BOLETIM INFORMATIVO^
CompanheiroTodo trabalhador já sentiu, e está sentindo hoje mais ain
da do que nunca, que deste regime capitalista de generais não
se pode esperar nada.
Nas cidades os salários são dia a dia rebaixados,e no cam
po, os filhos do agricultor não podem nem de longe pehsar em fi ,
car na terra e produzir.
Todo trabalhador já sabe que não adianta ficar parado,
e
que é preciso arregaçar as mangas e lutar por seus direitos.
Mas, esta luta tem que ser muito bem organizada e, também,
tem que ter a união de todos.
Por isso foi fundada a COT: para unir e organizar, a
ní-
vel nacional, a luta dos trabalhadores contra a exploração ca
pitalista.
0 GEA, através deste Boletim Informativo, está procurando
levar a todos os Companheiros algumas informações básicas sobre o histórico (XNCLfiT-Cangresso Nacional das Classes Trabalhadoras - realizado em São Bernardo do Campo, SP,
nos
dias
26, 27 e 28 de agosto passado, que tomou a iirçportante decisão
de fundar a COT-Central Ohica dos Trabalhadores.
Acreditamos que a fundação da COT-Central Ohica dos Trata
Ihadores - é um dos passos mais importantes que a classe trabalhadora está dando na caminhada pela sua emancipação e é ho
ra de todos nós, sindicatos, lideranças e trabalhadores,
que
queremos e lutamos par uma sociedade mais livree igualitária,
nos integramos na construção da nossa Central Ünica, que cer
tamente
será
chegar lá.
V
um
instrunento inportante para nos ajudar
a
1^1. Os trabalhadores jd têm
sua Central Sindical: a CUT
A fundação da CUT - Central Omca dos Trabalhadores foi a mais importante decisão dos 5.059 delegados de 912 entidades sindicais que estiveram reunidos em São Bernardo do
Campo, nos dias 26, 27 e 28 de agosto passado durante o ...
CONCLAT - Congresso Nacional das Classes Trabalhadoras.
Foi ura ato histórico era que os trabalhadores dispostos a assumirem a força política que têm, resolveram se orga
nizar a nTvel nacional para lutar por seus interesses e, tara
bem, para raudar este sistema que através da história vem penalizando os trabalhadores do campo e da cidade e favorecendo uma minoria.
2. Um pouco de histoVía
Os txabalhadores brasileiros por diversas vezes na his
tória já tentaram se organizar a nível nacional. Bn 1906, um
Congresso de Trabalhadores fundou a OOB - Central Operaria
Brasileira. Em 1927 um novo Congresso Operário fundou a Confederação Geral do Trabalho. Qn 1935 houve outra tentativa de
união através da Confederação Unitária Sindical do Brasil.
Mais recentemente, no principio dos anos 60, os trabalhadores
criaram o PUA-Pacto de Unidade e Ação e, o CGT-Ccmando Geral
dos Trabalhadores.
Bn todas estas tentativas, o governo usou a força para reprimir.
Depois do golpe de 64, por quase 20 anos os trabalhadores foram impedidos de se manifestar, em todos os sentidos.
Muitos foram os presos, torturados e mortos por tentarem defender os direitos mais elementares de qualquer ser humano.'
Dezenas de diretorias sindicais foram cassadas e enquadradas
na Lei de Segurança Nacional e ainda continuam sendo.
r\
De 1964 para cá, o governo interviu e cassou as Diretorias de:
. 70% dos sindicatos com mais de 5.000 membros
. 19% dos sindicatos com menos de 5.000 membros
Contudo, os trabalhadores em nenhum memento deixaram
de protestar e, da maneira que podiam, mostrar sua incoformi
dade e desejo de mudar a situação. Pequenas greves sempre fo
ram realizadas, manifestações mais ou menos isoladas cotinua
ram acontecendo em todo este período de brutal repressão.
A partir de 1978, começando por São Paulo, começaram
a se espaltiar por todo o país greves e movimentos massivos '
de protesto. E, foi nesta época que se começou a sentir nova
mente a necessidade de um organismo para organizar as lutas
a nível nacional.
