ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA EDUARDO ALBERTO COSTA SOUZA FALCÃO DE OLIVEIRA COMUNIDADE DE PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA (CPLP) E OS INTERESSES BRASILEIROS Rio de Janeiro 2012 EDUARDO ALBERTO COSTA SOUZA FALCÃO DE OLIVEIRA COMUNIDADE DE PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA (CPLP) E OS INTERESSES BRASILEIROS Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: Cel R/1 Jorge Calvario dos Santos Rio de Janeiro 2012 C2012 ESG Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG. Eduardo A. Costa S. Falcão de Oliveira Biblioteca General Cordeiro de Farias Oliveira, Eduardo Alberto Costa Souza Falcão de Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e os Interesses Brasileiros / Eduardo Alberto Costa Souza Falcão de Oliveira. - Rio de Janeiro: ESG, 2012. 48 f.: il. Orientador: Cel R/1 Jorge Calvario dos Santos Trabalho de Conclusão de Curso - monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2012. 1. Relações Internacionais. 2. Geopolítica. 3. Blocos Econômicos I. Comunidade de Países de Língua Portuguesa e os interesses brasileiros. A minha gratidão ao meu filho Leonardo pela compreensão, como resposta aos momentos de minhas ausências e omissões, em dedicação às atividades da ESG. AGRADECIMENTOS Aos meus professores de todas as épocas por terem sido responsáveis por parte considerável da minha formação e do meu aprendizado. Aos estagiários da Turma Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), a melhor Turma do CAEPE de todos os tempos, pelo convívio harmonioso de todas as horas. Ao Corpo Permanente da ESG pelos ensinamentos e orientações que me fizeram refletir, cada vez mais, sobre a importância de se estudar o Brasil. Quando se navega sem destino, nenhum vento é favorável. Sêneca RESUMO O presente trabalho tem por objetivo geral relacionar as oportunidades das relações entre o Brasil e os membros da CPLP, nos diversos campos do poder. Tem por objetivos específicos identificar os aspectos que podem ampliar o relacionamento entre o Brasil e os demais membros da CPLP, relacionar os produtos que podem ampliar a relação comercial entre o Brasil e os demais membros da CPLP e identificar os desafios a serem vencidos pelos países membros, visando ao pleno desenvolvimento da CPLP. A obtenção das informações para análise e estudo dos objetivos propostos no presente trabalho será realizada por intermédio de pesquisa bibliográfica. Também serão realizadas buscas na internet, empregando as ferramentas de busca disponíveis. A pesquisa bibliográfica terá sua fundamentação teórico-metodológica na busca das oportunidades de ampliação ou incremento das relações do Brasil com os demais membros da CPLP. Quanto à temporalidade, este estudo considerará a situação atual do relacionamento entre o Brasil e as demais nações da CPLP, até o ano de 2010. Quanto à abrangência, serão abordadas as iniciativas de relacionamento já existentes entre o Brasil e os demais estados membros da CPLP e os indicadores das relações comerciais existentes. Como conclusão, verifica-se ser plenamente possível a superação dos óbices existentes visando ao pleno estabelecimento da CPLP, valorizando-se mais as questões políticas e econômicas, indo além do argumento da língua comum e dos aspectos culturais para justificar as ações. Palavras-chave: Relações Internacionais. Geopolítica. Blocos Econômicos. Comunidade de Países de Língua Portuguesa e os interesses brasileiros. ABSTRACT This work aims to relate the general relationship opportunities between Brazil and CPLP countries in various fields of power. It aims to identify specific aspects that can enhance the relationship between Brazil and the other members of the CPLP, list the products that can extend the business relationship between Brazil and the other members of the CPLP, and identify the challenges faced by the member countries, towards the full development of the CPLP. Obtaining information for analysis and study of the objectives proposed in this work will be carried out through literature. There will also be searches in the Internet by using search tools available. The literature search will have its theoretical-methodological focus on opportunities for expansion or growth of Brazil's relations with respect to other members of CPLP. As for the time period, this study will consider the current state of the relationship between Brazil and the nations of CPLP as of the year 2010. Will focus on the initiatives of existing relationships between Brazil and the other member states of CPLP and indicators of existing business relationships. In conclusion, it will verify the possibility to fully overcome the existing obstacles targeting the full establishment of CPLP and rising over the political and economic issues, going beyond the argument of common language and cultural aspects to justify the actions. Keywords: International Relations. Geopolitics. Economic Blocs. Community of Portuguese Language Countries and Brazilian interests. LISTA DE ILUSTRAÇÕES FOTOGRAFIA 1 Sede da CPLP em Lisboa - Portugal ........................................... 18 FOTOGRAFIA 2 Instituto Internacional de Língua Portuguesa em Praia – Cabo Verde .................................................................................. ......... 21 QUADRO 1 Dados gerais sobre Angola..........................................................26 QUADRO 2 Dados gerais sobre Brasil ............................................................ 26 QUADRO 3 Dados gerais sobre Cabo Verde .................................................. 26 QUADRO 4 Dados gerais sobre Guiné-Bissau ............................................... 26 QUADRO 5 Dados gerais sobre Moçambique ................................................ 26 QUADRO 6 Dados gerais sobre Portugal ....................................................... 27 QUADRO 7 Dados gerais sobre São Tomé e Príncipe ................................... 27 QUADRO 8 Dados gerais sobre Timor Leste .................................................. 27 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Evolução do intercâmbio comercial Brasil – CPLP, entre 2003 e 2009, em %.......................................................................................................28 Tabela 2 Exportações do Brasil para a CPLP, entre 2008 e 2011 (JAN-MAI), por país, em US$ MIL ................................................................................... 29 Tabela 3 Importações do Brasil originárias da CPLP, entre 2008 e 2011 (JANMAI), por país, em US$ MIL ................................................................... 29 Tabela 4 Exportações do Brasil para a CPLP, entre 2008 e 2010, principais produtos, em US$ MIL ........................................................................... 30 Tabela 5 Exportações do Brasil originárias da CPLP, entre 2008 e 2010, principais produtos, em US$ MIL ........................................................................... 31 Tabela 6 Exportações do Brasil para Angola, entre 2008 e 2010, principais produtos, em US$ mil - fob ..................................................................... 32 Tabela 7 Importações do Brasil originárias de Angola, entre 2008 e 2010, principais produtos, em US$ mil - fob..................................................... 32 Tabela 8 Exportações do Brasil para Portugal, entre 2008 e 2010, principais produtos, em US$ mil - fob ..................................................................... 33 Tabela 9 Importações do Brasil originárias de Portugal, entre 2008 e 2010, principais produtos, em US$ mil - fob..................................................... 33 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CCP Comitê de Concertação Permanente CPLP Comunidade de Países de Língua Portuguesa DIC Divisão de Informação Comercial ESG Escola Superior de Guerra FAO Food and Agriculture Organization of the United Nations FELP Fórum Empresarial de Língua Portuguesa Fiocruz Fundação Oswaldo Cruz fob Free On Board IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IILP Instituto Internacional da Língua Portuguesa Km2 Quilômetros quadrados MBCTM Missão Brasileira de Cooperação Técnico-Militar mil milhares MIL Milhões MRE Ministério das Relações Exteriores PALOP Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa PIB Produto Interno Bruto PROANTAR Programa Antártico Brasileiro UEMOA União dos Estados do Meio Oeste Africano ZOPACAS Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul SUMÁRIO 1 1.1 1.1.1 1.1.2 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 12 OBJETIVOS DO TRABALHO ....................................................................... 12 Objetivo Geral ............................................................................................. 