NÚMERO: 18
TÍTULO: RELATO DE CASO - OCT de segmento anterior na avaliação de edema de córnea
AUTORES: Nayara Nakamura Hirota¹, Eduardo Buzolin Barbosa¹, Renata Tiemi Kashiwabuchi²
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Residente do terceiro ano de Oftalmologia– Hospital de Base – Faculdade de Medicina de São José do
Rio Preto – HB FAMERP
² Assistente Ambulatório de Oftalmologia– Hospital de Base – Faculdade de Medicina de São José do Rio
Preto – HB FAMERP
INSTITUIÇÃO: Hospital de Base – Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – HB FAMERP
RESUMO
Relato de um caso em um paciente de 65 anos, que compareceu ao pronto atendimento da
oftalmologia devido dor em olho direito.
Ao exame, apresentava lesão supraepitelial abrangendo quase toda extensão corneana em olho
direito. Antecedentes oculares do paciente, síndrome isquêmica ocular, e glaucoma neovascular em
2008, e cirurgia de catarata em 2010.
Este relato nos mostra a importância do OCT de segmento anterior, no diagnóstico diferencial
na avaliação da câmara anterior, espessura e estrutura corneana, em casos em que há opacidade
corneana, que impedem a visualização da membrana de Descemet.
Descritores: córnea, ceratopatia bolhosa, OCT de segmento anterior.
INTRODUÇÃO
A ceratopatia bolhosa é uma patologia que pode surgir secundária a uma série de patologias,
como a distrofia endotelial de Fuchs, após cirurgias de catarata, adesão da Iris após ceratoplastia,
uveítes, glaucoma prolongado e uso de lentes de contato¹.
É uma das complicações de procedimentos cirúrgicos intraoculares e com isso os pacientes
devem ser cuidadosamente examinados no préoperatório, e no intra e pósoperatório, minimizar
situações que são prejudiciais ao endotélio corneano tais como: monitorização de pressão intraocular,
controle de inflamação¹.
Caracteriza-se pela formação de bolhas epiteliais, com separação do epitélio da camada de
Bowman, associada a um edema prolongado do estroma corneano².
Nesse caso descrevemos um paciente de 65 anos, que realizou cirurgia de catarata em olho
direito quatro anos antes do aparecimento do quadro, com história pregressa de glaucoma neovascular
nesse mesmo olho.
RELATO DE CASO
Paciente de 65 anos, caucasiano, aposentado, procedente de Jaci-SP. Procurou o pronto
atendimento de oftalmologia devido dor em olho direito há um mês.
Ao exame oftalmológico, apresentava acuidade visual em olho direito de ausência de percepção
luminosa, e em olho esquerdo de 20/20. Biomicroscopia em olho direito apresentava edema
macrobolhoso 4/4+, com lesão supraepitelial de aspecto gelatinoso cobrindo quase toda extensão da
córnea, e olho esquerdo sem alterações.
Figura 1- Lesão de aspecto gelatinoso, cobrindo quase toda extensão corneana, sem visualização da
câmara anterior.
Figura 2- Corte óptico da lesão, mostrando lesão elevada semelhante a hidropsia.
Após avaliação do paciente optamos pela realização de OCT de segmento anterior, para melhor
avaliação da câmara anterior, da membrana de Descemet para definir a conduta a ser seguida.
Figura 3- OCT de segmento anterior: lesão supraepitelial, com membrana de Descemet íntegra.
Figura 4- OCT de segmento anterior: Lesão cística no interior da lesão
Após avaliação detalhada do quadro acima, paciente com acuidade visual de sem percepção
luminosa em olho direito, com quadro de dor importante, e ao OCT de câmara anterior observamos,
lesão supraepitelial, com membrana de Descemet preservada, optamos por exérese da lesão e
recobrimento conjuntival no mesmo ato cirúrgico.
Figura 5- Aspecto pósoperatório final, paciente assintomático.
Paciente evoluiu bem, assintomático, e satisfeito com o resultado.
Resultado do anátomo patológico: Ceratite crônica inespecífica com formação de pannus
subepitelial. Cisto epitelial sem atipias, fibrose estromal.
DISCUSSÃO
Neste relato de caso, mostramos a importância do OCT de câmara anterior na elucidação
diagnóstica. O aspecto da lesão era muito semelhante a um quadro de hidropsia observado nos
pacientes portadores de ceratocone. Embora na história prévia não houvesse suspeita de doença
corneana ectásica, nem história de trauma ou corpo estranho intraocular, que pudesse levar a uma
ruptura da membrana de Descemet; esta suspeita tinha que ser confirmada, uma vez que a ruptura de
Descemet apresenta tratamento específico.
Uma vez que o OCT de câmara anterior demonstrou membrana de Descemet íntegra, a principal
hipótese passou a ser ceratopatia bolhosa. Optamos por tratamento cirúrgico, com ótimo resultado
final.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1-YANOFF, M.; DUKER, J. S. Ophthalmology. 2009. UK: Elsevier, 2009. 1166p;489p
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