BEAUVOIR E FOUCAULT: QUAIS OS IMPACTOS DESSE DEBATE
TEÓRICO PARA AS QUESTÕES DE GÊNERO E SEXUALIDADES NA
ATUALIDADE?
Profa. Drª. Vanuza Souza Silva/UFAL/Sertão
Resumo
Simone de Beauvoir e Michel Foucault são contemporâneos e fizeram partes das
barricadas do desejo em 1968 na França, movimento que questionava os valores
conservadores da cultura francesa. Beauvoir e Foucault se diferenciam em suas escolhas
teóricas e filosóficas, mas ambos se constituem como rupturas na trajetória do
pensamento francês. Na década de 40 do século XX Beauvoir impacta a cultura francesa
ao lançar o segundo sexo, especificamente após a segunda Guerra Mundial,
questionando os valores patriarcais não apenas de sua sociedade , mas das sociedades
gerais, problematizando a naturalização das relações sociais entre homens e mulheres,
as quais determinavam a inferioridade do feminino. Beauvoir historicamente discute
como as sociedades foram organizando ao longo dos séculos a inferiorização do
feminino. Existencialista, escritora e filósofa, Beauvoir é uma das primeiras autoras a
questionar as relações entre o masculino e o feminino em seu contexto. Fazendo parte
de outra tradição teórica, situando parte de seus escritos após o debate dos
estruturalistas, Michel Foucault, constitui-se como sendo parte de uma linha de
pensamento que problematiza toda lógica de pensamento que se afirma a partir do
essencialismo, do existencialismo e transcendentalismo, por isso, discute gênero e
sexualidades não apenas enquanto construções sociais, mas como dispositivos de
controle das subjetividades. A grande questão de Michel Foucault, principalmente nos
escritos sobre sexualidade, é analisar por que fizemos do sexo o lugar de construção
identitária dos sujeitos e por que o sexo é o lugar de verdade dos indivíduos na
modernidade, por isso o retorno do auto até às sociedades gregas para pensar as rupturas
e descontinuidades na cultura do sexo e do corpo na modernidade. Este trabalho é uma
análise sobre a contribuição desses dois pensamentos sobre as sexualidades atuais.
PALAVRAS-CHAVE: Teoria, sexualidade, sexo, gênero.
Summary
Simone de Beauvoir and Michel Foucault are contemporary and have made parts of the
desire of the barricades in 1968 in France, a movement that questioned the conservative
values of French culture. Beauvoir and Foucault differ in their theoretical and
philosophical choices, but both are as breaks in the trajectory of French thought. In the
40s of the twentieth century Beauvoir impacts the French culture by launching the
second sex, specifically after the second World War, questioning patriarchal values not
only of their society, but the general societies, questioning the naturalization of social
relations between men and women , which determined the inferiority of women.
Beauvoir historically discusses how societies were organized over the centuries the
degradation of women. Existentialist writer and philosopher, Beauvoir is one of the first
authors to question the relationship between the male and the female in context. As part
of another theoretical tradition, placing part of his writings after the debate of
structuralist Michel Foucault, is constituted as part of a line of thought that questions the
whole logic of thought that says from essentialism, existentialism and transcendentalism
therefore discusses gender and sexuality not only as social constructions, but as of
subjectivities control devices. The big question of Michel Foucault, especially in the
writings on sexuality, is to analyze why we did sex the place of identity construction of
subjects and why sex is the place of truth of individuals in modernity, so the auto return
to the Greek companies to think the breaks and discontinuities in the sex culture and
body in modernity. This work is an analysis of the contribution of these two thoughts on
current sexualities.
KEYWORDS : Simone de Beauvoir , Michel Foucault, theory , sexuality, gender .
1949, cinco anos após a segunda guerra mundial, acontecimento que colocava em
questão os nacionalismo dos países que participaram da guerra na Europa, uma autora
ainda pouco conhecida na França, Simone de Beauvoir, filosofa e professora, publica O
Segundo Sexo, um livro ensaístico sobre a condição da mulher, principalmente na
França e no qual lança a tese de que a mulher culturalmente foi ensinada a ser o outro, a
ser inferior ao homem, sua proposta seria fazer a mulher perceber sua situação histórica
para que a mesma encontrasse o caminho da libertação, sobretudo, desnaturalizar o
conceito de fêmea inferior. Leitora de Hegel, o livro em suas longas páginas reproduz a
teoria do dominador e dominado. Ao mesmo tempo seguidora da teoria existencialista, a
autora vai defender no mesmo projeto de escrita a ideia de que o ser mulher só
encontraria sua libertação quando conseguisse se projetar para o fora de si, como
defendia a teoria existencialista do seu contexto.
