A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA NO ENSINO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Cristiane de Souza Boza¹ Laura Bianca Monti² Artigo de conclusão de Curso de PósGraduação apresentado ao Curso de Especialização em Psicopedagogia, da Faculdade de Ciências Humanas, da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial à obtenção do título de especialização. Orientadora: Laura Bianca Monti. CURITIBA 2007 ____________________ ¹Aluna do Curso de Especialização em Psicopedagogia, da Universidade Tuiuti do Paraná. Endereço: Rua: Nicola Pelanda, 860, CEP 81930-360, tel: 9908-6980. ²Orientadora do Curso de Especialização em Psicopedagogia da Universidade Tuiuti do Paraná. 1 A Contribuição da Psicopedagogia no Ensino da Educação de Jovens e Adultos Resumo: O presente artigo teve como principal objetivo, verificar de que forma a Psicopedagogia pode auxiliar no processo de ensino-aprendizagem dos alunos que freqüentam a Educação de Jovens e Adultos. A metodologia baseou-se na aplicação de instrumentos de apoio aplicados durante o processo a quinze alunos da Educação de Jovens e Adultos do 1º. Período, pertencentes a uma escola da rede municipal de ensino de Curitiba. Em um primeiro momento foi realizada a observação em sala de aula para o levantamento dos instrumentos de apoio a serem aplicados. A partir de então, elaborou-se um plano de intervenção, com a finalidade de mostrar a importância da Psicopedagogia para o ensino da Educação de Jovens e Adultos. Enquanto processo de intervenção, observou-se que o trabalho foi gerador de novas experiências para os alunos, possibilitando aos mesmos uma reflexão sobre suas conquistas e evidenciando que a Psicopedagogia auxilia no processo educativo dos alunos. Palavras-chave: Psicopedagogia; Educação de Jovens e Adultos; ensino- aprendizagem. The contribution of Psicopedagogia in Education and the Education of Young Adults Abstract: This article had as main objective, seen how the Psicopedagogia can help in the process of teaching-learning of the students who attend the Education of Youth and Adult. The methodology based on the application of tools to support applied during the process of fifteen students of Education, Youth and Adult of the 1st. Period, a school belonging to the network of municipal education of Curitiba. In a first moment was held the observation in the classroom for the removal of support instruments to be applied. Since that time, there has developed a plan of action, with the aim of showing the importance of Psicopedagogia for education and the Education of Young Adults. While the intervention process, it was observed that the work was generating new experiences for students, enabling them to a reflection on his achievements and showing that the Psicopedagogia helps in the educational process of the students. Keywords: Psicopedagogia; Education, Youth and Adult; Teaching-learning. 2 A visão de mundo dos alunos que freqüentam a Educação de Jovens e Adultos após um determinado tempo afastado da escola, é uma visão de serem protagonistas de histórias reais e de vivências valiosas, conquistadas pela vida. As escolas que ofertam a Educação de Jovens e Adultos recebem alunos que apresentam aspectos diferenciados: idades variadas, vivências pessoais e profissionais, origens, motivação, interesse, projetos de vida, ritmos de aprendizagem e estruturas de pensamento completamente diferente uns dos outros, precisando ser considerados pelos professores em seu trabalho pedagógico. Nota-se que a procura pela escola pelos jovens e adultos, não acontece de uma forma tão simples. Como acontece em muitos casos, trata-se de uma decisão que envolve família, o trabalho, as condições de acesso e as distâncias percorridas entre casa e escola, um processo contínuo de idas e vindas, de ingressos e desistências. Freqüentar a escola torna-se um grande desafio na vida do aluno. Geralmente os alunos esperam encontrar um modelo tradicional de ensino, ou seja, exercícios para serem copiados do quadro-negro, um lugar onde o professor é o único detentor do saber e que somente transmite conteúdos que posteriormente são recebidos passivamente pelo aluno. Acreditam que a quantidade de tarefas e exercícios levará a uma boa aprendizagem. Apresentou-se o histórico e o campo da Psicopedagogia e da Educação de Jovens e Adultos no Brasil, para que se possa ter um conhecimento geral sobre o assunto. A Psicopedagogia surgiu no Brasil no final da década de 70, investigando porque algumas pessoas apresentavam problemas de aprendizagem. Nessa época, as dificuldades de aprendizagem eram associadas à uma disfunção neurológica denominada disfunção cerebral mínima (DCM). De acordo com Visca, a Psicopedagogia foi inicialmente uma ação subsidiada da Medicina e da Psicologia, perfilando-se posteriormente como um conhecimento independente e complementar, possuída de um objeto de estudo, denominado de processo de aprendizagem, e de recursos diagnósticos,corretores e preventivos próprios (VISCA apud BOSSA, 2000, p.21). A Psicopedagogia estuda o ato de aprender e o de ensinar, os fatores externos e internos que o interferem positivamente ou negativamente, buscando 3 juntar os aspectos cognitivos, afetivos e sociais. O objeto de estudo da Psicopedagogia