XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Metodologia para Determinar Mercados de Terra Rural Específicos: O Caso do Maranhão Ludwig E. Agurto Plata Universidade de Sorocaba CPF: 016.470.187-73 Rua João dos Santos, 801 Jardim Santa Rosália Sorocaba – SP Cep 18090-040 [email protected] Gerd Sparovek ESALQ/Universidade de São Paulo CPF: 041.847.628-40 Av. Pádua Dias, 11 – Agronomia Cep 13418-900 - Piracicaba, SP - Brasil [email protected] Bastiaan P. Reydon Unicamp CPF: 011.944.698-76 [email protected] Cidade Universitária Zeferino Vaz - Instituto de Economia Caixa Postal: 6135 - CEP 13083-970 Campinas - SP – Brasil Rafael Guilherme Burstein Goldszmidt EAESP/FGV CPF: 311.138.688.05 Caixa Postal 2519 Cep 18040-000 Sorocaba SP [email protected] Rodrigo Maule CPF: 167.868.188-11 Av. Pádua Dias, 11 Cep 13418-900 - Piracicaba, SP - Brasil [email protected] Reforma Agrária e Políticas de Redução da Pobreza Apresentação com presidente da sessão e presença de um debatedor 1 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Metodologia para Determinar Mercados de Terra Rural Específicos: O Caso do Maranhão Resumo Este artigo apresenta uma metodologia para determinar Zonas Homogêneas (ZH) em uma Unidade da Federação (UF), com o propósito que sirvam de base para o estudo da determinação e previsão do preço da terra rural em mercados específicos. Estas ZH são obtidas tendo como unidade mínima de agrupamento o Município. As variáveis de agrupamento dizem respeito às características de cada Município abrangendo variáveis econômicas, agronômicas, espaciais e sociais. Neste sentido, apresentam-se as Zonas Homogêneas obtidas na UF do Maranhão, por meio da aplicação da análise de agrupamentos ou cluster. PALAVRAS-CHAVE: Mercado de terra rural, Análise de Agrupamentos, Política fundiária. 2 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Metodologia para Determinar Mercados de Terra Rural Específicos: O Caso do Maranhão 1. INTRODUÇÃO Este artigo apresenta uma metodologia para determinar Zonas Homogêneas (ZH) em uma Unidade da Federação (UF), com o propósito que sirvam de base para o estudo da determinação e previsão do preço da terra rural em mercados específicos. Estas ZH são obtidas tendo como unidade mínima de agrupamento o Município. As variáveis de agrupamento dizem respeito às características de cada Município em termos econômicos, sociais, agronômicos e espaciais. Espera-se que o preço da terra rural em cada ZH seja determinado pela dinâmica de variáveis locais relacionadas aos negócios realizados. Os modelos de mercados específicos diferem dos modelos com dados agregados que não necessariamente descrevem um mercado específico dado que tem como input valores médios das variáveis agregadas e que se compensam e, geralmente, diferem dos valores locais. A política fundiária desenhada a partir de modelos elaborados com dados agregados pode ter efeitos contrários aos esperados. Os mercados específicos apresentam lógicas muitas vezes diferentes na formação dos preços da terra; as variáveis que são relevantes para explicar a dinâmica do preço da terra rural em um mercado específico não necessariamente mostram-se adequadas para explicar a dinâmica de outro. As estimativas do preço em modelos com variáveis agregadas são obtidas utilizando-se médias elaboradas a partir dos mercados específicos e, portanto, pode-se incorrer num equívoco ao tratar de intervir nestes mercados com uma medida de política que afete a todos na mesma intensidade. Por exemplo, se o Programa de Crédito Fundiário toma como referência o preço médio da terra para o Estado São Paulo para outorgar empréstimos para um agricultor do Município de Tietê, pode incorrer em desacerto. Neste sentido, propõe-se a divisão das Unidades de Federação em Zonas Homogêneas, utilizando-se técnicas de agrupamentos ou cluster. Para este propósito são utilizadas variáveis