O que O Segundo Sexo consegue romper, mudar? Que especificidades aquele
discurso cria sobre a mulher? Que rupturas tecem o discurso de Simone de Beuavoir
sobre a relação mulher e natureza?
Simone de Beauvoir escreveu romances, ensaios e memórias, antes da obra de
maior visibilidade, O Segundo Sexo, a autora tinha escrito várias obras, dentre elas, A
Convidada (1943), um romance que trata de um triângulo amoroso no período da
segunda guerra, no qual a autora vai mostrando os dilemas, as decepções e ciúmes da
protagonista Françoise. O Sangue dos Outros, seu segundo romance (1945), no qual a
trama trata da história de um membro da resistência, Jean Blomart, que vivenciava os
conflitos entre o engajamento social e a liberdade pessoal, livro no qual a teoria da
libertação defendida pelo existencialismo vai se fazer presente de forma significativa. O
terceiro romance dessa faze é intitulado Todos os Homens São Mortais, um romance
no qual o personagem principal , o Conde Fosca, que vive na Idade média toma um
elixir da imortalidade. O personagem atravessa todas as épocas e chega até á
modernidade onde reflete sobre alguns valores humanos, como exemplos, ambição,
poder, imortalidade e outros. Antes também do famoso O Segundo Sexo, Beauvoir tinha
escrito outros ensaios: Pyrrus et Cineas (1944) no qual debate que a ausência de Deus,
incitou o homem precisa criar projetos existencialistas de ética para alcançar a tão
sonhada liberdade, uma liberdade que para existir no indivíduo, precisa ser pensada
também no plano coletivo e social; e Por uma Moral da Ambiguidade, neste ela
escreve com mais clareza o projeto da teoria existencialista, defendendo que na
liberdade e somente nela se encontra o princípio da ética e da conduta humana. O último
livro, portanto que antecede O Segundo Sexo é América Dia a Dia (1947) no qual a
autora em forma de testemunho narra não só a sua estadia de quatro meses nos Estados
unidos, como também escreve o seu desejo de conhecimento sobre outro continente.
Somente com a publicação de O segundo Sexo, Beauvoir consegue afetar os valores de
sua sociedade, atingir valores patriarcais de sua cultura, como também de outras
culturas, como a do Brasil. Numa sociedade marcada por valores nitidamente
patriarcais, desolada por um nacionalismo abalado pelo pós-guerra, Beauvoir ao criticar
valores como a guerra e o capitalismo, ocupa um lugar de autoria que será pensado a
partir de dois extremos: Ora é percebida por parte de um grupo de mulheres e feministas
como o mito de libertação, ora é vista e dita pelos conservadores de direita, como a
mulher que estava corrompendo os valores franceses. O mais importante é a ruptura que
a autora faz entre o conceito de mulher e natureza, quando vai mostrando ao longo de
suas obras a mulher enquanto sujeito criado sob os panos de fundo de sua cultura.
Simone de Beauvoir não só ultrapassa sua própria obra, como também consegue
extrapolar os arranjos de sua cultura e mobilizar outras práticas culturais em torno do
conceito de mulher e natureza, como ocorreu no Brasil dos anos 60, contexto no qual as
feministas militam apoiadas também nas teorias de Beauvoir. A passagem da autora
francesa pelo Brasil nos anos 60, junto com seu companheiro Sartre, torna-se um
“marco” entre o casal intelectual e os intelectuais brasileiros, como ocorre com Jorge
Amado que já mantinha contato com a filosofia dos franceses (2002, p.25). As palestras
da autora nas faculdades pernambucanas, as entrevistas para os jornais cariocas e
paulistas e pernambucanos aprofundam essa relação de força e espelhamento das ideias
que o contexto intelectual dos anos 60 vivenciava.
