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escrito por Pe. Carlo Pellegrino
Formação da Pastoral do dízimo Regional Nossa senhora Aparecida 25-26/04/2015
Material utilizado: subsídio Dízimo gesto de amor e gratidão de um coração que ama a Deus
SIM! É NECESSÁRIO DEVOLVER O DÍZIMO!
Os católicos são obrigados a devolver o dízimo, no sentido estrito do termo? Ou seja, devem dar
10% de seus rendimentos à Igreja? Essa pergunta se faz necessária porque é cada vez mais
frequente ouvir, dentro da Igreja, um eco da pregação protestante, segundo a qual a determinação
do Antigo Testamento de pôr à parte "o dízimo de todo fruto de tuas semeaduras, de tudo o que teu
campo produzir cada ano" (Dt 14, 22) deveria ser seguida ao pé da letra.
A razão de ser desse dízimo estava explicada no versículo 29 desse mesmo capítulo:
serviria para o levita, para o estrangeiro, para o órfão e para a viúva.
Para responder adequadamente a esta questão, é importante distinguir três leis: a lei natural, a lei
da Igreja e a lei da caridade. Devolver o dízimo é dever de cada cristão. É uma obrigação da lei
natural, acolhida e explicada pela lei da Igreja para que possamos acolher as leis da graça e da
caridade. A lei natural e a lei da Igreja são caminhos, limitados, mas necessários, que ajudam quem
é mais fraco na fé e no amor a chegar a lei da graça e da caridade.
Vamos percorrer estes caminhos e procurar entender um pouco mais a respeito do dízimo.
LEI NATURAL
É nossa responsabilidade sustentar quem trabalha para nós! É responsabilidade dos cidadãos
sustentar as pessoas que os governam, que os defendem (militares), que trabalham para o bem
comum (servidores públicos). É dever dos cristãos sustentar as pessoas que trabalham tempo
integral na comunidade. É dever e obrigação de justiça.
Mt 10,10 expressa bem a lei natural: “O trabalhador merece seu sustento”.
1Cor 9,13-14 “O ministro do culto viva do seu ministério”
O dízimo é para sustentar os evangelizadores, as pessoas que trabalham tempo integral para
a Igreja. A Igreja existe para evangelizar!
LEI DA IGREJA
No Antigo Testamento a tribo de Levi devia ser sustentada pelas outras tribos enquanto não podia
possuir terra "porque o Senhor Deus de Israel é sua herança" (Dt 18:2). A Tribo de Levi foi escolhida
por Deus para exercer o sacerdócio e devia ser sustentada com o dízimo (10%) dos produtos das
outras tribos.
“Todo dízimo é coisa consagrada ao Senhor” (Lev. 2,30). O dízimo é lei de Deus para cada
pessoa e cada família. O dízimo é visto como a parte reservada e consagrada a Deus para a
manutenção da comunidade e dos necessitados.
Na Bíblia encontramos textos que nos orientam ao dízimo como gesto de partilha,
fé e gratidão a Deus: Gn 14,20; Hb 7,2.5.9; Lc 18,12; Mal. 3,6-12.
No Novo Testamento o dízimo não tem valor de lei obrigatória, mas de lei de reconhecimento,
partilha e solidariedade. É opção que liberta. Não existe dízimo sem ligação com Deus. dízimo
pertence à Igreja. É gesto de religião e de fé.
O 5° mandamento da Igreja: “Prover as necessidades da Igreja, segundo os legítimos usos e
costumes e as determinações” é traduzido com “Pagar os dízimos segundo o costume”. È obrigação
dos fiéis prover às necessidades materiais da Igreja consoante as possibilidades de cada um. (CIC
2043)
O código de Direito Canônico diz: “Os fiéis têm a obrigação de prover às necessidades da
Igreja, de forma que ela possa dispor do necessário para o culto divino, para as obras de
apostolado e da caridade, e para a honesta sustentação dos seus ministros” (cân. 222 § 1, cân.
1261).
A Igreja no Brasil optou pelo dízimo, por razões pastorais, em 1974. Os Bispos acolheram o pedido
das comunidades que desde o ano de 1969 sugeriram a troca das taxas pelo dízimo, ressaltando a
necessidade de revigorar a evangelização.
A CNBB na sua 43° Assembleia Geral nas “Orientações sobre contribuições...” (retomando o Estudo
8 de 1975) explicou:
• Os fiéis cumprem esta sua obrigação (prover às necessidades da Igreja) através do
dízimo, das coletas, das ofertas espontâneas (doações), das ofertas por ocasiões de
serviços pastorais e das campanhas.
• O dízimo deve ser compreendido como partilha, fruto da generosidade, colocado a
serviço da própria comunidade eclesial local.
• Doações espontâneas não dispensam o fiel da obrigação de contribuir prioritariamente
com o dízimo para sua própria comunidade local, paroquial e diocesana à qual pertence.
LEI DA GRAÇA
Baseia-se na generosidade do coração que ama. Dízimo é gesto de amor e partilha de um coração
que ama. Quem determina o valor do dízimo é o coração que ama.
O dízimo é um impulso divino dentro da gente. É Deus quem me desperta para ser-lhe agradecido.
Ele não me força. Não me obriga, mas convida. Por isso dízimo é oferta espontânea de acordo com o
coração.