econômicas, agronômicas, espaciais e sociais em nível de Município. Uma vez definidas as ZH de cada UF deverá ser aplicado um questionário em cada ZH com o propósito de coletar valores para as principais variáveis que devem ser levadas em conta no momento de modelar e fazer estimativas do preço da terra para cada ZH ou mercado específico. A hipótese que guia o estudo é que, no que se refere às UF, podem existir uma ou mais ZH cujas dinâmicas dos preços nem sempre são explicadas pelas mesmas variáveis ou caso sejam, estas não apresentam necessariamente o mesmo peso em todos os mercados. A metodologia proposta para determinar ZH segue as seguintes etapas: i) Formação de um Banco de Dados a partir de informações secundárias que permitam utilizar técnicas de agrupamento para delimitar Zonas Homogêneas que serão utilizadas como mercados específicos para estudar a determinação e previsão do preço da terra ; ii) aplicação de técnicas de agrupamento – análise cluster. Considera-se inicialmente que uma UF, composta por todos seus Municípios, comporta-se como uma ZH. Nas UF onde a análise de cluster identifique mais de uma ZH, compostas por vários Municípios, cada uma destas será estudada como um mercado específico. Isto é, uma UF pode ter mais de um mercado 3 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” específico. 2. DETERMINAÇÃO DAS ZONAS HOMOGÊNEAS – ZH O estudo do preço da terra rural em mercados específicos exige a seleção de zonas relativamente homogêneas onde pesquisar a dinâmica das variáveis que o determinam. Em termos gerais, as zonas de pesquisa devem apresentar características sócio-econômicas internas homogêneas e, ao mesmo tempo, heterogêneas com outras zonas, a fim de que as estimativas de preços sejam representativas e eficientes. Mas qual deve ser o tamanho da ZH? É de se esperar que quando o espaço do mercado é amplo, as estimativas de preços obtidas também pertençam a um intervalo extenso, já que em grandes espaços podem-se encontrar vários tipos e qualidades de terras e contextos diferentes. Por outro lado, a redução da amplitude do mercado garante um menor intervalo para as estimativas. Por exemplo, para uma UF as variáveis que a caracterizam apresentarão um intervalo de variação muito maior do que o de um Município. Na economia brasileira, ao tentar construir uma metodologia para determinar o preço da terra a partir de mercados específicos, o Município pode se mostrar, num primeiro momento, como o espaço mínimo mais conveniente para estudo. Porém, em alguns casos, há mais de um mercado de terras dentro de um mesmo Município e em outros, Municípios vizinhos apresentam dinâmicas semelhantes. Na última hipótese, ter-se-ia aumentado desnecessariamente o trabalho ao estudar separadamente os Municípios que mostram dinâmicas semelhantes. Por outro lado, a Unidade da Federação - UF não seria um espaço mínimo de análise adequado já que uma UF não está necessariamente formada por Municípios com características socioeconômicas semelhantes que permitam definir uma única ZH. É possível que dentro de uma UF um ou mais Municípios representem uma ZH ou também, que todos os Municípios da UF representem apenas uma ZH. Portanto, o problema do tamanho do mercado específico a ser estudado equaciona-se por meio de um algoritmo que agrupe, dentro de uma UF, os Municípios homogêneos com características agronômicas e socioeconômicas comuns e que poderiam ser estudados como um mercado de terras específico ou ZH. A técnica estatística a ser utilizada para este propósito é a análise de cluster. A análise de cluster - também é conhecida como análise de agrupamentos, taxonomia numérica, tipologia, entre outros - é uma ferramenta de caráter exploratório, cujo objetivo é agrupar elementos de um conjunto em subgrupos homogêneos, considerando-se que a similaridade entre os elementos de um mesmo agrupamento deve ser maior do que a similaridade