12 Objetivos Específicos ................................................................................ 12 HIPÓTESE ................................................................................................... 12 JUSTIFICATIVA DO TEMA .......................................................................... 12 METODOLOGIA ........................................................................................... 13 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA .................................................................... 13 CONTRIBUIÇÃO DAPESQUISA .................................................................. 13 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS .................................................................. 14 2 2.1 2.2 2.2.1 2.2.2 2.2.3 2.2.4 2.2.5 2.2.6 2.2.7 2.2.8 2.2.9 2.2.10 A COMUNIDADE DE PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA (CPLP) .......... 15 CRIAÇÃO DA CPLP ..................................................................................... 15 CONSTITUIÇÃO DA CPLP .......................................................................... 17 A Conferência de Chefes de Estado e de Governo ................................. 18 O Conselho de Ministros ........................................................................... 19 O Comitê de Concertação Permanente .................................................... 19 O Secretariado Executivo .......................................................................... 20 O Instituto Internacional de Língua Portuguesa ...................................... 20 As Reuniões Ministeriais Setoriais ........................................................... 21 A Reunião dos Pontos Focais de Cooperação ........................................ 22 A Assembleia Parlamentar ........................................................................ 22 O Observador Associado ........................................................................... 23 O Observador Consultivo .......................................................................... 24 3 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.6 3.7 3.8 DADOS DOS MEMBROS DA CPLP ............................................................ 26 ANGOLA....................................................................................................... 26 BRASIL ......................................................................................................... 26 CABO VERDE .............................................................................................. 26 GUINÉ-BISSAU ............................................................................................ 26 MOÇAMBIQUE ............................................................................................. 27 PORTUGAL .................................................................................................. 27 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE ............................................................................. 27 TIMOR LESTE .............................................................................................. 27 4 O COMÉRCIO NA CPLP ............................................................................. 28 5 RESULTADOS ALCANÇADOS................................................................... 34 6 CONCLUSÕES ............................................................................................ 40 REFERÊNCIAS ............................................................................................ 45 12 1 INTRODUÇÃO O Brasil vive um continuado esforço para ampliar o relacionamento político, econômico e cultural com todos os países e blocos de países. Devido à utilização de idioma comum, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) pode vir a representar um importante conjunto de nações parceiras do Brasil, nas mais diversas áreas. Em que áreas de interesse o Brasil pode vir a ampliar ou iniciar parcerias com os demais integrantes da CPLP? 1.1 OBJETIVOS DO TRABALHO 1.1.1 Objetivo Geral Identificar as oportunidades de incremento das relações entre o Brasil e os demais integrantes da CPLP, nos diversos campos do poder. 1.1.2 Objetivos Específicos - Relacionar os produtos que podem ampliar a relação comercial entre o Brasil e os demais membros da CPLP. - Identificar os desafios a serem vencidos pelos países membros, visando o pleno desenvolvimento da CPLP. 1.2 HIPÓTESE Considerando a necessidade permanente de se ampliar e manter áreas de influência, nos diversos campos do poder, o Brasil buscará o incremento das relações com os demais membros da CPLP. 1.3 JUSTIFICATIVA DO TEMA De acordo com MOTA (2009), a língua comum e os laços históricos foram as bases da ideia de se criar em 1996 (17 de julho), a Comunidade de Países de Língua Portuguesa. 13 Com tantas possibilidades, países como o Brasil, que ocupa lugar privilegiado não apenas em termos do continente sul-americano, mas como uma das maiores economias do planeta, apresentam-se periodicamente com fortes demandas para ocupar espaços cada vez mais importantes, não apenas geograficamente, mas sobretudo em termos de projeção política, econômica e estratégico-militar (MIYAMOTO, 2009, p. 23). Pretende-se que este estudo venha a identificar áreas em que o Brasil possa ampliar ou iniciar parcerias com os demais membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa. 1.4 METODOLOGIA A obtenção das informações para análise e estudo dos objetivos propostos será realizada por intermédio de pesquisa bibliográfica. Também serão realizadas buscas na Internet, empregando as ferramentas de busca disponíveis. Será realizada uma pesquisa bibliográfica que terá sua fundamentação teórico-metodológica na busca dos pontos fortes e dos pontos fracos de todos os integrantes da CPLP, que estão disponíveis nos livros, revistas especializadas e sites da Internet de acesso livre ao público em geral. 1.5 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA Quanto à temporalidade, este estudo considerará a situação atual do relacionamento entre o Brasil e as demais nações da CPLP, até o ano de 2010. Quanto à abrangência, serão abordadas as iniciativas de relacionamento já existentes entre o Brasil e os estados membros da CPLP e os indicadores das relações comerciais existentes. 1.6 CONTRIBUIÇÃO DA PESQUISA Este trabalho contribui para o levantamento de setores onde o Brasil poderá ampliar a interação com os demais países da CPLP. 14 1.7 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS Para alcançar o objetivo geral proposto, este trabalho monográfico estará organizado em seis capítulos. O capítulo 2 abordará a criação e a constituição da CPLP. No capítulo 3 serão apresentados os dados gerais dos países que integram a CPLP. O capítulo 4 tratará sobre as relações comerciais existentes entre os membros da CPLP. No capítulo 5 serão apresentados os resultados alcançados no âmbito da CPLP. A partir do conhecimento obtido nos cinco primeiros capítulos, no capítulo 6 serão apresentados os produtos que podem ampliar a relação comercial entre o Brasil e os demais membros da CPLP e os desafios a serem vencidos pelos países membros, visando ao pleno desenvolvimento da CPLP. 15 2. A COMUNIDADE DE PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA (CPLP) 2.1 CRIAÇÃO DA COMUNIDADE DE PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA Integrada por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, a CPLP foi estabelecida em julho de 1996, na I Conferência de Chefes de Estado e de Governo dos Países de Língua Portuguesa, em Lisboa (“Cimeira Constitutiva”). Na sequência de sua independência, em 2002, Timor-Leste tornou-se o oitavo estado-membro da Comunidade (MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, 2012). Ainda segundo o MRE (2012), a proposta de criação da CPLP remonta ao primeiro encontro realizado entre Chefes de Estado e de Governo de língua portuguesa, em novembro de 1989, em São Luís do Maranhão, sob iniciativa do Presidente José Sarney, tendo recebido igualmente forte impulso do Embaixador José Aparecido de Oliveira, na primeira metade dos anos 1990. Durante o Encontro de Cúpula no Maranhão, foi decidida a criação do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), com sede na Cidade da Praia, Cabo Verde. Considerado o “embrião” da Comunidade, o IILP foi, em 2005, integrado formalmente à Organização como principal espaço de coordenação para a promoção e difusão da língua portuguesa. Para a institucionalização da CPLP, contribui, igualmente, a atuação, na primeira metade dos anos 1990, do Embaixador José Aparecido de Oliveira, grande entusiasta da ideia de uma CPLP no período em que foi Embaixador do Brasil em Portugal. A língua comum e os laços históricos foram a base da ideia de se criar em 1996 (17 de julho) a Comunidade de Países de Língua Portuguesa. Na sua Declaração Constitutiva e nos seus Estatutos está declarado que: Os Chefes de Estado e de Governo de Angola, Brasil, Cabo Verde, GuinéBissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe [...], imbuídos dos valores perenes da Paz, da Democracia e do Estado de Direito, dos Direitos Humanos, do Desenvolvimento e da Justiça Social; tendo em mente o respeito pela integridade territorial e a não-ingerência nos assuntos internos de cada Estado, bem como o direito de cada um estabelecer as formas do seu próprio desenvolvimento político, económico e social e adoptar soberanamente as respectivas políticas e mecanismos nesses domínios; [...] consideram imperativo: consolidar a realidade cultural nacional e plurinacional que confere identidade própria aos Países de Língua Portuguesa, reflectindo o relacionamento especial existente entre eles e a experiência acumulada em anos de profícua concertação e cooperação; [...] 16 encarecer a progressiva afirmação internacional do conjunto dos Países de Língua Portuguesa que constituem um espaço geograficamente descontínuo mas identificado pelo idioma comum [...].” O português é o terceiro idioma mais falado no Ocidente e o sexto em nível mundial, de acordo com Palmeira (2009). Segundo Mota (2009), os oito países da CPLP, que constituem mais de 200 milhões de seres humanos que falam a mesma língua, pretendiam com esta declaração uma aproximação cultural, econômica e social dos diversos países, para que estes, dentro de suas áreas geográficas e blocos econômicos, pudessem fazer valer os interesses comuns a todos. Dessa forma, Declaração Constitutiva da CPLP também considerou imperativo alargar a cooperação entre os seus países na área da concertação político-diplomática, particularmente no âmbito das organizações internacionais, por forma a dar expressão crescente aos interesses e necessidades comuns no seio da comunidade internacional. Palmeira (2009) afirmou que: De uma forma pragmática pode-se dizer que a CPLP visa maximizar as potencialidades dos Estados membros e minimizar as suas vulnerabilidades através da cooperação multilateral. Trata-se, em grande medida, de procurar rendibilizar as sinergias que resultam do facto de cada um dos Oito integrar blocos regionais que, num contexto de mundialização (designadamente de comércio), tendem a relacionar-se entre si (especialmente no âmbito da Organização Mundial do Comércio). Pela diversidade regional dos seus membros, a CPLP pode constituir uma mais valia num sistema internacional cada vez mais global. A CPLP foi criada para ser o foro multilateral privilegiado para o aprofundamento da amizade mútua e da cooperação entre os seus membros. A CPLP goza de personalidade jurídica e é dotada de autonomia financeira. De acordo com os Estatutos da CPLP (2012), verifica-se que a organização possui como objetivos gerais: a concertação político-diplomática entre seus estados-membros, nomeadamente para o reforço da sua presença no cenário internacional; a cooperação em todos os domínios, inclusive os da educação, saúde, ciência e tecnologia, defesa, agricultura, administração pública, comunicações, justiça, segurança pública, cultura, desporto e comunicação social; e materialização de projetos de promoção e difusão da língua portuguesa. a 17 A CPLP segue os seguintes princípios: igualdade soberana dos estadosmembros; não ingerência nos assuntos internos de cada estado; respeito pela sua identidade nacional; reciprocidade de tratamento; primado da paz, da democracia, do estado de direito, dos direitos humanos e da justiça social; respeito pela sua integridade territorial; promoção do desenvolvimento; e promoção da cooperação mutuamente vantajosa. 2.2 CONSTITUIÇÃO DA CPLP No ato de criação CPLP (2012), em 1996, foram estabelecidos os seguintes órgãos, de acordo com seu grau hierárquico: a Conferência de Chefes de Estado e de Governo; o Conselho de Ministros; o Comitê de Concertação Permanente; e o Secretariado Executivo. A VI Reunião Ordinária do Conselho de Ministros, realizada em 31 de julho de 2001, em Santo Tomé, criou o Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP). Quando da revisão dos Estatutos, na IV Cimeira de Chefes de Estado (Brasília, 2002), foram incluídas como órgãos da CPLP as Reuniões Ministeriais Setoriais e as Reuniões dos Pontos Focais de Cooperação. A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) tem evidenciado, desde a sua fundação, o desejo de alargar as colaborações extracomunitárias. Nesse sentido, foi criado o estatuto de Observador na II Cimeira de Chefes de Estado e de Governo, na Cidade da Praia, em julho de 1998. Em 2005, no Conselho de Ministros da CPLP reunido em Luanda, foram estabelecidas as categorias de Observador Associado e de Observador Consultivo. Na XII Reunião Ordinária do Conselho de Ministros realizada em 2 de novembro de 2007, em Lisboa, foi criada a Assembleia Parlamentar da CPLP, com vistas a reforçar a representatividade da CPLP. Na XIV Reunião do Conselho de Ministros da CPLP, realizada na Cidade da Praia, em 20 de julho de 2009, foi aprovado, via Resolução, o Regulamento dos Observadores Consultivos da CPLP. Em 06 de fevereiro deste ano foi inaugurada a sede da CPLP, no Palácio Conde de Penafiel, em Lisboa – Portugal. 18 Fotografia 1: Sede da CPLP. Palácio Conde de Penafiel. Lisboa – Portugal Fonte: www.cplp.org.br (2012). 2.2.1 A Conferência de Chefes de Estado e de Governo O órgão máximo da CPLP é constituído pelos Chefes de Estado e/ou de Governo de todos os Estados membros. São competências da Conferência: - definir e orientar a política geral e as estratégias da CPLP; - adotar instrumentos jurídicos necessários para a implementação dos instrumentos estabelecidos, podendo, no entanto, delegar estes poderes no Conselho de Ministros; - criar instituições necessárias ao bom funcionamento da CPLP; - eleger de entre os seus membros um Presidente de forma rotativa e por um mandato de dois anos; e - eleger o Secretário Executivo da CPLP. A Conferência reúne-se, ordinariamente, de dois em dois anos e, extraordinariamente, quando solicitada por dois terços dos estados-membros. As decisões da Conferência são tomadas por consenso e são vinculativas para todos os estados-membros. 19 2.2.2 O Conselho de Ministros O Conselho de Ministros é constituído pelos ministros dos Negócios Estrangeiros e Relações Exteriores dos oito estados-membros. São competências do Conselho de Ministros: - coordenar as atividades da CPLP; - supervisionar o funcionamento e desenvolvimento da CPLP; - aprovar o orçamento da CPLP; - formular recomendações à Conferência de Chefes de Estado e de Governo em assuntos de política geral, bem como do funcionamento e desenvolvimento eficiente e harmonioso da CPLP; - recomendar à Conferência de Chefes de Estado os candidatos para os cargos de Secretário Executivo e Secretário Executivo Adjunto; - convocar conferências e outras reuniões com vista à promoção dos objetivos e programas da CPLP; e - realizar outras tarefas que lhe forem confiadas pela Conferência de Chefes de Estado e de Governo. O Conselho de Ministros elege, entre os seus membros, um Presidente de forma rotativa e por um mandato de dois anos (habitualmente, o ministro do país anfitrião). O Conselho de Ministros reúne-se, ordinariamente, uma vez por ano e, extraordinariamente, quando solicitado por dois terços dos estados-membros. Este Conselho responde perante a Conferência de Chefes de Estado e de Governo, a quem deve apresentar os respectivos relatórios. As decisões do Conselho de Ministros são tomadas por consenso. 2.2.3 O Comitê de Concertação Permanente Constituído por um representante de cada um dos estados-membros da CPLP, compete ao Comitê de Concertação Permanente (CCP) acompanhar o cumprimento pelo Secretariado Executivo das decisões e recomendações emanadas dos outros órgãos da CPLP. Compete, ainda, a este órgão acompanhar as ações levadas a cabo pelo Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP), assegurando a sua concordância com a orientação política geral da CPLP. O Comitê de Concertação Permanente reúne-se ordinariamente uma vez por mês e, extraordinariamente, sempre que seja necessário. O CCP é coordenado pelo representante do país que detém a Presidência do Conselho de Ministros. 20 As decisões do Comitê de Concertação Permanente são tomadas por consenso, sendo que pode constituir grupos de trabalho para apoiá-lo nas suas tarefas. O CCP pode tomar decisões sobre alguns dos assuntos mencionados no artigo 12º dos Estatutos da CPLP (com revisões de São Tomé/2001, Brasília/2002, Luanda/2005 e Bissau/2006), ad referendum do Conselho de Ministros: - coordenar as atividades da CPLP; - supervisionar o funcionamento e desenvolvimento da CPLP; - definir, adotar e implementar as políticas e os programas de ação da CPLP; e - aprovar o orçamento da CPLP e do IILP. 2.2.4 O Secretariado Executivo O Secretariado Executivo é o principal órgão executivo da CPLP e tem as atribuições de implementar as decisões da Conferência de Chefes de Estado e de Governo, do Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros e do Comitê de Concertação Permanente; planificar e assegurar a execução dos programas da CPLP; organizar e participar nas reuniões dos vários órgãos da CPLP; e acompanhar a execução das decisões das Reuniões Ministeriais e demais iniciativas no âmbito da CPLP. O Secretariado Executivo é dirigido pelo Secretário Executivo. O Secretário Executivo é uma alta personalidade de um dos estados-membros da CPLP, eleito para um mandato de dois anos, mediante candidatura apresentada rotativamente pelos estados-membros, por ordem alfabética crescente. No final do mandato, o estado-membro cujo representante nacional ocupa o cargo de Secretário Executivo tem a possibilidade de apresentar a sua recandidatura, por mais um mandato de dois anos. 2.2.5 O Instituto Internacional de Língua Portuguesa A história do Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP) começou oficialmente em 1989, quando os países de expressão portuguesa se reuniram em São Luís-MA, para debater as respeito das bases de uma comunidade lusófona. Naquela ocasião, a ideia partiu do Presidente da República do Brasil José Sarney e de alguns outros governantes presentes. Mas o Instituto só se tornou realidade dez 21 anos depois, quando da realização da VI Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da CPLP, em 31 de Julho de 2001, em São Tomé e Príncipe. Fotografia 2: Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP). Praia - República de Cabo Verde Fonte: www.cplp.org.br (2012). 2.2.6 As Reuniões Ministeriais Setoriais As Reuniões Ministeriais Setoriais são constituídas pelos ministros e secretários de Estado dos diferentes setores governamentais de todos os estadosmembros. É da competência das Reuniões Ministeriais coordenar, ao nível ministerial ou equivalente, as ações de concertação e cooperação nos respectivos setores governamentais. Já estão listados os seguintes temas: Administração Interna; Administração Pública, Agricultura, Meio Ambiente, Assuntos do Mar, Assuntos Parlamentares, Ciência e Tecnologia, Comércio, Correios e Telecomunicações, Cultura, Defesa, Desporto, Economia, Educação, Finanças, Igualdade de Gênero, Justiça, Juventude, Pesca, Propriedade Industrial, Saúde, Turismo e Trabalho e Assuntos Sociais. 22 2.2.7 A Reunião dos Pontos Focais de Cooperação A Reunião dos Pontos Focais de Cooperação congrega as unidades responsáveis, nos estados-membros, pela coordenação da cooperação no âmbito da CPLP. A Reunião dos Pontos Focais de Cooperação é coordenada pelo representante do estado-membro que detém a Presidência do Conselho de Ministros. Segundo o artigo 5º do Acordo Geral de Cooperação, os estadosmembros designarão um ponto focal como órgão coordenador nacional de programas e projetos a serem desenvolvidos no âmbito do Acordo. Compete à Reunião dos Pontos Focais de Cooperação, como órgão da CPLP, de acordo com o artigo 19º dos Estatutos, assessorar os demais órgãos da Comunidade em todos os assuntos relativos à cooperação para o desenvolvimento no âmbito da CPLP. Foi em claro reconhecimento da sua importância que o Conselho de Ministros integrou a Reunião de Pontos Focais de Cooperação como órgão da CPLP, na revisão dos Estatutos, em 2002, em Brasília. As Reuniões dos Pontos Focais de Cooperação acontecem, ordinariamente, duas vezes por ano e, extraordinariamente, quando solicitado por 2/3 dos estados-membros. Quando coincide com a Conferência de Chefes de Estado e de Governo ou Reuniões do Conselho de Ministros, a Reunião dos Pontos Focais de Cooperação realiza-se na cidade anfitriã desses eventos. Nos demais casos, a Reunião tem lugar na sede da CPLP, em Lisboa. 2.2.8 A Assembleia Parlamentar A Assembleia Parlamentar é o órgão da CPLP que foi criado com a função de reunir representantes de todos os parlamentos da Comunidade, constituídos na base dos resultados eleitorais das eleições legislativas dos respectivos países. Foi estabelecido que os Parlamentos Nacionais possuem igual voto na Assembleia Parlamentar e que compete à mesma: - apreciar todas as matérias relacionadas com a finalidade estatuária e a atividade da CPLP, dos seus órgãos e organismos; - emitir parecer sobre as orientações, a política geral e as estratégias da CPLP; - reunir-se, a fim de analisar e debater as respectivas atividades e programas, com o Presidente do Conselho de Ministros, o Secretário Executivo e o Diretor Executivo 23 do Instituto Internacional de Língua Portuguesa e, também, com os responsáveis por outros organismos equiparáveis que venham a ser criados no âmbito da Organização; e - adotar, no âmbito das suas competências e por deliberação que reúna a maioria expressa do conjunto das suas delegações, votos, relatórios, pareceres, propostas ou recomendações. A Assembleia Parlamentar tem direito a receber e a obter a informação e a documentação oficial dos órgãos da CPLP. A Assembleia Parlamentar pode constituir grupos de trabalho e missões de observação internacional, nomeadamente missões eleitorais, bem como designar enviados especiais para relatar sobre assuntos específicos no âmbito da Comunidade. O Presidente da Assembleia Parlamentar, eleito por um período de dois anos não renovável, tem assento nas Conferências de Chefes de Estado e de Governo da CPLP. Os Estatutos e o Regimento da Assembleia Parlamentar serão adotados mediante deliberação aprovada por consenso das delegações nacionais ou, na falta deste, por maioria qualificada, o que demonstra o caráter democrático sempre presente no seio da Comunidade. 2.2.9 O Observador Associado A criação do estatuto de Observador Associado abriu a oportunidade para o eventual ingresso de Estados ou regiões lusófonos que pertencem a Estados terceiros, mediante acordo com os Estados-membros da CPLP. Os Estados que possuem a intenção de integrar a CPLP por meio do estatuto de Observador Associado, terão de partilhar os respectivos princípios orientadores, designadamente no que se refere à promoção das práticas democráticas, à boa governação e ao respeito dos direitos humanos, e prossigam através dos seus programas de governo objetivos idênticos aos da Organização, mesmo que, no início, não reúnam as condições necessárias para serem membros de pleno direito da CPLP. Os Estados candidatos deverão apresentar as respectivas candidaturas devidamente fundamentadas, de modo a demonstrar um interesse real pelos princípios e objetivos da CPLP. 24 As candidaturas serão apresentadas ao Secretariado Executivo que, após apreciação pelo Comitê de Concertação Permanente, as encaminhará para o Conselho de Ministros, o qual recomendará a decisão final a ser tomada pela Cimeira de Chefes de Estado e de Governo. Os Observadores Associados se beneficiarão dessa situação a título permanente e poderão participar, sem direito a voto, nas Cimeiras de Chefes de Estado e de Governo, bem como no Conselho de Ministros. Será facultado aos Observadores Associados o acesso à correspondente documentação não confidencial, podendo ainda apresentar comunicações, desde que devidamente autorizados. Os Observadores Associados poderão, ainda, ser convidados para as reuniões de caráter técnico. Caso o julgue oportuno, qualquer estado-membro da CPLP poderá solicitar que uma reunião tenha lugar sem a participação de Observadores. Sempre que se verifiquem alterações em relação às condições que recomendaram a sua concessão, a qualidade de Observador Associado ou Consultivo poderá ser retirada, temporária ou definitivamente. A decisão final sobre a permanência de um Estado em uma das qualidades citada anteriormente caberá ao órgão que decidiu a respectiva admissão, com base em proposta do Secretariado Executivo e após apreciação pelo Comitê de Concertação Permanente. Durante o XI Conselho de Ministros, reunido em Bissau, em Julho de 2006, foi recomendada a atribuição do estatuto de Observador Associado à República da Guiné-Equatorial e à República da Ilha Maurícia. Durante a Conferência de Chefes de Estado e de Governo que se realizou a 25 de Julho de 2008, em Lisboa, o Senegal também recebeu o estatuto de Observador Associado. 2.2.10 O Observador Consultivo A categoria de Observador Consultivo pode ser atribuída a organizações da sociedade civil empenhadas na consecução dos objetivos perseguidos pela CPLP, designadamente por meio do respectivo envolvimento em iniciativas relacionadas com ações específicas no âmbito da Organização. Na Cimeira de 2006, em Bissau, foi atribuído o estatuto de Observador Consultivo da CPLP a várias entidades da sociedade civil. 25 Em 2009, o XIV Conselho de Ministros aprovou um regulamento para potenciais candidatos a esta categoria, estabelecendo as condições de acesso e os termos do relacionamento no âmbito deste laço institucional. 26 3 DADOS DOS MEMBROS DA CPLP 3.1 ANGOLA ÁREA POPULAÇÃO PIB PIB per capita UNIDADE MONETÁRIA 1.246.700 Km² 19,6 milhões de habitantes US$ 104,6 bilhões US$ 5.335 Kuanza (Kz) Quadro 1: Dados de Angola Fonte: MRE (2011). 3.2 BRASIL ÁREA POPULAÇÃO PIB PIB per capita UNIDADE MONETÁRIA 8.547.403 Km² 190.732.694 habitantes US$ 2,469 trilhões US$ 12.788 Real (R$) Quadro 2: Dados do Brasil Fonte: MRE (2011). 3.3 CABO VERDE ÁREA POPULAÇÃO PIB PIB per capita UNIDADE MONETÁRIA Superfície 4.033 Km² 434.263 habitantes US$ 1,9 bilhão US$ 4.375 Escudo de Cabo Verde (CVEsc) Quadro 3: Dados de Cabo Verde Fonte: MRE (2011). 3.4 GUINÉ-BISSAU ÁREA POPULAÇÃO PIB PIB per capita UNIDADE MONETÁRIA 36.125 Km² 1,7 milhões US$ 941,5 milhões US$ 1.100 Franco CFA (CFAfr) Quadro 4: Dados de Guiné-Bissau Fonte: MRE (2011). 27 3.5 MOÇAMBIQUE ÁREA POPULAÇÃO PIB PIB per capita UNIDADE MONETÁRIA 799.380 Km² 23,9 milhões US$ 12 bilhões US$ 1.007 Metical (MT) Quadro 5: Dados de Moçambique Fonte: MRE (2011). 3.6 PORTUGAL ÁREA POPULAÇÃO PIB PIB per capita UNIDADE MONETÁRIA 91.906 Km² 10,7 milhões de habitantes US$ 238,2 bilhões US$ 22.262 Euro (€) Quadro 6: Dados de Portugal Fonte: MRE (2011). 3.7 SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE ÁREA POPULAÇÃO PIB PIB per capita UNIDADE MONETÁRIA 1.001 Km² 169 mil habitantes US$ 248 milhões US$ 1.467 Dobra (Db) Quadro 7: Dados de São Tomé e Príncipe Fonte: MRE (2011). 3.8 TIMOR LESTE ÁREA POPULAÇÃO PIB PIB per capita UNIDADE MONETÁRIA Quadro 8: Dados do Timor Leste Fonte: MRE (2011). 14.874 Km² 1,2 milhão de habitantes US$ 756 milhões US$ 630 Dólar norte-americano (US$) 28 4 O COMÉRCIO NA CPLP Analisando os dados dos países-membros da CPLP e os dados existentes no relatório Comércio Exterior da Comunidade de Língua Portuguesa; de junho de 2010, produzido pela Divisão de Informação Comercial (DIC), do Departamento de Promoção Comercial e de Investimentos, do Ministério das Relações Exteriores, que é a última consolidação de dados divulgada pelo citado Ministério, chega-se a diversas conclusões. Em relação à tabela 1, verifica-se que entre os anos de 2003 e 2009 o intercâmbio comercial do Brasil com a CPLP cresceu 320,42 %, o que significa uma evolução muito forte para o período considerado. Ainda nessa tabela, observa-se que as exportações brasileiras para os demais membros aumentaram 311,49 %, ao passo que as importações cresceram 371,61 %, demonstrando que houve um considerável incremento das relações comerciais no período em questão. O intercâmbio comercial do Brasil com a CPLP foi ampliado em 320,42 %, entre 2003 e 2009, o que demonstra uma rápida evolução no comércio do Brasil com os demais membros da CPLP. Tabela 1 – Evolução do intercâmbio comercial Brasil – CPLP, entre 2003 e 2009 – MRE, 2010. EVOLUÇÃO DO INTERCÂMBIO COMERCIAL BRASIL - CPLP DISCRIMINAÇÃO 2003 2009 VARIAÇÃO Exportações 888 2.766 311,49 % Importações 155 576 371,61 % Intercâmbio Comercial 1.043 3.342 320,42 % Saldo Comercial + 733 +2.190 298,77 % Fonte: MRE (2010). O intercâmbio comercial do Brasil com a CPLP, no período de 2008 a 2011 (JAN-MAIO) registrado nas tabelas 2 e 3 demonstra claramente que Portugal e Angola, nessa ordem de importância, são os principais mercados para onde o Brasil exporta seus produtos e de onde importa. 29 Tabela 2 – Exportações do Brasil para a CPLP, entre 2008 e 2011 (JAN-MAI), por país, em US$ MIL – MRE, 2010. INTERCÂMBIO COMERCIAL BRASIL – CPLP, POR PAÍS (US$ MIL) DIREÇÃO DAS EXPORTAÇÕES PAÍS 2011 (JAN – MAI) 2008 Valor Part. % Valor Part. % Angola 1.974.576 52,5 358.645 27,1 Portugal 1.706.796 45,4 913.955 69,2 Cabo Verde 39.623 1.1 11.881 0,9 Moçambique 32.387 0,9 34.379 2,6 Guiné-Bissau 8.428 0,2 1.863 0,1 São Tomé e 1.205 0,0 566 0,0 Timor Leste 225 0,0 66 0,0 TOTAL 3.763.240 100 1.321.355 100 Príncipe Fonte: MRE (2010). Tabela 3 – Importações do Brasil originárias da CPLP, entre 2008 e 2011 (JAN-MAI), por país, em US$ MIL – MRE, 2010. INTERCÂMBIO COMERCIAL BRASIL – CPLP, POR PAÍS (US$ MIL) DIREÇÃO DAS IMPORTAÇÕES PAÍS 2008 2011 (janeiro-maio) Valor Part. % Valor Part. % Angola 2.236.457 78,9 127.438 29,4 Portugal 598.703 21,1 305.972 70,6 Cabo Verde 44 0,0 1 0,0 Moçambique 2 0,0 3 0,0 Guiné-Bissau 0 0,0 0 0,0 São Tomé e 8 0,0 0 0,0 Timor Leste 19 0,0 17 0,0 TOTAL 2.835.233 100,0 433.431 100,0 Príncipe Fonte: MRE (2010). 30 A tabela 4 demonstra a composição das exportações brasileiras para a CPLP. A variação de volume exportado pelo Brasil para a CPLP, considerando os principais itens, entre os anos de 2008 a 2010, mostra que os combustíveis, óleos e ceras minerais e também as caldeiras máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos, em termos percentuais, mantiveram-se estáveis, mas a exportação dos açúcares e produtos de confeitaria teve sua participação ampliada em mais de 200% e as carnes e as miudezas comestíveis de mais de 50%. Tabela 4 – Exportações do Brasil para a CPLP, entre 2008 e 2010, principais produtos, em US$ MIL – MRE, 2010. COMPOSIÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS PARA A CPLP (US$ MILHÕES) DIREÇÃO DAS IMPORTAÇÕES PRODUTO 2008 2010 Valor Part. % Valor Part. % Combustíveis, óleos e ceras minerais 757 20,1 497 19,6 Açúcares e produtos de confeitaria 131 3,5 295 11,6 Sementes e frutos oleaginosos, grãos 267 7,1 283 11,1 Carnes e miudezas comestíveis 208 5,5 220 8,7 Caldeiras, máquinas, aparelhos e 364 9,7 182 7,2 instrumentos mecânicos Fonte: MRE (2010). A tabela 5 demonstra a composição das importações brasileiras originárias da CPLP. A variação de volume importado da CPLP pelo Brasil, dos principais itens, entre os anos de 2008 a 2010, mostra que os combustíveis, óleos e ceras minerais foram os produtos que mais oscilaram, sofrendo uma redução de mais de 50%. Há que se considerar que o período ora avaliado foi curto e que no mesmo houve a crise econômica mundial que teve início nos Estados Unidos da América e contaminou mercados pelo mundo. 31 Tabela 5 – Exportações do Brasil originárias da CPLP, entre 2008 e 2010, principais produtos, em US$ MIL – MRE, 2010. COMPOSIÇÃO DAS IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS ORIGINÁRIAS DA CPLP (US$ MILHÕES) DIREÇÃO DAS IMPORTAÇÕES PRODUTO Combustíveis, óleos e ceras minerais Gorduras, óleos e ceras animais ou 2008 2010 Valor Part. % Valor Part. % 2.388 84,2 512 47,5 133 4,7 135 12,5 59 2,1 85 7,9 40 1,4 52 4,8 22 0,8 42 3,9 vegetais Peixes e crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos Caldeiras, máquinas e equipamentos mecânicos Máquinas, aparelhos e materiais elétricos Fonte: MRE (2010). Devido ao reduzido volume das exportações realizadas pelo Brasil para Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste e as insignificantes importações de produtos brasileiros por estes países, a corrente de comércio entre o Brasil e estes países não foi analisada. A tabela 6 mostra que as carnes e miudezas, comestíveis e os açúcares mais que dobraram a participação na pauta de exportações e que os produtos de confeitaria quase triplicaram a porcentagem dentro das exportações brasileiras para Angola. 32 Tabela 6 – Exportações do Brasil para Angola, entre 2008 e 2010, principais produtos, em US$ mil - fob - MRE, 2010. COMPOSIÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS PARA ANGOLA (US$ mil - fob) PRODUTO 2008 2010 Valor Part. % Valor Part. % Carnes e miudezas, comestíveis 176.062 8,9 189.041 20,0 Açúcares e produtos de confeitaria 99.414 5,0 133.043 14,0 Caldeiras, máquinas, aparelhos e 300.568 15,2 131.532 13,9 108.945 5,5 73.753 7,8 instrumentos mecânicos Máquinas, aparelhos e materiais elétricos Fonte: MRE (2010). A tabela 7 demonstra que os combustíveis, óleos e ceras minerais constituem praticamente a totalidade das importações brasileiras originárias de Angola. Tabela 7 – Importações do Brasil originárias de Angola, entre 2008 e 2010, principais produtos, em US$ mil - fob - MRE, 2010. COMPOSIÇÃO DAS IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS ORIGINÁRIAS DE ANGOLA (US$ mil - fob) PRODUTO Combustíveis, óleos e ceras minerais Cereais 2008 2010 Valor Part. % Valor Part. % 2.236.352 100,0 492.341 99,6 0 0,0 1.966 0,4 Fonte: MRE (2010). A tabela 8 mostra que as sementes e frutos oleaginosos, grãos e açúcares e produtos de confeitaria estão adquirindo importância na composição das exportações brasileiras para Portugal, enquanto que os combustíveis minerais, óleos minerais e ceras minerais sofreram redução no percentual exportado, no período considerado. 33 Tabela 8 – Exportações do Brasil para Portugal, entre 2008 e 2010, principais produtos, em US$ mil - fob - MRE, 2010. COMPOSIÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS PARA PORTUGAL (US$ mil - fob) PRODUTO 2008 2010 Valor Part. % Valor Part. % 683.000 40,0 496.425 32,9 Sementes e frutos oleaginosos, grãos 265.139 15,5 281.825 18,7 Açúcares e produtos de confeitaria 22.463 1,3 145.876 9,7 Combustíveis minerais, óleos minerais e ceras minerais Fonte: MRE (2010). A tabela 9 mostra que peixes, crustáceos, moluscos, caldeiras, máquinas, aparelhos, instrumentos mecânicos, aparelhos elétricos e frutas vêm ampliando a participação na composição das importações brasileiras originárias de Portugal. Tabela 9 – Importações do Brasil originárias de Portugal, entre 2008 e 2010, principais produtos, em US$ mil - fob - MRE, 2010. COMPOSIÇÃO DAS IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS ORIGINÁRIAS DE PORTUGAL (US$ mil - fob) PRODUTO 2008 2010 Valor Part. % Valor Part. % Gorduras e óleos animais ou vegetais 132.847 22,2 135.340 23,3 Peixes e crustáceos, moluscos 59.428 9,9 85.076 14,7 Caldeiras, máquinas, aparelhos e 39.518 6,6 51.561 8,9 22.137 3,7 41.722 7,2 13.156 2,2 34.417 5,9 instrumentos mecânicos Máquinas, aparelhos e materiais elétricos Frutas; cascas de cítricos e de melões Fonte: MRE (2010). 34 5 RESULTADOS ALCANÇADOS Segundo o MRE (2012), os instrumentos produzidos até hoje pela Comunidade de Países de Língua Portuguesa são: - Acordo de Cooperação Consular entre os Estados-membros da CPLP; - Acordo de Cooperação entre Estados Membros da CPLP sobre o Combate ao HIV/SIDA; - Acordo de Cooperação entre os Estados Membros sobre o Combate à Malária/Paludismo; - Acordo de Cooperação entre os Estados-membros da CPLP nos domínios cinematográfico e audiovisual; - Acordo de Cooperação entre Governos Integrantes da CPLP para Redução da Demanda, Prevenção de Uso Indevido e Combate à Produção e ao Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas; - Acordo de Cooperação entre Instituições de Ensino Superior dos PaísesMembros da CPLP; - Acordo de Cooperação no domínio da Juventude e do Desporto; - Acordo Geral de Cooperação no âmbito da CPLP; - Acordo sobre a Concessão de Visto para Estudantes Nacionais de Estados-membros da CPLP; - Acordo sobre a Concessão de Vistos de Múltiplas Entradas para Determinadas Categorias de Pessoas; - Acordo sobre a concessão de Visto Temporário para tratamento médico a cidadãos da CPLP; - Acordo sobre o estabelecimento de Balcões Específicos nos Postos de Entrada e Saída para o Atendimento de Cidadãos da CPLP; - Acordo sobre o estabelecimento de Requisitos Comuns Máximos para a Instrução de Processos de Visto de Curta Duração; - Acordo sobre o estabelecimento da Sede da CPLP em Portugal; - Acordo sobre a Isenção de Taxas e Emolumentos devidos à emissão e renovação de autorizações de residência para os cidadãos da CPLP; - Acordo sobre a Supressão de Vistos e Passaportes Diplomáticos, Especiais e de Serviço, entre os Governos dos Países-Membros da CPLP; - Convenção de Cooperação Técnica entre as Administrações Aduaneiras dos Países de Língua Oficial Portuguesa; - Convenção sobre Assistência Mútua Administrativa entre os Estados de Língua Oficial Portuguesa em Matéria de Luta contra o Tráfico Ilícito de Estupefacientes e de Substâncias Psicotrópicas; - Convenção sobre Assistência Mútua Administrativa entre os Estados de Língua Oficial Portuguesa para Prevenção, Investigação e Repressão das Infracções Aduaneiras; - Convenção sobre Auxílio Judiciário em matéria Penal entre os Estados Membros da CPLP; - Convenção sobre Extradição entre os Estados Membros da CPLP; - Convenção sobre o Centro Regional de Excelência em Administração Pública; - Convenção sobre o Centro Regional de Excelência em Desenvolvimento Empresarial; - Convenção sobre transferência de pessoas condenadas entre os Estados Membros da CPLP; - Declaração Constitutiva da CPLP; - Estatutos da CPLP; - Estatuto do Centro de Análise Estratégica; - Estatuto do Fórum dos Parlamentos dos Países de Língua Oficial Portuguesa; 35 - Instrumento que cria uma Rede de Cooperação Jurídica e Judiciária Internacional dos Países de Língua Portuguesa; - Protocolo de Cooperação da CPLP no Domínio da Defesa; - Protocolo de Cooperação entre a CPLP e o Fórum Empresarial de Língua Portuguesa - FELP; - Protocolo de Cooperação entre os Países de Língua Portuguesa no domínio da Segurança Pública; - Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa; - Revisão dos Estatutos do IILP; - Resolução de Revisão dos Estatutos da CPLP; - Resolução sobre o Estabelecimento da Assembleia Parlamentar da CPLP (Revisão dos Estatutos da CPLP); - Resolução sobre o Fórum dos Parlamentos de Língua Portuguesa; e - Segundo Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa). Por ocasião da VI Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa, realizada em São Tomé e Príncipe, em 2009, foi criado o Instituto Internacional da Língua Portuguesa. Na reunião, realizada em São Tomé e Príncipe, foram definidas as orientações para a implementação do IILP, enquanto organismo promotor da língua portuguesa, aprovados os estatutos que o regem e escolhido o país de acolhida de sua sede nos primeiros anos de existência: a República de Cabo Verde. Os objetivos fundamentais do IILP são "a promoção, a defesa, o enriquecimento e a difusão da língua portuguesa como veículo de cultura, educação, informação e acesso ao conhecimento científico, tecnológico e de utilização oficial em fóruns internacionais". Dessa forma, o Instituto Internacional da Língua Portuguesa tem uma vocação explícita de articulação de esforços técnicos, científicos e financeiros dos países da CPLP para a promoção da língua portuguesa, desenvolvendo suas atividades como um órgão colegiado desses países, numa perspectiva inovadora de gestão supranacional da língua. De acordo com o Balanço de Política Externa África-CPLP, do período de 2003 a 2010, do Ministério das Relações Exteriores (2012), no âmbito da concertação político-diplomática, destacam-se, entre outros, os seguintes resultados: - participação construtiva da CPLP em crises político-institucionais nos estadosmembros, particularmente em Timor Leste (2006 e 2008) e em Guiné-Bissau (2009 e 2010); - obtenção do apoio da Comunidade para diversas candidaturas brasileiras a cargos em organismos internacionais. Destacam-se, entre outros, o apoio concedido em 36 2004 (e reiterado em 2006, 2008 e 2010) a que o Brasil passe a ocupar assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, bem como o apoio dado pela CPLP, durante a Cúpula de Luanda (23/7/2010), à candidatura brasileira ao cargo de Diretor Geral da FAO (Food and Agriculture Organization), em eleição a realizar-se em julho de 2011, primeiro apoio internacional recebido pelo Brasil a esse cargo; - envio, pela CPLP, com importante apoio e participação do Brasil, de observadores a todos os escrutínios realizados nos estados-membros no período 2003-2010, à exceção daqueles ocorridos no Brasil, Cabo Verde e Portugal; - adoção do Regulamento do Observador Associado, que estabeleceu critérios definidos de concessão, manutenção e funcionamento da categoria de observadores (Estados e organismos internacionais na Organização (2010); e - adoção do novo Manual de Observação Eleitoral e do Código de Conduta do Observador Eleitoral a CPLP, que visam a garantir padrões de imparcialidade e conduta das missões de observação eleitoral da CPLP (2010). No âmbito da cooperação, no período de 2003 a 2010, destacam-se, entre outros, os seguintes resultados (referentes somente a iniciativas e projetos comunitários, excetuando-se aqueles levados a cabo pelo Brasil bilateralmente com os países de língua portuguesa): - formação de recursos humanos nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Timor Leste nas seguintes áreas: concepção e elaboração de projetos para o desenvolvimento (projeto concluído em 2004, com a formação de 103 especialistas); cooperação técnica internacional (formação, até 2010, de 563 especialistas); gestão em saúde pública (projeto que contou com o apoio da Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz); e desporto (formação de 32 técnicos de futebol); - conclusão exitosa de diversos outros projetos de cooperação nos PALOP e Timor Leste, com o apoio financeiro e de instituições do Brasil, nas seguintes áreas: telecomunicações; cooperação eleitoral; segurança alimentar; gestão administrativa, governo eletrônico (apoio brasileiro à programas nacionais de Governo eletrônico); e educação ambiental; - criação do Centro Regional de Excelência em Administração Pública, com o apoio do Brasil, com sede em Moçambique (a gestão do Centro encontra-se atualmente já transferida para o Governo moçambicano); - adoção do Plano Estratégico da CPLP de Cooperação em Saúde (2009); 37 - adoção da Estratégia da CPLP para os Oceanos (2010); e - adoção do Plano Estratégico da CPLP para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (2010). No âmbito das atividades em prol da promoção e difusão da língua portuguesa, no período de 2003 a 2010, destacam-se: - a conclusão, em 2010, do processo de revisão dos Estatutos do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), que deverá dotá-lo de estrutura e meios que lhe permitam ser um instrumento eficaz de promoção de políticas comuns e nacionais em relação à promoção e à difusão da Língua Portuguesa; - a organização, pelo Brasil, da I Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial (Brasília 25 a 30/3/2010); e - a aprovação e adoção, em 2010, do Plano de Ação de Brasília para a Promoção, a Difusão e a Projeção da Língua Portuguesa (em elaboração). De acordo com o Balanço de Política Externa África-Defesa, do período de 2003 a 2010, do Ministério das Relações Exteriores (2012), no âmbito da concertação político-diplomática, o Brasil tem intensificado as iniciativas de cooperação com o continente africano no domínio da defesa. Entre 2003 e 2010, foram assinados Acordos de Cooperação no Domínio da Defesa com sete países africanos (África do Sul, Angola, Moçambique, Namíbia, Guiné Equatorial, Nigéria, Senegal), quatro outros instrumentos jurídicos internacionais na área, e ratificado acordo previamente assinado com Cabo Verde. Atividades foram realizadas nas áreas de formação militar, levantamento da plataforma continental, ciência e tecnologia, operações comerciais e doações brasileiras, além de terem sido alcançados avanços na cooperação relativa ao Atlântico Sul no âmbito da Comunidade de Países de Língua Portuguesa e da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS). O Brasil oferece formação para militares de diversos países africanos, principalmente os de língua portuguesa, nas escolas militares brasileiras. Foi criado Centro de Formação de Forças de Segurança em Guiné-Bissau, com investimento de US$ 3 milhões por parte do Governo brasileiro, e está em instalação naquele país a Missão Brasileira de Cooperação Técnico-Militar (MBCTM), que deverá alcançar 10 integrantes. Além disso, merecem menção neste quesito o apoio brasileiro à criação do Corpo de Fuzileiros Navais da Namíbia, com cerca de 600 militares, e o 38 envio de instrutores para o Centro de Aperfeiçoamento para Ações de Desminagem e Despoluição em Uidá, Benin, em 2009. O Brasil está realizando o levantamento da plataforma continental namibiana, por meio de contrato comercial com este país, bem como prestando apoio técnico ao levantamento angolano, conforme estipulado por protocolo de intenções assinado entre os dois Ministérios da Defesa. Trocas de informações têm sido realizadas com diversos países, e o tema também vem sendo tratado no âmbito da CPLP. O Governo brasileiro doou embarcação à Marinha da Namíbia, bem como quatro botes pneumáticos e 260 uniformes para a Guarda Costeira de São Tomé e Príncipe, além de uniformes para as forças armadas da Guiné-Bissau. Merece destaque, nesse item, o apoio prestado pelo Brasil à reforma do setor de segurança na Guiné Bissau, no valor de US$ 750 mil (2004-2005), canalizado através das Nações Unidas. A intensificação da cooperação na área de defesa tem resultado em uma presença comercial crescente da indústria de defesa brasileira na África. A esse respeito, merece menção a compra de navio-patrulha brasileiro pela Namíbia (entregue em 2009); os contratos assinados para a compra de quatro lanchaspatrulha brasileiras pela Namíbia e de seis aviões Super-Tucano por Angola; bem como protocolo de intenção assinado para a venda de corveta brasileira à GuinéEquatorial. Na área de ciência e tecnologia militar, o Brasil e África do Sul estão desenvolvendo conjuntamente novo modelo de míssil ar-ar (Projeto A-DARTER), com investimento brasileiro de US$ 50 milhões. Estão em discussão possibilidades de trabalho conjunto em outros temas, como o desenvolvimento de avião cargueiro, de míssil terra-ar e de veículos aéreos não-tripulados. Além disso, estão sendo analisadas possibilidades de cooperação em pesquisa e desenvolvimento militares com a Argélia. Criada por Resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1986, e com 24 integrantes, a Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul foi relançada a partir de 2005 após anos de pouca atividade. Na Reunião Ministerial de Luanda (1819/06/2007), Angola recebeu a Presidência de turno, que se estende até hoje, foi elaborado Plano de Ação e foram criados 4 grupos de trabalho: (i) cooperação econômica; (ii) combate a atividades ilícitas e crime organizado; (iii) manutenção da 39 paz e operações de apoio à paz; e (iv) pesquisa científica, meio ambiente e questões marítimas. Na VI Cúpula da CPLP (2008) foi decidida a elaboração de uma estratégia comum para os oceanos. Seguiram-se a I Reunião de Alto Nível sobre Assuntos Marinhos (jul/2009) e a I Reunião de Ministros dos Assuntos do Mar da CPLP (mar/2010), tendo sido aprovada nesse último encontro a Estratégia da CPLP para os Oceanos. O documento oferece uma visão integrada para a promoção do desenvolvimento sustentável dos espaços oceânicos sob as respectivas jurisdições nacionais e determinou iniciativas específicas, como a elaboração de “Atlas dos Oceanos da CPLP”; a dinamização da cooperação para desenvolvimento dos respectivos projetos de extensão da plataforma continental bem como da investigação científica e proteção ambiental associadas. A II Reunião de Ministros dos Assuntos do Mar da CPLP deverá ocorrer em Angola, ainda em 2012. 40 6 CONCLUSÃO Este trabalho procurou apresentar o que é a CPLP, sua origem, sua constituição, o comércio dentro da Comunidade e os resultados já alcançados, com a intenção de se atingir os seguintes objetivos: relacionar os produtos que podem ampliar a relação comercial entre o Brasil e os demais membros da CPLP; e identificar os desafios a serem vencidos pelos países membros, visando o pleno desenvolvimento da organização. Ainda que existam ações cooperativas socioculturais no âmbito da Comunidade, elas são tímidas, diante do leque de oportunidades que existe nessa área. Observa-se que Brasil e Portugal desenvolvem cooperações que mesclam a difusão e a manutenção do idioma comum, com apoios aos países menos favorecidos. Dessa forma, as cooperações se caracterizam mais pelo aspecto técnico que linguístico, onde a língua portuguesa serve principalmente como um instrumento facilitador na transmissão de conhecimentos, fazendo com que as classes dominantes nos países menos favorecidos continuem a utilizar o idioma português. Verifica-se, ainda, que o surgimento da CPLP também se apresentou como uma estratégia do Brasil e de Portugal, os dois países com maior poder de convencimento, no âmbito da Comunidade, para fazer frente à influência dos países africanos de língua inglesa e de língua francesa, em relação aos países africanos de língua portuguesa. A criação do Instituto Internacional de Língua Portuguesa foi o primeiro passo dado para o estabelecimento de uma comunidade lusófona e que tem sido até hoje o mecanismo fundamental da preservação e difusão da língua portuguesa no mundo. Entretanto, a utilização da língua portuguesa como principal argumento de uma comunidade com as potencialidades da CPLP é um argumento fraco e que por si só não auxilia na definição do papel que a CPLP pode vir a representar no âmbito mundial. Embora no âmbito da CPLP exista a simetria de poder entre os paísesmembros, o Brasil se destaca como uma liderança estratégica no âmbito da organização, devido ao peso econômico e às posições isentas que adota nos organismos internacionais, o que lhe confere uma possível capacidade de influenciar os demais membros da CPLP na tomada de decisões. 41 Os aspectos relacionados no parágrafo anterior, no entanto, não impedem que os membros da CPLP com maior poder econômico (Brasil e Portugal) se beneficiem nessa expressão. Mas, ao mesmo tempo em que se beneficiam economicamente, Brasil e Portugal são os países que participam com as maiores parcelas dos encargos financeiros no âmbito da organização: doações, transferência de tecnologia, cooperação na formação de recursos humanos e em programas relacionados com a educação. Do ponto de vista estratégico, pode-se verificar que a Comunidade enfatiza a sua vertente internacional – como um fórum oficial das reivindicações do grupo junto à sociedade mundial – enquanto que as cooperações intra-comunitárias nos âmbitos econômico e político-sociais, que também fazem parte dos estatutos da CPLP, caminham de forma incipiente. As disparidades socioeconômicas entre os membros e a falta de recursos financeiros do grupo, como um todo, para alavancar projetos expressivos de desenvolvimento mútuo explicariam apenas parte da letargia do processo efetivo de cooperação. Como países de maior expressão econômica e cultural da Comunidade, cabe ao Brasil e a Portugal fomentar o fluxo de capitais e de investimentos nos PALOPs e no Timor, para a diminuição das diversas assimetrias existentes entre os membros. A CPLP possui uma limitação que existe no próprio batismo da sociedade. Ao ser batizada como “comunidade” e não de “união” dos Países de Língua Portuguesa. A própria língua portuguesa justifica essa distinção. A semântica da palavra “união” endossa um sentido de “pacto, de confederação”, que por sua vez significa um “tipo de união de países com política externa comum, mas com relativa autonomia interna”. Como os países lusófonos não possuem uma política externa comum (Portugal participa da União Europeia; o Brasil do Mercosul; e os PALOPs da Commomwealth, da Comunidade Econômica da África Ocidental, da UEMOA – União dos Estados do Meio Oeste Africano – entre outras associações), o termo “união” seria desproporcional à realidade da CPLP. Por outro lado, “comunidade” representaria o que os oito países partilham em comum (a lusofonia, a religião católica predominante...) e, como rezam as publicações oficiais da CPLP, tenham aderido à Comunidade por vontade unânime e livre de coesão em torno de propósitos idênticos: projetar e consolidar, na cena 42 internacional, os laços de fraternidade e de solidariedade que unem Portugal, o Brasil e os PALOPs, entre outros objetivos. Sendo assim, a denominação da CPLP como uma “comunidade” pode ser apontada como o primeiro desafio à atual CPLP atuar como um bloco econômico. Entretanto, os entraves a serem superados, rumo a uma possível maior integração, são muitos e de diferentes modalidades, como a distribuição geográfica de seus membros, por exemplo. Sabe-se que a CPLP é um grupamento de países com espaço geograficamente disperso. Englobou, a princípio, quatro continentes: África, América, Europa e Ásia. Mesmo com a devolução de Macau à China (Ásia), a posterior adesão formal de Timor Leste (Ásia) na CPLP manteve a amplitude da Comunidade: quatro continentes. Se por um lado este fato engrandece a expressividade da CPLP, por outro lado, torna-se um desafio não só para uma maior integração futura, mas, também, para a sua implantação efetiva, como reconhecem os próprios representantes na Comunidade. Sendo assim, o distanciamento geográfico entre os participantes da CPLP seria uma dificuldade a mais visando à transformação da Comunidade em um bloco político-econômico uma vez que, além de encarecer e/ou dificultar as transações político-comerciais, a distância também compete com a tendência natural de formação de alianças locais. Para rivalizar-se com estas coalizões geopolíticas naturais, a CPLP precisaria apresentar “lucros atrativos” aos seus integrantes, principalmente econômicos. Além do distanciamento geográfico, a disparidade sócio-econômica de seus membros e a atuação das forças externas sobre a CPLP e seus membros, individualmente, são outros óbices a serem superados. No que se refere à influência do ambiente externo sobre a atuação da CPLP, os membros adotam claramente uma atitude indeterminista, ou seja, tem como objetivo a não passividade da organização diante dos acontecimentos do cenário mundial: a Comunidade acredita que pode “influenciar, mudar e até estruturar o ambiente” que a cerca. Como exemplo desta assertiva, pode-se citar “a luta pela reforma da ONU e do Banco Mundial”, que se encontra entre os principais objetivos da organização. Na prática, os ganhos do Brasil com a CPLP, que não teriam sido obtidos com a relação bilateral com os demais membros da Comunidade foram: a captação 43 de recursos de países de fora da organização para financiamento de projetos, os chamados financiamentos triangulares; a divisão de encargos de financiamento de projetos, principalmente com Portugal, como estratégia de redução de custos; a realização de investimentos como estratégia de obtenção de lucros pelo Brasil, no âmbito da CPLP; o impulso das relações Brasil-Portugal após a criação da CPLP; a CPLP serviu como uma estratégia de ampliação das parcerias brasileiras; a contribuição para a consolidação da liderança estratégica mundial do Brasil; e a estratégia de difusão da língua portuguesa falada pelos brasileiros. Portanto, os principais dividendos auferidos pelo Brasil com a existência da CPLP são os superávits econômicos obtidos e o apoio político-diplomático recebido dos demais membros nos organismos internacionais, o que contribui para a intenção brasileira de se tornar um ator global. Inicialmente, os principais argumentos para criação da CPLP foram a língua e a cultura comuns, mas o que se observa na atualidade é que os fatores político-econômicos têm sido o alicerce para a manutenção da Comunidade. A CPLP representa um foro privilegiado para a promoção entre os países membros que, até então, não tem sido utilizado, nem maximizado como poderia ser, num contexto de globalização, tento econômica quanto cultural. A Comunidade de Países de Língua Portuguesa não é um bloco econômico e não se comporta como tal. Essa constatação se explica pela distância geográfica entre os países que o integram, pela pouca exploração das relações bilaterais, pela reduzida expressão político-econômicas dos parceiros da citada Comunidade frente ao Brasil e pelas restrições portuguesas devido à sua integração com a União Europeia, ou ainda, devido à falta de vontade política dos membros em incrementar os laços econômicos, políticos e culturais. A análise dos dados comerciais, no âmbito da CPLP, levou à conclusão que a sua criação possibilitou o crescimento de 320,42 % das trocas comerciais, no período de 2003 a 2009, o que representou um acelerado crescimento num espaço de tempo relativamente curto de sete anos. Também ficou comprovado que Portugal e Angola, nesta ordem de importância, representam os principais mercados para os produtos brasileiros; que o Brasil representa o principal destino dos produtos daqueles países, no âmbito da Comunidade e que as trocas comerciais do Brasil com Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste são irrelevantes. 44 Os combustíveis, óleos minerais, ceras minerais, caldeiras, máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos são os produtos que poderão ter a participação ampliada na pauta de exportações do Brasil, tendo em vista a rapidez do aumento dos volumes exportados, o que mostra serem produtos competitivos no mercado internacional. O açúcar, os produtos de confeitaria, as carnes e as miudezas comestíveis, devido à tradicional competitividade no mercado internacional e à já elevada participação nas trocas comerciais com os países da CPLP, possuem condições de terem seus volumes de exportação aumentados. Os principais desafios a serem vencidos visando ao pleno estabelecimento da CPLP são a pouca vontade política dos países-membros em dinamizar as relações no âmbito da Comunidade; a fraca participação da sociedade civil nas resoluções e projetos; a reduzida circulação de informações sobre a CPLP; as disparidades socioeconômicas entre os membros; a falta de recursos financeiros dos membros; a limitação que a denominação “comunidade” impõe à organização; a distância geográfica entre os países; e as influências ou limitações sofridas pelos países membros da CPLP devido à participação em blocos econômicos, alianças e organismos regionais. Por fim, ao constatar que a atuação da CPLP tenha ficado aquém dos anseios existentes nos objetivos estabelecidos quando de sua criação, verifica-se, também, ser plenamente possível a superação dos óbices existentes ao seu pleno estabelecimento, valorizando-se mais as questões políticas e econômicas, indo além do argumento da língua comum e dos aspectos culturais para justificar as ações conjuntas, na busca de uma maior inserção de seus membros no cenário mundial e contribuindo para uma maior democratização das relações que se estabelecem nesse contexto. 45 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Kívia de Souza. A comunidade dos países de língua portuguesa: os benefícios e as ações de natureza estratégica do Brasil sob o ponto de vista da teoria dos jogos. 2003. 244 f. Dissertação (Mestrado em Administração e Desenvolvimento Empresarial) – Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, 2003. COMUNIDADE DE PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA. CPLP. Disponível em: <http://www.cplp.org/>. Acesso em: 3 set. 2012. 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