessalónica.
CICLO DA APRENDIZAGEM
1.º PASSO – MOTIVAR!
Conceito-Chave para Crescimento Espiritual: O sofrimento e a morte de Cristo não foram uma falha
tremenda da justiça, mas sim parte do divino plano de Deus para lidar com o pecado e restaurar os
pecadores a uma comunhão ininterrupta com Ele.
Só para o Moderador: Vamos estudar esta semana a razão por que as Escrituras afirmam que foi
“necessário” que o Messias sofresse e morresse a fim de dar cumprimento ao plano de Deus para remir o
mundo.
No dia 5 de agosto de 2010, um desastre atingiu uma mina de metais preciosos no Chile, quando 700 mil
toneladas de rochas se desmoronaram no fosso principal da mina, sepultando 33 mineiros a mais de 800
metros de profundidade. As equipas de resgate já tinham praticamente perdido a esperança de
encontrar os homens com vida, mas finalmente, após 17 dias de perfurações de pequenos orifícios em
diferentes áreas da mina, uma das brocas voltou à superfície trazendo um bilhete amarrado a ela: “Os 33
de nós neste abrigo estamos bem.” Miraculosamente, os mineiros tinham sobrevivido, ainda que tenham
quase morrido de fome. Foram imediatamente traçados planos para escavar um túnel de resgate.
Embora muita gente ficasse frustrada por o túnel de resgate ter levado mais de dois meses a ser
perfurado, outras pessoas estavam preocupadas por o diâmetro do túnel, que se prolongava por
aproximadamente 700 metros através de rocha compacta, ser demasiado pequeno.
Que razão levou a que o túnel fosse tão estreito? Embora os engenheiros tivessem explicações
pormenorizadas, a simples resposta era que era “necessário” ser assim para que o resgate fosse bemsucedido. Um túnel de resgate mais largo, numa mina super explorada que já tinha mais de cem anos,
era simplesmente perigoso de mais.
Pense Nisto: A agonia dos mineiros chilenos tem um paralelismo na nossa necessidade de resgate
divino. Quanto dos pormenores sobre a “necessidade” do plano de resgate traçado por Deus precisamos
nós de compreender?
2.º PASSO – ANALISAR!
COMENTÁRIO BÍBLICO
I. A Necessidade do Sofrimento e Morte de Cristo
(Recapitule com a classe Atos 17:1-4.)
De acordo com Lucas, uma componente central da apresentação do evangelho feita por Paulo aos
Tessalonicenses foi o facto de o sofrimento e a morte de Cristo não serem um trágico engano, mas uma
“necessidade” divina. A palavra grega traduzida por “necessário” (dei) é uma palavra importante para
Lucas. Aparece dezoito vezes no Evangelho de Lucas e mais vinte e duas vezes em Atos. Lucas utiliza esta
palavra para indicar que os acontecimentos na vida de Jesus não foram meramente um resultado do
acaso, mas foram parte de um plano divino revelado nas Escrituras para a redenção da raça humana.
A primeira vez que Lucas usa esta palavra no seu Evangelho ocorre quando José e Maria em Jerusalém
perderam de vista Jesus, então com doze anos (Lucas 2:41-51). Quando finalmente O encontraram no
templo, Jesus disse que não se deviam surpreender por Ele ali estar, pois era “necessário” que Ele
tratasse dos negócios do Seu Pai. Esta mensagem básica surge múltiplas vezes em Lucas quando Jesus
falou de variados aspetos da Sua vida. Jesus falou da necessidade divina da Sua pregação do evangelho
(Lucas 4:43), da cura que Ele realizou da mulher paralítica num dia de Sábado (13:16), da Sua refeição na
casa de Zaqueu e, mais importante e mais frequentemente, da necessidade do Seu sofrimento, rejeição e
finalmente morte em Jerusalém (13:33; 17:25; 22:37; 24:7, 26).
Embora seja fácil perceber a “necessidade” por detrás de algumas destas ocorrências, como foi a cura de
uma pessoa em demonstração do amor de Deus, porque é que era “necessário” que Jesus também
sofresse e morresse como parte do plano de Deus para salvar o mundo? Não poderia Deus ter passado
por alto o pecado ou, ter-nos dado uma segunda oportunidade que dispensasse a Sua morte?
Embora passar por alto um pecado pudesse soar como uma coisa fácil de se fazer, Deus não o poderia
fazer sem pôr em causa a Sua justiça e santidade. O pecado não é um problema trivial. É algo
inteiramente contrário a Deus. O pecado é mau; causa sofrimento e provoca a morte. Ignorar o pecado
teria sido o equivalente a justificar a sua existência. Isto é algo que Deus não podia fazer. A Sua própria
natureza exigia que Deus tratasse do pecado. Contudo, como Deus de amor, Ele também queria oferecer
misericórdia aos pecadores.
A fim de, simultaneamente, ser justo no lidar com o pecado e ser misericordioso no lidar com pecadores,
Deus decidiu assumir sobre Si mesmo o castigo e a punição dos nossos pecados. Fê-lo enviando Jesus
para ser nosso Substituto. Jesus sofreu a morte que nós merecemos, de modo a que nós possamos ter a
vida que Ele merecia. É isto precisamente que Paulo explica em Romanos 3:26, onde afirma que a morte
de Jesus tornou possível Deus ser ao mesmo tempo “justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.”