Dentre os estilos e inúmeras obras escritas, é O Segundo Sexo que
principalmente no Brasil consegue ser a leitura que irá movimentar as escritoras dos
anos 60 e 70 no Brasil. Tal obra escrita num período no qual a França vivenciava as
crises de valores como o nacionalismo e em que as práticas comunistas e marxistas de
esquerda questionavam muitos dos valores da cultura francesa. A obra de Beauvoir
surge nesse espaço de crítica ao próprio nacionalismo francês, de crítica a um do
modelo de homem/mulher francês/francesa, de homem/mulher universal.
Os discursos, como diz Foucault, são acontecimentos. No Brasil O Segundo
Sexo conseguiu ser para as feministas um livro fundamental para a mudança de
pensamento, mesmo sendo a cultura brasileira marcada por uma prática política
conservadora. Os arquivos, os jornais brasileiros criaram uma dada visibilidade sobre
Simone de Beauvoir e seus textos. Lygia Telles, Marlise de Matos Almeida, Alda Mota
são nomes de algumas escritoras feministas que nos anos 60 se inspiraram no projeto de
escrita de Beauvoir.. Em Três Facetas de uma Escritora Walnice Galvão escreve:
De Simone Beauvoir sempre vale a pena
lembrar que, antes dela e de seus escritos,
nada havia para orientar as mulheres em
busca de escrita nem quanto a sua condição
e à diferença que sua condição implica. Mas
se não fosse ela, nem saberíamos que certos
assuntos que nos preocupavam eram dignos
de reflexão (1999, p. 65)
As
escritoras
que
mencionam
Beauvoir como uma leitura fundamental em sua formação intelectual, atribuem á
escritora francesa a ideia de que ela desnaturalizou a condição da mulher, no Brasil e no
mundo. Mas o que fazem essas escritoras quando buscam a autora, o sujeito Beauvoir?
Não seria o movimento contrário do que acreditam ser a desnaturalização de uma
condição social e intelectual? Para muitas escritoras feministas brasileiras, Beauvoir foi
a primeira a discutir gênero, antes mesmo desse conceito ser parte de uma discussão das
feministas., isso porque as feministas dividem a história do feminismo em três grandes
movimentos, o primeiro em busca do sufrágio universal, localizado nos anos vinte do
século XX; a segunda fase nos anos 60 quando há uma luta e questionamento aos
valores patriarcais, a conquista da legalização do aborto, da pílula anticoncepcional; e
a terceira fase, a que se inicia nos fins dos anos 70 e 80 com a busca pela história das
diferenças entre as mulheres e o questionamento ao conceito de gênero, principalmente
nos anos 9o pela feminista Judith Butler.
O nome Beauvoir entre os anos 60 e 80 no Brasil acabou inspirando práticas
feministas e de escritas femininas. Criada pelas escritoras como um mito de mulher
libertária, Beauvoir significou aqui écriture liberté para as mulheres intelectuais. Para
estas a obra explica a vida da autora, a vida explica sua obra numa sintonia de causa e
efeito. Fruto dos anos 80, o NEIM, a Revista PAGU, a Revista Feminista são projetos
materializados de lutas feministas, que inspiradas em sua maioria no projeto de
Beauvoir modificaram escrituras no Brasil. Esses projetos criaram na verdade uma dada
maneira de ver/ler Beauvoir. Como lembra Foucault, a autoria é uma função social que
regulariza e disciplina as discursividades que a constitui. Simone de Beauvoir é um
nome que controla e dita o que deve ser lido e como devem ser lidos seus textos. Ao
invés de dizer o que é a obra de Beauvoir, será preciso pensar, como foi possível a
condição de sua autoria.
A autoria de Beauvoir, mas também as autorias de quem nela se inspiram, são
significantes não só pelo conteúdo, mas pelo que autorizam a circular, pelo que se
apropriam e transformam. No Brasil pensar a partir da escritora francesa significa
assumir um dado lugar político, social e acadêmico, porque esta é uma outra estratégia
do lugar-autor. Da mesma forma que a escritora francesa consegue mobilizar dadas
ideias e teorias, no Brasil as escritoras que nela se inspiravam também fizeram circular
dadas leituras, dados conceitos. É a leitura do Segundo Sexo em grande medida o que
mobiliza e o que justifica Beauvoir para as escritoras do Brasil.
