24/10/2013 às 00h00 Expansão à vista Está clara a missão de Eduardo Bartolomeo, que assumiu em 31 de julho a presidência da BHG, terceira maior rede hoteleira nacional: dobrar de tamanho até 2017. Hoje, são 48 hotéis na empresa, que têm como sócios a americana LA Hotels e um fundo da GP, além de ações em bolsa. BHG tem presidente novo com meta antiga Por João José Oliveira | De São Paulo Presidente novo, missão antiga: dobrar de tamanho até 2017 e ampliar as atuais margens operacionais. Na primeira entrevista desde que assumiu a presidência da BHG Brazil Hospitality Group, em 31 de julho, Eduardo Bartolomeo repetiu o mantra do antecessor, Pieter Van Voorst Vader. "A gente continua muito focado em ter ativos e locações premium. Não vamos fazer negócio com múltiplos equivocados", diz o novo presidente da terceira maior rede hoteleira de capital nacional. Bartolomeu, de 49 anos, é engenheiro metalúrgico, formado pela Universidade Federal Fluminense com MBA na Katholieke Universiteit Leuven, Bélgica, e especialização no MIT, dos Estados Unidos. Já passou por Cosipa, Ambev e Vale. Na BHG, promete levar a empresa dos atuais 48 hotéis e 8.539 quartos a uma rede de 80 empreendimentos e quase 14 mil quartos até 2017. Esse é o piso da meta. "Além dos 22 empreendimentos em desenvolvimento, queremos assinar pelo menos mais dez negócios até lá". Ele fechou a compra do Marina Palace, no Rio de Janeiro, na quinta-feira da semana passada. "O Marina é nosso exemplo de negócio", diz Bartolomeo sobre o hotel de 150 apartamentos, todos com vista para o mar do Leblon, e estrutura para eventos para 560 pessoas. "Em 60 dias vamos assumir a operação e teremos em detalhes os aportes". O mercado calcula em R$ 150 milhões o valor da aquisição. Para o Itau BBA, a transação é positiva porque aponta que o BHG "começa a empreender significativa atividade de fusões e aquisições após a recente venda de ações", quando levantou R$ 360 milhões em oferta secundária. O BTG Pactual calculou em R$ 40 milhões o acréscimo de receita que o Marina Palace vai agregar ao BHG, com um resultado operacional antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 12 milhões. Entre janeiro e junho deste ano, a BHG teve receita operacional líquida de R$ 112,9 milhões, 9,3% mais que no mesmo período de 2012. O Ebitda nessa base subiu 12,4%, a R$ 36,4 milhões. "Teremos sinergias", diz Bartolomeo sobre a rede da BHG no Rio, com cinco hotéis e 1,3 mil quartos. No Brasil, a BHG tem contrato de exclusividade com a Golden Tulip Hospitality Group para as marcas Royal Tulip (5 estrelas), Golden Tulip (4 estrelas) e Tulip Inn (3 estrelas). Tem ainda a bandeira Soft Inn, (2 estrelas). Além do mercado carioca, o novo presidente da BHG quer fechar negócios em São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Curitiba e Fortaleza. O dinheiro das aquisições segue vindo do caixa, que atingiu disponibilidades de R$ 329 milhões em 30 de junho, após a entrada dos recursos da venda de ações, em abril. São com essas praças e com esses recursos que a BHG espera elevar as margens operacionais - em relação à receita antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) -, que subiram de 25% para 28,1% entre junho de 2012 e junho de 2013. "Hotelaria é um jogo de escala. Nos Estados Unidos, as margens operacionais atingem 50%", diz Bartolomeo, que rebate o risco de perder rentabilidade se a concorrência ficar mais acirrada. "Preferimos crescer menos a entrar em leilão de taxas. Vamos crescer de forma sustentável" reforça o executivo, repetindo as frases do antecessor que se tornaram mais comuns após uma guerra jurídica, em 2011, afetar a rotina da empresa. Em agosto daquele ano, a BHG pagou R$ 184 milhões pelo Sofitel, hotel de luxo localizado em Copacabana, para a Veplan, dona do imóvel, em processo de recuperação judicial desde 2006. Mas a francesa Accor entrou em rota de colisão, ao exigir direito de preferência para comprar o hotel por ser locatária desde 1996. O grupo francês fez também depósito do mesmo valor pago pela BHG. E o negócio virou um processo que se arrasta em tribunais desde então; dormindo hoje no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Analistas de mercado dizem que esse evento foi definitivo para o fim da carreira de Pieter Van Voorst Vader na BHG. Bartolomeo assumiu o cargo sem o ônus de ter assinado a operação. Mas herdou a pressão pela entrega de um crescimento dinâmico, capaz de compensar os R$ 184 milhões congelados nos cofres da Justiça. Nesse grupo de pressão está o bloco de controle da BHG S.A, que tem 30% do capital pertencente ao grupo LA Hotels, com sede em Dover, nos Estados Unidos, e ao fundo de investimento GPCP4, da GP Investimentos. Outra fatia, de 56%, é negociada na bolsa, com larga presença de aplicadores estrangeiros. No próximo dia 12 de novembro, o novo presidente vai apresentar o balanço do terceiro trimestre, o primeiro exercício inteiramente sob seu comando. Desde que assumiu a BHG, Eduardo Bartolomeo viu as ações da empresa caírem de R$ 16,79 a R$ 13,33, no dia 20 de agosto, para depois voltarem a subir, até R$ 15,90 ontem - ainda abaixo do patamar do fim de julho. © 2000 – 2013. Todos os direitos reservados ao Valor Econômico S.A. . Verifique nossos Termos de Uso em http://www.valor.com.br/termos-de-uso. Este material não pode ser publicado, reescrito, redistribuído ou transmitido por broadcast sem autorização do Valor Econômico. 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