destes com os elementos de outros agrupamentos. Por meio da utilização da análise de cluster classificam-se os grupos de Municípios homogêneos em uma determinada UF que formarão um mercado de terras específico em função das informações econômicas, relativas a tipos de terras, solo, clima, concentração fundiária, valor da produção, contexto social, etc. A classificação dos Municípios de uma UF em grupos é elaborada a partir de um vetor de p variáveis que os caracterizam. Formalmente; Mi..... (Xi1, Xi2, ... Xip) 4 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” em que, Mi: Identifica o Município i de uma UF (i = 1, 2, ... , k), sendo k o total de Municípios da UF. Xj: Variável j Xij: Valor da variável j no Município i. A seleção das variáveis utilizadas para a medição da similaridade entre os Municípios dentro de uma UF será feita com base nas informações disponíveis no Banco de Dados. Em termos gerais, estas variáveis podem ser classificadas em quatro grupos: • Variáveis relacionadas com a vocação produtiva da terra: Terra para agricultura, pecuária, florestas e não utilizáveis como porcentagens da área total do Município, clima, solos, distância média a cidade mais próxima etc.; • Variáveis relacionadas com a gestão econômica e com os resultados da atividade agrícola: Investimentos, financiamentos, despesas do valor de produção, renda líquida em reais por hectare (R$/ha). Para obter uma estimativa do rendimento líquido médio por hectare em cada Município criou-se a variável receita líquida, que é igual ao valor da produção animal mais o valor da produção vegetal menos as despesas. Em um estudo para determinar o preço da terra, o valor atualizado do rendimento líquido, ou seja, o valor atualizado a perpetuidade do rendimento líquido pode ser entendido como uma boa variável proxy do preço da terra no Município, considerandose apenas os ganhos produtivos. Bastaria subtrair este valor do preço de mercado para obter o componente especulativo do preço. • Variável que ressalta o nível tecnológico: por exemplo, número de tratores por cada mil hectares; índice tecnológico a partir de variáveis proxys que dizem respeito do nível tecnológico de cada Município. • Variável relacionada ao nível de concentração fundiária: índice de Gini fundiário e de renda. A definição das variáveis e seus valores para todos os Municípios de uma UF são obtidos no Banco de Dados. Essas informações são ordenadas na forma de uma matriz denominada Matriz de Dados. Cada linha da matriz corresponde a um Município, e cada coluna a uma variável. Matriz de Dados V1 V2 M1 X11 X12 M2 X21 X21 ::: ::: ::: ::: XI1 XI2 ... XIJ ... XIP ::: ::: XM1 XM2 ::: MI ::: MM ... VJ ... VP ... X1J ... X1P ... X2J ... ::: ... XMJ ... X2P ::: XMP onde, XIJ : Valor da variável VJ para o Município MI. 5 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Formada a Matriz de Dados, esta deve ser padronizada1 para evitar que as unidades dimensionais de cada variável possam afetar o cálculo da similaridade ou distância 2 . Por exemplo, o fato de que a área seja medida em hectares e o valor da produção em reais torna as distâncias entre essas variáveis não comparáveis. Com as variáveis padronizadas e, escolhida a forma de quantificar similaridade ou distância entre pares de Municípios de uma UF, forma-se a Matriz de Similaridades ou de Distâncias. Matriz de Similaridades M1 M2 ... MJ ... MM M1 D11 D12 ... D1J ... D1M M2 D21 D21 ... D2J ... D2M ::: ::: ::: ::: MI DI1 DI2 ... DIJ ::: ::: ::: ::: MM DM1 DM2 ...DMJ ::: DIM ... ::: ... DMM Em que, Dij : Similaridade ou distância entre o Município Mi e o Município Mj. A Matriz de Similaridades serve de base para agrupar Municípios de uma UF. Os agrupamentos de Municípios são obtidos por meio de dois algoritmos, utilizados em forma seqüencial. Primeiro utiliza-se um algoritmo hierárquico aglomerante (Tree Clustering), para determinar o possível