estrutura-se em torno do processo de aprendizagem humana. A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que ocorre de uma demanda, o problema da aprendizagem, situados além dos limites da Psicologia e da Pedagogia. Como se preocupa com problemas de aprendizagem, inicialmente deve entender como se dá o processo de aprendizagem. Sendo assim, a Psicopedagogia estuda as características da aprendizagem: como é que se aprende, como se dá as alterações na aprendizagem e de que forma reconhecê-las, tratá-las e preveni-las. O trabalho psicopedagógico pode ser preventivo e clínico. O trabalho preventivo apresenta diferentes níveis de prevenção. No primeiro nível, o psicopedagogo atua nos processos educativos, tentando diminuir a “freqüência dos problemas de aprendizagem”. No segundo nível, o objetivo é tentar diminuir e tratar dos problemas de aprendizagem já instalados. E no terceiro nível, o principal objetivo é eliminar os transtornos já instalados. No trabalho clínico, o psicopedagogo precisa reconhecer sua própria subjetividade dentro da relação. Cabe ao psicopedagogo, saber como se constitui o sujeito. As transformações em suas etapas da vida; o que é ensinar e o que é aprender e como os sistemas e os métodos educativos interferem na aprendizagem do aluno. Alicia Fernández (apud. BOSSA, 2000 p. 23) coloca que enquanto psicopedagogos precisamos aprender sobre como os outros sujeitos aprendem, e esse saber só é possível com uma formação que se oriente sobre três pilares: a) prática clínica; b) construção teórica; c) tratamento psicopedagógico-didático. Em seu livro “A inteligência aprisionada”, Alicia Fernández nos traz a percepção para uma concepção de processo da aprendizagem em que o ensinante (portador do conhecimento) e o aprendente (portador de sua inteligência – sujeito pensante) estabelecem uma relação entre ambos através de vínculos construídos. Alguns fatores quando postos em jogo nesta relação firmada através de vínculos, proporcionam a aprendizagem. Os fatores são: “seu organismo individual herdado; seu corpo construído especularmente, sua inteligência autoconstruída 4 interacionalmente e a arquitetura do desejo, desejo que é sempre desejo do desejo de Outro”. Dessa forma, para se entender a questão de “como é que se aprende”, é necessário ter em mente que a presença do ensinante e do aprendente é de extrema importância, e o vínculo que se estabelece entre ambos é essencial. Segundo Sara Paín (apud. FERNÁNDEZ, 1990 p. 51) define: “A aprendizagem é um processo que permite a transmissão do conhecimento de um outro que sabe (um outro do conhecimento) a um sujeito que vai chegar a ser sujeito, exatamente através da aprendizagem”. O ensinante pode transformar o seu ensinar em conhecimento, através de quatro níveis de elaboração (orgânica, corporal, intelectual e desejante) e ao integrar-se ao saber, o conhecimento é aprendido e pode ser utilizado. O sujeito da aprendizagem tem um saber que o sustenta. Um saber que é produto de sua busca pelo conhecimento, pela busca do aprender. O processo de aprendizagem se dará frente à articulação de quatro níveis: desejo, inteligência, organismo e corpo. Estes quatro níveis constituem o sujeito aprendente, que por sua vez, se constroem através de uma inter-relação constante e permanente com o meio familiar e social. Alicia Fernandez (1990) nos trouxe uma dimensão humana para a concepção de sujeito da aprendizagem. Apresenta o cuidado até na escolha dos termos utilizados que caracterizam os sujeitos envolvidos neste processo, demonstrando que são muito mais que professor-aluno, pai-filho,irmão-irmã, e são sim, ensinante e aprendente. Sendo assim, ação e reflexão devem fazer parte da prática da atuação profissional dos educadores da Educação de Jovens e Adultos. Maria Amélia Giovanetti (2003), nos chama a atenção para a dimensão relacional presente na Educação de Jovens e Adultos, o que nos leva a refletir que a Educação de Jovens e Adultos deve ser compreendida não somente como uma relação de ensino e aprendizagem de conteúdos, mas sim como relação humana que se dá entre sujeitos com diferentes identidades, histórias e trajetórias em um contexto escolar específico. Essa vivência do espaço escolar está profundamente articulada com as experiências sociais e educativos vividos por professores e alunos da educação de Jovens e Adultos fora da escola. 5 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL Já nos tempos do Brasil Colônia e do Império, se discutia sobre o tema analfabetismo. Na década de 1940, o analfabetismo passou a ser considerado um problema nacional, com a comprovação do alto índice de analfabetismo de na população acima de 18 anos de idade. Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n.