3. A caminho da CUT
De 1964 para cá, o governo brasileiro proibiu toda e
qualquer forma de união entre sindicatos de categorias diferentes. Assim, por exemplo, num mesmo município, os sindicatos não podiam se unir para reivindicar juntos. Nem os sindi
catos da mesma categoria, em municípios diferentes tãn o direito de se unir.
Isto é interessante para o governo. Fica mais fácil do
minar os trabalhadores porque eles estão divididos e, assim
mais fracos.
Mas aos poucos, os sindicatos foram se unindo, womeio
dos trabalhadores rurais, foram criadas as regionais e, no
meio dos trabalhadores urbanos, as intersindicais. Eram formas de os sindicatos ficarem mais fartes e com isto os traba
lhadores terem mais força.
Por que isto?
Os trabalhadores viram que as lutas isoladas, embora
importantes, tinham um alcance muito limitado, pois se conquistavam uma vitória numa greve, logo depois já tinham que
estar novamente brigando, pois, o que era fundamental não ti
nha sido mudado, ou seja, a política do governo que é quem
coordena todo este arrocho. Então, era necessário lutar não
só por um aumento no salário que logo era comido pela inflação, mas sim por uma política salarial que desse segurança e
estabilidade para o trabalhador.
Quer dizer,os trabalha
dores foram se unindo por que
era necessário.Eles precisavam de mais força.
Bn agosto de 1981, depois de muitos anos, os traba
lhadores novamente se reuniram numa Conferência para dis
cutir os problemas.
Foi o
CX^JCIAT-Conferência Nacional
das Classes Trabalhadoras- e
tomaram decisões muito importantes.
Qna delas
foi a criação de uma Conissão Nacional Pró-Central Onica dos
Trabalhadores. Esta foi encarregada de levar adiante um Plano de Lutas que havia sido aprovado na Conferência e, também,
de organizar um Congresso Nacional para agosto de 82, onde se
ria discutida a formação da COT. Na Comissão estavam representadas todas as correntes do movimento sindical brasileiro.
Tinha dirigentes combativos caco Lula e Avelino Ganzer (trabalhador rural do Pará) e pelegos notórios como o Joaqulnzão
(metalúrgicos de São Paulo).
Esta Comissão não funcionou muito bem. Os pelegos estavam sempre puxando para trás e buscando a conciliação com
o governo. Teve alguns que eram da Comissão, mas que nunca '
participaram de reuniões, como foi o caso do Orgênio Roth ,
que naquele tempo era presidente da Fetag. Parece que para
eles não interessava a união.
4. Divisão no Sindicalismo
Nós vimos que no I CONCLAT, em 1981, havia sido deciídido que em 1982 seria realizado o II CONCLAT, para discutir
e quem sabe formar a COT. Pois, na época de começar a orgard.
zar este Congresso, os pelegos vieram ocm uma conversa de que
era melhor adiá-lo por um ano por que ia haver eleições para
governadores e que isso atrapalharia o Congresso. Os dirigen
tes combativos não concordaram com esta argimientação, mas em
nane de manter a unidade do movimento sindical, aceitaram o
adiamento. Ao invés de Congresso, aconteceu una reforma na
Comissão Nacional Pró-COT e o Congresso foi remarcado para '
agosto de 83. Posteriormente foram acertados os dias (26, 27
e 28) para a sua realização.
,
5.
De lá para cá, os pelegos oomeçaram a usar muito a ço
lítica da chantagem. Sempre que havia discussões polêmicas
eles ameaçavam "rachar".
Foi cem esta política que, numa reunião realizada no
dia 8 de agosto, em São Paulo, a somente 17 dias OONCLAT, os
pelegos e reformistas apresentaram a proposta de novamente
adiar a realização do Congresso, agora por dois meses. Eles
argumentavam que tinha que ser modificado o Regimento Interno, que já estava aprovado e que eles mesmos tinham ajudado
a elaborar.
Acontece que a maioria dos Encontros de Trabalhadores
realizados nos estados tinham decidido pela realização do...
