SINDICATO DOS MÉDICOS DA ZONA SUL
A destruição da Maternidade Alfredo da Costa: que
objetivos reais?
Nos últimos anos tem havido diversas notícias sobre o eventual encerramento da Maternidade
Alfredo da Costa com os argumentos principais em torno de reestruturações da área da
obstetrícia e da abertura de novas unidades hospitalares na zona da Grande Lisboa.
Nas últimas semanas, esta questão sofreu novos e preocupantes desenvolvimentos devido à
decisão do atual Governo e do seu Ministro da Saúde em continuar uma política de
desmembramento e subversão dos serviços públicos de saúde.
Quando há alguns anos atrás assistimos a uma ação desenfreada de encerramentos de
maternidades em diversos locais do país, o argumento nuclear utilizado foi de que efetuavam
um número insuficiente de partos.
Agora estamos perante uma maternidade que efetua um elevado número anual de partos e o
argumento ministerial passou a ser a necessidade de viabilizar nessa área outras unidades
hospitalares de Lisboa e, concretamente, o novo Hospital de Loures dotado de uma gestão
privada.
A Maternidade Alfredo da Costa, com mais de 80 anos de um serviço público de qualidade, é
uma instituição de referência a nível dos cuidados materno-infantis, dotada de tecnologia de
elevada sofisticação e com equipas de profissionais com uma insubstituível experiência
científica e clínica em Obstetrícia, Ginecologia, Neonatologia, Ecografia fetal e Infertilidade que
qualquer país, muito menos o nosso, está em condições de desperdiçar. Esta instituição
assegura a última linha de apoio das gravidezes de alto risco de toda a zona sul, sendo uma
escola de formação pós graduada de excelência.
A destruição da Maternidade Alfredo da Costa terá, inevitavelmente, pesadas consequências
nefastas para muitas mulheres e crianças.
O desmembramento das equipas será a consequência imediata do encerramento desta
unidade de saúde, tal como tem acontecido noutras situações, quer a nível interno quer
noutros países.
A Maternidade Alfredo da Costa só deverá ser transferida no seu todo quando estiver
construído o novo Hospital de Todos os Santos.
São chocantes os argumentos do ministro sobre o facto da referida maternidade não ser
insubstituível.
O Sindicato dos Médicos da Zona Sul considera que todos os serviços públicos de saúde que
têm elevada rentabilidade e que asseguram um serviço de qualidade aos cidadãos, como é o
caso da Maternidade Alfredo da Costa, são sempre insubstituíveis.
Os incessantes rumores sobre os “apetites” imobiliários a nível dos espaços urbanos ocupados
quer pela Maternidade Alfredo da Costa quer pelo Hospital D. Estefânia contribuem para a
existência de especulações sobre os reais objetivos visando o seu encerramento.
Neste processo existe um outro fator adicional que tem sido dissimulado na argumentação
ministerial e que diz respeito às preocupações “oficiais” em garantir condições vantajosas para
a gestão privada do novo Hospital de Loures.
O Sindicato dos Médicos da Zona Sul transmite todo o seu apoio aos profissionais da
Maternidade Alfredo da Costa e reafirma a sua total oposição à destruição desta unidade
hospitalar, cuja concretização seria mais um passo na escalada governamental em curso contra
o SNS e o Estado Social.
Lisboa, 12 de Abril de 2012
A Direção
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