º 4.024/61, houve uma reformulação na educação brasileira, que causou uma nova perspectiva para a educação básica e para a educação de adolescentes e adultos em particular. Aproveitando os recursos disponíveis do Plano Nacional de Educação, em 1960, a Prefeitura do Recife, sob a administração popular de Miguel Arraes, com apoio da União, criou o Movimento de Cultura Popular (MCP). A proposta do MCP visava ao atendimento educacional, tanto para crianças quanto para adultos, e estava voltada às necessidades da população pobre, recuperando a cultura como elemento de transformação da realidade. Em 1960, nasce no MCP o “Método Paulo Adultos, que partia do Freire” de Alfabetização de pressuposto de que o analfabetismo era decorrente da situação de pobreza gerada pela estrutura social e econômica não igualitária. educação de base de adultos e a A alfabetização deveriam sempre partir de um exame crítico da realidade social, econômica, cultural e existencial dos estudantes, da identificação das origens de seus problemas e das possibilidades de superá-los. Havia um profundo comprometimento do educador com os estudantes. Paulo Freire criticou a educação chamada “bancária”, em que o educador apenas depositava conhecimentos e os alunos passivamente os recebiam, propondo uma ação educativa que fosse transformadora por meio do diálogo. Para FREIRE (1988), a leitura do mundo precede a leitura da palavra. O ato de ler se dá na experiência existencial. Primeiramente, a leitura do pequeno mundo em que se vive; depois, a leitura da palavra, que, nem sempre, ao longo da escolarização, é a leitura da “palavra mundo”. Os “textos”, as “palavras”, as “letras” do contexto vivido aumentam a capacidade de perceber e se fixam numa série de coisas, de objetos, de sinais, cuja compreensão vai se dando na relação com os analfabetos, na relação desses com seus irmãos mais velhos e com seus pais. 6 O “Método Paulo Freire” considerava imprescindível que o professor alfabetizador pesquisasse o universo vocabular dos alunos. Desse universo de palavras de grande riqueza fonêmica, que fazia parte do contexto local e também nacional, eram trabalhadas, em ordem crescente, as dificuldades fonéticas. A partir de então, um conjunto de famílias fonêmicas das palavras, eram organizadas em fichas, denominadas de "fichas de descoberta". Assim, o alfabetizando juntava as sílabas e fazia novas combinações fonêmicas que, necessariamente, deviam formar novas palavras. Da decodificação das palavras escritas, partia-se para a decodificação da situação existencial codificada (FREIRE, 2005). A eficácia e a validade do "Método Paulo Freire" consistiam em partir da realidade do alfabetizando, do que ele já conhecia, do valor pragmático das coisas e dos fatos de sua vida cotidiana, de suas situações existenciais, para a superação do senso comum. No final da década de 90, aconteceram vários encontros, congressos, seminários e conferências nacionais e internacionais sobre a Educação de Jovens e Adultos (EJA). No Brasil, houve encontros estaduais e regionais, como o Encontro Nacional de EJA, em setembro de 1996, na cidade de Natal com o objetivo de preparar um documento para ser apresentado à V CONFINTEA (Conferência Internacional de Educação de Adultos). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n.º 9.394/96 alterou a concepção de Suplência, definindo a EJA como uma modalidade da Educação Básica. O parecer da Câmara de Educação Básica n.º 11/2000 do Conselho Nacional de Educação (CNE) , enfatiza a necessidade de se criar um modelo pedagógico específico para a EJA, que promova situações pedagógicas que atendam às necessidades de aprendizagem de jovens e adultos, reconhecendo e valorizando suas experiências de vida. Dessa forma, a EJA, que passa a iniciar pela alfabetização, garante o direito à educação plena, compreendendo diferenças que existem, aos olhos dos jovens e dos adultos, em conceitos de cidadania e de preparação para o trabalho. Possibilitase que as escolas, num movimento social dinâmico de combate ao analfabetismo, trabalhem a diversidade existente, de forma séria e comprometida com essa modalidade de ensino. 7 CONFIGURAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS A EJA é uma categoria organizacional, constante da estrutura da educação nacional, com finalidades e funções específicas, e sua ênfase não está somente centrada nos conteúdos escolares, mas também na formalização de saberes trazidos das práticas sociais e experiências vividas. As salas de aula da EJA são caracterizadas por alunos que apresentam inúmeras experiências de vida, demandas, necessidades e motivações heterogêneas, idade diferenciadas, aos níveis de construção do conhecimento escolar e às expectativas pessoais. A experiência de escolarização na EJA tem diferentes sentidos e significados pessoais e sociais para aqueles que a buscam. Os adultos procuram a EJA, por razões diferenciadas, tais como: ajudar seus filhos nas tarefas escolares, melhorar o relacionamento com as outras pessoas, manter seu emprego ou pelo desejo de aprender a ler, o que não lhe foi possível na sua idade escolar. A experiência de voltar a estudar amplia horizontes e permite a descoberta de que a vida está em constante processo de construção. Sendo assim, é de extrema importância, que os professores que trabalham com a educação de adultos, assumam uma prática pedagógica que enfatize o exercício da reflexão através da discussão, da investigação, do diálogo, do questionamento, e da cooperação na resolução de problemas, considerando as experiências vividas e compartilhadas pelos estudantes. É preciso que a equipe escolar disponibilize materiais diversificados e recursos educativos como revistas, jornais, textos, filmes, músicas, poesias, entre outros. A Escola Municipal Maria Neide Gabardo