número de agrupamentos ou clusters. A seguir, com o propósito de confirmar os Municípios que formam cada cluster e as possíveis variáveis que o determinam, lança-se mão de um algoritmo de otimização (K-means). O algoritmo hierárquico aglomerante, Tree Clustering, parte de uma configuração inicial, formada por cada um dos n Municípios de uma UF, isto é, cada Município da UF forma um agrupamento, tendo-se, portanto, n agrupamentos. Novos clusters são fundidos, unindo dois dos clusters existentes em um único agrupamento. Os dois clusters escolhidos para a fusão são os mais próximos. O processo de fusões continua, passo a passo, até que todos os Municípios da UF formem um único agrupamento 3 . Uma vez determinados os 1 Uma variável padronizada é adimensional, ou seja, é um número puro que permite a comparação entre variáveis e apresenta média zero e desvio padrão igual a 1. As variáveis serão padronizadas com a relação seguinte: Zj = _ X ij − X j Sj onde, Zj é a variável padronizada, sj e Xj são respectivamente o desvio padrão e média da variável Xij. 2 Para a medida de similaridade ou distância entre dois Municípios dentro de uma MRG, em base às variáveis listadas, pode ser utilizada a distância euclideana. Dij = ∑ (X i − Y i )2 i 3 A forma de agrupar os Municípios dentro de uma MRG será feita pelo método Ward´s (1963). Este método usa a análise de variância para avaliar as distâncias entre os clusters e tenta minimizar a Soma de Quadrados (SS) de qualquer par (hipotético) de clusters que podem ser formados a cada passo. 6 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” agrupamentos ou clusters, o processo é representado graficamente por meio de um dendograma. Os saltos significativos apresentados pelo dendograma são a guia para a decisão quanto ao número de clusters de Municípios para cada UF. Uma vez selecionado o número de clusters em cada UF, por meio do algoritmo Tree Clustering, aplica-se o algoritmo K-means 4 . Em geral, este método produzirá exatamente k agrupamentos, os mais diferentes possíveis. Escolhido o número de agrupamentos (k), os n Municípios são classificados em k agrupamentos, de acordo com determinado critério de similaridade ou distância. Esta classificação é a primeira etapa. A seguir, passo a passo, movem-se os Municípios de um agrupamento para outro, de forma a melhorar a qualidade da partição, que é medida por uma função objetivo 5 . Desta forma, melhorar a qualidade significa maximizar (ou minimizar) o valor dessa função. A diferença entre os métodos de otimização reside na forma pela qual a partição inicial dos Municípios é obtida e na função que pretendem otimizar com a realocação dos Municípios. Uma vez determinados os agrupamentos de Municípios de uma UF, estes são caracterizados em função dos parâmetros estatísticos das variáveis usadas para determinálos. As estatísticas utilizadas são: média, desvio padrão, mínimo e máximo de cada variável. É importante assinalar que as técnicas da análise de cluster são de caráter exploratório, conduzindo a agrupamentos em função das variáveis utilizadas. Portanto, estes devem ser revistos em função de outros critérios, a fim de aprimorar os agrupamentos. Neste sentido, a análise de cluster é apenas uma ferramenta auxiliar para o pesquisador. A experiência dos peritos será fundamental neste processo. Caberá a eles discutir os agrupamentos obtidos e principalmente, elaborar hipóteses para justificar a classificação obtida. Esta não é uma tarefa fácil, são inúmeros os casos em que não é possível explicar as diferenças entre os agrupamentos ou nem mesmo caracterizar alguns deles. Finalmente, a análise do perfil dos agrupamentos não deve limitar-se apenas a medidas estatísticas relativas às variáveis utilizadas na sua determinação. O comportamento de outras variáveis deve ser estudado e talvez estas novas variáveis permitam entender melhor as diferenças