Introdução Em pleno Ano Sacerdotal, somos agraciados pela visita do Santo Padre à nossa Diocese de Lisboa. É uma especial presença do Sacerdócio de Cristo que nos confirma como Igreja congregada pela sabedoria da sua Palavra e nos projecta para a urgência da sua missão. Por isso, é um momento de renovarmos a esperança no caminho que Jesus Cristo tem para a nossa Igreja diocesana e para cada um dos seus membros. Nesse caminho, é e será sempre indispensável, a acção do Sacerdócio de Cristo na presença do nosso Bispo e do seu Presbitério. Os sacerdotes são a garantia sacramental da fidelidade de Cristo ao seu Povo, alimentando-o com os dons da sua vida de Ressuscitado. Por isso, precisamos de agradecer os sacerdotes, rezar pela sua fidelidade santificadora e pedir muitos mais para a nossa Igreja de Lisboa. O Laus Perene que iniciaremos no próximo dia 11 de Abril e decorrerá até à chegada do Santo Padre, pretende envolver toda a Diocese num grande movimento de adoração, voltado para Cristo Sacerdote. Expressaremos neste louvor permanente 3 grandes objectivos de oração: a santificação dos sacerdotes, a súplica por mais vocações sacerdotais e a fecundidade da visita papal. Para este movimento de oração há mais de 30 comunidades da nossa Diocese que garantem, ao longo de todo o mês, a continuidade noite e dia, da adoração ao Santíssimo Sacramento. Mas todas podem juntar-se alargando ainda mais a força orante das nossas comunidades. O presente guião é um modesto contributo para os dias de adoração. Reúne alguns elementos simples que podem ajudar na organização dos tempos individuais e comunitários de adoração. Por isso juntámos 3 esquemas para a Exposição do Santíssimo, bem como os mistérios do Rosário com propostas de meditação. Neste guião temos presente a figura marcante do Cura de Ars e, por consequência, juntamos uma pequena biografia e alguns textos de referência. A esperança cristã nasce da comunhão com Jesus Ressuscitado e essa é a missão dos sacerdotes: oferecer-nos Cristo vivo para caminharmos na esperança e sermos sacramento da esperança. A adoração de Cristo Eucarístico é acção de graças e profissão de fé em Cristo Sacerdote! I. EXPOSIÇÃO DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO ESQUEMA I 1. CÂNTICO (De acordo com os hábitos da comunidade. Deve ser de tonalidade eucarística ou sacerdotal.) 2. SAUDAÇÃO INICIAL (O sacerdote inicia a celebração com a forma habitual. Deve dirigir breves palavras à assembleia, convidando ao espírito de oração e recordando os 3 motivos principais deste movimento contínuo de louvor: a santificação dos sacerdotes no contexto do Ano Sacerdotal, a necessidade de vocações sacerdotais e a visita apostólica do Santo Padre ao nosso país. Pode ser ainda importante valorizar a dimensão diocesana deste percurso de adoração que atravessará todas as vigararias da Diocese.) 3. ORAÇÃO (Rezada pelo sacerdote ou, na falta dele, por quem estiver a conduzir a celebração.) Senhor Jesus, vinde ao nosso encontro na luz da vossa Palavra e na doçura da Presença Eucarística. Disponde o nosso coração a receber-Vos com amor e humildade para Vos seguirmos como discípulos fiéis. A Vós que sois Deus com o Pai na unidade do Espírito Santo. 4. CÂNTICO E EXPOSIÇÃO DO SANTÍSSIMO (Enquanto se canta um cântico de tonalidade eucarística, que suscite o louvor e a adoração, expõe-se o Santíssimo Sacramento no altar preparado para o efeito. Se o Santíssimo já está exposto, pode todavia cantar-se como forma de preparação para a escuta de Deus que se seguirá por meio da palavra da Igreja e da Sagrada Escritura.) 5. ESCUTA DA PALAVRA (Dispõem-se 3 leituras para serem proclamadas e rezadas durante a adoração. O salmo que se apresenta pode ser recitado por toda a assembleia. Podem-se alterar ou acrescentar leituras. Podem usar-se para estas leituras, se for conveniente, a biografia do Santo Cura de Ars ou então a Mensagem para o Dia das Vocações.) I LEITURA - Santo Padre Bento XVI, Audiência 5.8.2009 O que tornou santo o Cura d'Ars foi a sua fidelidade humilde à missão à qual Deus o tinha chamado; foi o seu abandono constante, cheio de confiança, nas mãos da Providência divina. Ele conseguiu sensibilizar o coração das pessoas não em virtude dos próprios dotes humanos, nem contando exclusivamente com um compromisso da vontade, por mais que este tenha sido louvável; conquistou as almas, mesmo as mais refractárias, comunicando-lhes o que vivia intimamente, ou seja, a sua amizade com Cristo. Foi "apaixonado" por Cristo, e o verdadeiro segredo do seu bom êxito pastoral foi o amor que nutria pelo Mistério eucarístico anunciado, celebrado e vivido, que se tornou amor pela grei de Cristo, os cristãos, e por todas as pessoas que procuram Deus. Caros irmãos e irmãs, o seu testemunho recorda-nos que para cada baptizado, e ainda mais para o presbítero, a Eucaristia "não é simplesmente um acontecimento com dois protagonistas, um diálogo entre Deus e eu. A Comunhão eucarística tende a uma transformação total da própria vida. Com força, abre de par em par todo o eu do homem e cria um novo nós". SALMO – Sl 15 Defendei-me, Senhor, Vós sois o meu refúgio. * Digo ao Senhor: «Vós sois o meu Deus, sois o meu único bem». Para os santos da terra, admiráveis em seu poder, * vai todo o meu afecto. Os que seguem deuses estranhos * redobrem as suas penas. Não serei eu a fazer-lhes libações de sangue * nem a invocar seus nomes com meus lábios. Senhor, porção da minha herança e do meu cálice, * está nas vossas mãos o meu destino. Couberam-me em partilha terras aprazíveis: * muito me agrada a minha sorte. Bendigo o Senhor por me ter aconselhado, * até de noite me inspira interiormente. O Senhor está sempre na minha presença, * com Ele a meu lado não vacilarei. Por isso o meu coração se alegra e a minha alma exulta, * e até o meu corpo descansa tranquilo. Vós não abandonareis a minha alma na mansão dos mortos, * nem deixareis o vosso fiel sofrer a corrupção. Dar-me-eis a conhecer os caminhos da vida, * alegria plena em vossa presença, † delícias eternas à vossa direita. EVANGELHO - Mt 4, 18-22 18Caminhando ao longo do mar da Galileia, Jesus viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. 