Betiatto, está localizada na Rua Antonio Augusto de Brito, 1050 Bairro Umbará - Curitiba PR Tel / FAX: (41) 33486633 CEP: 81930-605 e-mail: [email protected] A Escola é inspirada nos princípios da liberdade e nos ideais de solidariedade humana. Tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e a sua qualificação para o trabalho. Oferece aos seus alunos ensino com base nos seguintes princípios fundamentais da Constituição Federal e da Estadual, da Lei Orgânica do Município e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: - igualdade de condições para o acesso e a permanência do aluno na escola; 8 - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas; - respeito à liberdade e apreço à tolerância; - gratuidade do ensino em escola mantida pelo Poder Público Municipal, com isenção de taxas e contribuições de qualquer natureza; - valorização dos profissionais do ensino, garantida na forma da lei; - gestão democrática e colegiada no ensino público municipal, na forma da lei; - garantia de padrão de qualidade no ensino; - valorização da experiência extra-escolar; - vinculação entre educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. NÍVEL E MODALIDADES DE EDUCAÇÃO E ENSINO A Escola Municipal Professora Maria Neide Gabardo Betiatto atende a Educação Básica nas etapas da Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental com as seguintes especificações: - Educação Infantil com oferta do Pré-Escolar para crianças na faixa etária de 4 e 5 anos, atendendo legislação vigente e critérios mínimos para funcionamento; - Ensino Fundamental com oferta de 5 anos iniciais organizados em dois Ciclos, do 1º ao 5º ano, com implantação gradativa da nova nomenclatura do Ensino Fundamental obrigatório de 9 anos e adequação da idade de ingresso, a partir de 2007, atendendo a Resolução Nº 03/05 – CNE, o Parecer Nº 01/06 - CEE e as Deliberações Nº 03/06 e 05/06 – CEE, conforme segue: a) Ciclo I organizado em três anos – 1º , 2º e 3º ano. A idade de ingresso no Ciclo I - Ensino Fundamental obrigatório de 9 anos, atenderá ao disposto na legislação educacional vigente. b) Ciclo II organizado em dois anos – 4º e 5º ano - destinado aos educandos que concluíram o Ciclo I ou classificados ou reclassificados para o mesmo. - Educação de Jovens e Adultos, programa aprovado para a Rede Municipal de Ensino, pela Deliberação n.º 005/91, de 08 de fevereiro de 1991, do CEE-PR, equivalente aos quatro primeiros anos do ensino fundamental, em função da demanda existente, destinada a jovens maiores de 14 anos e adultos que não cursaram ou não concluíram os estudos regulares em idade apropriada. A organização do tempo está estruturado da seguinte forma: 9 - O ano letivo está organizado em 200 dias letivos mais 3 dias, que são indicados para a Semana Pedagógica na Escola; - A carga horária semanal é de 20h; - A carga horária diária é de 4 h; - O horário de funcionamento da escola é o seguinte: Manhã: Entrada: 7:30horas Saída: 11:30h Tarde: Entrada: 13horas Saída:17horas Noite: 18:00h Saída: 22:00h Permanência: Educação de Jovens e Adultos acontece das 18:00 às 19:00 horas. CARACTERIZAÇÃO DA COMUNIDADE ESCOLAR Após sete anos de efetivo trabalho pedagógico sendo desenvolvido, faz-se presente a necessidade de analisar o perfil da comunidade com o objetivo de buscar informações que caracterizem quem são os alunos que freqüentam a escola, como vivem, quais as expectativas deles e de suas famílias no que se refere ao papel da escola para que esta venha atender a comunidade de forma eficiente e eficaz, conhecendo os valores que permeiam suas vidas, e, conseqüentemente, dando o melhor atendimento possível aos alunos da escola por parte de todos os profissionais que atuam com eles, já que estes devem ser o foco de todas as atenções na instituição. A Escola Municipal Professora Maria Neide Gabardo Betiatto atende também alunos na Educação de Jovens e Adultos, a partir de 14 anos de idade. A análise indica que as famílias esperam que a escola colabore, principalmente na formação da criança como um cidadão e também esperam que ela contribua na educação dos mesmos. Que a verdadeira função da escola ainda é a transmissão de conhecimentos, mas organizada de forma que prepare o aluno para enfrentar os desafios da vida. O relacionamento das famílias com os professores é bom, porém levanta-se a necessidade de envolver mais a comunidade na escola, buscando criar o sentimento de pertencimento, e que a participação dos pais, não limite-se a estar na escola somente quando é solicitado, ou ainda, após vários chamados, que a escola possa 10 colaborar com a formação integral das crianças, mas que os papéis fiquem bem definidos: cabe a família atender as necessidades básicas de seus filhos, como saúde, alimentação, lazer, entre outras, para que a escola possa atender as necessidades no que se refere a formação acadêmica dos alunos, buscando seu crescimento contínuo. Basicamente os alunos demonstram gostar da escola, e algumas atividades desenvolvidas na escola, trazem maior prazer, entre elas: o aprender, as aulas de educação física e o laboratório de informática. A estrutura familiar é constituída por crianças que vivem com o pai, a mãe, e os irmãos. Alguns casos de crianças que vivem apenas com as mães e outras que vivem com os