Da Melhoria Contínua para as Grandes Transformações Programas de melhoria contínua e excelência operacional tipicamente envolvem a condução de projetos com foco na redução de custos e aumento de eficiência e confiabilidade da operação. Com base em prioridades definidas ano após ano, projetos são definidos e executados por profissionais treinados das áreas de negócio, com o acompanhamento dos ganhos financeiros individuais e do programa como um todo. Isso ocorre, por exemplo, nos programas baseados em metodologias como Seis Sigma e Lean. Não obstante o mérito de tais programas na busca pela excelência e na criação de uma cultura de melhoria contínua, um desafio que se coloca para organizações que os implementaram é: como migrar da melhoria incremental para grandes transformações do negócio? De fato, num contexto de negócios que inclui clientes mais informados e conectados, crescente evolução tecnológica e restrições socioambientais, buscar a excelência na operação atual não parece mais ser suficiente. Muitas organizações já se deparam com uma necessidade constante de “pensar fora da caixa” e se reinventar perante clientes e concorrentes, em mercados cada vez mais dinâmicos e competitivos. Para tal, será necessário desenvolver uma capacidade interna de conduzir projetos de transformação de forma estruturada. O que muda ao compararmos projetos de melhoria com projetos de transformação de maior impacto? Em primeiro lugar, o escopo de atuação. Enquanto a melhoria continua usualmente envolve aprimorar atividades internas da operação, transformações incluem o redesenho ponta-a-ponta ou inovação de processos e/ou de serviços entregues aos clientes. Por isso, naturalmente são projetos que envolvem mudanças mais complexas, com o envolvimento de maior número de interlocutores. A figura abaixo ilustra essa distinção: Figura 1 - Melhoria contínua vs transformações de maior impacto (adaptado de Harmon, BPTrends) Outra distinção: a melhoria contínua costuma surgir da necessidade de resolução de problemas na operação. É, em geral, reativa. Já a transformação pode surgir da identificação proativa de oportunidades de se reestruturar e ofertar maior valor a clientes. Ademais, projetos de transformação não se restringem a evoluções nas rotinas de trabalho. Pelo contrário, costumam envolver a introdução de tecnologias de apoio e uma discussão sobre seu impacto em estrutura organizacional e pessoas. São projetos que pressupõem, portanto, uma atuação integrada em processos, regras, estrutura e tecnologias para o alcance de mudanças significativas. Por fim, há uma distinção sobre os ganhos a serem alcançados. Enquanto a melhoria continua costuma priorizar ganhos internos de eficiência e confiabilidade, nas grandes transformações há uma preocupação efetiva com o olhar “de fora para dentro” e a demonstração de ganhos para os clientes e outras partes interessadas (de forma equilibrada com os ganhos para a própria organização). Os programas de excelência operacional e formação de Green / Black Belts parecem não ser suficientes para lidar com as grandes transformações nos negócios. A evolução de tais programas, com a formação de profissionais de transformação multidisciplinares, parece ser um passo necessário para quem se depara com esse desafio. © Leandro Jesus, 02/02/15