19Disse-lhes: «Vinde comigo e Eu farei de vós pescadores de homens.» 20E eles deixaram as redes imediatamente e seguiram-no. 21Um pouco mais adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, os quais, com seu pai, Zebedeu, consertavam as redes, dentro do barco. Chamou-os, e 22eles, deixando no mesmo instante o barco e o pai, seguiram-no. 6. PRECES Confiemos ao Senhor, vivo e presente no meio de nós, as nossas necessidades e as de toda a Igreja, e digamos: Jesus, Sumo e Eterno sacerdote, ouvi-nos - Pelo Santo Padre, para que confirme a Igreja em Portugal, na união à Igreja Universal e na fidelidade a Jesus Cristo, oremos irmãos. - Pelo Senhor Patriarca e pelos Bispos seus auxiliares, para que sejam guardiães firmes da fé e profetas do Reino de Cristo Ressuscitado, oremos irmãos. - Pelos Padres da nossa Diocese, para que sejam testemunho permanente de Cristo Bom Pastor, oremos irmãos. - Pela nossa Igreja Diocesana que se prepara o encontro com Santo Padre, para que o receba com fé e alegria verdadeira, oremos irmãos. - Pelos nossos Seminários, para que sejam escolas de verdadeira amizade a Jesus e de fidelidade à missão da Igreja, oremos irmãos. - Pelos jovens e por todos aqueles que a quem Jesus interpela para uma vida de especial consagração, para que abram as portas do seu coração a Cristo, oremos irmãos. - Pelos Sacerdotes que já partiram desta vida, para que encontrem na vida eterna a paz em plenitude, oremos irmãos. 7. ORAÇÃO DO SANTO CURA DE ARS (Recitada apenas pelo sacerdote que preside ou então rezada por toda a assembleia.) Amo-te, meu Deus, e meu único desejo é amar-Te até o último respiro de minha vida. Amo-Te, ó Deus infinitamente amável, e prefiro morrer amando-Te do que viver um só instante sem amar-Te. Amo-Te, Senhor, e a única graça que peço é a de Te amar eternamente. Meu Deus, se a minha lingua não puder dizer a cada instante que Te amo, quero que meu coração o repita tantas vezes quantas eu respiro. Amo-Te, ó meu Deus Salvador, porque foste crucificado por mim, e me tens aqui crucificado por Ti. Meu Deus, dá-me a graça de morrer amando-Te e sabendo que Te amo. Amén. 8. BÊNÇÃO DO SANTÍSSIMO (Procede-se à bênção como é costume e, no caso de terminarem as 24 horas de adoração, repõe-se o Santíssimo Sacramento no sacrário. Caso contrário, contínua em exposição para adoração dos fiéis.) 9. CÂNTICO MARIANO (Esta pequena celebração termina com um cântico a Nossa Senhora, dos que forem mais habituais na comunidade. Não havendo possibilidade de cantar, pode fazer-se uma das oração marianas mais conhecidas.) ESQUEMA II 1. CÂNTICO (De acordo com os hábitos da comunidade. Deve ser de tonalidade eucarística ou sacerdotal.) 2. SAUDAÇÃO INICIAL (O sacerdote inicia a celebração com a forma habitual. Deve dirigir breves palavras à assembleia, convidando ao espírito de oração e recordando os 3 motivos principais deste movimento contínuo de louvor: a santificação dos sacerdotes no contexto do Ano Sacerdotal, a necessidade de vocações sacerdotais e a visita apostólica do Santo Padre ao nosso país. Pode ser ainda importante valorizar a dimensão diocesana deste percurso de adoração que atravessará todas as vigararias da Diocese.) 3. CÂNTICO E EXPOSIÇÃO DO SANTÍSSIMO (Enquanto se canta um cântico de tonalidade eucarística, que suscite o louvor e a adoração, expõe-se o Santíssimo Sacramento no altar preparado para o efeito. Se o Santíssimo já está exposto, pode todavia cantar-se como forma de preparação para a escuta de Deus que se seguirá por meio da palavra da Igreja e da Sagrada Escritura.) 4. ACLAMAÇÕES (Depois de exposto o Santíssimo Sacramento, dirigem-se a Jesus um conjunto de aclamações. Podem ser ditas em comum por toda a assembleia, ou então pronunciadas pelo presidente e repetidas pela assembleia.) - Bendito Jesus Cristo, Filho do Deus Vivo - Bendito Jesus Cristo, Fonte da Vida Eterna - Bendito Jesus Cristo, Único e Eterno Sacerdote - Bendito Jesus Cristo, Palavra Eterna de Deus - Bendito Jesus Cristo, Bom Pastor da Humanidade - Bendito Jesus Cristo, Esposo da Igreja - Bendito Jesus Cristo, Rei do Universo - Bendito Jesus Cristo, Rei dos Sacerdotes - Bendito Jesus Cristo, Consolador dos aflitos - Bendito Jesus Cristo, Esperança de todos os homens 5. ESCUTA DA PALAVRA (Dispõem-se 3 leituras para serem proclamadas e rezadas durante a adoração. O salmo que se apresenta pode ser recitado por toda a assembleia. Podem-se alterar ou acrescentar leituras. Podem usar-se para estas leituras, se for conveniente, a biografia do Santo Cura de Ars ou então a Mensagem para o Dia das Vocações.) I LEITURA – Santo Padre Bento XVI, Mensagem Dia Mundial Oração pelas Vocações, 2010 Elemento fundamental e comprovado de toda a vocação ao sacerdócio e à vida consagrada é a amizade com Cristo. Jesus vivia em constante união com o Pai, e isto suscitava nos discípulos o desejo de viverem a mesma experiência, aprendendo d’Ele a comunhão e o diálogo incessante com Deus. Se o sacerdote é o «homem de Deus», que pertence a Deus e ajuda a conhecê-Lo e a amá-Lo, não pode deixar de cultivar uma profunda intimidade com Ele e permanecer no seu amor, reservando tempo para a escuta da sua Palavra. A oração é o primeiro testemunho que suscita vocações. Tal como o apóstolo André comunica ao irmão que conheceu o Mestre, assim também quem quiser ser discípulo e testemunha de Cristo deve tê-Lo «visto» pessoalmente, deve tê-Lo conhecido, deve ter aprendido a amá-Lo e a permanecer com Ele. SALMO – Sl 62 Senhor, sois o meu Deus: desde a aurora Vos procuro. * A minha alma tem sede de Vós. Por Vós suspiro * como terra árida, sequiosa, sem água. Quero contemplar-Vos no santuário, * para ver o vosso poder e a vossa glória. A vossa graça vale mais que a vida: * por isso, os meus lábios hão-de cantar-Vos louvores. Assim Vos bendirei toda a minha vida * e em vosso louvor levantarei as mãos. Serei saciado com saborosos manjares * e com vozes de júbilo Vos louvarei. Quando no leito Vos recordo, * passo a noite a pensar em Vós. Porque Vos tornastes o meu refúgio, * exulto à sombra das vossas asas. Unido a Vós estou, Senhor, * a vossa mão me serve de amparo. EVANGELHO - Mt 16, 13-20 13Ao chegar à região de Cesareia de Filipe, Jesus fez a seguinte pergunta aos seus discípulos: «Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?» 