A Missão do Catequista hoje No dia 10 de Outubro próximo, tem lugar, em Ribeira de Pena, um Encontro Diocesano de Catequese. Quero saudar e agradecer aos Catequistas e pedir-lhes que sejam fiéis e tomem consciência do seu envio e missão. Este é o intuito da presente exortação. O Catequista é discípulo ardoroso, filho apaixonado de Deus, imbuído e plasmado pela recta doutrina da Boa Nova, feliz e predilecto do Ressuscitado, enviado a dar, ensinar e comunicar a grata e alegre notícia, a vida e a felicidade e a fazer discípulos do Filho de Deus morto e ressuscitado. Como João Baptista, o Precursor de Cristo, o Catequista é a voz que clama, no deserto, e mostra o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, emprestando corpo e visibilidade à Palavra Eterna de Deus, que se fez carne, no seio puríssimo da Virgem Maria. O Catequista não se anuncia e exalta a si mesmo, mas, antes, diz com o Baptista, “importa que Jesus cresça e que eu diminua”. O Catequista não é neutro, não vive à margem da fé, da vida divina e dos sacramentos, não é vendedor de banha de cobra, não é ideólogo, não busca a glória, nem o próprio interesse, não cultiva, nem exalta a sua imagem, mas reenvia tudo para Jesus Cristo no qual crê, a quem se entrega e adora no íntimo do coração e pelo qual está disposto a dar a vida. Não é bom Catequista o que se limita a vomitar um discurso em que não crê, sem vida, sem compromisso, sem adesão interior. Muito ensina quem vive, quem dá o exemplo e está disposto a morrer pela Boa Nova que transmite, vive e encarna, permanecendo sempre discípulo, seguidor, continuador e testemunha de Jesus morto e ressuscitado. “As palavras convencem e os exemplos arrastam”. É triste e desmotivante verificar que muitos transmitem, sem convicção, sem alegria e sem amor, parecendo-se muito com o sino que toca, que soa, mas não entra na Igreja. Há quem transmita discursos em que não crê, ou o Cristo morto, objecto de museu, sem impacto, sem empenho e conversão, sem o testemunho da autêntica conduta de vida. O Catequista é filho de Deus, servo e adorador de Jesus Cristo e instrumento e filho da mãe Igreja, vivendo em comunhão, sendo solidário e estando disposto a morrer pelo Senhor, para com Ele ressuscitar. Ensina mais quem adora, quem reza, quem vive o que prega do que quem transmite um produto em que não crê e que acaba por não mexer com ele, nem se reflectir na vida quotidiana. Há Catequistas que até recomendam a oração, a frequência da Sagrada Eucaristia e dos Sacramentos, mas não rezam, não frequentam os Sacramentos e não vertem uma gota de sangue e de suor pelo Evangelho de Jesus Cristo, que trazem nos lábios. São os Catequistas pagãos e sem Deus, os adoradores do dinheiro, dos prazeres de tudo e da glória, menos de Deus. São tudo de tudo e de todos e nada de Deus e de Cristo. Os cinco versículos finais do Evangelho de Mateus (Mt 28,16-20) resumem o ensino, a conduta e testemunho de Cristo e da Igreja, narram o envio e mandato recebido, pelos discípulos, no monte da ressurreição, préindicado por Jesus, que evoca e remete para o Sinai, para o Monte das Bem-Aventuranças e para o Monte da Transfiguração. “Como o Pai me enviou, assim Eu vos envio a vós”. A autoridade recebida do Pai é a que o Ressuscitado confia aos discípulos. A autoridade de Jesus reside em Ele vir do Pai e voltar ao Pai, fazendo a vontade do Pai, pelo caminho do serviço e da doação da vida, por amor. A autoridade dos discípulos do Ressuscitado e dos Catequistas, que, como a palavra Catequese, etimologicamente, diz, fazem eco da verdade, da pessoa e missão de Jesus, fundamenta-se, na fidelidade, na sequela, imitação e testemunho do Filho de Deus que veio ao mundo e se fez um de nós, para n’ Ele acreditarmos e, por Ele, recebermos a vida, pois “quem n’Ele crê tem a vida eterna”. Jesus envia os discípulos a ensinar tudo quanto lhes mandou e a fazer discípulos Seus, entre todos os povos, baptizando-os e consagrando-os ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Os discípulos não vão propor doutrina sua, nem adesão a eles que são meros instrumentos, servos e transmissores do Evangelho da Verdade, da autêntica Palavra Eterna feita carne, na Pessoa do Filho de Deus, feito homem. Eles vão falar de Cristo, adorar e fazer de Cristo o centro das suas vidas de modo que os ouvintes reconheçam, adorem e amem o Filho de Deus que se fez Filho do homem, para nossa salvação. Caros Catequistas, permanecei fiéis, discípulos e testemunhas jubilosas do Evangelho e que Deus Omnipotente, Pai Filho e Espírito Santo vos abençoe, proteja e ilumine e aos que vos estão entregues e deveis conduzir para a alegria e plenitude que nos é dada e nos foi manifestada, em Jesus Ressuscitado. Abraça-Vos com afecto, no amor de Jesus Cristo, o vosso bispo amigo. + Amândio José Tomás.