avós. Também observa-se que a maioria das mães trabalham fora para ajudar no orçamento doméstico, e os filhos ficam sob a responsabilidade dos avós. Apesar do pouco tempo de convívio entre os pais e filhos, a maioria afirma preocupar-se com os horários de seus filhos no que refere-se ao momento de dormir, de ver televisão, com a leitura praticada elas crianças e os programas de televisão que assistem. A maioria dos pais também afirmam que auxiliam seus filhos nas tarefas escolares. Grande parte das famílias demonstram interesse pelo que seus filhos lêem e assistem na televisão. A principal leitura é a Bíblia, revistas além de assistirem programas infantis, telejornais e novelas. Nos finais de semana, a comunidade reúnem-se com as famílias, para o tradicional almoço familiar. Percebemos ainda que muitos de nossos alunos auxiliam mas tarefas domésticas. Percebe-se que vivem com relativo conforto. A maioria das residências são próprias, de alvenaria e possuem eletrodomésticos que garantem conforto, porém uma pequena porcentagem moram em terrenos invadidos, próximos ao Rio Ponta Grossa e a linha do trem. O bairro apresenta certa infra-estrutura, com algumas ruas sem asfalto, falta de ligação na rede de esgoto. Mas por outro lado conta com ônibus, Unidade de Saúde, escola, iluminação pública compatíveis. Nota-se que as famílias, vieram para os vários loteamentos por vontade própria e buscando uma melhoria na qualidade de vida. Ações no sentido de trazer a comunidade para dentro da escola ainda mostram-se necessárias. Espera-se que com a implantação do programa Comunidade Escola, este passe a perceber mais a importância da escola na 11 comunidade e, principalmente, a importância dela para os seus usuários; Afinal, a escola só existe para satisfazer as necessidades locais de uma comunidade que certamente apresenta muitos anseios cabendo a escola estar aberta para tal, fazendo o papel de mediadora entre a necessidade e a satisfação dos seus desejos: Uma Escola de Qualidade para Todos. Percebemos ainda uma melhora significativa na qualidade de vida dos membros de nossa comunidade se compararmos os dados referentes a pesquisa realizada em 2000 na última reelaboração da proposta pedagógica da escola. CONDIÇÕES SÓCIO – CULTURAIS Foi elaborada uma pesquisa de levantamento do perfil Sócio – Econômico das famílias dos alunos desta escola, visando melhor conhecimento dos interesses, hábitos, valores que permeiam suas vidas e atitudes. A pesquisa revelou que a maioria dos pais entrevistados freqüentou a escola por mais de 4 anos. A amostra indica que vivem em casas de alvenaria contendo de 3 a 5 peças, no mesmo bairro da escola. O rendimento monetário é de 1 a 4 salários mínimos, sendo o pai e a mãe os principais contribuintes na renda familiar, atuando na maioria em atividades variadas(autônomos, comerciantes, empresas). Detectou-se ainda, que apenas 7% dos jovens acima de 14 anos trabalham ara aumentar a renda. A maioria dos alunos mora com os pais, passando o dia com a mãe, ou com a avó. A pesquisa também evidencia a satisfação da comunidade frente ao desempenho da escola, ressaltando o interesse de permanência dos alunos na mesma. Este é o segundo levantamento da realidade da comunidade que freqüenta a escola, no entanto é necessário o conhecimento e análise desses dados, pois, é a partir da consideração destes que se efetivará de forma qualificada o trabalho da escola como um todo. CONDIÇÕES FÍSICA DA INSTITUIÇÃO 1 – Salas de aula compatíveis com o número de alunos; (1 metro quadrado por aluno): a) Número de salas de aula na escola – 12 salas 12 b) Número de alunos por sala: 32 alunos por sala 2 – Espaço para funcionamento de ambientes administrativos a) Direção: 01 sala b) Secretaria: 01 sala c) Equipe Pedagógica: 01 sala 3 – Espaço destinado à Biblioteca ou Farol do Saber, com acervo bibliográfico compatível. a) Número de Títulos: 800 títulos b) Número de Livros: 1150 livros c) Assinatura de Revistas: 1 (Nova Escola) RECURSOS MATERIAIS MATERIAL PERMANENTE QUANTIDADE 01 VÍDEO CASSETE 01 02 APARELHO DE DVD 02 03 TELEVISÃO 15 04 RETROPROJETOR 01 05 TELA PARA RETROPROJETOR 01 06 APARELHO DE SOM 05 07 COMPUTADOR 20 08 IMPRESSORAS 5 09 APARELHO FAX 01 10 MÁQUINA FOTOGRAFICA 03 11 FILMADORA 01 12 MIMEÓGRAFOS 02 13 VENTILADORES DE TETO 14 14 AMPLIFICADOR 01 15 BEBEDOURO 01 16 AR CONDICIONADO 02 17 ARMARIOS DE AÇO NAS SALAS 14 18 ARQUIVOS DE AÇO 05 19 QUADROS NEGROS 14 13 PRINCÍPIOS FILOSÓFICOS E PEDAGÓGICOS DA INSTITUIÇÃO CONCEPÇÃO Para Vigotsky nós não nascemos humanos e sim vamos humanizando com o tempo. O que humaniza são os desafios que o meio nos propõe. O plano interno não pré–existe, mas é constituído pelo processo de internalização fundado nas ações, nas interações sociais e na linguagem (que foi humanamente e historicamente inventada). A educação e a cultura são inteiramente significativos para a criança neste sentido, pois quando ela age ativamente, mediante processos interativos de caráter verbal e não verbal com o seu ambiente, vai aprendendo formas, conteúdos e usos lingüísticos próprios de sua comunidade por exemplo. Visto que os fenômenos psicológicos são elaborados humanamente à medida que os indivíduos participam de interações sociais, percebe – se que as práticas que acontecem na