1 ATUAÇÃO DA ENFERMEIRA OBSTETRIZ NAS CASAS DE PARTO Andréa Porto da Cruz Desde 1998, tem havido um conjunto de iniciativas governamentais no sentido de reduzir as taxas de cesárea, entre elas o apoio a que o parto sem complicações seja atendido pela enfermeira obstetra . O Ministério da Saúde desenvolveu também outras iniciativas de incentivo às mudanças, como a criação do prêmio Galba de Araújo, tomando como referência as recomendações da Organização Mundial de Saúde, e a criação do Programa de Humanização no Pré Natal e Nascimento ( PHPN ). Nas últimas décadas, ocorreram grandes progressos na Obstetrícia, assim como nos conceitos de assistência à mulher e na formação dos profissionais de saúde envolvidos nesta área. É neste contexto que em 1999 surgem as Casas de Parto no Brasil, regulamentadas conforme a portaria 888/GM, de 12/07/99, assim como a Criação dos Centros de Parto Normal, pela portaria 985/GM, de 05/08/99. Foi nos EUA que surgiram os primeiros Centros de Nascimento, denominados de “Birth Center”; posteriormente a prática foi difundida em outros países, como o Japão, Holanda e Brasil, sendo o estado da Bahia o pioneiro na criação das Casas de Parto, e após os estados de Goiânia, Rio de Janeiro e São Paulo. A Casa de Parto é um local extra hospitalar para a realização de partos normais e sem distócia, com infra estrutura para este atendimento, contando com a presença da equipe de enfermagem e enfermeira obstetra. Tem como objetivos o atendimento de forma humanizada e segura ao parto, garantindo os aspectos fisiológicos do mesmo, além da participação da família neste momento. Nas práticas de Enfermagem Obstétrica baseadas em evidências, as pesquisas, estudos randomizados e controlados em laboratório, demonstram os resultados benéficos de inúmeras condutas, dentre as quais destacam-se àquelas relacionadas à saúde da mulher e do neonato, onde a diminuição das intervenções e a adoção de métodos naturais vêm-se tornando cada vez mais utilizados. 2 As Recomendações da Organização Mundial de Saúde ( OMS ) para o Parto Normal, classificam as práticas utilizadas em quatro categorias: práticas demonstradamente úteis e que devem ser utilizadas; práticas claramente prejudiciais ou ineficazes e que devem ser eliminadas; práticas em relação às quais não existem evidências suficientes para apoiar uma recomendação clara e que devem ser utilizadas com cautela; práticas frequentemente utilizadas de modo inadequado. São as práticas demonstradamente úteis e que devem ser utilizadas que são oferecidas nas Casas de Parto, a fim de proporcionar à mulher uma assistência digna, segura, com qualidade, e livre de riscos. Entende-se também que esta assistência ofereça, desde a adequação da estrutura física e equipamentos dos hospitais, mudança de postura / atitude dos profissionais de saúde envolvidos, buscando desta forma que esta possua, além dos conceitos humanísticos, toda uma base científica e tecnológica baseada nas melhores evidências disponíveis. Referências Bibliográficas Basile ALO, Pinheiro MSB, Miyashita NT. Mitos Obstétricos. In: Basile ALO, Pinheiro MSB, Miyashita NT. Centro de Parto Normal – O Futuro no Presente. São Paulo: _____, 2004. Cap. 6, p. 43-46. Barros SMO. Incentivando o parto normal. In: Barros SMO, Abrão AC, Salazar F.Incentivando o parto normal. Enfermagem Obstétrica e Ginecológica. São Paulo: Roca, 2002. Cap. 11, p. 203-210. Berquó ES, Souza JMP, Gotlib SLD. Bioestatística. 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