14Eles responderam: «Uns dizem que é João Baptista; outros, que é Elias; e outros, que é Jeremias ou algum dos profetas.» 15Perguntou-lhes de novo: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» 16Tomando a palavra, Simão Pedro respondeu: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo.» 17Jesus disse-lhe em resposta: «És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas o meu Pai que está no Céu. 18Também Eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela. 19Dar-te-ei as chaves do Reino do Céu; tudo o que ligares na terra ficará ligado no Céu e tudo o que desligares na terra será desligado no Céu.» 20Depois, ordenou aos discípulos que a ninguém dissessem que Ele era o Messias. 6. PRECES Apresentemos ao Senhor Jesus, vivo no meio de nós, os clamores da nossa oração, e digamos cheios de confiança, Jesus Cristo, Deus Vivo e Verdadeiro, escutai-nos - Pelo Santo Padre e sua visita a Portugal - Pelo Senhor Patriarca e Bispos Auxiliares - Pelos sacerdotes e diáconos - Pelos sacerdotes em dificuldades - Pelos Seminários e Pré-Seminário - Pelos jovens em discernimento vocacional - Pelas famílias e pelas crianças - Pelos catequistas e educadores - Pelos nossos governantes - Pelos que vivem sem fé 7. ORAÇÃO DO SANTO CURA DE ARS (Recitada apenas pelo sacerdote que preside ou então rezada por toda a assembleia.) Amo-te, meu Deus, e meu único desejo é amar-Te até o último respiro de minha vida. Amo-Te, ó Deus infinitamente amável, e prefiro morrer amando-Te do que viver um só instante sem amar-Te. Amo-Te, Senhor, e a única graça que peço é a de Te amar eternamente. Meu Deus, se a minha lingua não puder dizer a cada instante que Te amo, quero que meu coração o repita tantas vezes quantas eu respiro. Amo-Te, ó meu Deus Salvador, porque foste crucificado por mim, e me tens aqui crucificado por Ti. Meu Deus, dá-me a graça de morrer amando-Te e sabendo que Te amo. Amén. 8. BÊNÇÃO DO SANTÍSSIMO (Procede-se à bênção como é costume e, no caso de terminarem as 24 horas de adoração, repõe-se o Santíssimo sacramento no sacrário. Caso contrário, contínua em exposição para adoração dos fiéis.) 9. CÂNTICO MARIANO (Esta pequena celebração termina com um cântico a Nossa Senhora, dos que forem mais habituais na comunidade. Não havendo possibilidade de cantar, pode fazer-se uma das oração marianas mais conhecidas.) ESQUEMA III 1. CÂNTICO (De acordo com os hábitos da comunidade. Deve ser de tonalidade eucarística ou sacerdotal.) 2. SAUDAÇÃO INICIAL (O sacerdote inicia a celebração com a forma habitual. Deve dirigir breves palavras à assembleia, convidando ao espírito de oração e recordando os 3 motivos principais deste movimento contínuo de louvor: a santificação dos sacerdotes no contexto do Ano Sacerdotal, a necessidade de vocações sacerdotais e a visita apostólica do Santo Padre ao nosso país. Pode ser ainda importante valorizar a dimensão diocesana deste percurso de adoração que atravessará todas as vigararias da Diocese.) 3. CÂNTICO E EXPOSIÇÃO DO SANTÍSSIMO (Enquanto se canta um cântico de tonalidade eucarística, que suscite o louvor e a adoração, expõe-se o Santíssimo Sacramento no altar preparado para o efeito. Se o Santíssimo já está exposto, pode todavia cantar-se como forma de preparação para a escuta de Deus que se seguirá por meio da palavra da Igreja e da Sagrada Escritura.) 4. ORAÇÃO (Rezada pelo sacerdote ou, na falta dele, por quem estiver a conduzir a celebração.) Senhor Jesus, Servo de Deus e da Humanidade, nós vos adoramos e glorificamos. Senhor Jesus, porque destes a vida por nós, dai-nos o vosso Espírito de amor para sermos também servidores da vossa missão de salvação e santificação. A Vós que sois Deus com o pai, na unidade do Espírito Santo. 5. ESCUTA DA PALAVRA (Dispõem-se 3 leituras para serem proclamadas e rezadas durante a adoração. O salmo que se apresenta pode ser recitado por toda a assembleia. Podem-se alterar ou acrescentar leituras. Podem usar-se para estas leituras, se for conveniente, a biografia do Santo Cura de Ars ou então a Mensagem para o Dia das Vocações.) I LEITURA - D. José Policarpo, Carta, 14.6.2009 A verdade, qualidade e densidade da celebração eucarística está no centro. É aí que encontramos, na harmonia do mesmo mistério, o povo sacerdotal e os seus sacerdotes. É na Eucaristia que se descobre e aprofunda o dom do sacerdócio. Isto sugere e exige que a celebração eucarística se prolongue na adoração eucarística. Aí se escuta o Senhor e se percebe o chamamento à santidade, dos sacerdotes e do povo sacerdotal. Espero que se reestruture a prática do Sagrado Lausperene, adoração continuada e ininterrupta na nossa diocese e que todas as comunidades encontrem, ao ritmo possível, a prática da adoração eucarística. Quando se adora com fé o Senhor na Eucaristia, escutamos melhor a sua Palavra. Só esta nos abrirá o coração para a compreensão deste maravilhoso dom de participação no sacerdócio de Cristo. SALMO – Sl 114 Amo o Senhor * porque ouviu a voz da minha súplica. Ele me atendeu * no dia em que O invoquei. Apertaram-me os laços da morte, * caíram sobre mim as angústias do além, † vi-me na aflição e na dor. Então invoquei o nome do Senhor: * «Senhor, salvai a minha alma». Justo e compassivo é o Senhor, * o nosso Deus é misericordioso. O Senhor guarda os simples: * estava sem forças e o Senhor salvou-me. Volta, minha alma, ao teu descanso, * porque o Senhor foi bom para contigo. Livrou da morte a minha alma, * das lágrimas os meus olhos, da queda os meus pés. Andarei na presença do Senhor * sobre a terra dos vivos. EVANGELHO - Jo 13, 1-17 1Antes da festa da Páscoa, Jesus, sabendo bem que tinha chegado a sua hora da passagem deste mundo para o Pai, Ele, que amara os seus que estavam no mundo, levou o seu amor por eles até ao extremo. 2O diabo já tinha metido no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, a decisão de o entregar. 3Enquanto celebravam a ceia, Jesus, sabendo perfeitamente que o Pai tudo lhe pusera nas mãos, e que saíra de Deus e para Deus voltava, 4levantou-se da mesa, tirou o manto, tomou uma toalha e atou-a à cintura. 