entre os agrupamentos. Neste sentido, quando se trata de selecionar espaços para estudar os determinantes produtivos na formação do preço 4 Operacionalmente, pode-se pensar no algoritmo K-means como uma análise de variância (ANOVA) ao contrário. O teste de significação da ANOVA avalia a variabilidade entre os grupos contra a variabilidade dentro do grupo ao realizar o teste de significância para a hipótese que as médias são diferentes umas das outras. Na análise de variância padrão, a maior possibilidade de aceitar a hipótese nula: que as médias de n grupos são estatisticamente iguais (Ho: μ1 = μ2 = ...= μn) , depende de duas coisas: i) da maior dispersão dos elementos dentro de cada grupo, porque a diferença observada entre as média amostrais pode ter ocorrido aleatoriamente, mesmo que as médias sejam todas iguais, ii) de que as médias dos grupos sejam muito próximas uma das outras. O algoritmo K-means, procura a menor dispersão entre os grupos e a maior diferença entre as médias de cada grupo. 5 O algoritmo K-means parte de k agrupamentos aleatórios e coloca os elementos em k agrupamentos préestabelecidos tratando de otimizar dois objetivos: i) minimizar a variabilidade dos elementos dentro dos agrupamentos e, ii) maximizar a variabilidade entre os agrupamentos. Os elementos são recolocados tratando de conseguir resultados significativos para a ANOVA. Isso é feito examinando as médias de cada agrupamento sobre cada variável para avaliar as distâncias dos k agrupamentos. A magnitude do teste F da ANOVA, realizada sobre cada variável, é uma indicação de como a variável discrimina entre os agrupamentos. 7 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” da terra rural, variáveis institucionais tais como metas de reforma agrária, zonas com e sem potencial para a reforma agrária, desenvolvimento agrícola, inovações tecnológicas, movimentos sociais, entre outras, podem ajudar significativamente a aprimorar o espaço de estudo. Tabela 1 – Variáveis utilizadas para a determinação de Zonas Homogêneas no Maranhão IMMUN IRRIGPER ITWAMUN ITWPMUN LAVPERPP LAVTEDPP LAVTEMPP MATFLNPP PASTNATP PASTPLTP TERINAPP TERRPNUP ARRENDPP CUSTRANS PARCEIPP PROPRIPP REBRUTHA TRATORES GINI GINITERRA ACESSOMUN LATITUDE LONGITUD Índice integrado dos índices do solo (variando de 0 a 10) Fração de terras irrigadas no município Índice integrador do ITC e ITR cultura anual Índice integrador do ITC e ITR cultura perene Fração de terras de lavouras permanentes no município Fração de terras de lavouras temporárias em descanso no município Fração de terras de lavouras temporárias no município Fração de terras de matas e florestas naturais no município Fração de terras de pastagem natural no município Fração de terras de pastagem plantada no município Fração de terras inaproveitáveis no município Fração de terras produtivas não utilizadas no município Fração de arrendatários no município Custos de transportes da Sede Municipal até a Capital mais próxima Irregular – Índice - 1995 Fração de parceiros no município Fração de proprietários no município Receita bruta por unidade de área Total de Tratores Existentes nos Estabelecimentos - 31/12 - Quinquenal – Unidade – 1995 Índice de Gini - Decenal – Índice - 2000 Índice de Gini fundiário – indicador de concentração da terra 1996 Índice de acesso calculado pela ESALQ Latitude - Irregular – Grau Longitude - Irregular – Grau De forma a tornar a análise mais parcimoniosa, houve uma seleção das variáveis mais representativas, de maneira que não foram utilizadas as produções por cultura, mas apenas os seus valores monetários agregados e também para evitar problemas de multicolinearidade. Com o intuito de evitar a influência das diferentes dimensões dos municípios, as variáveis em nível foram transformadas em razões para alguma medida específica de cada município, tal como a área ou número de estabelecimentos. Finalmente, para evitar que as distintas unidades de medida das variáveis afetassem o peso das mesmas na determinação das distâncias, todas as variáveis foram padronizadas (z). 