CONCLAT em agosto, pela criação da COT e pela decretação da
greve geral contra o decreto. Aqui no Rio Grande do Sul, no
ENCLAT - Encontro Estadual de Trabalhadores, realizado nos
dias 15, 16 e 17 de julho, estas propostas haviam sido aprovadas,
ã
5. A responsabilidade
pela divisão
A divisão do movimento sindical, neste memento, é uma
coisa muito grave. Nós estamos cansados de saber dos efeitos
que para os trabalhadores urbanos representam os decretos dos
salários. Pelo lado dos trabalhadores rurais, neste memento,
estão em andamento importantes lutas pela Previdência e pela
terra. De outro lado, toda a política do governo para a agrl
cultura está mudando, principalmente, cem o oorte dos subsí^
dios sobre o crédito agrícola.
Quer dizer, este é um memento muito importante tanto
para os trabalhadores rurais quanto para os da cidade. E a
união é fundamental.
%
Pois Jaem^t §§. a união é importante, que motivos poderiam levar importantes setores do movimento sindical a rempê
-Ia. Vamos ver isto oem calma.
*
No mo^iKfâíriWsindical brasileiro nós temos atualmente
dois grupos. (M 'gi^úpo é formado pelos pelegos e reformistas.
O outro grupo nós podemos chamar de combativo ou autêntico.
0 GRUPO dos pelegos e reformistas é assim chamado por
que sempre procura trançar a luta dos trabalhadores. Até admitem assembléias de protestos, mas, algo mais concreto como
uma greve nunca. Fazem parte deste grupo sindicalistas liga-
V
1
6
!—
dos ao PDS, ao PCB-Partido Ccmunista Brasileiro, PC do B-Par
tido Ccmunista do Brasil, MR-S-Movimento Revolucionário 8 de
Outubro (Hora do Povo) e, ainda alguns sindicalistas ligados
ao PMDB e PDT. Quase toda a cúpula (Federações e Confederações) fazem parte deste grupo, inclusive a CONTAG, e a maioria das FBTAGs. Parece muita gente, mas na verdade representam muito pouco do verdadeiro movimento sindical brasileiro.
O pessoal das Federações
e Confederações são quase todos "dirigentes" que conseguiram seus postos através das in
tervenções do governo. São qua
se todos "filhos" do regime mi
litar e vão morres junto cem e
le.Vivem em Brasília e nas capitais dos estados cemo verdadeiros ministros.De trabalhado
res não têm nada.Levam vida de
rico, igual a latifundiário e
capitalista.Eles não podou ser
contra o governo que lhes faci
lita toda esta mordemia.
O pessoal dos Sindicatos que pertence a este grupo em
geral estão nos sindicatos há muitos anos e também ainda são
fruto do regime militar. Estes têm mesmo é medo de mobilizar
os trabalhadores porque poderiam se ecraplicar. Os outros, aqueles ligados ao PCB, PC do B, MR-8, não querem colocar em
risco a "abertura", pois, estão muito mais interessadosan le
galizar seus partidos que defender os interesses do trabalha
< or
^ *
Foi este pessoal que marcou xsa. outro Congresso para no
vembro, onde talvez consigam formar a sua central amarrada
às federações e confederações e a toda a estrutura sindical
do governo. Isto se não se dividirem antes, de novo.
GRUPO dos Ccmbativos ou Autênticos; É formado por aque
les sindicatos que sempre estiveram a frente da luta dos tra
balhadores. É o pessoal que aprendeu com a história que só iu
tando é que o trabalhador consegue fazer valer seus direitos.
Ê o pessoal que valoriza as bases do sindicato. Que pratica
a Democracia dentro do sindicato. E que queria formar e tor*mou a Central Onica cem a particigação das bases. Aliás, foi
a única coisa em que este grupo nao cedeu durante todo o pro
cesso de divisão. Não aceitava una CUT amarrada a Confederações e Federações, sem participação da base.
Neste grupo participam os sindicalistas ligados ã Igre
ja, ao PT e, ainda setores do PMDB e PDT. Foram os sindicatos ligados a este grupo que fundaram a CUT e promoveram
a
manifestação do dia 15 contra a política econônica do governo.
6. A atuação da CONTAG
A CONTAG atua de forma deplorável em todos esses acontecimentos, sendo inclusive uma das patrocinadoras da divisão, pois, fechou questão em cima do adiamento do CÜNCLAT, '
desrespeitando a decisão da maioria.