Pensar então a escrita de Beauvoir a partir de Foucault, significa pensar a
relação dessa linguagem com o que se repete ao longo de seus textos, ver também
aquilo que se torna seu duplo, seu desaparecimento, sua morte. E esse é outro
ensinamento sobre a autoria, que é criação, mas também morte e desaparecimento do
que entra na maquinaria da escritura. As memórias de Beauvoir apontam para um
mundo que a cada página desaparece, seus escritos se pensarmos com Foucault parece
querer recuperar o tempo perdido, mas a escrita só consegue assinar o que falece na
própria obra. A linguagem como nos sugere Foucault é também um jogo com a morte,
ela ao mesmo tempo que repete, é dupla, aceleramento da dispersão e perda de algo,
perda da própria unidade-sujeito (2006, p. 268) .
Se Beauvoir questiona a naturalização do feminino enquanto signo de
inferioridade, fragilidade, emoção a partir dos fins da segunda metade do século XX,
sendo o período entre anos 60 e 80 desse mesmo século o auge de seu questionamento
às estruturas patriarcais, Michel Foucault desde os anos 50 do século supracitado vem
questionando as estruturas do pensamento ocidental, desnaturalizando a razão ocidental
que criou verdades absolutas e científicas sobre os sujeitos e sociedades, verdades que
fizeram do homem ocidental o modelo de experiência ideal.
O filósofo Michel Foucault publica sua primeira obra em 1954 (Doença mental
e psicologia), resultado de suas experiências com o discurso da psiquiatria após
tentativas de suicídios na juventude. História da loucura, publicada em 1961, será, pois,
a obra que tornará o autor conhecido, inclusive, fora da França. Nessa obra Foucault
questiona o saber psiquiátrico e toda verdade atribuída ao mesmo. Ao invés de curar o
louco, pensa Foucault, a psiquiatria o institui. Através do método arqueológico, o autor
problematiza o discurso enquanto acontecimento, discurso que ao construir uma
verdade simula a naturalidades das coisas. A arqueologia que dá conta da dispersão dos
discursos, discute as condições históricas que tornaram possível a construção de um
dado discurso em dada época, como o autor fará em História da Loucura ao pensar as
diferentes formas de pensar e dizer o louco no Ocidente em diferentes contextos. No
século XIX o louco se institui então como a não razão ou doença mental.
Até que ponto a vida explica a obra? Solitário desde muito jovem e isolado das
normas sociais de sua época, de várias formas cria espaços existencialistas de
resistência a si próprio quando tenta suicídio várias vezes ao descobrir-se homossexual,
ao mesmo tempo, e quando tenta suicídio novamente ao se desvincular da doutrina
comunista. Matar a si próprio para matar os outros que lhes existiam, das normas, do
poder conservador, mas foi a inscrição de suas obras que lhes permitiu a reinvenção de
si, escrevia e não morria mais, pelo menos a não morte da sua subjetividade rebelde e
furiosa.
Contemporâneo também de Sartre, Paul Veyne, Bourdieu, Bataille, Blanchot,
Foucault teve como principais autores influentes, Merleau-Ponty e Jean Hypollite dos
quais foi aluno. Leitor também de René Char eFrederich Nietzsche Foucault também se
deidca a pensar a arte como saber fundamental para construção das subjetividades,
embora relativize ao longo do seu pensamento, essa importância que atribui à arte. Na
década de 60 do século XX, por exemplo, Foucault vai pensar a literatura enquanto
lugar de ruptura com a obra/norma, pensamento que se modifica ao longo da década de
70 quando afirma que a literatura é mais um saber fundador da obra/norma.
É comum entre alguns especialistas no pensamento de Michel Foucault,
dividirem sua produção em três momentos: arqueológico, genealógico e arquegenealógico, fases que representam respectivamente as análises da constituição dos
saberes enquanto acontecimento; análise da relação do saber com o poder; análise da
constituição de uma ética de si. História da loucura, Arqueologia do saber, Nascimento
da clínica e as palavras e as coisas fariam parte desse projeto arqueológico. A Ordem do
discurso e Vigiar e punir seriam partes do projeto genealógico. Genealogia, conceito
inspirado em Nietzsche, é usado na análise de vigiar e punir, na qual o autor relaciona o
saber e o poder, enfatizando a docilização dos corpos a partir das disciplinas. Nessa
mesma obra o autor analisa os processos de disciplinarização que sujeitam os corpos na
prisão e para além dela.