3. ESTUDO DE CASO: DETERMINAÇÃO DE ZH PARA O ESTADO DO MARANHÃO O Estado do Maranhão, com uma área de 328.663 km², ocupa o 8º lugar em extensão de superfície entre os Estados Brasileiros, sendo a segunda maior da região Nordeste, 8 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” formada por 217 Municípios. Compõe, juntamente com o Piauí, o antigo Meio-Norte, que corresponde ao nordeste ocidental. Figura 1. Maranhão. Divisão política Fonte: IBGE. Disponível em <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php>. Acesso em mar. 2005. Tomando como ponto de partida o Estado de Maranhão e utilizando a análise de cluster a partir dos 217 Municípios que formam este Estado, formam-se ZH com características internas homogêneas e com características heterogêneas entre si. Estes seriam os possíveis mercados de terras específicos do Estado do Maranhão. As variáveis utilizadas para obter as ZH que constam na Base de Dados descrevem a vocação produtiva da terra, a gestão econômica com os resultados da atividade agrícola, o nível tecnológico e a concentração fundiária dos Municípios do Estado do Maranhão. A análise de cluster hierárquico sugeriu que quatro ZHs seria a melhor alternativa para dividir o estado de MA e a análise visual da distribuição geográfica dos Municípios de cada ZH confirmou tal sugestão. Isto foi também confrontado com o conhecimento empírico dos peritos que confirmaram esta divisão como a melhor alternativa. Existiram, porém, alguns Municípios que não se encontravam geograficamente unidos aos demais da sua ZH. Tais Municípios foram realocados em função ao conhecimento empírico dos especialistas (Tabela 2). 9 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Figura 2. Maranhão – Zonas Homogêneas 211 (37) 212 (113) 213 (76) 214 (54) Fonte: elaboração dos autores a partir da análise de cluster A análise de cluster K-means oferece a possibilidade de identificar as variáveis que mais influenciam na determinação das ZH. As variáveis que contribuem para a determinação dos clusters estão indicadas na Tabela 2. 10 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Tabela 2 . Maranhão. ANOVA K-means Altitude Longitude ITWP ITWA ITRP ITRA Latitude CE FS RE DS PM Acesso Proprietários Índice de Desenvolvimento Humano Matas e florestas naturais Pastagens plantadas Gini Renda Arrendatários Terra inaproveitável Gini fundiário Lavouras temporárias Lavouras permanentes Lavouras temporárias em descanso Ocupantes Between 125.5814 145.7260 151.3314 146.7566 144.4751 165.8990 123.9527 118.9039 111.6304 89.2509 75.7892 73.1501 51.4775 32.1362 38.5430 21.7092 20.6334 32.3431 12.8818 10.0579 0.2596 8.2105 7.4162 5.8828 4.6820 df 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 Within 89.2722 70.0466 64.6547 68.1802 71.2503 49.3285 90.9098 97.0074 104.3543 126.7265 140.0578 142.7688 163.7795 102.7926 159.8418 113.2330 113.9713 181.9920 121.0887 124.7501 3.8467 126.6860 126.4465 128.2720 129.6024 df 212 212 212 212 212 212 212 212 212 212 212 212 212 212 212 212 212 212 212 212 212 212 212 212 212 F 99.4085 147.0162 165.4030 152.1087 143.2916 237.6623 96.3519 86.6176 75.5939 49.7691 38.2397 36.2073 22.2112 22.0927 17.0400 13.5483 12.7935 12.5587 7.5177 5.6974 4.7696 4.5799 4.1447 3.2409 2.5529 signif. 