üa fama unificadora da CONTAG, hoje não resta mais na
da. 0 José Francisco, seu presidente, sempre "roncou grosso"
nos encontros em nome de representar 50 milhões de trabalhadores rurais, agora tem que assumir a responsabilidade (ou ir
responsabilidade) de patrocinar a divisão dos trabalhadores.
A CONTAG teve uma atuação extremamente cupulista e au
toritária, pois, simplesmente mandou telegramas para as ...
FETTAGs ordenando que não era mais para participarem do Congresso. Cano as FETAGs, na sua aboluta maioria estão nas mãos
de pelegos e acomodados, se sutmeteram às ordens do " Chefe "
Zé Francisco. Os trabalhadores de base, entretanto, não.
Ê
isto que atesta os números que indicam a participação dos tra
fcalhadores rurais.
É importante frisar a participação da FETAG do Espíri
to Santo, onde recentemente uma diretoria octnbativatonou pos
se e assumiu a luta.
7 Como foi
o Congresso
Algumas coisas que acontecem quando se juntam mais
de 5.000 trabalhadores brasileiros é possível imaginar. Outras só vendo para
crer.
Imaginem, por exenplo, um
colono do interior do RS mui
to constrangido junto cem a
euforia e o forró dos nordestinos.
v
Teve delegações que viajaram 90 horas para chegar
a
São Bernardo, no entanto, a disposição era a mesma de quem
tinha vindo ali do interior de São Paulo.
As plenárias eram muito concorridas, ninguém
queria
perder um minuto daquela histórica reunião. Só às vezes quan
do o calor apertava muito é que o pessoal dava uma saída pra
pegar um picolé ou até mesmo uma cerveja.
Nos intervalos, enquanto a turma toda almoçava, era um
memento importantíssimo para a troca de experiência.
Foi particularmente inportante para os agricultores
gaúchos ouvirem dos nortistas e nordestinos as histórias de
suas lutas, suas conquistas e, também, as derrotas. E contar
história ninguém faz melhor que os nordestinos.
Gesticulam
multo, falam alto e, apesar de tudo dão grandes gargalhadas.
Os delegados colonos aqui do RS, no caneco, também es
tranharam um pouco a desenvoltura das mulheres que iam, colo
cavam suas idéias e as defendiam enfaticamente, depois já nao
estranhavam mais, só ficavam um pouco admiradas.
O CCNCIAT foi de uma riqueza muito grande, eram trata
lhadores de todos os cantos que sofrem oan esta política eco
rônica do governo e que estavam ali, juntos, para colocarem'
também as suas propostas e organizar melhor as suas luteis.
Quando chegava pro lado da noite, podia contar que Io
go aparecia um grupo cem uma gaita, vioão e outros instrumen
tos para animar um pouco a turma.
Outra coisa que ajudava na animação foi a cachaça "MA
TA PELEQO", muito vendida durante o CONCLftS.
0 momento de fundação da CUT foi uma enorme festa.Não
ficou ninguém sentado, todo mundo atirava o chapéu prá cima
e cantava:
^__^
"A COT semos nós NOSSA
FORÇA NOSSA VOZ", ou então:
"CHORA PELBGO, PEIEGADA CHO
RA, CHORA PtíLEGO QUE CHEGOU
A TUA HORA."
Esta movimentação toda e
o número de delegados
que
foi ao CONCLAT surpreende ram muito o grupo dos pelegos e reformistas,pois/eles
apostavam que poucos iriam
a São Bernardo, e que
então, o Congresso não seria
representativo e as deci-
soes ali tonadas não seriam levadas adiante. Entretanto,
o
que se viu foi justamente o contrário. No curto espaço de tem
po de menos de 1 mês, as providências para o CCWCLAT
foram
tonadas e todo o país passou a discutir e se preparar para
ir a São Bernardo.
Contando con o apoio da Prefeitura Municipal de Sao
Bernardo foi organizada toda a infraestrutura necessária para abrigar 4.000 delegados que a Conissão Organizadora esperava que fossem corparecer.