5Depois deitou água na bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugá-los com a toalha que atara à cintura. 6Chegou, pois, a Simão Pedro. Este disse-lhe: «Senhor, Tu é que me lavas os pés?» 7Jesus respondeu-lhe: «O que Eu estou a fazer tu não o entendes por agora, mas hás-de compreendê-lo depois.» 8Disse-lhe Pedro: «Não! Tu nunca me hás-de lavar os pés!» Replicou-lhe Jesus: «Se Eu não te lavar, nada terás a haver comigo.» 9Disse-lhe, então, Simão Pedro: «Ó Senhor! Não só os pés, mas também as mãos e a cabeça!» 10Respondeu-lhe Jesus: «Quem tomou banho não precisa de lavar senão os pés, pois está todo limpo. E vós estais limpos, mas não todos.» 11Ele bem sabia quem o ia entregar; por isso é que lhe disse: ‘Nem todos estais limpos’. 12Depois de lhes ter lavado os pés e de ter posto o manto, voltou a sentar-se à mesa e disse-lhes: 13«Compreendeis o que vos fiz? Vós chamais-me ‘o Mestre’ e ‘o Senhor’, e dizeis bem, porque o sou. 14Ora, se Eu, o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. 15Na verdade, dei-vos exemplo para que, assim como Eu fiz, vós façais também. 16Em verdade, em verdade vos digo, não é o servo mais do que o seu Senhor, nem o enviado mais do que aquele que o envia. 17Uma vez que sabeis isto, sereis felizes se o puserdes em prática. 6. Acção de Graças Na presença de Jesus Cristo Ressuscitado, elevemos a nossa gratidão, reconhecida pela sua imensa bondade e digamos: Bendito sejais Senhor Jesus - Pelo dom do sacerdócio na vida Igreja - Pelo ministério da comunhão do Santo Padre - Pelo ministério apostólico do Senhor Patriarca - Pelo testemunho e fidelidade dos sacerdotes - Pela esperança dos nossos Seminários - Pelos jovens que abrem aos apelos de Deus - Pelas famílias que acolhem vocações - Pelos sacerdotes santos que já habitam a eternidade 7. ORAÇÃO DO SANTO CURA DE ARS (Recitada apenas pelo sacerdote que preside ou então rezada por toda a assembleia.) Amo-te, meu Deus, e meu único desejo é amar-Te até o último respiro de minha vida. Amo-Te, ó Deus infinitamente amável, e prefiro morrer amando-Te do que viver um só instante sem amar-Te. Amo-Te, Senhor, e a única graça que peço é a de Te amar eternamente. Meu Deus, se a minha lingua não puder dizer a cada instante que Te amo, quero que meu coração o repita tantas vezes quantas eu respiro. Amo-Te, ó meu Deus Salvador, porque foste crucificado por mim, e me tens aqui crucificado por Ti. Meu Deus, dá-me a graça de morrer amando-Te e sabendo que Te amo. Amén. 8. BÊNÇÃO DO SANTÍSSIMO (Procede-se à bênção como é costume e, no caso de terminarem as 24 horas de adoração, repõe-se o Santíssimo sacramento no sacrário. Caso contrário, contínua em exposição para adoração dos fiéis.) 9. CÂNTICO MARIANO (Esta pequena celebração termina com um cântico a Nossa Senhora, dos que forem mais habituais na comunidade. Não havendo possibilidade de cantar, pode fazer-se uma das oração marianas mais conhecidas.) II. ROSÁRIO (Rezar o Rosário segundo o costume em cada comunidade, oferecendo em cada mistério uma intenção pelo Ano Sacerdotal, pelas Vocações ou pela visita do Santo Padre Bento XVI a Portugal, como se indica a seguir para cada mistério) Mistérios Gozosos (2ª e Sábado) 1º. Mistério: A Anunciação do Anjo à Virgem Nossa Senhora Santa Maria, Mãe da Igreja, vos pedimos neste mistério que intercedeis junto do vosso Filho, nosso Bom Pastor, para que as comunidades cristãs sejam lugar fecundo do germinar de vocações, de modo que não falte ao povo de Deus quem o conduza nos caminhos da Palavra de Deus. 2º. Mistério: A Visitação de Nª Srª à sua prima Sta. Isabel Santa Maria, Mãe dos Sacerdotes, neste Ano Sacerdotal suscitai nos cristãos uma verdadeira amizade espiritual para com os seus pastores, de modo que os Sacerdotes encontrem irmãos leigos com quem possam partilhar, sonhar e construir a Igreja de Deus e o seu Reino. 3º. Mistério: O Nascimento de Jesus em Belém Santa Maria, Mãe dos Sacerdotes, velai pelos seminaristas e pelos sacerdotes, para que a semente de entrega e serviço que nasceu nos seus corações, não seque diante da aridez do mundo, mas como árvores bem enraizadas produzam sempre fruto abundante. 4º. Mistério: A Apresentação de Jesus no Templo Santa Maria, Mãe da Igreja, tomai sob a vossa protecção o Santo Padre e o seu ministério, para que a sua visita a Portugal venha consolidar a fé do povo português que tanto em vós confia. A visita do Santo Padre Bento XVI, seja um tempo forte de celebração e revitalização da vida cristã nestas terras que são vossas. 5º. Mistério: Perda e Encontro de Jesus no Templo entre os Doutores Santa Maria, Mãe dos Sacerdotes, guardai sob o vosso manto protector os pais, irmãos e demais familiares dos sacerdotes, para que, tal como vós, se alegrem por terem dado alguém que na Casa do Pai celebra o mistério de Cristo e no mundo O testemunha de forma tão interpeladora. Mistérios Luminosos (5ª feira) 1º. Mistério: O Baptismo de Jesus no Jordão Rezemos este mistério para que todos os baptizados, homens e mulheres, que recebem pelo baptismo o sacerdócio comum dos fiéis, participem do Sacerdócio de Cristo e colaborem com os seus pastores na missão de evangelizar, santificar e pastorear. Fiéis e sacerdotes, unidos a Jesus, Único Sacerdote, vivam este dom e esta responsabilidade. 2º. Mistério: A Auto-revelação do Senhor nas Bodas de Caná Rezemos este mistério para que no Ano Sacerdotal todo o Povo de Deus redescubra a beleza e a importância do Sacerdócio em cada um dos padres que, dizendo sim a Deus, desejam ajudar os irmãos a encontrar Cristo e a viver segundo a sua Palavra. 3º. Mistério: O Anúncio do Reino de Deus e Convite à Conversão Rezemos este mistério para que no Ano Sacerdotal os padres cresçam em perfeição espiritual, percorrendo com o povo que lhes é confiado um caminho de conversão e fidelidade a Cristo, e assim o seu ministério seja mais eficaz na palavra e no testemunho de vida. 4º. Mistério: A Transfiguração no Tabor Rezemos este mistério para que os artistas continuem a deixar-se interpelar e sentir atraídos pela sabedoria e beleza de Cristo. Peçamos ainda pelo encontro do Santo Padre com o mundo da cultura em Lisboa, para que os homens e mulheres que buscam a verdade e o belo se deixem seduzir pela Via da Beleza. 