0.000000 0.000000 0.000000 0.000000 0.000000 0.000000 0.000000 0.000000 0.000000 0.000000 0.000000 0.000000 0.000000 0.000000 0.000000 0.000000 0.000000 0.000000 0.000084 0.000905 0.003074 0.003949 0.007011 0.023028 0.056508 Os Municípios que compõe cada Zona Homogênea no Estado do Maranhão aparecem na Tabela 3. Dado que se trata de um trabalho de cunho metodológico, os nomes dos Municípios foram substituídos por seus códigos com os quais são identificados pelo IBGE. 11 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Tabela 3. Maranhão. Municípios pertencentes às Zonas Homogêneas CODMUNIC ZHP CODMUNIC ZHP 2100501 ZHP 211 CODMUNIC 2102036 212 2102408 293 CODMUNIC 2110708 ZHP 293 CODMUNIC 2107803 ZHP 294 2101400 211 2102150 212 2102507 293 2111003 293 2107902 294 2101608 211 2102325 212 2102754 293 2111078 293 2108009 294 2101806 211 2102606 212 2103554 293 2111250 293 2108058 294 2102358 211 2102903 212 2103604 293 2111409 293 2109205 294 2102556 211 2103109 212 2103802 293 2111508 293 2109403 294 2102804 211 2103125 212 2104008 293 2111631 293 2110104 294 2103752 211 2103158 212 2104404 293 2111706 293 2110237 294 2104057 211 2103174 212 2104503 293 2111722 293 2110278 294 2104073 211 2103257 212 2104602 293 2111748 293 2110401 294 2104081 211 2103703 212 2104628 293 2112100 293 2110609 294 2104099 211 2104305 212 2104701 293 2112233 293 2110906 294 2104107 211 2104651 212 2105153 293 2112274 293 2111102 294 2104552 211 2104677 212 2105203 293 2112803 293 2111672 294 2104800 211 2104909 212 2105351 213 2112902 213 2111953 214 2105302 211 2105427 212 2105401 213 2113009 213 2112209 214 2105500 211 2105658 212 2105476 213 2100105 214 2112308 214 2105989 211 2106201 212 2105708 213 2100154 214 2112506 214 2106102 211 2106326 212 2105807 213 2100303 214 2112605 214 2106706 211 2106359 212 2105906 213 2100808 214 2112704 214 2107001 211 2106375 212 2105948 213 2100907 214 2107258 211 2106805 212 2105963 213 2101103 214 2109007 211 2107357 212 2106003 213 2101509 214 2109502 211 2108108 212 2106508 213 2101707 214 2109551 211 2108603 212 2106631 213 2101731 214 2109700 211 2108702 212 2106755 213 2102101 214 2110658 211 2109056 212 2106904 213 2102200 214 2110807 211 2109239 212 2107209 213 2102309 214 2110856 211 2109270 212 2107407 213 2102374 214 2111052 211 2109809 212 2107456 213 2102705 214 2111573 211 2110005 212 2107506 213 2103000 214 2111607 211 2110039 212 2107605 213 2103208 214 2111763 211 2111029 212 2108207 213 2103307 214 2111805 211 2111201 212 2108256 213 2103406 214 2111904 211 2111532 212 2108306 213 2103505 214 2112001 211 2111789 212 2108405 213 2103901 214 2100055 212 2112407 212 2108454 213 2104206 214 2100204 212 2112456 212 2108504 213 2105005 214 2100402 212 2112852 212 2108801 213 2105104 214 2100477 212 2114007 212 2108900 213 2105450 214 2100550 212 2100436 213 2109106 213 2105609 214 2100600 212 2100709 213 2109304 213 2105922 214 2100832 212 2101004 213 2109452 213 2106300 214 2100873 212 2101202 213 2109601 213 2106409 214 2100956 212 2101251 213 2109759 213 2106607 214 2101301 212 2101350 213 2109908 213 2106672 214 2101905 212 2101772 213 2110203 213 2107100 214 2101970 212 2101939 213 2110302 213 2107308 214 2102002 212 2102077 213 2110500 213 2107704 214 12 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” A Tabela 4 caracteriza as Zonas Homogêneas do Maranhão em termos de um conjunto de variáveis utilizadas para a designação dos clusters. Algumas destas variáveis não se encontram na Tabela 2 já que não se mostraram úteis para a discriminação dos clusters e foram, portanto, excluídas da análise. Tabela 4. Maranhão. Estatísticas descritivas das ZHs ZH Acesso Altitude PM DS RE CE FS ITRA ITRP ITWA ITWP Tratores por area Gini renda Fração de Lavouras permanentes Fração de Lavouras temporárias Fração de Pastagens naturais Fração de Pastagens plantadas Fração de Lavouras temporárias em descanso Fração de Terra produtiva não utilizada Fração de Terra inaproveitável Fração de Matas e florestas naturais Fração de Matas plantadas Fração de terras irrigadas Renda bruta por área Fração de parceiros Fração de proprietários Fração de ocupantes IDH Gini fundiário 211 212 213 214 MA Std. Std. Std. Std. Std. Mean Deviation Mean Deviation Mean Deviation Mean Deviation Mean Deviation 0,64 0,10 0,68 0,12 0,77 0,06 0,71 0,07 0,71 0,10 297,07 74,74 76,50 75,09 