Pense Nisto: A Bíblia descreve repetidamente Deus como sendo simultaneamente um Deus justo no
lidar com o pecado e um Deus de amor no lidar com os pecadores. Que imagens distorcidas se
formariam se realçássemos exageradamente, ou apenas realçássemos, um só desses atributos?
II. A “Loucura” da Cruz
(Recapitule com a classe Romanos 1:16.)
Embora os primeiros cristãos vissem o sofrimento e a morte de Cristo como uma parte “necessária” do
plano de Deus para salvar o mundo, os Judeus e os Gentios não pensavam assim. A ideia de que o
Messias há muito aguardado devia ser crucificado parecia ridícula aos olhos dos Judeus. Esperava-se que
o Messias viesse para derrotar os inimigos de Israel – e não para ser crucificado por eles. Os Romanos
também pensavam que os cristãos estavam enganados ao seguirem Jesus. Quem é que se lembraria de
adorar alguém que era, pelo menos na mente de um romano, um criminoso crucificado? Aos olhos do
mundo, a cruz era um objeto de vergonha e fracasso, não uma coisa digna de ser venerada.
Num pedaço de graffiti descoberto em Roma, que data aproximadamente do tempo do apóstolo Paulo,
podemos ter um vislumbre do tipo de escárnio e desprezo a que os cristãos estavam sujeitos em
resultado da sua fé. É muito interessante que esta descoberta, conhecida como o graffito de Alexamenos,
também parece ser o mais antigo desenho conhecido da crucificação de Jesus. Retrata uma cena de
crucificação, na qual o indivíduo na cruz tem cabeça de burro, mas corpo de homem. Ao lado da cruz,
está um moço ajoelhado em adoração. Rabiscada por baixo da cruz está esta declaração: “Alexandre
adora [o seu] deus.” A intenção é clara – os cristãos eram olhados como estúpidos por acreditarem em
Jesus. Neste tipo de ambiente, não admira que, quando escreveu aos Romanos, Paulo tivesse tido de lhes
lembrar que o evangelho de Jesus crucificado e ressuscitado não era uma coisa de que “se envergonhar”,
mas uma coisa de que se podiam gloriar (Rom. 1:16), pois foi através da “loucura” da Cruz (I Cor, 1:18)
que Cristo venceu o poder do pecado e da morte.
Pense Nisto: A mensagem da cruz de Jesus continua hoje a ser ridicularizada pelos descrentes. O que é
que se pode fazer para encorajar os que estão na Igreja a não se sentirem “envergonhados” da Cruz, mas
a perceberem a glória de que dela irradia?
3.º PASSO – PRATICAR!
Só para o Moderador: Anime os alunos da classe a utilizarem as perguntas que se seguem como meio
de pensarem, numa perspetiva bíblica, sobre a necessidade da morte de Cristo.
Perguntas para Reflexão:
Depois da ressurreição, Lucas narra como Jesus censurou dois discípulos na estrada para Emaús por não
perceberem que as Escrituras do Velho Testamento indicavam que era “necessário” que o Messias
sofresse e fosse rejeitado. Que acontecimentos e/ou histórias vê no Velho Testamento que apontam para
a “necessidade” da morte de Jesus?
Que histórias ou acontecimentos nas Escrituras poderiam ter parecido, num dado momento no tempo,
como fracassos ou erros de justiça, se o final das histórias não fosse já conhecido? De que modo é que
isto nos pode ajudar hoje na nossa caminhada cristã?
Perguntas para Aplicação:
Por que razão, no seu entender, a mensagem da Cruz continua a ser, nos dias de hoje, uma pedra de
tropeço para os seres humanos?
A realidade do sofrimento no mundo é uma das questões mais difíceis a impedir as pessoas de
acreditarem na existência de um Deus todo-poderoso e amoroso. Embora seja certo que não há
respostas fáceis e rápidas para o problema do sofrimento, que conforto e esperança podemos encontrar
na necessidade do sofrimento de Cristo em nosso favor?
O facto de Paulo ter tido de encorajar os cristãos em Roma para não se “envergonharem” do evangelho
(Rom. 1:16) indica que os cristãos tinham de enfrentar o ridículo em público por causa das crenças que
tinham. Em que aspetos são os cristãos ridicularizados na sociedade nos dias de hoje?
4.º PASSO – APLICAR!
Só para o Moderador: Muita gente não pensa realmente acerca de quão necessário era que Jesus viesse
como nosso Substituto. Aproveite a atividade que se segue para ajudar os membros da classe a
refletirem sobre esta questão, começando por analisar primeiro as suas próprias circunstâncias.
Atividade: Peça aos membros da classe que reflitam sobre acontecimentos da sua vida pessoal em que
foi necessário que alguém viesse em seu auxílio. O que é que teria acontecido sem essa ajuda? De que
maneira expressaram eles gratidão por isso? Depois de serem contadas várias histórias, dirija a troca de
impressões de novo para a lição, perguntando o que teria acontecido se Deus não tivesse feito por nós
aquilo que era “necessário”? De que maneira deveríamos nós estar a expressar a nossa gratidão para
com Ele por isso?
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Lição 1 01 de Julho a 07 de Julho O Evangelho