5º. Mistério: A Instituição da Eucaristia Rezemos este mistério para que no Ano Sacerdotal todo o Povo de Deus, diante do mistério da Eucaristia e na comunhão do Corpo de Cristo, compreenda cada vez mais a importância do papel e da missão do sacerdote na Igreja e na sociedade contemporânea, e dê graças a Deus pelas vocações sacerdotais. Mistérios Dolorosos (3ª e 6ª feira) 1º. Mistério: A Agonia de Jesus no Horto Peçamos ao Pai, pelos sacerdotes que se encontram debilitados pela doença ou outra circunstância, para que vivam na oblação de si mesmos, unidos a Cristo crucificado, na alegria de poderem realizar a vontade do Pai até ao fim, e não lhes falte o acolhimento e companhia por parte dos irmãos na fé e no presbitério. 2º. Mistério: A Flagelação de Jesus Peçamos ao Pai, pelo encontro do Santo Padre com os representantes políticos do Estado e do Governo do nosso País, para que sob a protecção do Anjo de Portugal, seja um momento de verdadeiro diálogo em favor da construção do bem comum e da edificação de uma cidade dos homens mais respeitadora da dignidade humana. 3º. Mistério: A Coroação de Espinhos de Nosso Senhor Peçamos ao Pai, para que os nossos seminários sejam lugar propício onde os seminaristas possam discernir a sua vocação e aprendam o sentido da generosidade e do serviço, crescendo sempre na compaixão para com o Povo de Deus. 4º. Mistério: Jesus com a Cruz às Costas a Caminho do Calvário Peçamos ao Pai, pelo encontro do Santo Padre com os membros de organizações da Pastoral Social, na igreja da Santíssima Trindade em Fátima, para que movidos pela caridade evangélica, prolonguem no mundo os gestos de Jesus em favor dos mais frágeis ou carenciados, e não lhes falte a força da esperança para exercerem esta missão. 5º. Mistério: Jesus Morre na Cruz Peçamos ao Pai para que, pela acção do Espírito Santo derramado por Jesus Cristo em nossos corações, encha os sacerdotes do amor ardente do Coração de Cristo, para amarem o povo que lhes é confiado, e encha os corações dos fiéis para que este amor nos impulsione a fazer tudo o que estiver ao nosso alcance em favor dos sacerdotes neste Ano Sacerdotal. Mistérios Gloriosos (4ª e Domingo) 1º. Mistério: A Ressurreição de Nosso Senhor Peçamos a Nossa Senhora que no Ano Sacerdotal os sacerdotes consolidem a consciência da sua identidade e presença visível nos âmbitos da cultura e da caridade, reconheçam a urgência do contributo único e insubstituível que têm a dar à sociedade enquanto anunciadores e testemunhos dos valores do Reino de Deus e de Cristo Ressuscitado. 2º. Mistério: A Ascensão de Nosso Senhor ao Céu Peçamos a Nossa Senhora que vele pelos pré-seminaristas que dão os primeiros passos na abertura e disponibilidade para um percurso vocacional, de modo a que cresçam na oração, na humanidade, no amor a Cristo e à Igreja. 3º. Mistério: A Descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos e Maria Santíssima Peçamos a Nossa Senhora, Rainha dos Apóstolos, pelo encontro do Santo Padre com os Bispos de Portugal, padres, religiosos, seminaristas e diáconos, para que em verdadeira comunhão eclesial e pastoral, a exemplo do Santo Cura d’Ars, padroeiro mundial dos sacerdotes, se sintam vivamente chamados à santidade. 4º. Mistério: A Assunção de Nossa Senhora ao Céu Peçamos a Nossa Senhora, Auxiliadora do Povo Cristão, que interceda junto do seu Filho, pelas dioceses que têm carência de padres, pelas paróquias sem pastor, pelas zonas por evangelizar, para que mais jovens e homens oiçam o apelo de Deus e do seu povo, e aceitem, com alegria e disponibilidade, fazer um caminho de discernimento vocacional. 5º. Mistério: A Coroação de Nossa Senhora como Rainha dos Anjos e dos Santos Peçamos a Nossa Senhora, Estrela da Esperança, para que as celebrações do treze de Maio em Fátima com o Santo Padre, sejam ocasião de renovação da esperança que salva e de confirmação da fé católica que com Maria nos faz percorrer os caminhos que levam ao Coração de Cristo. III. Vida do Santo Cura d’Ars, S. João Maria Vianney Nascido a 8 de Maio de 1786 em Dardilly, próximo de Lyon, numa família de lavradores, João Maria Vianney tem uma infância marcada pelo fervor e pelo amor de seus pais. O contexto da Revolução Francesa exercerá forte influência sobre sua juventude: fará sua primeira confissão aos pés do grande relógio da sala de estar de sua casa, e não na igreja do povoado, e receberá a absolvição de um sacerdote clandestino. Dois anos mais tarde, faz sua primeira comunhão num celeiro, durante uma Missa clandestina celebrada por um sacerdote rebelde. Aos 17 anos, decide responder ao chamamento de Deus: “Gostaria de ganhar almas para o Bom Deus”, dirá a sua mãe, Marie Béluze. O seu pai, porém, opõe-se a esse projeto durante dois anos, pois faltavam braços na lavoura familiar. Aos 20 anos, começa a preparar-se para o sacerdócio com o abade Balley, pároco de Écully. As dificuldades fá-lo-ão crescer: passa rapidamente do abatimento à esperança, vai em peregrinação ao sepulcro de São François Régis, em Louvesc. Vê-se obrigado a desertar, quando foi chamado a entrar para o exército para lutar na guerra na Espanha. Mas o abade Balley saberá ajudá-lo nesses anos caracterizados por uma série de provações. Ordenado sacerdote, em 1815, passa uma primeira temporada como vigário de Écully. Em 1818, é enviado a Ars. Ali, desperta a fé dos seus paroquianos com as suas pregações mas, sobretudo, com a sua oração e o seu estilo de vida. Sente-se pobre diante da missão que tem a realizar, mas deixa-se envolver pela misericórdia de Deus. Restaura e decora a igreja, funda um orfanato, a que dá o nome de “A Providência”, e cuida dos mais pobres. Muito rapidamente, sua reputação de confessor atrai muitos peregrinos, que vêm buscar com ele o perdão de Deus e a paz do coração. Assaltado por provações e lutas interiores, mantém o seu coração bem arraigado no amor a Deus e aos irmãos; a sua única preocupação é a salvação das almas. As suas aulas de catecismo e as suas homilias falam sobretudo da bondade e da misericórdia de Deus. Sacerdote que se consome de amor diante do Santíssimo Sacramento, doado inteiramente a Deus, aos seus paroquianos e aos peregrinos, morre em 4 de agosto de 1859, depois de uma entrega até