sociedade e na cultura passam a se tornar práticas particulares de cada ser humano. Enquanto educadores “funcionamos” enquanto modelos ao nosso educando, modelos de transformação à sua prática , devemos entender que, o desenvolvimento humano estará dependendo da quantidade e da qualidade das interações sociais que o indivíduo desenvolve com a sua cultura e com o meio em que vive; quanto mais humanizado ele estiver, mais consciente de si ele vai se sentir, tornando – se cada vez mais capaz de reconstruir seu próprio pensamento. Podemos dizer em poucas linhas que para a criança aprender ela precisa apresentar suas funções básicas biológicas em bom estado, mas, além deste, ela necessita também da mediação (interferência e ajuda) de um outro indivíduo, para que através da linguagem, lhe apresente este mundo tão repleto, atribuindo–lhe significados. A significação é uma construção coletiva, e a criança à medida que vai interagindo com o meio, com o objeto, juntamente com o auxílio do professor, do colega de turma, e através da linguagem que vai de certa maneira explicando esta significação posta pela cultura, os signos (marcas que o próprio Homem cria) começam então a ser compreendidos e entendidos pela criança. A imagem (objeto) e a palavra (linguagem) contribuem neste processo, modelando o pensamento atribuindo–lhe então o significado. 14 Vigotsky enfatiza o aspecto interacionista, pois considera que é no plano intersubjetivo, isto é, na troca entre as pessoas, e na interação com as pessoas, com os objetos que a criança estabelece ou pelo menos inicia a estabelecer um sentido para aquilo que se vê. Assim ela é capaz de representar os fenômenos, portanto aprender. O desenvolvimento do ser humano é então um processo contínuo de transformações propiciadas pela interação entre ele e a sociedade em que está inserido, por toda a sua vida. Para Lima, o “ desenvolvimento é um processo integrado, que abrange todos os aspectos da vida humana (físico, emocional, cognitivo e social), e complexo, no qual diversas funções são formadas “., sua personalidade, que o caracterizará como indivíduo único do grupo”. Durante este desenvolvimento, para a escola, é necessário resgatar a singular importância da infância. Dentre muitos autores, Kramer(2006, p.13) aponta que esta “ é entendida como período da história de cada um, que se estende, na nossa sociedade , do nascimento até aproximadamente dez anos de idade”. Portanto, segundo esta mesma autora, neste período os sujeitos são marcados pelo seu poder de imaginação, pela fantasia, pela criação, pela brincadeira, entendida como experiência da cultura. Sendo assim, em nossa escola, entende-se a criança como “cidadãs detentoras de direitos, que produzem cultura e são nelas produzidas”. ( KRAMER, 2006, p. 15). Neste percurso, a escola apresenta papel importante para formar hábitos, rotinas, exploração do mundo, apontar as transformações das coisas, estimular o domínio da língua falada e escrita, e , acima de tudo, transmitir os conhecimentos acumulados pela humanidade, ensinando conceitos e conteúdos das diversas áreas do conhecimento. ( LIMA, 1997) O papel da escola, portanto, é democratizar o conhecimento, numa sociedade desigual, onde muitas vezes, para algumas crianças, é o único lugar onde esta entrará em contato com a cultura e com o conhecimento elaborado. Dentro desta perspectiva o currículo deve estar situado historicamente, contendo as atividades nucleares da escola, estabelecendo parâmetros que deverão nortear a ação educativa. Faz–se necessário também compreender e efetivar a educação inclusiva em nosso contexto escolar, que se empenha na busca da garantia de acesso a todos os cidadãos às políticas que lhes cabem por direito. 15 Para que as transformações aconteçam dentro da escola é necessário que os profissionais envolvidos tomem para si a tarefa de pensar estas questões de forma reflexiva e coletiva, é necessário que todos os agentes institucionais percebam-se como gestores e técnicos da educação inclusiva. O processo de inclusão não é facilmente alcançado apenas por intermédio da instauração de uma lei, exige medidas gradativas da escola como um todo, de reformulação do ensino, desta forma, percebemos a necessidade de buscarmos fundamentação e formação junto a cursos, palestras e através da prática diária, para pensarmos e construirmos juntos propostas e ações para melhor trabalhar com os alunos de inclusão. O processo de inclusão, não é facilmente aceito, mas enquanto educadores responsáveis, devemos buscar, promover da melhor forma planos, metas e ações pedagógicas para atender estes educandos que nos chegam. “Pensar que queremos uma educação especial para todos e um mundo especial, para cada um de nós, em que nosso olhar esteja atravessado pela dignidade e respeito aos outros e a suas diferenças. Esse é um processo gradativo, que possui como pré–requisito: ética e responsabilidade. Um desafio e tanto para nossa reflexão enquanto educadores”.