O dízimo é antes de tudo uma comunhão com Deus e uma comunhão com os irmãos. Assim como eu
preciso dos outros para viver, os outros precisam de mim.
O dízimo me leva para a Igreja.
LEI DA CARIDADE
Jesus se fez pobre para nos enriquecer a todos: não podemos ficar esperando leis para fazer o
bem. É preciso imitar a Jesus.
Lc 11,41 nos lembra de que além do dízimo: “o que sobrar dai como esmola”. A lei da caridade
nos lembra que o Dízimo é também socorrer aos pobres e necessitados e não tem limites.
At 2,44 nos lembra de que comunidade verdadeira se ama, se ajuda, se une. Nela todos são
responsáveis, como diz a Bíblia: “Os fiéis viviam todos unidos. Tinham tudo em comum. Repartiam
seus bens entre si e não havia pobres entre eles”
2Cor 9,6-15
• Paulo estimula as pessoas da comunidade de Corinto a contribuírem com alegria para
diminuir o sofrimento dos pobres de Jerusalém. Provavelmente a comunidade de Corinto
não conhecia ninguém da comunidade de Jerusalém. Mesmo assim, Paulo convida os
coríntios a ajudarem pessoas desconhecidas, mas que fazem parte do Povo de Deus.
• A Palavra de Deus nos convida a sermos testemunhas do amor de Deus a todas as pessoas de
perto e de longe, principalmente aquelas que mais precisam de ajuda. Por isso, esta palavra
nos convida para que também nós demos um sinal bem concreto deste amor ao próximo.
• Na Igreja tem coletas especificas para os pobres: Campanha da Fraternidade (Domingo de
Ramos), Coleta para a Terra Santa (sexta feira santa), Campanha Missionária (Dia das
missões).
PARA PENSAR E TRABALHAR EM GRUPOS
O que acha? Está de acordo com quanto apresentado? Tem dúvidas ou algo com que não concorda?
ALGUMAS INDICAÇÕES PARA A EQUIPE DO DÍZIMO
1. A Equipe do dízimo está a serviço dos dizimistas. Quem determina a forma da contribuição é o
dizimista. Papel da equipe do dízimo é conscientizar os dizimistas! O ideal é o ponto de chegada, a
realidade em que vivemos é o ponto de partida. A Equipe do dízimo necessita de muita paciência!
Alguns exemplos para entender: Ir à casa do dizimista para receber o dízimo está errado, mas se o dizimista quer isso
a equipe do dízimo tem obrigação de ir receber em casa, cuidando de ajudar e explicar ao dizimista que ir na Igreja
para devolver o dízimo é a forma melhor de participação da vida da comunidade! Devolver o dízimo anualmente está
errado, mas se o dizimista quer devolver anualmente a equipe do dízimo tem que se adaptar e aos poucos ajudar o
dizimista a entender que a forma melhor de devolver o dízimo é mensal com uma quantia fixa.
2. As pessoas que fazem parte da Equipe do Dízimo têm que ser pessoas honestas, respeitadas e
amadas na comunidade! Se os dizimistas desconfiam de uma pessoa esta não pode fazer parte da
Equipe do Dízimo.
3. Quem faz parte da Equipe do dízimo sabe que ‘as palavras convencem, mas os exemplos arrastam’:
por isso ele é o primeiro a devolver mensalmente o seu dízimo!
4. Transparência máxima! O valor recebido tem que ser registrado para futuras fiscalizações.
Transparência é também cuidar das fichas, envelopes, carnês... mantê-los atualizados. A qualquer
tempo o dizimista tem direito de verificar de o seu dízimo foi lançado e como foi lançado. Não
complicar, mas agilizar e facilitar!
5. Prestar contas mensalmente e repassar inteiramente o dinheiro recolhido ao tesoureiro (ou agente
de pastoral conforme a organização da Paróquia) com a lista dos dizimistas que devolveram o
dízimo e com o valor devolvido por cada um. A equipe do dízimo não pode tomar decisões a
respeito do utilizo do dinheiro, não pode comprar nada com o recurso do dízimo: tudo o que a
comunidade precisa tem que ser autorizado pela Equipe de Pastoral ou Conselho conforme a
organização da Paróquia.
6. Estudar, se motivar para motivar. Quem faz parte da equipe do dízimo tem obrigação de
aprofundar cada vez mais o próprio conhecimento e a própria consciência do dízimo. Se motivar,
para motivar! Participar dos eventos de formação, das reuniões em nível de comunidade, de
paróquia e de prelazia.
7. Para com os dizimistas a Equipe do dízimo tem obrigação de:
• Estar presente e a disposição dos dizimistas a cada celebração da comunidade.
• Visitar os dizimistas, entregar o jornal Alvorada, os subsídios de formação e os demais
materiais que a Prelazia coloca a disposição.
• Ter uma atitude de respeito e gratidão bem como lembrar as datas importantes dos
dizimistas, dando os parabéns em nome da comunidade. Cuidar porque as palavras podem
ofender e afastar!
• Nunca impor, nunca cobrar, nunca julgar, mas sempre sensibilizar a fazer melhor.
• Mensalmente dar uma mensagem na celebração da comunidade e comunicar o valor
recolhido no mês anterior. Se a comunidade celebra a missa do dízimo é a equipe do dízimo
que a anima.
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SIM! É NECESSÁRIO DEVOLVER O DÍZIMO!