ao extremo do Amor. A sua pobreza não era simulada. Sabia que estava fadado a morrer como “prisioneiro do confessionário”. Três vezes tentou fugir da sua paróquia, acreditando-se indigno da missão de pároco e pensando ser mais um obstáculo à bondade de Deus que um condutor do seu Amor. A última tentativa de fuga ocorreu menos de seis anos antes de morrer. Foi interceptado pelos seus paroquianos, que tinham feito soar o alarme no meio da noite. Voltou, então, à sua igreja e pôs-se a confessar até à uma da manhã. No dia seguinte, diria: “Comportei-me como uma criança”. No seu funeral, havia mais de mil pessoas, entre as quais o bispo e todos os sacerdotes da diocese, que vinham abraçar aquele que já era o seu modelo. Beatificado em 8 de janeiro de 1905, foi declarado no mesmo ano “Padroeiro dos Sacerdotes da França”. Canonizado por Pio XI em 1925, mesmo ano da canonização de Santa Teresa do Menino Jesus, será proclamado em 1929 “Padroeiro de Todos os Párocos do Universo”. O Papa João Paulo II visitou Ars em 1986. IV. O padre, o homem da alegria e da esperança* Bento XVI São João Maria Vianney sublinhava o papel indispensável do padre ao dizer: «Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus: nisto reside o maior tesouro que Deus pode conceder a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina»1. Neste Ano Sacerdotal, somos todos chamados a explorar e redescobrir a grandeza do sacramento que nos configurou para sempre com Cristo Sumo Sacerdote e que a todos nos consagrou, «por meio da Verdade»2. Escolhido de entre os homens, o padre continua a ser um deles e é chamado a servi-los, dando-lhes a vida de Deus. É ele que «continua a obra da redenção, sobre a terra»3. A nossa vocação sacerdotal é um tesouro que transportamos em vasos de barro4. São Paulo exprimiu com alegria a distância infinita que existe entre a nossa vocação e a pobreza das respostas que podemos dar a Deus. Deste ponto de vista, há um elo secreto que une o Ano Paulino ao Ano Sacerdotal: guardamos ainda nos nossos ouvidos e no íntimo do nosso coração a exclamação emocionada e confiante do Apóstolo que disse: «Pois quando sou fraco, então é que sou forte»5. A consciência desta fraqueza abre-nos à intimidade de Deus, que dá força e alegria. Quanto mais o padre persevera na amizade de Deus, melhor continuará a obra do Redentor sobre a terra6. O padre não é para si, é para todos7. É aí que verdadeiramente reside um dos desafios mais importantes do nosso tempo. Sendo o padre, certamente, um homem da Palavra divina e do sagrado, deve hoje, mais do que nunca, ser um homem de alegria e de esperança. Aos homens, que não entendem que Deus seja puro Amor, ele afirmará sempre que a vida vale a pena ser vivida e que Cristo lhe dá todo o sentido visto que ama os homens, todos os homens. A religião do Cura d’Ars é uma religião de felicidade, não uma procura mórbida de purificação, como por vezes se julgava: «A nossa felicidade é demasiado grande; não, não, nunca a compreenderemos»8, dizia ele, e também: «Quando vamos de viagem e vemos um campanário, essa visão deve fazer bater o nosso coração como bate o coração da esposa à vista do telhado da casa onde mora o seu bem-amado»9. Aqui, quero saudar com um especial carinho os padres que têm a seu cargo pastoral várias paróquias e se consomem sem medida para manter a vida sacramental nas suas várias comunidades. O * Este texto é a transcrição da vídeo-mensagem enviada pelo papa Bento XVI aos sacerdotes, reunidos em retiro em Ars, no dia 29 de Setembro de 2009. Nesse retiro, cujo orador principal foi o cardeal Christoph Schönborn, participaram 1200 padres, oriundos de 78 países diferentes. 1 Le Curé d’Ars. Pensées, Pensamentos do Cura d’Ars apresentados pelo padre NODET, col. «Foi Vivante», Desclée de Brouver, 2000, p. 101. 2 Jo 17, 19. 3 NODET, p. 98. 4 Cf. 2 Cor 4, 7. 5 2 Cor 12, 10. 6 Cf. NODET, p. 98. 7 Cf. Ibidem, p. 100. 8 Ibidem, p. 110. 9 Ibidem. reconhecimento da Igreja por todos eles é imenso! Não percam a coragem, mas continuem a rezar e a pedir orações para que muitos jovens aceitem responder ao chamamento de Cristo, que não cessa de querer fazer crescer o número dos seus apóstolos para a sua messe. Que cada sacerdote pense também na grande diversidade dos ministérios que exerce ao serviço da Igreja. Que pense no grande número de missas que celebrou ou celebrará, tornando Cristo realmente presente sobre o altar em cada uma delas. Que pense nas inúmeras absolvições que deu e dará, permitindo que cada pecador se levante novamente. Perceberá, então, a fecundidade infinita do sacramento da Ordem. As suas mãos e os seus lábios tornaram-se, instantaneamente, mãos e lábios de Deus. Ele traz Cristo em si; e, pela graça, entrou na Santíssima Trindade. Como dizia o Santo Cura: «Se tivéssemos fé, veríamos Deus escondido no sacerdote, como uma luz por detrás de um vidro, como vinho misturado com água»10. Estas considerações devem levar a harmonizar as relações entre os padres, tendo em vista realizar a comunidade sacerdotal, à qual exortava São Pedro11, para edificar o Corpo de Cristo e edificar-Vos no amor12. O padre é o homem do futuro: aquele que levou a sério as palavras de Paulo: «Já que fostes ressuscitados com Cristo, procurai as coisas do alto!»13 O que ele faz na terra é da ordem dos meios ordenados ao Fim último. A Missa é esse ponto único de junção entre os meios e o Fim, uma vez que já nos permite contemplar, sob a humilde aparência do pão e do vinho, o Corpo e o Sangue daquele que adoraremos na eternidade. As frases simples e densas do Santo Cura sobre a Eucaristia ajudam-nos a apercebermo-nos melhor da riqueza desse momento único do dia, no qual vivemos um face-a-face vivificante para nós próprios e para cada um dos fiéis. Ele escrevia: «Não entenderemos a felicidade de celebrar a missa, senão no céu!»14 É por isso que eu encorajo os padres a fortificarem a sua fé e a fé dos seus fiéis no Sacramento que celebram e que é a fonte da verdadeira alegria. O Santo de Ars exclamava: «O padre deve ter a mesma alegria [que os Apóstolos], vendo Nosso Senhor que tem nas mãos»15. Dando graças pelo que é e faz cada padre, digo de novo: «Nada poderá jamais substituir o ministério dos padres no coração da Igreja!»16 Testemunhas vivas do poder de Deus a trabalhar na fraqueza dos homens, consagrados para a salvação do mundo, os padres continuam a ser escolhidos pelo próprio Cristo, a fim de serem, graças a Ele, sal da terra e luz do mundo. Possa cada um experimentar de modo profundo o «Íntimo indizível»17 para estar perfeitamente unido a Cristo, para anunciar o seu Amor à sua volta e estar inteiramente dedicado ao serviço da santificação de todos os membros do Povo de Deus. 10 Ibidem, p. 97. Cf. 1 Pe 2, 9. Cf. Ef 4, 11-16. 