ARTIGO DE MARIA LUCIA VICTOR BARBOSA O Rio+20, é sabido, redundou num monumental fiasco de dimensões globais. A montanha pariu uma carta de intenções rasa como um pires e, para piorar, a presidente Rousseff não ficou bem na foto, especialmente quando foi criticada na “Cúpula de Mulheres”. Na imensa Torre de Babel teve de tudo: mulheres nuas, índios de cocar e saiote de palha filmando e fotografando com filmadoras e celulares de avançada tecnologia, indefectíveis semterra sempre presentes em manifestações e não no cultivo do solo, adeptos da maconha livre, enfim, povos variados que, de algum modo, foram financiados para no Rio de Janeiro fazer turismo em favelas e festejar em casas noturnas e em restaurantes. Não foi, porém, um carnaval sem alguns contratempos, pois numa espécie de antecipação do que vai ser a Copa de 2014, as delegações estrangeiras tiveram que enfrentar falta de estrutura no aeroporto Tom Jobim, ausência de recepcionistas que falassem inglês, lentidão no trânsito e uma série de confusões e desconfortos que, naturalmente, não foram experimentados pelos chefes de Estado, excluídos os mais importantes que tinham mais o que fazer e não vieram prestigiar o governo brasileiro. Os que compareceram gostaram da carta chinfrim, enquanto as ONGs se recusaram a assinar o insosso documento. No entanto, a festa global teve um toque interessante. Cientistas se dividiram entre os que dizem que o mundo vai esquentar por conta da intervenção do homem que não cessa de jogar gás carbônico na atmosfera e os que falam numa nova era glacial e excluem a interferência humana nas catástrofes planetárias. Um instigante debate entre ideologia e ciência. Afinal, o cientista que previu as tremendas consequências do aquecimento global voltou atrás em suas teorias que lembravam o fim do mundo para o agrado de milenaristas e, também, de esquerdistas que com a queda do Muro de Berlim resolveram a empunhar a bandeira verde. Não se pode deixar de mencionar a figura macabra presente ao evento: Mahmoud Ahmadinejad. O que teria o tenebroso personagem vindo fazer no Rio de Janeiro? Aproveitar para abraçar seu grande amigo Lula da Silva? Disseminar a ideia de uma ecologia atômica? Pregar seu terrorismo que iguala os infiéis na morte? O abjeto presidente do Irã que nega o Holocausto tem em mente, em primeiro lugar, o extermínio de Israel. Em seu país, “democraticamente”, manda apedrejar mulheres, persegue minorias religiosas e homossexuais. Como é “democrático” não tolera a imprensa livre. Dá “lições de democracia” quando prende, tortura e mata os que contestam suas barbaridades. Entretanto, esse ente abominável, que se mostra avesso aos direitos humanos, é idolatrado por Lula da Silva e seus companheiros que dizem que os problemas do Irã são questão de soberania. Muito melhor aprender com os judeus sobre desenvolvimento sustentável. Isto porque, Israel é líder mundial em eficiência do uso da água, líder mundial inovador na área de alimentos, líder em tecnologia de energia solar e térmica. Assim, se houve alguma coisa séria e que fizesse a diferença nesse Rio+20, essa coisa foi a presença de representantes de Israel. Quanto a hipócrita “guerra do Paraguai”, movida em estilo latino-americano, parece que o governo petista não aprendeu com a vexaminosa lição de Honduras. Quem não se lembra da embaixada brasileira transformada em picadeiro de Manuel Zelaya, o adepto de Chávez que tramava, a exemplo deste, conspurcar a Constituição de seu país a fim de se perpetuar no poder? Acometida por amnésia histórica a presidente Rousseff se apressou em enviar o chanceler Patriota ao Paraguai com recomendação de que falasse grosso com o Congresso daquele país, o que fez cair por terra a teoria da soberania que é sempre apresentada quando o déspota é companheiro. Cuba, com seu sanguinário e longevo regime castrista é tida pelo governo petista como intocável nação soberana. Chávez, o golpista por excelência, o brutal inimigo da liberdade de pensamento, recebe marqueteiros enviados por Lula para disputar mais uma eleição. Evo Morales, que expropriou a Petrobrás e tem tido problemas com revoltas populares é muito apreciado no Brasil. Cristina Kirchner, que está enterrando a economia argentina, reinventou a guerra das Malvinas para atrair as simpatias do seu povo e fez mais: suspendeu o Paraguai da reunião do Mercosul em Mendoza. Aliás, os nove integrantes do bloco aceitaram a decisão em nome da “ruptura democrática em Assunção”, apesar do impeachment de Lugo ter sido conduzido de acordo com normas constitucionais. As sanções que o Brasil pretende impingir ao Paraguai em nome de um golpe que não existiu, demonstra a imitação do estratagema de Cristina Kirchner com sua fictícia guerra das Malvinas. Teríamos uma espécie de guerra do Paraguai para tentar distrair as atenções, uma vez que nossa economia segue velozmente ladeira abaixo. Contudo, para que não nos envergonhemos novamente é preciso que o Brasil respeite a decisão soberana do Paraguai e deixe que Lugo, em vez da pantomima do governo paralelo, siga sua verdadeira vocação aumentando a prole como um autêntico pai da pátria. Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.