Mas, mesno sem a participação de um grande raamero de
sindicalistas que resolveram seguir o grupo dos pelegos e re
formistas, o número de delegados ultrapassou em mais de mil
a previsão inicial.
Ccrpareceram ao OONCLAT b.059 delegados de 912 entida
des sindicais sendo 602 urbanas e 310 rurais. Do Rio Grande
do Sul participaram 419 delegados de 99 entidades sindicais.
Estas entidades representavam, só do RS, 1.234.149 trabalhadores .
,*■
Do Brasil todo, 12.192.849 trabalhadores estiveram re
presentados no OONCLflT.
8. A participação
dos trabalhadores rurais
A grande participação dos trabalhadores rurais no Con
gresso surpreendeu a todos e demonstrou que o sindicalismo ru
ral, em boa parte, está se desprendendo das amarras das ...
FBEAGs e da CONTaS-Gonfederação Nacional dos Trabalhadores '
na Agricultura - que não apoiaram o CONCLAT e trabalharam con
tra o Congresso.
A participação de 1.65a delegados de 310 STR represen
tando 3.144.438 trabalhadores rurais ronpeu a tradição de que
os rurais iam sempre atrás da CüNTAG.
vê-se con isso que quase não teve influência nenhuma
a decisão da FBEAG de não participar.
9.0 que foi resolvido
Os 5.059 participantes se distribuíram em gruposeche
garam às seguintes conclusões:
10
I — Formas de Lm» Gerais
1 — Formação de gmpos nos locais de
trabalho para articular a mobilizaçio
interna, difundir material de consdentizaçáo e incentivar a síndicaliTação.
2 — CnaçSo de comiiiflei permanentes
por local de trabalho como canal de
transmissão das dedsSes das assembléias
sindicais e integraçSo dos trabalhadores da
empresa á lula do conjunto da categoria.
3 — Formação de comasôEs de mobilização permanentes nos locais de trabalho,
visando trocar experiências, buscar sotaçdes para nossas dificuldades e fazer nossas
discussêcs políticas e ctassistas.
4 — Lutar pela democratizaçio dos
simücatas através da criação de conselhos
de repwscwtaiwes. formados por delegados
eleitos por local de trabalho e reptcscntanic
dosdtauiHingadus.
5 — Lutar pela democratbaçie das
fcderaçaes. através de eleiçOes diretas.
6 — Unificação das data-base dos
dissidios por categorias a irfvdcstadtwil.BO
primeiro momento, e a nivd nactonaL no
segundo momento.
7
Apoiar a Campanha Nacional pela
Reforma Agrária.
8 fcxtinçáodaFLiNAIecriaçáodeuní
órgão dirigido pelos povos indígenas, para
defender seus próprios interesses.
9
Pela imediata formação de Comitês
de Desempregados.
, 8
Que a Direção deita da Central
Única dos Trabalhadores convoque um
Dia Nacional de Luta pela Reforma
Agrária. Que essa data. se possível,
coincida com o aniversário do Estatuto da
Terra.
III — A greve geral contra ô
decreto-lei n» 2.045
1 — A Direção eleita neste Congresso
deverá encaminhar ao Governo Federal a
reivindicação pela retirada do Decmo-Lci
1045 (que já está em vigor), fim da política
econômica do Governo, rompimento dos
acordos-cani o Fundo*Monetário Internacional — FMI . liberdade e autonomia
sindical, liberdade de organização política,
reforma agrária sob o controle dos
trabalhadores, não pagamento da divida
externa, fim da Ui de Segurança Nacional
— LSN —. fim do Regime Militar, e por
um governo controlado pelos trabalhadores, por eleições diretas para Presidente e
contra a intervenção nos sindicatos,
estabelecendo o dia 14 de outubro de 1983
como prazo máximo para que o Governo
responda.
2 - A partir deste Congresso, até o fim
do prazo, deve ser feita ampla agitação
contra o decreto-lei 2.045. contra a
intervenção nos sindicatos, pelo rompimento dos acordos com o FMI e pela
reforma agrária, através de pichações.
panfletos, carta/cs e outros meios, nos
locais de t rabalho.-nas ruas. etc. Ao mesmo
tempo, devem ser promovidas reuniões e
assembléias nos sindicatos, nos bairros e
em locais de trabalho para preparar e
respaldar a mobilização.