13 Cl 3, 1. 14 NODET, p. 104. 15 Ibidem. 16 Homilia na Missa de 13 de Setembro de 2008, na Praça dos Inválidos, em Paris. 17 Santo AGOSTINHO, Confissões, III, BA 13, p. 383. 11 12 V. MENSAGEM DO SANTO PADRE PARA O 47º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES (25 DE ABRIL DE 2010 - IV DOMINGO DE PÁSCOA) Tema: O testemunho suscita vocações. Veneráveis Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio, Amados Irmãos e Irmãs! O 47º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que será celebrado no IV Domingo de Páscoa – Domingo do «Bom Pastor» –, a 25 de Abril de 2010, oferece-me a oportunidade de propor à vossa reflexão um tema que quadra bem com o Ano Sacerdotal: O testemunho suscita vocações. De facto, a fecundidade da proposta vocacional depende primariamente da acção gratuita de Deus, mas é favorecida também – como o confirma a experiência pastoral – pela qualidade e riqueza do testemunho pessoal e comunitário de todos aqueles que já responderam ao chamamento do Senhor no ministério sacerdotal e na vida consagrada, pois o seu testemunho pode suscitar noutras pessoas o desejo de, por sua vez, corresponder com generosidade ao apelo de Cristo. Assim, este tema apresenta-se intimamente ligado com a vida e a missão dos sacerdotes e dos consagrados. Por isso, desejo convidar todos aqueles que o Senhor chamou para trabalhar na sua vinha a renovarem a sua fidelidade de resposta, sobretudo neste Ano Sacerdotal que proclamei por ocasião dos 150 anos de falecimento de São João Maria Vianney, o Cura d’Ars, modelo sempre actual de presbítero e pároco. Já no Antigo Testamento os profetas tinham consciência de que eram chamados a testemunhar com a sua vida aquilo que anunciavam, prontos a enfrentar mesmo a incompreensão, a rejeição, a perseguição. A tarefa, que Deus lhes confiara, envolvia-os completamente, como um «fogo ardente» no coração impossível de conter (cf. Jr 20,9), e, por isso, estavam prontos a entregar ao Senhor não só a voz, mas todos os elementos da sua vida. Na plenitude dos tempos, será Jesus, o enviado do Pai (cf. Jo 5,36), que, através da sua missão, testemunha o amor de Deus por todos os homens sem distinção, com especial atenção pelos últimos, os pecadores, os marginalizados, os pobres. Jesus é a suprema Testemunha de Deus e da sua ânsia de que todos se salvem. Na aurora dos novos tempos, João Baptista, com uma vida gasta inteiramente para preparar o caminho a Cristo, testemunha que, se cumprem, no Filho de Maria de Nazaré, as promessas de Deus. Quando O vê chegar ao rio Jordão, onde estava a baptizar, João indica-O aos seus discípulos como «o cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo» (Jo 1,29). O seu testemunho é tão fecundo que dois dos seus discípulos, «ouvindo o que ele tinha dito, seguiram Jesus» (Jo 1,37). Também a vocação de Pedro, conforme no-la descreve o evangelista João, passa pelo testemunho de seu irmão André; este, após ter encontrado o Mestre e aceite o seu convite para permanecer com Ele, logo sente necessidade de comunicar a Pedro aquilo que descobriu «permanecendo» junto do Senhor: «“Encontrámos o Messias” (que quer dizer Cristo). E levou-o a Jesus» (Jo 1,41-42). O mesmo aconteceu com Natanael – Bartolomeu –, graças ao testemunho doutro discípulo, Filipe, que cheio de alegria lhe comunica a sua grande descoberta: «Acabámos de encontrar Aquele de quem escreveu Moisés na Lei e que os Profetas anunciaram: é Jesus, o filho de José, de Nazaré» (Jo 1,45). A iniciativa livre e gratuita de Deus cruza-se com a responsabilidade humana daqueles que acolhem o seu convite, e interpela-os para se tornarem, com o próprio testemunho, instrumentos do chamamento divino. O mesmo acontece, ainda hoje, na Igreja: Deus serve-se do testemunho de sacerdotes fiéis à sua missão, para suscitar novas vocações sacerdotais e religiosas para o serviço do seu Povo. Por esta razão, desejo destacar três aspectos da vida do presbítero, que considero essenciais para um testemunho sacerdotal eficaz. Elemento fundamental e comprovado de toda a vocação ao sacerdócio e à vida consagrada é a amizade com Cristo. Jesus vivia em constante união com o Pai, e isto suscitava nos discípulos o desejo de viverem a mesma experiência, aprendendo d’Ele a comunhão e o diálogo incessante com Deus. Se o sacerdote é o «homem de Deus», que pertence a Deus e ajuda a conhecê-Lo e a amá-Lo, não pode deixar de cultivar uma profunda intimidade com Ele e permanecer no seu amor, reservando tempo para a escuta da sua Palavra. A oração é o primeiro testemunho que suscita vocações. Tal como o apóstolo André comunica ao irmão que conheceu o Mestre, assim também quem quiser ser discípulo e testemunha de Cristo deve tê-Lo «visto» pessoalmente, deve tê-Lo conhecido, deve ter aprendido a amá-Lo e a permanecer com Ele. Outro aspecto da consagração sacerdotal e da vida religiosa é o dom total de si mesmo a Deus. Escreve o apóstolo João: «Nisto conhecemos o amor: Jesus deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos» (1 Jo 3,16). Com estas palavras, os discípulos são convidados a entrar na mesma lógica de Jesus que, ao longo de toda a sua vida, cumpriu a vontade do Pai até à entrega suprema de Si mesmo na cruz. Manifestase aqui a misericórdia de Deus em toda a sua plenitude; amor misericordioso que derrotou as trevas do mal, do pecado e da morte. A figura de Jesus que, na Última Ceia, Se levanta da mesa, depõe o manto, pega numa toalha, ata-a à cintura e Se inclina a lavar os pés aos Apóstolos, exprime o sentido de serviço e doação que caracterizou toda a sua vida, por obediência à vontade do Pai (cf. Jo 13,3-15). No seguimento de Jesus, cada pessoa chamada a uma vida de especial consagração deve esforçar-se por testemunhar o dom total de si mesma a Deus. Daqui brota a capacidade para se dar depois àqueles que a Providência lhe confia no ministério pastoral, com dedicação plena, contínua e fiel, e com a alegria de fazer-se companheiro de viagem de muitos irmãos, a fim de que se abram ao encontro com Cristo e a sua Palavra se torne luz para o seu caminho. A história de cada vocação cruza-se quase sempre com o testemunho de um sacerdote que vive jubilosamente a doação de si mesmo aos irmãos por amor do Reino dos Céus. É que a presença e a palavra de um padre são capazes de despertar interrogações e de conduzir mesmo a decisões definitivas (cf. João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, 39). Um terceiro aspecto que, enfim, não pode deixar de caracterizar o sacerdote e a pessoa consagrada é viver a comunhão. Jesus indicou, como sinal distintivo de quem deseja ser seu discípulo, a profunda comunhão no amor: «É por isto que todos saberão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros» (Jo 13,35). De modo particular, o sacerdote deve ser um homem de comunhão, aberto a todos, capaz de fazer caminhar unido todo o rebanho que a bondade do Senhor lhe confiou, ajudando a superar divisões, sanar lacerações, aplanar contrastes e incompreensões, perdoar as ofensas. Em Julho de 2005, no encontro com o Clero de Aosta, afirmei que os jovens, se virem os sacerdotes isolados e tristes, com certeza não se sentirão encorajados a seguir o seu exemplo. Levados a considerar que tal possa ser o futuro de um padre, vêem aumentar a sua hesitação. Torna-se importante, pois, realizar a comunhão de vida, que lhes mostre a beleza de ser sacerdote. Então, o jovem dirá: «Isto pode ser um futuro também para mim, assim pode-se viver» (Insegnamenti, vol. I/2005, 354). O Concílio Vaticano II, referindo-se ao testemunho capaz de suscitar vocações, destaca o exemplo de caridade e de fraterna cooperação que devem oferecer os sacerdotes (cf. Decreto Optatam totius, 2). Apraz-me recordar o que escreveu o meu venerado predecessor João Paulo II: «A própria vida dos padres, a sua dedicação incondicional ao rebanho de Deus, o seu testemunho de amoroso serviço ao Senhor e à sua Igreja – testemunho assinalado pela opção da cruz acolhida na esperança e na alegria pascal –, a sua concórdia fraterna e o seu zelo pela evangelização do mundo são o primeiro e mais persuasivo factor de fecundidade vocacional» (Pastores dabo vobis, 41). Poder-se-ia afirmar que as vocações sacerdotais nascem do contacto com os sacerdotes, como se fossem uma espécie de património precioso comunicado com a palavra, o exemplo e a existência inteira. Isto aplica-se também à vida consagrada. A própria existência dos religiosos e religiosas fala do amor de Cristo, quando O seguem com plena fidelidade ao Evangelho e assumem com alegria os seus critérios de discernimento e conduta. Tornam-se «sinais de contradição» para o mundo, cuja lógica frequentemente é inspirada pelo materialismo, o egoísmo e o individualismo. A sua fidelidade e a força do seu testemunho, porque se deixam conquistar por Deus renunciando a si mesmos, continuam a suscitar no ânimo de muitos jovens o desejo de, por sua vez, seguirem Cristo para sempre, de modo generoso e total. Imitar Cristo casto, pobre e obediente e identificar-se com Ele: eis o ideal da vida consagrada, testemunho do primado absoluto de Deus na vida e na história dos homens. Fiel à sua vocação, cada presbítero, cada consagrado e cada consagrada transmite a alegria de servir Cristo, e convida todos os cristãos a responderem à vocação universal à santidade. Assim, para se promoverem as vocações específicas ao ministério sacerdotal e à vida consagrada, para se tornar mais forte e incisivo o anúncio vocacional, é indispensável o exemplo daqueles que já disseram o próprio «sim» a Deus e ao projecto de vida que Ele tem para cada um. O testemunho pessoal, feito de opções existenciais e concretas, há-de encorajar, por sua vez, os jovens a tomarem decisões empenhativas que envolvem o próprio futuro. Para ajudá-los, é necessária aquela arte do encontro e do diálogo capaz de os iluminar e acompanhar sobretudo através do exemplo de vida abraçada como vocação. Assim fez o Santo Cura d’Ars, que, no contacto permanente com os seus paroquianos, «ensinava sobretudo com o testemunho da vida. Pelo seu exemplo, os fiéis aprendiam a rezar» (Carta de Proclamação do Ano Sacerdotal, 16/06/2009). Que este Dia Mundial possa oferecer, uma vez mais, preciosa ocasião para muitos jovens reflectirem sobre a própria vocação, abrindo-se a ela com simplicidade, confiança e plena disponibilidade. A Virgem Maria, Mãe da Igreja, guarde o mais pequenino gérmen de vocação no coração daqueles que o Senhor chama a segui-Lo mais de perto; faça com que se torne uma árvore frondosa, carregada de frutos para o bem da Igreja e de toda a humanidade. Por esta intenção rezo, enquanto concedo a todos a Bênção Apostólica. Vaticano, 13 de Novembro de 2009. BENEDICTUS PP. XVI VI. CALENDÁRIO PARA A ADORAÇÃO NAS PARÓQUIAS (De 11 de Abril até 11 de Maio) Esta é a sequência das paróquias partindo da Sé e regressando a ela. Passa por todas as vigararias da Diocese. O horário de cada paróquia pode ser entre as 9.00h do dia e as 9.00h do dia seguinte. Cada paróquia organiza tempos individuais e tempos comunitários de adoração, com as propostas do guião ou outras. Se o Santíssimo não puder estar exposto todo o dia no altar principal (por causa de haver missa ou outra celebração) deve ser deslocado para outro espaço onde possa continuar a adoração pelos fiéis. 11 – Sé Patriarcal 12 – Coração de Jesus 13 – S. João de Deus 14 – Campo Grande 15 – Vale de Chelas Seminário Redemptoris Mater 16 – Seminário dos Olivais e Pias Discípulas 17 - Alcoentre 18 – Azambuja 19 – Arruda dos Vinhos 20 – Merceana 21 – Caldas da Rainha 22 – Peniche 23 – Nazaré 24 – Alcobaça 25 – Bombarral 26 – Lourinhã 27 – Seminário de Penafirme 28 – Torres Vedras 29 – Milharado 30 – Mafra 1 – Sintra e Clarissas 2 – Algueirão 3 – Queluz 4 – Amadora 5 – Seminário S. José e Carmelo do Monte Estoril 6 – Oeiras 7 – Belém 8 – Lapa 9 – S. Nicolau e Loures 10 – Sé Patriarcal