NATAL, MISTÉRIO ADMIRÁVEL DE AMOR E TERNURA 12 Jornal DA Madeira Domingo, 28 dezembro 2014 Homilia de Natal de D. António Carrilho, Bispo do Funchal. Natal do Senhor – Missa do Dia, na Sé do Funchal, no dia 25 de dezembro de 2014 dade da vida humana, e nos dá a força de uma esperança viva. O Natal do Senhor é a festa da alegria, da partilha, da paz e da ternura e muito particularmente da família. Na verdade, Deus encarna e manifesta-se numa família humana. Como pastor desta Diocese, gostaria de encorajar os pais e todas as nossas famílias a não terem medo nem se deixarem vencer por tantas dificuldades e sofrimentos que tenham de enfrentar no contexto do mundo atual. Rezai com os vossos filhos junto do presépio para aprender com a Sagrada Família a cultura da paz e da verdadeira alegria, a admirável sabedoria do amor gratuito e solidário. É NATAL, NASCEU JESUS! A Liturgia deste dia é a continuação do Cântico de Alegria e de Adoração da noite de Natal e a revelação da Palavra única e definitiva do Pai à humanidade. “O Verbo fez-Se carne e habitou entre nós”. Esta Palavra de Vida eterna tem um rosto: o Menino de Belém. Bento XVI dizia que “a Palavra eterna fez-se pequena; tão pequena que cabe numa manjedoura. Fez-Se criança, para que a Palavra possa ser compreendida por nós”. É este mistério admirável de Amor e de Ternura, que o Pai oferece ao mundo ao enviar-nos o Filho Amado, Jesus Cristo. A 1.ª Leitura de Isaías, o grande profeta Messiânico, é um convite à esperança e à alegria dirigido ao povo de Israel, exilado na Babilónia. “Como são belos sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz, que traz a boa nova, que proclama a salvação…” (Is 52, 7). A linguagem simbólica do Profeta é uma luz que surge, carregada de promessas de paz e felicidade, porque Deus vem salvar e libertar o Seu povo. Esta mensagem de consolação e de esperança também é para nós, especialmente neste tempo, face aos problemas, necessidades e interpelações da sociedade actual. MANTER VIVA A CHAMA DA ESPERANÇA Na verdade, também nós somos convidados a ser sentinelas vigilantes, aprofundando a nossa fé e abrindo o coração ao Amor eterno de Deus, que continua a revelar-Se e a oferecer-Se a cada homem e a cada mulher, no hoje da História e da nossa vida concreta. As sombras da grave crise actual não podem apagar a chama de Esperança, que nasceu na manjedoura de Belém e brilha no coração da humanidade, pois as trevas não obscurecem nem apagam a Luz do Filho de Deus presente no mundo. A fé da Igreja recorda, constantemente, que Jesus Cristo nos acompanha sempre e ilumina as noites da nossa vida. “Nós vimos a Sua glória, glória que lhe vem do Pai como Filho Unigénito, cheio de graça e de verdade”(Jo 1,14 ). No rosto do Menino de Belém contemplamos o esplendor da glória do Pai. Jesus é verdadeiramente o Salvador do mundo. “Sendo o Filho esplendor da Sua glória e imagem da Sua substância, tudo sustenta com a Sua palavra poderosa” (Heb 1,4). É com esta consciência profunda da filiação divina de Jesus, “em tudo P EDRAS VIVAS SEM JESUS, NÃO HÁ NATAL Para quem crê, sem Jesus não há verdadeiro Natal. A festa, quando é apenas exterior, por mais bela e atraente que seja, não comporta o dinamismo espiritual de resposta às aspirações mais fundas do coração humano. Cristo abre horizontes de vida e projecta o homem na transcendência de Deus! Neste Natal, saibamos abrir os corações aos desígnios e projectos de Deus, aprendendo a lição do Presépio, feita de sabedoria e humildade, na oferta de nós próprios aos outros, do nosso tempo e dos nossos bens, prestando uma especial atenção aos mais pobres e desprotegidos, dando um contributo efectivo para a erradicação da pobreza e da exclusão social. Natal cristão é Natal de irmãos! superior aos anjos” como ouvimos na segunda leitura, que contemplamos Deus naquele Menino, deitado numa pobre manjedoura, e escutamos a Voz do Pai: “Tu és meu Filho, Eu hoje Te gerei. Adorem-n’O todos os Anjos de Deus” (Heb 1,6). O VERDADEIRO ESPÍRITO DO NATAL Caros diocesanos, convosco faço ressonância da mensagem do Anjo em Belém: dou-vos uma grande alegria, também hoje nasceu para nós Jesus Salvador! Vamos a Belém e aprendamos a viver o verdadeiro espírito da celebração do Natal. É que Natal é Jesus connosco, abrindo os seus braços de Menino, para nos acolher e comunicar a Sua Paz e o Seu Amor. Nos nossos dias, embora a vivência da festa do Natal possa aparecer com novas e variadas expressões, no âmbito social e religioso, nem sempre com a dimensão da fé tão acentuada como na sua origem, o crente nunca poderá esquecer a necessidade e a urgência de pautar a sua SAUDAÇÃO NATALÍCIA O NATAL DO SENHOR É A FESTA DA ALEGRIA, DA PARTILHA, DA PAZ E DA TERNURA E MUITO PARTICULARMENTE DA FAMÍLIA. vida pela proposta de salvação, oferecida pelo nosso Deus. Jesus é a Boa Nova do Pai, o maior presente de Natal! Só Ele pode libertar, efectivamente, o homem e a mulher, apontando-lhe novos ideais e caminhos de descoberta do verdadeiro sentido da vida, de uma vida de qualidade, uma Vida em abundância (cf. Jo 10,10). Em tempo de Natal, deixemo-nos interpelar pela ternura do Deus Menino, que nos revela, com uma nova luz, a grandeza e a digni- Caros diocesanos, neste Santo Dia de Natal, comungo convosco a alegria das famílias reunidas, o afeto fraterno das mais variadas formas de entreajuda solidária, o testemunho de fé de tantos lares cristãos e comunidades paroquiais e, em especial, os sentimentos de louvor e gratidão a Deus pelo dom de Jesus Menino. Boas Festas de Natal para todos vós aqui presentes, vossos familiares e amigos; para quem nos visita nesta quadra natalícia; para quantos nos acompanham através da rádio e da internet, em especial os doentes, idosos e reclusos. Boas Festas para os nossos emigrantes, aqueles que noutras terras procuram viver as tradições cristãs das suas origens. Boas Festas para toda a população da Madeira e Porto Santo. Que o Deus Menino a todos envolva na Sua Luz! Paz, alegria e esperança! Santo e Feliz Natal para todos! Funchal, 25 de Dezembro de 2014 † António Carrilho, Bispo do Funcha