As três obras da História da sexualidade I, II e III ( A vontade de saber, o uso
dos prazeres e o cuidado de si) seriam fundadoras de uma ética de si, da vida enquanto
obra de arte afirmada pelo filósofo. Nessa fase a crítica do autor se refere à cultura da
sexualidade instituída no Ocidente moderno, a qual institui a verdade dos sujeitos a
partir do seu sexo. Foucault discute a idéia de que a centralização da verdade no
dispositivo das sexualidades dos sujeitos é uma singularidade da modernidade, visto
que na economia dos gregos a questão da sexualidade, do sexo dos sujeitos não era uma
questão prioritária nas relações, mas sim, o equilíbrio das vontades, dos desejos, o não
controle das emoções e sentimentos, esse sim era motivo de preocupação para os
antigos. Constituindo uma fase inacabada, devido à morte do autor, nos anos 80 do
século XX pelo vírus da AIDS, Foucault na última fase problematiza a estilística da
existência entre os gregos para falar daquilo que mobilizou seus últimos ditos e escritos,
a vida como arte, obra de arte, a vida enquanto uma escolha da existência, na qual a
subjetividade é arte de transformar a norma, de transgredir a norma, de inventar outras
práticas para si.
Desmontar verdades, questionar certezas, essas foram as práticas centrais do
pensamento de Simone de Beauvoir e Michel Foucault, apontados como subversivos,
esses autores revolucionaram diferentes áreas do pensamento: gênero, filosofia,
educação, psiquiatria, história, direito. Revolucionaram as obras com a própria vida,
transgrediram a vida, com as obras. Signos de forças criativas, inventaram para si um
estilo de pensamento e de vida, não apenas quando de libertaram de padrões de
pensamento, mas, sobretudo, das normas e regras das sexualidades controladas, do
valores socialmente aceitos. Foucault se questionava: não poderia a vida de todos se
transformar em obra de arte? Essa é uma questão que nos convida a nos reelaborarmos
de modo complexo, diário e que nos tomemos para si como objetos de nossas próprias
artes de pensar e existir, como quem funda em si a própria fuga da liberdade, sendo esta
não um projeto utópico do futuro, mas uma prática cotidiana de questionamento e
recriação de si. Foucault se questionava: Por que deveria uma lâmpada ou uma casa ser
um objeto de arte e não a nossa vida? (FOUCAULT, 1995, p.261). Poeta e poetisa da
carne, da vida, esses dois pensadores são como o dândi de Baudelaire, que erotizaram o
pensar, no sentido de provocar, de incitar e seduzir outras vontades, de produzir na arte
da vida, o desejo de ser outro, outra beleza, outro de si mesmo, tal qual o dândi
baudelaireano, “dândi era um tipo estranho de espiritualista, dedicado a uma espécie de
cultivo de si, poeta da carne era sensível aos prazeres do corpo e levava uma vida
erótica animada por um “capricho apaixonado pelo poético”i.
i
DIAS Rosa- Maria Nietzsche e Foucault- a vida como obra de arte. Ver
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfC-QAF/dias-rosa-maria-nietzsche-foucault-a-vida-como-obraarte?part=2 Acesso 12-04-2015.
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DREYFUS, Hubert L; RABINOW, Paul. Michel Foucault, uma trajetória filosófica:
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Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995
FOUCAULT, M., Ditos e Escritos I, “O Que São as Luzes?”.Trad.Elisa Monteiro. Rio
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Tópicos)
______. Ética, sexualidade, política. Organização e seleção de textos Manoel Barros
de Motta; tradução de Elisa Monteiro, Inês Autran Dourado Barbosa. 2ª edição. RJ:
Forense Universitária, 2010. (Ditos e escritos; V)
DREYFUS, Hubert L; RABINOW, Paul. Michel Foucault, uma trajetória filosófica:
para além do estruturalismo e da hermenêutica. Tradução de Vera Porto Carrero. Rio de
Janeiro: Forense Universitária, 1995
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