69,59 52,01 110,94 91,02 119,35 108,66 9,32 0,73 8,56 1,08 9,65 0,39 9,81 0,19 9,37 0,82 8,25 0,69 7,21 1,35 4,75 2,43 6,32 1,65 6,32 2,20 8,39 0,89 7,01 1,12 8,28 0,58 8,80 0,61 8,11 1,04 4,97 1,26 4,25 1,33 6,63 1,17 4,04 1,50 5,13 1,72 4,69 1,30 4,04 1,67 6,51 1,30 4,17 1,14 5,03 1,74 69,89 0,52 72,39 1,25 72,06 0,43 72,01 0,47 71,77 1,13 71,35 0,68 72,93 0,47 72,75 0,30 72,19 0,44 72,42 0,72 74,50 5,43 52,38 11,64 50,73 5,25 45,54 9,04 53,82 12,61 64,39 3,63 66,24 2,68 60,46 2,13 55,10 2,68 61,22 4,95 0,0004 0,0003 0,0010 0,0023 0,0007 0,0016 0,0002 0,0002 0,0006 0,0014 0,60 0,06 0,58 0,06 0,55 0,04 0,60 0,05 0,58 0,06 0,00 0,00 0,04 0,07 0,01 0,02 0,03 0,06 0,02 0,05 0,05 0,03 0,16 0,16 0,10 0,08 0,13 0,13 0,11 0,12 0,21 0,10 0,16 0,13 0,21 0,16 0,17 0,12 0,19 0,14 0,17 0,14 0,23 0,18 0,28 0,20 0,08 0,09 0,19 0,18 0,08 0,06 0,06 0,05 0,11 0,07 0,10 0,07 0,09 0,07 0,19 0,11 0,13 0,10 0,15 0,11 0,20 0,09 0,17 0,10 0,06 0,03 0,03 0,04 0,03 0,02 0,04 0,03 0,04 0,03 0,07 0,25 0,00 0,00 0,00 0,00 0,73 0,05 0,10 0,15 0,15 0,22 0,22 0,39 0,04 0,56 0,4286 0,7322 0,13 0,01 0,01 0,08 0,21 0,13 0,18 0,04 0,3761 0,19 0,00 0,00 0,17 0,07 0,35 0,40 0,58 0,5393 0,13 0,01 0,01 0,82 0,14 0,22 0,21 0,05 0,4215 0,24 0,00 0,00 0,02 0,01 0,61 0,30 0,62 0,4350 0,13 0,20 0,00 0,00 0,00 0,00 0,01 0,46 0,02 0,03 0,21 0,47 0,17 0,38 0,04 0,58 0,3716 0,3813 0,14 0,10 0,00 0,00 0,01 0,00 1,60 0,20 0,07 0,04 0,25 0,29 0,21 0,45 0,05 0,58 0,4132 0,5651 A análise das estatísticas descritivas das Zonas Homogêneas permite a sua caracterização em termos econômicos, sociais e agronômicos e mostra-se como importante subsídio para a comparação das ZHs na análise dos peritos. 13 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Considerações finais Há varias maneiras de se definir Zonas Homogêneas. A mais simples considera apenas delimitações geográficas, muitas vezes originadas por divisões administrativas. Por outro lado, a metodologia proposta neste trabalho considera, além dos limites geográficos, variáveis econômicas, sociais, agronômicas e espaciais que caracterizam cada um dos Municípios. Desta maneira, obtém-se Zonas Homogêneas mais consistentes que aquelas imaginadas por técnicos que apenas estão pensando em um conjunto limitado de variáveis que podem ser comparadas simultaneamente de forma subjetiva. No entanto, a análise de cluster leva em conta um número maior de variáveis relacionadas em forma conjunta, permitindo uma caracterização mais abrangente das Zonas Homogêneas. É verdade que uma das limitações da análise de cluster consiste em que esta trabalha apenas com variáveis quantitativas, porém uma vez que estão delimitadas as Zonas, estas podem ser melhoradas. Neste sentido, a experiência dos peritos será fundamental neste processo. Caberá a eles discutir os agrupamentos obtidos e principalmente, elaborar hipóteses para justificar a classificação sugerida. O Estado do Maranhão foi apenas um exemplo da aplicação desta metodologia e sua divisão em quatro Zonas Homogêneas responde somente às variáveis utilizadas. À medida que se quantifiquem mais variáveis, esta divisão pode ser aprimorada. Referências EVERITT, Brian; LANDAU, Sabine; LEESE, Morven. Cluster Analysis. London: Arnold, 2001. GUJARATI, Damodar N. Econometria Básica. 3ed. Makron Books, 2000. HAIR Jr., Joseph F.; ANDERSON, Rolph E.; TATHAM, Ronald L.; BLACK, William C. Multivariate Data Analysis. 5 ed. Prentice Hall, 1998. PLATA, Ludwig E. Agurto. Mercados de terras no brasil: gênese, determinação de seus preços e políticas. Tese (Doutorado em Economia). Campinas, Instituto de Economia, Unicamp. 2001. ROMESBURG, H. Charles. Cluster analysis for researchers. Malabar: Krieger, 1984. WARD, Joe H. (1963). Hierarchical Grouping to optimize an objective function. Journal of American Statistical Association, v. 58, n.301, p.236-244. 14 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural