UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO CURSO DE PÓS GRADUÇÃO QUALITTAS / UCB CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS CELULITE JUVENIL EM UM CANINO DA RAÇA BASSET HOUND - RELATO DE CASO Carolina Oliveira Araujo Pereira Rio de Janeiro, mar. 2009 CAROLINA OLIVEIRA ARAUJO PEREIRA Aluna do Curso de Medicina Veterinária Qualittas/UCB CELULITE JUVENIL EM UM CANINO DA RAÇA BASSET HOUND - RELATO DE CASO Trabalho monográfico de conclusão de pós-graduação em Clinica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais, entregue a UCB como requisito parcial para a obtenção do título de especialização em Clinica Médica e Cirúrgica de pequenos animais, sob orientação da Profª. Alessandra Vieira Pereira. 9 Rio de Janeiro, mar. 2009 CELULITE JUVENIL EM UM CANINO DA RAÇA BASSET HOUND - RELATO DE CASO Elaborado por Carolina Oliveira Araujo Pereira Aluna do Curso de pós-graduação em Clinica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais. Foi analisado e aprovado com grau: ___________________ Rio de Janeiro, ________ de __________________de _______ ____________________________ Membro ____________________________ 10 Membro ____________________________ Professor Orientador Rio de Janeiro, fev. 2009 ii 11 Dedico este trabalho a meus pais, por todo apoio recebido. iii 12 Agradecimentos À minha família; À minha orientadora, e amiga, Profª. Alessandra Vieira Pereira. iv 13 PEREIRA, Carolina Oliveira Araujo Celulite juvenil em um canino da raça Basset hound – Relato de caso Resumo: A celulite juvenil é um distúrbio raro diagnosticado em filhotes cujo prognostico geralmente é desfavorável. O presente trabalho relata um caso de celulite juvenil em um cão da raça Basset hound, ressaltando a importância do exame clínico-dermatológico, diagnóstico precoce e tratamento. Unitermos:Celulite juvenil, linfadenite granulomatosa, canino The juvenile cellulitis in a Basset hound dog. Case report Abstract: The juvenile cellulitis is a rare disease diagnostic only in pupies.The prognostic is mostly poor. The purpose of the current work is to relate a case of juvenile cellulitis in a Basset hound dog.We highlight the importance of the clinical-dermatologic examination, the precocious diagnosis and the treatment. Keywords: juvenile cellulitis, Granulomatous lymphadenitis, dog v 14 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - Linfonodomegalia submandibular bilateral...................................................... 13 FIGURA 2 – Estreitamento do conduto auditivo esquerdo, eritema discreto, edema de pavilhão auricular.................................................................................................................... 14 FIGURA 3 – Secreção sero-purulenta, pequenas lesões erodo-ulceradas e pápulas na face interna do pavilhão auricular esquerdo (visão aproximada da Figura 2)................................ 14 FIGURA 4 – Remissão completa no décimo quinto dia de tratamento................................. 15 FIGURA 5- Remissão completa das lesões do pavilhão auricular após quinze dias de tratamento............................................................................................................................... 15 15 SUMÁRIO Página Resumo / Abstract ....................................................................................................... v 1. Introdução .............................................................................................................. 09 2. Relato de Caso ....................................................................................................... 12 3. Resultados e discussões ......................................................................................... 16 4. Conclusões .............................................................................................................. 17 5. Referências Bibliográficas ..................................................................................... 18 Vi 16 1- INTRODUÇÃO A celulite juvenil ou linfadenite granulomatosa estéril juvenil, é um distúrbio raro que acomete filhotes com idade entre três semanas a seis meses (Scott et al. 2001, Medleau & Hnilica 2006). A etiologia e a patogenia permanecem desconhecidas, porém sabe-se que a hereditariedade é garantida (Scott et al. 2001). Não há pré-disposição sexual, no entanto a racial é evidente. Os cães das raças Teckel, Golden Retriever, Labrador Retriever, Gordon Setter, Beagle e Pointer são as mais acometidas (Scott et al. 2001, Medleau & Hnilica 2006). As lesões cutâneas observadas nessa enfermidade incluem a alopecia, edema, pápulas, pústulas e crostas especialmente em pálpebras, lábios, cana nasal e região mentoniana (Scott et al. 2001). Ocasionalmente as lesões cutâneas podem aparecer nos pés, abdome, tórax, vulva, prepúcio e ânus (Jeffers JG et al.1995, Medleau & Hnilica 2006). Os sinais clínicos observados acompanham otite bilateral purulenta não pruriginosa, linfonodomegalia submandibular e em alguns casos abscedação dos linfonodos (Scott et al. 2001, Medleau & Hnilica 2006). Nos casos mais severos podem ser observados outros sinais clínicos tais como anorexia, letargia, pirexia e dor articular (Medleau & Hnilica 2006, Scott at all. 2001, Jeffers JG et al.1995). A confirmação diagnóstica é feita pelo histórico, sinais clínicos, exame citológico cutâneo do exsudato dos pavilhões auriculares e/ou dos linfonodos, histopatológico cutâneo e cultura bacteriana (Scott et al. 2001, Medleau & Hnilica 2006). O exame citológico revela 17 inflamação piogranulomatosa. Ocasionalmente podem ser observadas bactérias e leveduras provavelmente por conta de uma infecção secundária (Scott et al. 2001, Medleau & Hnilica 2006). No exame histopatológico das lesões precoces, são observados granulomas e piogranulomas múltiplos discretos ou confluentes, consistindo em aglomerados de macrófagos epitelióides grandes, com cores de tamanhos variáveis de neutrófilos. As glândulas sebáceas e as glândulas sudoríparas apócrinas podem apresentar se obliteradas. Nas lesões tardias e nas paniculites observamos modificações supurativas na derme superficial e ao redor dos folículos rompidos subjacente (Scott at all. 2001). A cultura bacteriana cuidadosamente realizada é negativa (Scott at all. 2001). O diagnóstico diferencial inclui piodermite profunda, demodiciose, dermatofitose, angioedema, cinomose e farmacodermias(Scott et al. 2001, Medleau & Hnilica 2006). A terapia da celulite juvenil baseia-se no uso de glicocorticóides orais, como a prednisona ou a prednisolona na dose de 2mg/Kg a cada 24 horas até a remissão do quadro (Scott et al. 2001, Medleau & Hnilica 2006). O prognostico é reservado, nos casos onde o diagnóstico é feito precocemente a cura pode ocorrer entre uma e quatro semanas. Os cães com paniculite intercorrente podem necessitar de um tratamento mais prolongado (Scott et al. 2001, Medleau & Hnilica 2006). Alguns animais respondem melhor à dexametasona 0,2 mg/kg cada 24 horas por via oral (Scott et al. 2001). Se houver evidência citológica ou clínica de infecção secundária a antibioticoterapia deve ser aplicada juntamente com a corticoterapia. Os antibióticos de escolha são cefalexina, cefadroxil e amoxicilina com clavulatado (Scott et al. 2001, Reimann et al. 1989). Os 18 tratamentos tópicos com acetato de alumínio ou sulfato de magnésio são úteis, porém muito dolorosos e, portanto, pouco utilizados (Scott et al. 2001). O presente trabalho tem como principais objetivos relatar a descrição morfogeográfica das lesões dermatológicas, manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento de um caso de celulite juvenil em um canino Basset Hound. 19 2- RELATO DE CASO Um animal da espécie canina, fêmea, da raça Basset hound, com três meses de idade, foi atendido em uma clínica veterinária particular na cidade do Rio de Janeiro apresentando aumento dos linfonodos submandibulares, otite purulenta bilateral, febre e apatia. Na anamnese o proprietário relatou que o animal era proveniente de um endocruzamento, onde o grau de parentesco entre os pais do animal é mãe e filho. Segundo o proprietário a otite e o inchaço submandibular, que no início eram bem discretos, foram observados sete dias antes da consulta. Ao exame clínico observou-se otite bilateral purulenta com estreitamento do conduto auditivo e linfonodomegalia submandibular bilateral evidente com dor a palpação (Fig. 1, 2, 3). Para a confirmação diagnóstica foram realizados exames complementares. Primeiramente, o citológico por aspiração de linfonodo, utilizando uma seringa descartável de 3ml e uma agulha de calibre 25X7. Com material obtido pela aspiração foi realizado um esfregaço que foi corado com corante hematológico do tipo Romanowsky (Panótico rápido). A lâmina confeccionada foi analisada no microscópio óptico no aumento de 100X. Em seguida realizou-se a coleta de 2ml de sangue com o auxilio de uma seringa descartável de 3ml e agulha de calibre 25X7. O sangue foi transferido para um tubo de vidro contendo anticoagulante (EDTA) e identificado com os dados do paciente, em seguida enviado a um laboratório particular de análises clínicas veterinárias. 20 O tratamento sistêmico preconizado neste caso foi a predinisona 5mg/kg por quinze dias e cefalexina (250mg/mL) 1,5 mL a cada 12 horas por trinta dias. O tratamento tópico empregado foi limpeza diária dos condutos auditivos com ceruminolítico veterinário. O paciente retornou a clínica em quinze dias apresentando melhora clínica evidente (Fig. 4, 5). Desta forma optou- se por suspender o antibiótico e manter a predinisona 5mg a cada 48 horas por mais uma semana. Após esse período optou-se pelo aumento do intervalo de administração da predinisona para cada duas vezes por semana ,durante sete dias e em seguida para uma vez por semana por mais uma semana. Figura 1 - Linfonodomegalia submandibular bilateral. 21 Figura 2 – Estreitamento do conduto auditivo esquerdo, eritema discreto, edema de pavilhão auricular. Figura 3 – Secreção sero-purulenta, pequenas lesões erodo-ulceradas e pápulas na face interna do pavilhão auricular esquerdo (visão aproximada da Figura 2). 22 Figura 4 – Remissão completa no décimo quinto dia de tratamento Figura.5- Remissão completa das lesões do pavilhão auricular após quinze dias de tratamento. 23 3- RESULTADOS E DISCUSSÃO A celulite juvenil acomete filhotes com idade entre três semanas e seis meses, fato este visto no presente relato (Scott et al. 2001, Medleau & Hnilica 2006). O Dachshund, Golden retriever, Labrador retriever, Gordon setter, Beagle e Pointer são consideradas as raças predispostas (Scott et al. 2001, Medleau & Hnilica 2006). A bibliografia consultada não relata o Basset hound como uma raça predisposta a esse tipo de patologia. A hereditariedade é garantida conforme foi observada neste caso (Scott et al. 2001). Os sinais clínicos observados correspondem aos citados na literatura (Scott et al. 2001). O exame citológico revelou a presença de inflamação piogranulomatosa, alterações essas descritas pela maioria dos autores (Scott et al. 2001, Medleau & Hnilica 2006). No hemograma observou se uma leucocitose com neutrofilia (DNNE) e anemia normocítica normocrômica (White SD et al. 1989). A bioquímica sérica não apresentou nem uma alteração. Tendo em vista o histórico, os sinais clínicos e os resultados laboratoriais obtidos, estabeleceu-se o diagnóstico de celulite juvenil. O tratamento oral com a utilização de prednisona e cefalexina nas doses citadas anteriormente foram eficazes neste caso, onde a remissão completa da doença foi alcançada no décimo quinto dia de tratamento corroborando com a bibliografia consultada. 24 4- CONCLUSÕES A linfadenite granulomatosa estéril juvenil é uma enfermidade diagnosticada apenas em filhotes. O tratamento preconizado nesse caso mostrou-se eficaz. O diagnóstico precoce foi de fundamental importância para o prognóstico e sucesso terapêutico. Mais estudos devem ser realizados para que possamos obter maior conhecimento sobre a etiopatogenia da doença. 25 5-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1- Scott, D.W., Miller, W.H., Griffin, C.E. Small Animal Dermatology, 6th ed. Philadelphia: W.B. Saunders, p.641-42, 2001. 2-Medleau, L. & Hnilica, K. A. Small Animal Dermatology a Color Atlas and Therapeutic Guide, 2nd edition, Saunders Elsevier p. 284-6, 2006. 3- Jeffers, J.G., Duclos, D.D., Goldshmidt M.H. A dermatosis resembling juvenile cellulitis in an adult dog. Journal of the American Animal Hospital Association, v.31, n.3, p. 204-8, may/jun, 1995. 4- Reimann, K.A., Evans, M.G., Chalifoux, L.V., et al. Clinicopathologic characterization of canine juvenile cellulitis. Veterinary Pathology, v.26, p.499-504, nov, 1989. 5- White, S.D., Rosychuk, R.A.W., Stewart, U., Cape, L., Hughes, B.J.Juvenile cellulitis in dogs: 15 cases (1979-1988). Journal of the American Veterinary Medical Association, v.195, p. 1609-11, 1989. 26