II — Formas de Lutas Imediatas
1 — Cobrar dos governos municipais,
estaduais e federal, planos de expansão do
número de empregos.
2
Promover campanha nacional
unificada c dirigida pela Direção eleila
neste Congresso para denunciar o Decreto
1045.
3
Denunciar através de fotos e textos
os parlamentares que traírem a classe
trabalhadora, colocando numa lista negra
todos os parlamentares ausentes no
decurso de prazo ou votação do Decreto
2.045. para ser amplamente divulgada.
4
Promover caravanas de sindicalistas de todos os Estados para comparecer
ao Congresso no dia da votação.
5
Em cada Estado, os trabalhadores
devem exigir dos seus representantes
parlamentares um posicionamento contra
o Decreto-lei 2.045.
6
Organizar assembléias, jornadas,
comícios relâmpagos, passeatas, paralisações, etc. para denunciar o Decreto 2.045.
7
Ocupar espaços regionais. TV e
rádio para denunciar o Decreto 1045.
■11
3 Terminado o pra/oe não tendo sido
atendida a reivindicação, a Direção eleita
neste Congiesso marcará a data dà greve
geral, tomando como rcíercncia o limite
máximo do dia 25 de outubro de 1983
.(decorrido o pra/o de tramitação do
Decreto-lei no Congresso Nacional). Junto
à comunicação da data. a Direção deverá
definir todas as orientações para a greve
geral, através de boletim divulgado
massivamente. matéria paga em jornais de
circulação nacional, etc. Com base nessas
orientações, deverá ser estruturado o apoio
à greve geral nos bairros. 4 arrecadação de
fundos, etc.
4
A Direção e todas as entidades
participantes deste CONCI.AT deverão
fazer gestões junto aos dirigentes e.
principalmente, junto às bases sindicais
ausentes deste Congresso, visando ampla
unidade de ação na luta contra o Decretolei 2.045. contra a intervenção nos
sindicatos, pelo rompimento dos acordos
com o FMI e pela reforma agrária, e na
preparação da greve geral.
5
Deverá se procurar o apoio de
outros setores da sociedade, tanto no
âmbito nacional como em cada Estado,
num trabalho combinado entre a Direção
Nacional e as Intersindicais Estaduais.
6
Um trabalho especial deverá estar
voltado para o Congresso Nacional.
buscando comprometer os deputados
federais.
7 — A Direção deverá acompanhar e
analisar profundamente a situação a nível
nacional, estadual e regional, para
deflagrar a greve, bem como para
transmitir orientações de comando quanto
à coniinuidade e duração da greve.
8
Todo delegado do CONCI.AT é
responsável por encaminhar imediatamente estas Resoluções na >ua categoria e no
movimento sindical como um todo.
A Greve Geral
A Comissão Executiva Nacional da CUT encaminhou um do
cumento ao Presidente da República fixando para o dia 14 de
outubro o prazo máximo para o governo retirar o decreto
do
Congresso Nacional. Se caso até este dia o governo não tomar providências, então os sindicatos, em todo o país, começa
rão a preparar uma GREVE GERAL para o dia 25 de outubro.
A data do dia 25 foi fixada por dois motivos: primeiro, por que nesse dia esgota-se o prazo para o Congresso votar contra o Decreto. Depois do dia 25 ele passará por decur
12
r-
so de prazo. 0 segundo motivo foi por que a Assembléia Estadual da Previdência, realizada em Porto Alegre no dia 31 de
agosto, deliberou que os trabalhadores rurais deveriam fazer
um protesto em cada cidade e, que este projeto deveria
ser
no mesmo dia que o dos trabalhadores urbanos, indicando o dia
25 cano a melhor data.
IV — Central Única dos
4
A Direção da CU T será eleita neste
Trabalhadores — CUT
Cone Ia i com mandato de I (um) ano. com
1
A Plenária do dia 28 de agosto de
I9t(3 aprovou a criação da Central Cnka
das Trabalhadores — CUT. que passará a
se constituir na direção que vai encaminhar, de forma organizada, a nivel
nacional, as lutas comuns dos trabalhadores.