(Facion, 2006) Os desafios do milênio, sobretudo os que se referem à urgente necessidade de reduzir a miséria e a exclusão social, requerem a instauração de um sistema permanente de educação de jovens e adultos, com o objetivo de promover a escolarização fundamental possibilitando a participação autônoma da vida democrática e do mercado de trabalho. Esse sistema educacional será baseado pelos valores apresentados na Conferência Internacional de Hamburgo, na Lei 9394/96, no Parecer CEB 11/00, que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos, na Deliberação 08/00 do CEE e nas Diretrizes Curriculares da Secretaria Municipal. Assim, a Educação de Jovens e Adultos, modalidade estratégica do esforço da Nação em prol de uma igualdade de acesso à educação como bem social, terá seu processo de ensino-aprendizagem em consonância com os Parâmetros Curriculares Nacionais, com as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental, com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos e com as Diretrizes Curriculares da Secretaria Municipal da Educação de Curitiba. 16 Conforme prevê os Parâmetros Curriculares Nacionais o currículo da educação de jovens e adultos terá como competências básicas: a) desenvolvimento da capacidade de aprender e continuar aprendendo, da autonomia intelectual e do pensamento crítico; b) constituição de significados socialmente construídos e reconhecidos como verdadeiros sobre o mundo físico e natural, sobre a realidade social e política; c) domínio de competências e habilidades necessárias ao exercício da cidadania e do trabalho; d) desenvolvimento da capacidade de relacionar a teoria à prática e o desenvolvimento da flexibilidade para novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; e) uso das várias linguagens como instrumento de comunicação e como processo de constituição de conhecimento e de exercício da cidadania. De acordo com as Diretrizes Nacionais para o Ensino Fundamental: • Os princípios Éticos da Autonomia, da Responsabilidade, da Solidariedade e do Respeito ao Bem Comum; • Os Princípios Políticos dos Direitos e Deveres de Cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à Ordem Democrática; • Os Princípios Estéticos da Sensibilidade, da Criatividade, e da Diversidade de Manifestações Artísticas e Culturais. Conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação de Jovens e Adultos as três funções da EJA são: reparadora, equalizadora e permanente. A função reparadora da EJA, para os analfabetos e para os iletrados significa a restauração de um direito negado: o direito de uma escola de qualidade. A alfabetização, concebida como o conhecimento básico, necessário a todos, num mundo em transformação, é um direito humano fundamental. Em toda sociedade, a alfabetização é uma habilidade primordial em si mesma e um dos pilares para o desenvolvimento de outras habilidades. O desafio é oferecer-lhes esse direito. A alfabetização tem também o papel de promover a participação em atividades sociais e econômicas, políticas e culturais, além de ser um requisito básico para educação continuada durante a vida. Quanto à eqüidade, é a forma pela qual se distribuem os bens sociais de modo a garantir uma redistribuição e alocação em vista de mais igualdade. Por essa função o indivíduo que teve sustada sua formação, qualquer tenha sido a razão, 17 busca restabelecer sua trajetória escolar de modo a readquirir um ponto igualitário no jogo da sociedade. A educação, como uma chave indispensável para a "sociedade do conhecimento", vai se impondo cada vez mais nesses tempos de grandes mudanças e inovações nos processos produtivos. Ela possibilita ao indivíduo jovem e adulto retomar seu potencial, desenvolver suas habilidades, confirmar competências adquiridas na educação extra-escolar e na própria vida, possibilitar um nível técnico e profissional mais qualificado. Nesta linha, a educação de jovens e adultos representa uma promessa de efetivar um caminho de desenvolvimento de todas as pessoas, de todas as idades. Nela, adolescentes, jovens, adultos e idosos poderão atualizar conhecimentos, mostrar habilidades, trocar experiências e ter acesso a novas opções de trabalho e de cultura. A EJA é uma promessa de qualificação de vida para todos, inclusive para os idosos que têm muito a ensinar para novas gerações. A consciência da importância do idoso para a família e para sociedade ainda está por se generalizar. Uma educação permanente realmente dirigida às necessidades das sociedades modernas não pode continuar a definir-se em relação a um período particular da vida - educação de adultos, por oposição à dos jovens por exemplo ou a uma finalidade demasiada circunscrita - a formação profissional distinta da formação geral. Doravante, temos de aprender durante toda a vida e uns saberes penetram e enriquecem os outros. Esta tarefa de propiciar a todos a atualização de conhecimentos por toda vida é a função permanente da EJA que pode se chamar de qualificadora. Mais do que nunca, ela é um apelo para educação permanente e criação de uma sociedade educada para a equidade e diversidade. Os termos "Jovens e Adultos" indicam que, em todas as idades e em todas épocas da vida, é possível formar e se desenvolver, constituir conhecimentos, habilidades, competências e valores que conduzem a realização de si e ao reconhecimento do outro como sujeito. (Magda Becker Soares, Diretrizes Curriculares Nacionais para EJA, p. 3, 5 e 6). E ainda, conforme as Diretrizes Curriculares da Secretaria Municipal da Educação: Educação para a Sustentabilidade, Filosofia e Gestão Democrática. 