Coluna do Kurt
COLUNA
OSSEC
Veja como monitorar e bloquear ataques sem levantar um dedo.
U
ma das coisas que eu aprendi sobre a segurança de computadores é o log. Se você não tem
logs, tentar reconstruir o que aconteceu quando
algo quebrar, ou quando alguma máquina for invadida,
é quase impossível. A segunda coisa que aprendi foi que
é preciso centralizar os logs; essa é a única forma de obter um panorama completo da situação e garantir que
um agressor não consiga simplesmente apagar os logs
de uma máquina comprometida, deixando o administrador sem material para analisar. Mas nenhum desses
aprendizados chamará a atenção do administrador para
um agressor ou, mais importante ainda, impedirá que
um agressor entre. Eles simplesmente oferecerão algo
para observar quando o administrador descobrir que
foi invadido. Para isso, é necessário um ser humano no
processo, certo? Bem, é preciso ou um ser humano ou
algum software inteligente.
Não seria ótimo se pudéssemos monitorar os arquivos
de log críticos (como de email e web) e realmente ter
um programa para reagir a ataques, notificar o administrador e até bloquear futuros acessos do agressor? Bem,
você não é o único. O brasileiro Daniel B. Cid é o líder
do desenvolvimento do projeto OSSEC, um esforço
para criar um sistema de código aberto para detecção
de intrusos com base nas máquinas [2]. O OSSEC usa
uma técnica tradicional de servidor e agente: o administrador instala o software agente em cada sistema a ser
monitorado e um servidor central coleta todos os dados
e envia alertas. Além disso, o projeto OSSEC lançou
uma interface web; porém, ela só é capaz de exibir relatórios, e não pode ser usada para configurar o sistema.
Instalação
Na instalação do OSSEC há três opções. A opção server (servidor) permite usar o OSSEC para monitorar a
si mesmo e coletar alertas de outros sistemas. A opção
16
agent (agente) simplesmente monitora eventos locais e
informa ao servidor qualquer acontecimento interessante. A opção local realiza o monitoramento localmente e
pode enviar alertas por email, mas não escuta agentes
remotos (então é a opção certa caso você só tenha um
servidor ou queira testar o OSSEC). Simplesmente baixe
o pacote do OSSEDC e descompacte-o num diretório:
#
#
#
#
wget http://www.ossec.net/files/ossec-hids-2.0.tar.gz
tar -zxf ossec-hids-2.0.tar.gz
cd ossec-hids-2.0
./install.sh
Agora, basta escolher o idioma, o tipo de servidor e
informar se você deseja executar o daemon de verificação
de integridade, o mecanismo de detecção de rootkits,
ativar a resposta ativa e ativar o firewall para bloquear
ataques. Se você estiver configurando o sistema como
agente, também é preciso apontá-lo para o servidor e
colar nele a chave do agente. Ela é uma longa cadeia
de caracteres usada para garantir a segurança nas comunicações entre cada agente e o servidor, evitando a
injeção de mensagens falsas e assim por diante. Por que
é importante evitar que esse tipo de mensagem forjada
seja enviada ao servidor?
Cuidado
Se um agressor conseguir realizar ataques forjados
ou falsos e um sistema bloquear IPs ou usuários por
conta disso, o agressor conseguirá facilmente bloquear sistemas legítimos e “trancar usuários do lado de
fora”. Na pior das hipóteses, pode ser preciso invadir
seu próprio sistema caso as contas estejam bloqueadas, e é por isso que a maioria dos HIDS e NIDS
suportam listas brancas. Os administradores simplesmente criam uma lista de máquinas e redes críticas.
http://www.linuxmagazine.com.br
Hospedagem IlImItada Uol Host.
O UOL HOST acaba de lançar seus novos planos, sem limites de transferência
de dados e sem limite de domínios, com preços a partir de R$ 7,90*. Além disso,
suporte técnico, construtor de sites, e-mails e o mais moderno Painel de Controle para
administração da sua hospedagem. Agora o céu é o limite para a audiência de seu site.
0800 723 6000
www.uol.com.br/host
*Nos primeiros 3 meses, depois R$14,90. Promoção válida até 30/06/2009.
Gabarito
apresentamos o novo lImIte dos
planos de Hospedagem Uol Host.