2
Este Organismo (CUT) deve ser
representativo, democrático e independente do Estado, dos patrões e dos partidos
políticos.
3 — A Plenária aprovou, em bloco, a
proposta de Estatutos apresentada pelos
Sindicatos dos Metalúrgicos de São
Bernardo do Campo e Diadema e Bancários de São Paulo, apenas introduzindo
alterações que constam dos itens 4 e S
abaixo. Estes Estatutos só poderão sofrer
novas alterações no Congresso Nacional a
ser reaH/ado em agosto de l9K4.i(Em breve
segue a integra dos Estatudos aprovados).
a incumbência de. no plano político,
encaminhar o Plano de Lutas aprovado e.
no plano organi/ativo. estruturar e
implantar a CUT em todos os seus níveis.
Durante este primeiro ano. serão realizados Congressos e Plenárias Regionais e
Estaduais até 15 de março de 1984. com
eleições das respectivas Direções e
estruturação da CUT A Plenária Nacional
será realizada até dia IS de abril de 1984.0
Congresso Nacional será realizado em
agosto de 1984. com eleição da nova
Direção.
5 A Direção Nacional Colegiada será
composta por 83 membros efetivos e 83
membros suplentes, por uma Executiva
Nacional de 15 membros e por uma
Coordenação Nacional de 7 membros
(dentre os IS), sendo eleitos I (um)
Coordenador e i (um) Secretário, dentre
os 7.
10. A direção nacional da CUT
A fim de encaminhar este Plano de Lutas e organizar na
cionalmente a CUT, foi eleita uma Direção Nacional estrutura
da da seguinte forma:
. Direção Nacional conposta de 83 membros de todos os
estados
. Executiva Nacional cemposta de 15 membros
. Coordenação Nacional conposta por 7 membros
Dentro desta Coordenação Nacional foi escolhido para
Coordenador Nacional o Presidente cassado do Sindicato
dos
Metalúrgicos de São Bernardo, Jair Meneguelli. 0 gaúcho Paulo Paim, Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas
for escolhido para Secretário-Geral da CUT. Também
ficaramdois trabalhadores rurais, o José Novaes, Presidente do STR
de Vitória da Conquista-BA, e Avelino Ganzer, do STR de Santarém no Pará.
13-
Aián de Paun ficou na Kxecutiva Nacicwial, entre os 15
sindicalistas, a vice-presidente do CEPERGS-Centro de Prof^
sores do RS.
Entre os «3 ncmes da Direção Nacional, ficaram ao todo, seis gaúchos "como titulares e mais 6 svplentes.
Foram
eles:
Titulares
Paulo Renato Palm - Sindicato dos ftetalúrgicos de
Canoas
Julieta Balestro - CEPERGS
Olívio Dutra - Sindicato dos Bancários-PQA
João Paulo Marques - Sindicato dos Vestuários-PQA
Mario Gabardo - STR de Bento Gonçalves
Remi Balüasso - Sindicato dos Jomalistas-PQA
Suplentes
FOrtunatti - Bancários-PQA
João Machado - Metalúrgioos-Novo Hamburgo
Robertina - Assistente Social-PQA
Léo Piovesão - Agricultor de Palmeira das Missões
Saul Barbosa - Agricultor de Ronda Alta
Osvaldo Oliveira - Rodoviários de POA
11. A Importância da união
dos trabalhadores ^
da cidade
e do campo
Tem muita gente pensando que não adianta se unir aos
trabalhadores urbanos. Outros dizem que os interesses dos ru
rais e urbanos são diferentes.
Vamos ver se isto é verdade.
Quando os trabalhadores da cidade lutam por melhores'
salários, contra quem estão brigando? Contra os capitalistas
donos de empresas e o governo que está do lado deles.
Quando os colonos são roubados no preço do leite, na
acidez, na gordura e nas quotas de inverno, quem está rouban
do deles? São também os capitalistas e o governo, muitas vezes através das cooperativas.
■14
Quem è que lucra ocm os altos preços da ração, das má
quinas, dos fertilizantes? São os capitalistas, não é?
E, quem é que lucra cem os baixos salários dos trabalhadores da cidade? De novo os capitalistas.