18 Para o desenvolvimento do trabalho, iniciou-se com observações em sala de aula para que pudessem ser escolhidos os instrumentos de apoio a serem trabalhados com a população da Educação de Jovens e Adultos, de uma Escola da Rede Municipal de Ensino, localizada na cidade de Curitiba. O perfil da população trabalhada varia na faixa etária de 17 à 62 anos, sendo 5 do sexo masculino e 10 do sexo feminino. Foram elaboradas atividades diferenciadas que contribuíssem no processo de alfabetização dos alunos. As atividades desenvolvidas propiciaram aos alunos pensar em grupo; a resolver desafios que fogem dos mais convencionais; a aprender com música; jogos e atividades diferenciadas, contemplando as várias áreas de aprendizagem. Buscou-se auxílio na Psicopedagogia, pois, atua diretamente com o aluno, ajudando em suas dificuldades e trabalhando com suas expectativas e desejos de aprendizagem. As atividades elaboradas envolveram trava-línguas; interpretação de textos; poesias e poemas; textos enigmáticos; rimas; adivinhas, adedanha; cruzadinhas; caça-palavras; quebra-cabeça; jogo da memória; dominó; autoditado; música; arte; dobraduras; recorte; colagem entre outros. Através do uso dos jogos e das atividades elaboradas, os alunos puderam se apropriar do conhecimento através do pensamento criativo, da imaginação, do raciocínio, do trabalho desenvolvido em grupo, da interação social, descobrindo o prazer da aprendizagem, ao mesmo tempo, em que desenvolvem sua capacidade de encontrar soluções para si mesmas, seja nos conteúdos escolares ou em seu cotidiano. Dessa forma, o trabalho desenvolvido, foi uma grande oportunidade em mostrar aos alunos que existem outras formas de se aprender, formas prazerosas de aprender conteúdos que se relacionam com suas vidas, e tentar se desfazer de alguns paradigmas. Diante destes aspectos, a Psicopedagogia vem como uma grande aliada no processo educativo dos alunos que freqüentam a Educação de Jovens e Adultos, ajudando alunos e professores nas suas caminhadas, rumo a dignidade, cidadania e autonomia, motivos fundamentais para o desenvolvimento de um país coerente para todos que dele fazem parte. O presente artigo, trouxe em evidência que a Psicopedagogia contribui de forma significativa no processo de ensino-aprendizagem, dos alunos que freqüentam 19 a Educação de Jovens e Adultos. Os resultados alcançados foram satisfatórios e a continuidade no trabalho se faz necessário e de grande importância para todos que formam a comunidade escolar da Educação de Jovens e Adultos. O trabalho desenvolvido na escola foi de grande valia, pois, possibilitou conhecer um pouco mais do aluno que freqüenta esta modalidade de ensino, seu mundo, seus desejos e o que querem para o seu futuro. A Educação de Jovens e Adultos por ser caracterizada por realidades diversificadas, merece aprofundamento, conhecimento e elaboração de instrumentos de apoio específicos para cada contexto, visando a aprendizagem. Diante disso, criar um ambiente que apresente formas diferenciadas de aprender, resgata o desejo dos alunos e dessa forma a aprendizagem tradicional dará lugar a uma aprendizagem contextualizada e significativa para os alunos. A contribuição da Psicopedagogia é de extrema importância para uma nova forma de pensar, sentir e agir frente aos conteúdos e no sentido de auxiliar nos processos de ensino-aprendizagem dos alunos, de suas dificuldades e facilidades que, articulados no conjunto, configuram a identidade da comunidade escolar. 20 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOSSA, Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 2ª. Ed. Porto alegre: Artes Médicas Sul, 2000. Diretrizes Curriculares para a Educação Municipal de Curitiba. 2006 FAGALI, Eloísa Quadros; VALE, Zélia Del Rio do. Psicopedagogia Institucional e Aplicada: aprendizagem escolar e dinâmica e construção na sala de aula. Petrópolis: Vozes, 1993. FERNÁNDEZ, Alicia. A inteligência aprisionada. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1988. FREIRE, A.M.A. A voz da esposa: a trajetória de Paulo Freire. Disponível em: http://ppbr.com/ipf/bio/esposa.html Acesso em 07 ago. 2007. Lei nº. 9394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Trabalhando com a Educação de Jovens e Adultos – Alunas e Alunos da EJA. Brasília:2006. PINTO, Álvaro Vieira. Sete lições sobre educação de adultos. 14.ed. São Paulo: Cortez, 2005. SOARES, Leôncio; GIOVANETTI, Maria Amélia Gomes de Castro; GOMES, Nilma Lino. Diálogos na Educação de Jovens e Adultos. 1ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. 21 ANEXOS 22 DEPOIMENTOS DOS ALUNOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS “Essas atividades são boas, fazem a gente “quebrar a cuca”. “A gente chega cansado do trabalho na escola e com essas atividades a canseira logo passa”. “Já consigo ler o nome do ônibus e das placas”. “Não vejo a hora de aprender a ler a Bíblia”. “Não estou nem tomando o meu remédio para depressão. Na escola eu me sinto tão bem e me divirto tanto”. “Pensei que nunca seria capaz de aprender, já estou velha e a minha cabeça não funciona. Mas não é que estou começando a aprender um pouquinho?” 23 FOTOS DOS ALUNOS REALIZANDO ATIVIDADES CAÇA-PALAVRAS CRUZADINHAS QUEBRA-CABEÇA 24 TRABALHO EM GRUPO JOGO DA MEMÓRIA