COLUNA | Insegurança
Obviamente, determinar quais máquinas são críticas
depende da configuração exata (servidores DNS, de
email e web, de autenticação, roteadores etc. são um
bom começo). No OSSEC, a lista branca fica no arquivo ossec.conf (por padrão, em /var/ossec/etc/), e
é possível especificar máquinas ou redes individuais:
<global>
<white_list>127.0.0.1</white_list>
<white_list>1.2.3.4</white_list>
<white_list>10.0.0.0/8</white_list>
<white_list>192.168.0.0/16</white_list>
</global>
Rodando...
O OSSEC traz seu próprio programa de controle,
chamado ossec-control. Além disso, quando instalado
num sistema Red Hat Enterprise Linux ou CentOS,
são criados scripts de inicialização em rc.d/, que permitem que os serviços do OSSEC sejam controlados pelo
utilitário padrão chkconfig. Quando o OSSEC estiver
em execução, deve ser possível ver diversos programas
em execução.
Os processos de monitoramento geralmente precisam
ser executados pelo usuário root:
USER
ossecm
root
ossec
root
root
ossec
PID
17381
17385
17389
17393
17405
17409
Agente
COMMAND
.../ossec-maild
.../ossec-execd
.../ossec-analysisd
.../ossec-logcollector
.../ossec-syscheckd
.../ossec-monitord
Com o servidor em execução, é hora de encaminhar para
ele o restante dos logs. Simplesmente instale o OSSEC
em todas as máquinas que precisarem ser monitoradas e
escolha a opção de instalação de agente, naturalmente.
Durante a instalação, serão perguntados o IP do
servidor e algumas opções padrão relativas ao monitoramento. Ao término desse processo, será preciso
criar e importar a chave do agente, o que é feito pelo
programa manage_agents. No servidor, basta adicionar
o agente.
Depois de terminar isso, extraia a chave de um agente particular, copie-a e cole-a (prefira logins remotos
via SSH). Use o comando manage_agents no agente
para importar a chave. O processo é semelhante no
Windows, mas foi criada uma interface gráfica para
18
facilitar a vida do administrador (felizmente, as versões em linha de comando ainda estão disponíveis e
permitem o gerenciamento remoto via scripts na linha
de comando).
Por padrão, o OSSEC monitora todos os arquivos
em /etc/, /bin/, /sbin/, /usr/bin/ e /usr/sbin/ (essencialmente, as vísceras de quase qualquer sistema) e vários arquivos de log de daemons de rede (named, smbd,
myusql, telnetd etc.).
Para modificar os diretórios a ser monitorados ou para
acrescentar novas regras aos serviços de monitoramento,
basta editar o arquivo ossec.conf, que usa um formato
no estilo XML bem autoexplicativo.
Interface web
Agora que o OSSEC já está configurado e em ação,
protegendo sua rede, o que você deve fazer? Um recurso que eu adoro no OSSEC são os relatórios. Por
exemplo, é possível gerar relatórios em texto relativos
à maior atividade por IP, nomes usados em tentativas
de login e assim por diante.
Claro que um relatório em texto não deve impressionar seu chefe, mas felizmente existe uma solução. A
interface web do OSSEC permite consultas posteriores,
mas infelizmente não suporta a configuração do servidor ou dos agentes (para isso ainda é preciso ater-se
à linha de comando). Além disso, a interface web do
OSSEC permite visualizar de uma única vez o estado
do servidor e dos agentes.
Conclusão
Um dos maiores problemas da segurança é a quantidade de esforço de configuração e manutenção contínuos que o problema exige. O OSSEC oferece um
grau de segurança e proteção ativa com custo mínimo
de configuração e baixa manutenção. Faltam nele alguns recursos que eu adoraria ver (como me informar
o que mudou num arquivo em vez de apenas me dizer
que o arquivo foi alterado) e também alguns recursos
de usabilidade (como gerenciamento de alterações e
configuração em massa), mas, com essa enorme simplicidade de configuração e gerenciamento, acho que
ainda vale a pena. n
Mais informações
[1]OSSEC: http://www.ossec.net/
Kurt Seifried é consultor de segurança da informação especializado
em redes e Linux desde 1996. Ele frequentemente se pergunta como
a tecnologia funciona em grande escala mas costuma falhar em
pequena escala.
http://www.linuxmagazine.com.br
Download

Instalação Cuidado