Se nós quiséssemos, poderíamos fazer uma centena
de
cemparações demonstrando que tanto os trabalhadores urbanos'
cano os rurais são explorados pelos capitalistas e pelo governo.
Outra coisa. Quando é que os trabalhadores da cidade
ou do campo são atendidos pelas autoridades do governo. Quan
do é que uma autoridade sentou junto cem os trabalhadores pa
ra estudar com eles os problemas. Sempre que vêm a uma reunião, fazem grandes discursos, prometem isto e aquilo, e, vão
embora antes do final. Mas, nada fazem. Tudo o que os trabalhadores conseguem é meio na marra. E, quanto pacote levam na
cabeça, sem nunca serem perguntados se isto lhes interessa.
Una Reforma Agraria que fixasse o hanera no campo, com
condições para produzir, não interessaria tanto aos rurais co
mo aos urbanos?
Salários dignos para os trabalhadores, que dêem condi
ções para que todos possam se alimentar cem dignidade, não in
têressa para os agricultores?
Só para termos uma idéia, se o decreto-lei 2045
for
aprovado, isto vai significar para os trabalhadores uma perda mensal de 11 milhõese 856 mil salários mínimos, o que dá
um total de 412 bilhões e 200 milhões, por mês.
Com este dinheiro que os trabalhadores deixarão de ga
nhar, daria para comprar 2 bilhões e 17 milhões de litros de
leite a Cr? 190,00, ou então, 1 bilhãoe 374 milhões de kg de
arroz, num único mês.
E, o que os trabalhadores rurais vão ganhar com isto?
Nada.
Quer dizer, os trabalhadores urbanos e rurais têm mui
tos motivos para estarem juntos. Para lutarem juntos.
Para
melhorarem sua vida juntos.
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ALGÜMRS POFMAS DE SE ENGAJAR NA GONSTRÜÇÃ) DA CUT
Para os Sindicatos;
1. Se filiar à COT e tentar influenciar para que outros
se
filiem.
2. Divulgar entre os trabalhadores rurais o I OONCLAT e a ún
portância da fundação da COT para os trabalhadores brasileiros. Isto pode ser feito através de reuniões, debates, convites aos dirigentes da COT para dar palestras, etc.
3. Ajudar na implantação das COT-Kegionais, sempre incentivando os dirigentes sindicais que ainda não estão na luta
a
entrar e caminhar junto.
4. Se manter sempre informado e participar da a atividades '
marcadas pela COT.
Para os Trabalhadores;
1. Onãs o Sindicato já está na luta, apoiar e participar de
todas as atividades. Onde o Sindicato ainda está vacilando,iii
centivar de_todas as formas para que ele participe e, onde ã
Diretoria não quer nada mesmo, fazer um trabalho de divulga ção e buscar apoio em outras localidades onde o Sindicato
é
ccmbativo.
2.
Incentivar para que o Sindicato se filie à COT
3. Se munir de subsídios para explicar a todos os Ccrapanfteiros porque é importante apoiar e participar desta luta.
ESSAS SÃD APENAS ALGUMAS FORMAS, MUITAS GOTRAS CEREAMENTE
SERÃO USADAS. O IMPORTAÍTEE É QUE TODO TRABAIUADORFIQUE SA
BEM» QUE JÁ EXISTE A COT E TAMBÉM QUE VA iNTENDENDO A IM
_
PQRESNCIA DISSO.
SE OS COMPANHEIROS PRECISAREM DE MAIORES INFORMAÇÕES E MA
ÍERIAL DE APOIO, DEVEM ENTRAR EM CONTATO COM A SECRETARIA
GERAL DA COT QUE ESTA SEDIADA, AQUI NO RS, NO SBGUINIE EN
CEREÇD: Rua Pinto Bandeira, 513
90.000 - Porto Alegre-RS Fone (0512)24.73.29
A COORDENAÇÃ) NACIONAL DA COT FICOU EM S&) PAULONO SBGUIN
TE ENDEREÇO: AVf L^ jarcLiJtl/ 4OI_A
Vila Bastos
09000 - Santo André-SP
\uma publicação do geCNgrupode estudos agrários/
caixa postai 10.507 - 9QOOO porto alegre, rs "
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