Poluição do Ar Interior Ameaça Saúde Pública Direcção Nacional da Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza Lisboa, 04 de Outubro de 2004 A poluição está instalada dentro das nossas casas Ao contrário da ideia muitas vezes generalizada, a poluição do ar também atinge o interior dos edifícios, sendo muitas vezes mais elevada do que no exterior, e é cada vez mais referida como estando na origem de vários problemas de saúde pública. As pessoas passam cerca de 90% do tempo dentro de recintos fechados, onde estão frequentemente expostas a um diversificado cocktail de poluentes químicos e biológicos provenientes de fontes várias: fumo de tabaco, combustão de derivados do petróleo, tintas, vernizes, materiais com amianto, materiais emissores de Radão, carpetes, mobiliário, insecticidas, produtos de limpeza, cosméticos e perfumes; para além de outras fontes existentes no exterior. Esta enorme diversidade de fontes que degradam a qualidade do ar nos recintos fechados é responsável pelo “síndrome de edifício doente”, caracterizado pela presença de vários poluentes tais como: poeiras, bactérias, amianto, dióxido e monóxido de carbono, fumo do tabaco, formaldeído, gás radão, compostos orgânicos voláteis e metais pesados. Os riscos mais frequentes de viver num “edifício doente” prendem-se com o desenvolvimento de alergias, dificuldades respiratórias, dores de cabeças, tonturas, náuseas, irritação dos olhos, da pele e das vias respiratórias, perda de capacidades intelectuais e cancro, sendo as crianças mais sensíveis a estes efeitos. Governo continua a esquecer monitorização, prevenção e controlo Apesar de estar previsto no programa do actual governo, por transição do anterior, o desenvolvimento e aplicação de uma estratégia para a gestão da qualidade do ar em recintos fechados e a aprovação de legislação na área, continuam a não existir dados concretos sobre níveis de poluição em edifícios públicos, como creches, escolas e estabelecimentos desportivos, nem em edifícios privados, nomeadamente de residência. Apesar desta competência estar atribuída ao Instituto do Ambiente, não têm sido desenvolvidas as necessárias medidas de monitorização, prevenção e controlo da qualidade do ar no interior dos edifícios. Necessário criar grupo de missão para a qualidade do ar interior Assim, tendo em conta a inactividade que esta questão tem merecido, a QUERCUS entende ser necessária a criação de um grupo de missão para a qualidade do ar interior que, no âmbito do Instituto do Ambiente, fique responsável por preparar e implementar as acções e planos necessários nesta área. Este mesmo grupo de missão deverá também ficar responsável pelo desenvolvimento e implementação imediata de um programa de monitorização da qualidade do ar no interior de um vasto conjunto de edifícios frequentados pelo público, com particular destaque para as escolas. Legislação precisa-se Torna-se também urgente a preparação e aprovação de legislação de prevenção e controlo da qualidade do ar no interior dos edifícios, estabelecendo critérios sobre a qualidade do ar interior e garantindo a obrigatoriedade de monitorização e fiscalização periódicas. No âmbito da melhoria da qualidade do ar interior é fundamental a aplicação da Resolução da Assembleia da República nº 24/2003 de 16 de Abril referente à utilização de amianto em edifícios públicos. De acordo com esta resolução, há mais de 5 meses que já deveria existir um inventário de todos os edifícios públicos contendo amianto, a partir do qual seria preparado um plano de acção para a remoção desta substância cancerígena nos casos mais graves.