LEANDRO BATISTA DA SILVA SULENE MARIA CUNHA DA ROCHA DELANE TEODORA DE OLIVEIRA LEONARDO (Organizadores) Garança Poética 2012 Colégio Militar de Brasília EGGCF - Gráfica do Exército Brasília 2012 Ficha Catalográfica ISBN: 978-85-62061-03-5 Projeto Gráfico: EGGCF - Gráfica do Exército. Capa: Larissa Lúcio Meyer. Editoração Eletrônica (Diagramação): Soldado Gilney Lopes de Ataides. Soldado Elton Nunes da Silva. Revisão: Delane Teodora de Oliveira Leonardo. Leandro Batista da Silva. Digitação: Joaquina Bento Miranda da Silva. Impressão e Acabamento: EGGCF - Gráfica do Exército. Colégio Militar de Brasília: Fone:(61) 34241000 www.cmb.ensino.eb.br Estabelecimento General Gustavo Cordeiro de Farias - “Gráfica do Exército” AL. Mal. Rondon S/N - Setor de Garagens - QGEx - CEP: 70630-901 - Brasília - DF Tel:3415-4248 - RITEX: 860-4248 - FAX: 3415-5829 Site: www.eggcf.eb.mil.br - Email: [email protected] SUMÁRIO Prefácio .................................................................................................15 Introdução .............................................................................................17 ENSINO FUNDAMENTAL 6º ANO Eu imagino Valentina Alves Menezes Andrade........................................................23 Mãe Bruna Vasconcellos Monteiro de Castro ...............................................24 Carioca Isabella Carneiro da Silva .....................................................................25 A Barata e a Formiga Pedro Mota Hoertel ...............................................................................26 7º ANO Meu mundo Perfeito Lucas Souza de Carvalho ......................................................................31 Mundo perfeito Nathália Oliveira Pereira.......................................................................32 Sonhos trocados Marco Túlio Villela Ribeiro Faria .........................................................33 Tempo Samuel Sena Galvão ............................................................................34 Tudo de que preciso Neanderson de Oliveira Rodrigues .......................................................35 Jardinagem da Amizade Helena Benatt do Nascimento Alves.....................................................36 Um banquete e tanto Ana Júlia Emy Messias Nakata.............................................................38 8º ANO O homem que achou um livro Leonardo Francisco M. C. Cândido Ribeiro .........................................41 Lágrimas Quéren-Hapuque Torres de Sousa.........................................................43 Linhas da Imaginação Laura Reis Vieira ..................................................................................44 Não entendo Juliana Weinert de Lima .......................................................................45 Que futuro queremos? Anne Costa Bittencourt Andrade ..........................................................46 Enfrentando a realidade Luthielly Alves Lopes ...........................................................................47 9º ANO Linda chuva Pedro Henrique Rocha de Freitas .........................................................51 A chuva Matheus Lemos Pereira.........................................................................52 Mudança do mundo Luiza Tessmann.....................................................................................53 O livro e seus valores Luiza Tessmann ....................................................................................54 Fim do Fundamental Luiza Tessmann.....................................................................................56 Liberte-se Ana Carolina de Aro Rezo Cardoso .....................................................57 Lo siento, hermanos Lorena Pimenta Bomfim .......................................................................58 Janela do Tempo Raquel Lopes Amaral ............................................................................60 Amizade Juliana de Aquino Ferraz ......................................................................61 Desejos Juliana de Aquino Ferraz ......................................................................62 Professor... Bruna Paracat Carvalho dos Santos ......................................................63 Liberdade de viver Daniela Oliveira da Silva ......................................................................64 Correria da vida Paulo Roberto Marculino de Souza ......................................................65 O jogo Paulo Vitor Santana Santos ...................................................................66 Minha música Maria Eduarda Vidal de Santana...........................................................67 Amor Pedro Paulo Pacheco de Andrade .........................................................68 Aquele que resolveu ficar Derek Chaves Lopes .............................................................................69 Até o sol voltar Débora Angonese ..................................................................................70 ENSINO MÉDIO 1º ANO Delírio do eu? Luiz Felipe Costa Gomide ....................................................................77 Comparação Jaqueline Gutierri Coelho .....................................................................78 Paixão Giovana Mazzoni Armando Sant’anna .................................................79 Melodia Giovana Mazzoni Armando Sant’anna .................................................80 A beleza de quem não vê Mariah Sá Barreto Gama ......................................................................81 Um poema Rafaela Souza Vilela .............................................................................82 2º ANO Sertão Giovana Vieira Porto.............................................................................85 Amizade Teciana Xavier Lopes Ferreira ..............................................................86 Você e eu Débora Fernandes Madera ....................................................................87 Triste fim Beatriz Edla Caetano.............................................................................88 Saudade Yasmin Albuquerque de Melo...............................................................89 A peça de teatro sem ensaios Andeson Abner de Souza Leite .............................................................90 Combustível do homem moderno Anna Beatriz Pinheiro de Souza Abreu ................................................91 Mal do século Mayara Flores Bonatto..........................................................................92 Chuva Marcus Bruno Custódio Vasconcelos ...................................................93 Mentiras Bianca Mariano Porto ...........................................................................94 3º ANO Certa conversa com Drummond Romulo Luiz dos Santos Lima..............................................................99 Necessário o questionar Adriano Souza Brandão ...................................................................... 100 Fui! João Luís Ferreira Caetano ................................................................. 102 Your Eyes Gabriel Paiva Dias Lacerda & Luiz Felipe C. Pompeu Brasil ............ 103 Faz parte da vida Cristian Landri Cabral de Moraes ....................................................... 104 A viúva Marcela Moreira Caldas Rodrigues & Marina Nunes Pessôa ............ 105 Vergonha Marcela Moreira Caldas Rodrigues .................................................... 106 Poeminha a Millôr Thaise Medeiros de Cerqueira ............................................................ 107 Cadeira de balanço Isadora Bonfim Nuto ........................................................................... 108 Sierra Emanuel Vinícius de Lavor Miranda .................................................. 111 Tempo e Vida, Ser Érika Wanessa Gomes de Mesquita .................................................... 113 Tempo Mariel Figueiredo de Castro ............................................................... 114 Amor de volta Fabiane Rejane Silva Coelho .............................................................. 115 Letras Samuel dos Santos Silva ..................................................................... 116 ILUSTRADORES Valentina Alves Menezes Andrade – 6º ano João Vítor Dallarosa Linhares – 6º ano Bárbara Lovisi Silva Gomide – 6º ano Sabrina Roberta Ferreira Silva de Oliveira – 7º ano Sofia de Mello Caselli – 8º ano Victor Laus Adachi – 8º ano Larissa Leão Dalla Torre – 3º ano Giovanna Fernandes – 3ºano Larissa Lúcio Meyer – 3º ano (capa) 13 PREFÁCIO Mais uma vez apresentamos à comunidade escolar uma edição de nossa coletânea literária – “Garança Poética”. A publicação desta obra representa o coroamento de uma série de atividades associadas ao trabalho com a palavra e que são desenvolvidas ao longo do ano letivo. É uma satisfação perceber que o ambiente escolar proporciona, além da educação formal, o contato com a arte, por meio da literatura. A edição 2012 do “Garança Poética” é uma boa representação disso. Nossos educandos posicionam-se nesta obra como jovens que anseiam compreender o mundo que os rodeia. Apesar da pouca idade, apresentam-se como pessoas que são capazes de se expressar e de observar, por intermédio da palavra, temas que lhes são próprios. Trazer a público mais uma obra é mostrar que temos o compromisso com a formação integral de nossos estudantes, ao mesmo tempo em que estamos atentos ao espaço que a leitura e a escrita devem ocupar na formação do futuro cidadão. Parabéns a nossos alunos-escritores, alunos-ilustradores, professores, à Família Garança e a todos que colaboraram para que esta obra alcançasse o seu 16º ano de edição. HEIMO ANDRÉ DA SILVA GUIMARÃES DE LUNA – CEL COMANDANTE DO COLÉGIO MILITAR DE BRASÍLIA 15 INTRODUÇÃO O hábito e a paixão por escrever nem sempre são dons inatos; exigem a motivação, o despertar, algo que nos faça acreditar que nosso texto merece ser lido pelo outro. Em razão disso, o trabalho com a palavra na escola precisa fazer parte de um projeto mais amplo, que dê à escrita literária o espaço que lhe é devido; e que mostre ao aluno que “escrever é duro como quebrar rochas” – citando João Cabral –, mas não algo impossível. Nesse sentido, entra em ação uma gestão pedagógica comprometida, em uma instituição de ensino que sabe o quanto é possível e importante não apenas estimular, mas, especialmente, valorizar as habilidades de seu jovem aluno. É nesse contexto que, há dezesseis anos, o Colégio Militar de Brasília incentiva – e possibilita – o trabalho artístico com a palavra, por meio de nosso Garança Poética. No que se refere a esse incentivo à escrita, além de uma equipe de educadores preparados, também estudiosos, pesquisadores, é necessário gente amorosa, que anseia por ver o aprendente – por que não um neologismo tão cabível aqui? – libertando sua imaginação e, possivelmente, apaixonando-se pela arte de abrir-se no texto. Além das diversas habilidades já dominadas pelo aspirante a poeta-escritor, como boas coesão, sintaxe, pontuação, perfeita articulação de ideias, dentre outras competências, certamente que técnicas de produção literária, o uso de figuras de sintaxe, enfim, alguns recursos de estilística, devem ter suscitado a criatividade do artista, como se pode notar nos poemas de diversos de nossos alunos. Isso é perceptível desde as singelas produções do 6º ano, passando pelas dores do amor dos 9º e 1º anos e chegando às reflexões mais maduras na despedida dos nossos queridos discentes do 3º ano do Ensino Médio – muitos desses, aliás, publicando textos, ininterruptamente, desde o Ensino Fundamental. Entretanto, há que se considerar tal fato como resultado de um trabalho bem realizado, durante todo o ensino básico, bem como da perfeita união entre habilidades e competências; isto é, o aluno é estimulado a desenvolver uma habilidade, por meio de um determinado conhecimento, e, posteriormente, torna-se capaz de aplicar tal conhecimento adquirido, ou seja, passa a ter a competência para aplicá-lo em suas atividades diversas. 17 O sujeito que escreve bem, que desenvolve bem o ato comunicativo, é livre, conquista não só o respeito da sociedade, mas, principalmente, desenvolve sua autoestima; é um ser que se conhece e que sabe se expor, inclusive, com clareza e objetividade, oralmente, além de compreender as mensagens que o mundo lhe transmite, já que, quanto maior o domínio da escrita e da fala, maior e melhor é o nível do conhecimento. Os jovens talentos que ousaram escrever e publicar suas obras nesta edição do Garança Poética são exemplos de que é por meio da prática incessante e da dedicação, tanto dos próprios poetas quanto de uma equipe de profissionais persistentes e dedicados, que a poesia cresce, a paixão por escrever se aflora e a arte nasce; quando menos se espera, surge também um artista. Citando o brasileiríssimo Jorge Amado, neste momento em que enfaticamente comemoramos sua célebre centenária existência, ele, que notavelmente admirava o ímpeto juvenil: Pobres dos escritores que não se derem conta disso: escrever é transmitir vida, emoção, o que conheço e sei, minha experiência e forma de ver a vida”. (Em 1995, comentando não escrever para ganhar prêmios, quando da sua indicação para o prêmio Camões). Em vista de tudo que o Garança Poética representa para nossa comunidade escolar, a sugestão que fica é que nossos alunos recebam o presente que é mais esta edição e prossigam em suas práticas de revelar ao papel e, claro, ao mundo – “ele” merece e precisa saber – todo o descobrir e toda a emoção que o simples fato de existir lhes proporciona. Ação que tão belamente nossos alunos ousaram realizar. Brasília, setembro de 2012. Gabriela Menezes de Souza Mestre em Educação Professora de Língua Portuguesa do Colégio Militar de Brasília 18 ENSINO FUNDAMENTAL 6º ANO ENSINO FUNDAMENTAL 22 Ilustração de autoria da aluna VALENTINA ALVES MENEZES ANDRADE Turma 604 Eu imagino... A imaginação é algo que não se apaga, estraga ou acaba. Não se destrói; quebra barreiras, pula obstáculos, vai além e nunca se contém. Existe na mente de poucos, é prima da criatividade, irmã do pensamento e, sem dúvida, minha melhor amiga de todas as horas. Não sei se é sentimento, que de repente chega, ou se é dom que já nasceu comigo. A única coisa que sei é que não é pássaro, não é avião... o que vive comigo é a imaginação. Valentina Alves Menezes Andrade – Turma 604 23 Mãe Mãe é a pessoa mais querida, pode ser sua estrela-guia, amiga, companheira... Mãe é sempre verdadeira. Mãe é tudo! É seu porto seguro, é quem ajuda, explica... Mãe é quem lhe entende e surpreende. Mãe é serena, sempre generosa, às vezes agitada, complicada... Mas sempre será mãe. Ela é quem lhe deu a vida! E sempre faz tudo para lhe ver feliz! Distribui sorrisos, beijos... E amor de mãe. Mãe é sempre bondosa e carinhosa, é bonita por sua personalidade... Mãe é cheirosa e charmosa. Se não fosse você, mãe, não existiria todo o amor que sinto e que venho agora lhe oferecer! Bruna Vasconcellos Monteiro de Castro – Turma 605 24 Carioca Sou do Rio de Janeiro Sou feliz Sou da gema Tenho orgulho de quem sou. Tenho sotaque diferente, Falo “mermo” da vida Sou da cidade das mulheres mais lindas Sou carioca. Sou da praia, sou do mar Onde cada um é do seu jeito E onde eu posso ser Eu mesma! Isabella Carneiro da Silva – Turma 605 25 A Barata e a Formiga No tempo em que os animais ainda falavam, existiu uma Barata que dedicava sua vida a reclamar de tudo: no sol, reclamava do calor; na chuva, reclamava das gotas de água; no inverno, implorava pelo verão; no verão, desejava o frio. Também em casa, não se mostrava contente com nada. Dona Formiga, cansada das reclamações da vizinha, resolveu dar-lhe uma lição. Depois de um dia desgastante de trabalho, ela até tentou pensar em algo para castigar a Barata, mas não conseguiu pensar em nada. Já cansada, ligou a televisão e ficou assistindo a um filme de terror que passava. Depois de uma hora, adormeceu. Na manhã seguinte, a pequena trabalhadora despertou de um terrível pesadelo. Ficou tão assustada que decidiu pedir a opinião do psicólogo mais famoso da mata, o senhor Lagarto. Após a conversa inicial, o psicólogo disse à Formiga que o pesadelo fora motivado pelo filme a que ela assistira. Foi aí que ela teve uma brilhante ideia para dar um jeito em sua vizinha reclamona. Saindo do consultório do senhor Lagarto, a Formiga passou na casa da Barata e a convidou para um passeio. Mesmo reclamando, a vizinha aceitou e se surpreendeu ao perceber que a visita seria ao hospital. No hospital, as duas vizinhas encontraram insetos com todos os tipos de doença: uma abelha que nunca mais poderia voar por ter perdido as asas; uma minhoca que estava impossibilitada de rastejar e teria de viver no hospital para sempre, entre outros casos. A Barata ficou muito impressionada com tudo, mas não quis demonstrar para a vizinha. Terminada a visita, cada uma voltou para sua casa e, à noite, foram dormir. Eis que a reclamona teve um pesadelo: sonhou que perdera a proteção de suas asas e que, por isso, estava com pneumonia e fora desenganda pelos médicos. A Barata acordou muito assustada e percebeu que reclamava à toa de sua vida, 26 pois alguns seres viviam em situações muito tristes e nem por isso ficavam a reclamar tanto da existência. No dia seguinte, a Barata despertou modificada e decidiu nunca mais reclamar da vida. Moral: Quando achar que as coisas estão ruins para você, pense que há pessoas em situações muito piores. Pedro Mota Hoertel – Turma 605 27 7º ANO ENSINO FUNDAMENTAL 30 Ilustração de autoria do aluno JOÃO VÍTOR DALLAROSA LINHARES Turma 605 Meu mundo perfeito Todo dia quando acordo Vejo como a vida está sem sentido Eu quero é ver seu sorriso e seu olhar E sonho todas as noites em lhe amar. Contemplo as estrelas E entendo que não posso esquecer você. Às vezes, me pego imaginando Momentos inesquecíveis Mas lembro que são impossíveis. Quando estou com você, tudo fica bem. Nunca me senti assim com ninguém Você é tudo para mim Eu amo você! Lucas Souza de Carvalho – Turma 701 31 Mundo Perfeito Às vezes, imagino um mundo perfeito Com duendes, fadas e muito mais... Mas basta olhar para o nosso mundo E já vejo a beleza que nele há: A natureza, os animais, As plantas, as amizades... Mas, com tanta destruição, Violência, assassinatos, Desmatamento, poluição, Volto a imaginar um mundo perfeito, Mas não desses com duendes e fadas, E sim um mundo em que ainda tenho esperança De que um dia se torne real... Um mundo realmente perfeito, No qual o homem fará as pazes Não só com os animais e as plantas, Mas também com o seu próprio semelhante. Nathália Oliveira Pereira – Turma 702 32 Sonhos trocados Meu sonho era ser jogador de futebol, Mas tive que parar de jogar Deixei de fazer gol Para no CMB entrar. Muito estudei A bola para longe joguei Em um preparatório entrei Às aulas atenção prestei. Os professores muito explicaram Aos livros me dediquei As brincadeiras acabaram O dia chegou, no colégio entrei. O colégio é tudo que imaginei Minha vontade aumentei Muito me esforcei E graduado me tornei. No próximo ano, A bola desejo chutar E na banda, como aluno, Meu trombone tocar. Marco Túlio Villela Ribeiro Faria – Turma 702 33 Tempo Para os grandes estudiosos É um elemento muito importante. Já para os preguiçosos, É só uma preocupação restante. A vida gira em torno do tempo; Por esse motivo, Tudo tem o seu momento Afinal, o tempo faz o destino. O tempo é precioso, Não para, Não volta; O agora é que está em jogo. Um dia seremos esquecidos no passado, O tempo não perdoa; Não podemos ficar parados, Nenhum segundo pode ser desperdiçado. Samuel Sena Galvão – Turma 705 34 Tudo de que preciso Primeiro criatividade, Para a ideia rolar. Depois, papel e caneta Para da minha mente Saltar. Tudo isso é importante, Mas o que nunca pode faltar É a alegria, Pois sem ela Nada rimará. Neanderson de Oliveira Rodrigues – Turma 705 35 Jardinagem da amizade Eu morava em Brasília Tudo era maravilha Como não pude ficar, Meu pai tive que acompanhar. Fui para o mato, Cheguei a Humaitá Saudade sinto de fato, Acho que não retorno mais lá. Oba! Fui para Fortaleza, Capital do Ceará. Tudo era uma beleza, Não queria sair de lá. Novamente, outra mudança Meu coração ficou partido. Mas tenho esperança De que se realize meu pedido. Chegando a Brasília, Encontrei uma amizade de verdade, Novamente, tudo maravilha, Era uma grande amizade. 36 Certo dia, acontecia Tudo aquilo por que passei Ela foi para Santa Maria, Novamente eu chorei. Amizade é assim, Igual a jardinagem. É difícil para mim, Constante aprendizagem. Helena Benatt do Nascimento Alves – Turma 706 37 Um banquete e tanto Pão vou ter que comer, Porque cereal não vai ter E vou tomar Nescafé, Porque ninguém vai fazer café. No almoço, arroz e feijão, Pois não tem macarrão E vou beber limonada, Porque não tem mais nada. No jantar, terá sopa E, para terminar, água vou tomar. Ana Júlia Emy Messias Nakata – Turma 709 38 8º ANO ENSINO FUNDAMENTAL 40 Ilustração de autoria da aluna BÁRBARA LOVISI SILVA GOMIDE Turma 605 O homem que achou um livro Ele era um homem de uns trinta anos, morava em Belo Horizonte, era professor de música. Tocava trombone, mas nunca explorara o talento a fundo. Era solteiro e tinha uma vida tediosa. Um dia, quando voltava para casa a pé, o homem se cansou e amaldiçoou o instrumento por ser tão pesado. Recostou-se em um banco e se sentou. Não demorou muito e ele viu um objeto brilhoso em cima do outro banco e se levantou para buscá-lo. Era um livro. Um livro de capa azul e com letras prateadas e que, de tão desgastadas, o impossibilitavam de ler o título. O homem abriu o livro e, de imediato, se interessou. O texto era escrito com letras grandes, grossas, e, alternado ao texto, havia várias figuras sobre seu assunto preferido: música. Ele folheou o livro, fechou-o e o guardou dentro do estojo do trombone. Quando chegou a sua casa, ele se pôs a ler o sábio livro e, enquanto lia, fascinava-se com as informações ali contidas e pensou sobre como nunca tinha se dado conta de tantos detalhes sobre sua própria profissão. Ao chegar à página que procurava – a do trombone – ele apanhou o instrumento e testou cada uma das informações ali presentes. Depois de todas as informações confirmadas, o homem pegou seu trombone e, surpreso, percebeu como tocava com mais suavidade agora. Na contracapa do livro havia o cartão de uma biblioteca. No dia seguinte, o sujeito foi à biblioteca e lá se espantou: a variedade de livros que ele podia encontrar era enorme. E assim o professor de música foi alugando livros, primeiro um, depois outro, e sempre e cada vez mais... Foi assim que ele aprendeu a cozinhar melhor, a tecer, a construir, a consertar. Aprendeu os mistérios e encantos das diversas áreas do conhecimento. Depois de cinco anos, esse homem se casou, teve filhos, tornou-se um músico de renome e viveu como ele jamais imaginara que viveria: feliz. 41 Apesar disso, ele morreu – já bem velhinho – com um sentimento de culpa. Culpa por perceber o que ele perdera nas primeiras décadas de sua vida. No entanto, algo dentro dele tentava aplacar esse sentimento, dizendo-lhe que o que importava ser ter se dado conta de que precisava mudar sua vida. Os livros não o salvaram da morte, mas o salvaram da vida. Da vida que ele levaria sem a felicidade que encontrou na leitura. Leonardo Francisco de M. C. Cândido Ribeiro – Turma 801 42 Lágrimas Foram muitas lágrimas derramadas Que com o seu nome foram gravadas. Gritando elas estavam, Clamando por sua atenção Mas, pelo que parece, Você não tem coração. “Ficadas”, “pegadas” Amor e paixão. Eu apenas queria sua admiração... Quéren-Hapuque Torres de Sousa – Turma 801 43 Linhas da imaginação Na garupa de um sonho Viajo a galope pelo mundo E pela linha do horizonte Me conduzo... No sonho de um menino Subo montanhas, Atravesso grandes rios E continuo a galopar Por este infinito mundo imaginário Onde olhar de homem algum Há de chegar. Na bagagem de fantasia Levo meus sentimentos Mas, por favor, Esqueça a dor e os sofrimentos Pois o amor, a alegria São os que reinam nesta vida. E, ao acordar para a “vida”, Dizem que os sonhos se vão Então me diga: Será que acaba assim? Pois você sabe O que é a vida de um homem Sem imaginação? Laura Reis Vieira – Turma 802 44 Não entendo Vivo em um mundo complicado De muitas perguntas E nenhuma resposta. No mundo em que o errado vira certo, O certo é brega, careta... O que já era de se esperar. Mas, um dia, o mundo voltará Voltará ao seu início Ao início de algo muito maior. Ao início de um mundo de esplendor, Um mundo que será recordado E que não se tornará um lixo. Até lá vou esperar Enquanto isso, no mundo de agora, Existem apenas zumbis controlados pela mídia. No mundo das almas impuras Eu vivo à espera de um lugar Que seja bom para mim E para todos. Juliana Weinert de Lima – Turma 804 45 Que futuro queremos? Há vinte anos, muitos países, muita poluição. Um encontro. Ocorreu a Eco 92. Desenvolvimento sustentável, um desafio. Agenda 21, um compromisso. O que conseguimos? O que realizamos? Houve avanços? Houve recuos? Mais uma vez, na mesma cidade, 197 estados-membros. O desafio de trocar o cinza pelo verde aconteceu a Rio+20. Que futuro queremos? Temos que pensar, daqui a algum tempo nos reuniremos. Para sorrir? Ou para chorar? Anne Costa Bittencourt Andrade – Turma 804 46 Enfrentando a realidade A escola estava cheia, Mas eu me sentia sozinha e perdida Era como se estivesse vivendo outra realidade. Despertei ao ouvir o sinal Vi as pessoas correndo, conversando Brigando e ofendendo umas às outras. Fechei os olhos, Tentando ficar sozinha novamente. Luthielly Alves Lopes – Turma 812 47 9º ANO ENSINO FUNDAMENTAL 50 Ilustração de autoria da aluna SABRINA ROBERTA F. SILVA DE OLIVEIRA Turma 710 Linda chuva Quando estou sozinho em casa, Como é lindo de se ver Todas as nuvens pesadas, Um fenômeno a nascer. A chuva bela chegando Águas ao sertão levando, Lavouras a fertilizar, Nossas casas a lavar. E quando cai é uma festa! Crianças nela brincando De Marinha e pique-pega, Todos rindo e adorando. E depois que a chuva passa, A vida volta ao normal Só aquilo que sempre fica É a lembrança excepcional. Pedro Henrique Rocha de Freitas – Turma 902 51 A chuva Olho lá fora para ver Gotas caindo sem direção. Está começando a chover, Algo que tira a atenção. Contemplo toda a água que cai, Pois me trazem memórias De um homem cheio de vitórias: O meu falecido pai. Sou apenas uma formiga Nesta grande imensidão, Neste cheiro que abriga, Nesta tamanha emoção. A chuva termina calma O vazio predomina, O Sol volta e domina, Mas não limpa a minha alma. Matheus Lemos Pereira – Turma 902 52 Mudança do Mundo Após parar e pensar Vendo o mundo girar E nada se consertar Tudo apenas piorar. Guerras inundam Desigualdades são crimes Desavenças prevalecem Diferenças são anormalidades Pessoas morrendo Matando umas às outras O que estará acontecendo? Nada irá melhorar Ninguém irá mudar E em uma grande catástrofe O mundo vai se tornar. Luiza Tessmann – Turma 902 53 O livro e seus valores Um menino sentado à mesa As páginas de um livro folheava E, a cada vez que revirava, Mais se interessava E mais tinha certeza De que o livro o ajudava A fugir da realidade e de sua dureza. A leitura abre portas Para o mundo descobrir Para emprego conseguir Para mais se aprender E a diferença fazer. Nada se compara às páginas de um livro Ao seu cheirinho de novo Poder carregá-lo para todo lugar E parar para pensar Que um mundo diferente Pode estar presente Naquelas páginas envolventes. Ler para aprender Ler para crescer Ler para desfrutar Ler para encantar Ler para entender 54 Ler para crer Ler para amar Ler para alegrar Ler para ver Ler para saber Ler para viajar Ler para sonhar Ler para ser Ler para viver. Luiza Tessmann – Turma 902 55 Fim do Fundamental Depois de quatro anos Está acabando O que parece que foi ontem Que estava começando. Foram anos de risada Anos de tristeza Anos de palhaçadas E anos de certezas. Anos de muito estudo Anos de muitos trabalhos e lições Anos de notas boas Anos de concentrações E também de diversões. Anos de brigas entre amigos Anos de reconciliações Anos de novas amizades Mas anos de separações. Anos de muita música Em nossa banda maravilhosa E anos de muito esporte Em nossa SEF grandiosa. Ainda virão três anos Mas nada será igual Nada irá se comparar A esses anos de Fundamental Que acabaram de passar. Luiza Tessmann – Turma 902 56 Liberte-se Ninguém mais quer ter o que já tem em casa Não se quer aquilo que saiu do catálogo E a piada de ontem não tem mais graça Por que não temos mais aqueles diálogos? Caímos, mas aprendemos a levantar mais fortes Queremos atenção, faremos valer a pena E ninguém está seguro, nem tudo é sorte Passa o tempo e ainda não terminamos a cena. Não choramos mais pelos mesmos motivos Somos adolescentes, somos ativos Queremos liberdade de expressão. Sonhando com o futuro e o moldando... É assim que os jovens a vida vão levando Quem somos? Quando crescermos, saberemos. Ana Carolina de Aro Rezo Cardoso – Turma 905 57 Lo siento, hermanos Estamos enfrentando um verão congelante. Os mil sóis de potência acanham-se sobre um piso granuloso de nuvens. A janela tornou-se leitosa como cal, misturada à umidade suja e barrenta das chuvas pré-outonais. Meus dedos arroxeiam-se, dolorosamente, com o frio fervente que ascende do inferno gélido dos meus nervos – ignorei tais sensações com maestria. Exatamente no ápice dos meus calafrios agoniantes, desci para o exterior, ao toque histérico da sineta. Sentei-me no banco de cimento, o de sempre; mordisquei serenamente meu desjejum vespertino. A cada mordida, um grupo alheio de humanoides jovens saltava à minha vista e aparentava não compartilhar o mesmo desconforto térmico que eu sentia. Os grupos aglutinavam-se numa confusão unitária, engoliam-me como o frio, aos poucos. Felizmente, minutos antes do meu falecimento por hipotermia, meus caríssimos hermanos cumprimentaram-me sem cerimônias epiléticas. Sentiram, também, o agouro crescente entre os seres barulhentos. Mantivemo-nos a uma distância razoável do grupo alfa; caso contrário, morreríamos queimados naquele fogo de lábia. Quando a explosão aconteceu, corremos rapidamente à retaguarda (donde estávamos próximos, espertamente) e esquecemos o colapso por alguns minutos. Hermanos à parte, o frio nos deixou roxos. Os hermanos e eu estávamos desconfortáveis. As pontas da minha negritude sedosa levantavam-se, alertamente irritadas. O sangue não mais circulava propriamente, arrependi-me de ignorar o frio. Que tipo de frio me acomete? Creio que, talvez, todos os tipos. O frio das mãos, até a frieza cardíaca ao memoriar. O céu aparentava ser congelante e desetimulante para sorrisos em tais dias friorentos; apreciava, e muito. Algumas pessoas têm o dom divino de contrastarem belamente com tais temperaturas amenas; seus lábios ficam róseos e os olhos, mortalmente penetrantes. Deixam pessoas estúpidas, como eu, sem palavras. Uma distra58 ção com os hermanos, encontrei alguma divindade caída do cosmos. Sofregamente olhei-a por alguns míseros segundos, pendurados em olhadelas encorpadas. As pessoas escureciam a luz, eram sombras que faziam a intersecção entre a fonte luminosa. Desviei-me de tudo aquilo. Os grupos gritavam, eram um ovo chato esmagando o pátio enegrecido pelas nuvens. À luz, os desprevenidos se mostravam desnecessariamente – a sombra da certeza envolvia-me. O dito núcleo do odioso grupo se esfarinhava, diziam. Após alguns pulinhos curiosos, inutilmente, percebi que era uma perda impagável de tempo. Puxei os hermanos comigo, precisávamos voltar para aquelas salas plastificadas. Mais alguns passos, alguns metros de treva, observe adiante a sua morte. O chão nodoso segurava meus passos preguiçosos, eu não suportava olhar para o corredor claro, à minha mão direita. Chegava ao fim da rebelião conjunta. Minha palidez era disfarçada com os gracejos nervosos, que fazia conjuntamente com as esguelhas para trás. A divindade, meus olhos descolavam-se com nano ruídos de desgosto. Minha dignidade, minha muralha de cortesia – ruíram aquosas; partiam ao chão e levavam a minha cabeça junto com a corrente que se desprendia para direções indeterminadas, loucamente. Lorena Pimenta Bomfim – Turma 906 59 Janela do Tempo Olhe pela janela Não vê nada mudar? Mas tudo está tão diferente Nada está em seu lugar. Não vê que o tempo passa rápido? Não vê que o ontem já é o amanhã? A vida não espera a preguiça Nem procura o tempo perdido. As coisas mudam sem perceber O vento passa e ninguém vê. Corra atrás do que te faz bem Sinta a brisa tocar em seu rosto Conheça alguém que saiba seu gosto E, quando não souber o caminho, Olhe de novo pela janela E veja como pode o sol, De longe, Brilhar sozinho. Raquel Lopes Amaral – Turma 907 60 Amizade Em um amor tão grande... Existe tanta felicidade... Que nunca é o bastante O nome disso é amizade. Não é como estar apaixonado É outro sentimento Mas, por outro lado, Provoca o mesmo contentamento. Junto ao amigo Tudo é mais divertido E então você pensa: “Como pode ser tão querido?” São os mesmos gostos Sem nenhuma diferença Só falta terem os mesmos rostos Mesmo já sendo irmãos de alma. Juliana de Aquino Ferraz – Turma 908 61 Desejos As pessoas desejam coisas demais Joias, carros caros ou dinheiro Somente coisas materiais Mas tudo é passageiro. Na infância, meninas querem bonecas Na adolescência, uma bela bicicleta Trim... trim... faz a campainha dela. Quando adultas, um grande lar para morar Mas, quando envelhecem, Só querem alguém para conversar. Quando crianças, Meninos desejam um carrinho com controle remoto Na adolescência, às vezes, querem uma moto Brum... brum... ronca o motor. Quando adultos, só querem trabalhar Mas, quando envelhecem, só querem um confortável lar. Por toda a vida, todos desejam bens materiais Desejam coisas banais Mas, um dia, vão parar para pensar Que as melhores coisas, Não se pode comprar. Juliana de Aquino Ferraz – Turma 908 62 Professor... De certas horas da manhã Até enfim anoitecer Você sempre está lá Cumprindo seu dever. Deve ser difícil ter que aturar Dia e noite nosso blá blá blá Um teste constante de paciência Que limpa a consciência. Professor me desculpe, Há algo que precisa saber Você é sim um grande mestre Que um dia irei bendizer. Mas, mesmo que todo dia estude, Saiba, é o aluno quem ensina A matéria da juventude. Bruna Paracat Carvalho dos Santos – Turma 908 63 Liberdade de viver Entreguei minha liberdade ao seu sorriso Me fiz refém sem peso e nem juízo Procurei em seu coração abrigo E, agora, escrevo tão arrependido. Eu, tão destemido, decidido Como uma ave que voa livre pelo ar Fui obrigado a descobri o que é amar, A pedir e humilhado implorar. Terá a vida uma razão aparente Ou um motivo plausível para viver? Terá a dor algum remédio permanente Que faça toda essa agonia desaparecer? Seria eu algum mocinho injustiçado? Algum pobre homem que sempre sofre calado? Que corre e torce para algum dia aprender E ensinar a liberdade de viver? Daniela Oliveira da Silva – Turma 908 64 Correria da Vida Na correria da vida É difícil ter tempo sobrando Estou sempre me mexendo Se paro é porque estou estudando. Cada dia um sacrifício Cada momento um lugar Cada semana um padrão Fácil de se acostumar. Mas esse tal sacrifício Não faça de cara fechada Eu também sei que é difícil Mas reclamar não adianta nada. É isso que quero dizer Levante a cabeça e sorria Prefere morrer de tristeza Ou viver sempre na alegria? Paulo Roberto Marculino de Souza – Turma 908 65 O jogo Começa o jogo Flamengo e Fluminense A bola está rolando Só quero ver quem vence. Jogo lindo Lá no Maracanã Dorival está sorrindo Para ver o resultado amanhã. Depois do primeiro tempo Temos intervalo Vamos para o segundo Com o pé cheio de calo. Falta para o Flamengo Wagner Love vai bater Mas que golaço! Fez o Flamengo vencer! Paulo Vitor Santana Santos – Turma 908 66 Minha música E, na calada da noite, Os fones vão me acalmar E entre graves e agudos Eu consigo sonhar. Improvisando um microfone Eu finjo cantar, A vassoura é uma guitarra Que eu imagino tocar. Os ritmos são tantos Que é fácil se perder. O chuveiro é o palco Para o “show” que vou fazer. Agora, desculpe-me Mas a música me espera. Tapem seus ouvidos, pois Afinação... quem me dera. Maria Eduarda Vidal de Santana – Turma 911 67 Amor Amor, como podes tanto doer Se nem ao menos podemos te ver? És tão complexo e tão belo Às vezes, fluis de modo singelo. Não importa qual é a idade Quando acabas, sempre deixas saudade Pois parecias eterno até o fim Mesmo que apenas para mim. Às vezes, começas estranho, Na inexperiência da juventude. Quando tomas rumo, és como luz no fim de um túnel. Sinto tua falta, meu amor. Também me falta teu calor Sinto-me frio como a dor. Pedro Paulo Pacheco de Andrade – Turma 913 68 Aquele que resolveu ficar Estranho, como, às vezes, sinto-me perdido Perdido em ideias sem o menor sentido Navegando solitário pelos mares da imaginação Vagando na companhia de minha solidão. Estranho, como continuo a procurar Aqueles lugares onde consiga me encontrar Lugares onde não me sinta como meu próprio inimigo Lugares onde ao menos eu esqueça o perigo. Como cada dia que passa e eu me sinto diferente Cada calma hora que eu vivo se vai de repente Como coisas tão pequenas que eu sinto falta E outras, maiores, que não levam a nada. E muitos dizem, mas, no fundo, poucos se importam Pegam sua parte, pedem desculpas e viram as costas Olham nos olhos, dizem que sim, mas eu já não sei Não sei se é mesmo verdade ou só se me enganei. Vejo seus navios ao fundo, deixando o cais Não digo nada, já é tarde demais Eles se foram, mas eu continuo em meu lugar Talvez percebam seu erro e resolvam voltar. Derek Chaves Lopes – Turma 913 69 Até o sol voltar As lágrimas escorriam pelo meu rosto Você pediu para eu não ir embora O sol já estava se pondo. A noite está chegando Não se preocupe Não o deixarei sozinho. A primeira vez que nos beijamos Não havia escuridão Mas, agora, a noite está chegando. A razão do meu sorriso é você O que faz tudo clarear O seu sorriso faz o sol voltar E tudo clarear. Deixe a escuridão ir embora O sol vai voltar e ficaremos juntos Até o sol voltar. Débora Angonese – Turma 914 70 Ilustração de autoria da aluna SOFIA DE MELLO CASELLI Turma 808 71 ENSINO MÉDIO 1º ANO ENSINO MÉDIO 76 Ilustração de autoria do aluno VICTOR LAUS ADACHI Turma 812 Delírio do eu? Choro hoje por lembranças, Que deveriam permanecer no passado, Mas que cismam em voltar Para me lembrar de quem sou. Lembranças que gostaria, Em certos momentos, Que não existissem. Mas sei que, sem elas, Eu nunca seria eu. Lembranças é muito vago, Chamo-as de experiências. Experiências que me ajudaram A ser quem sou hoje. No passado, as experiências; No presente, as possibilidades. Os delírios de um jovem Que não controla seus sonhos. No futuro, quem sabe? O que importa é que, Entre erros e acertos, Eu estou, a cada dia, Tornando-me cada vez mais eu. Luiz Felipe Costa Gomide – Turma 101 77 Comparação Você é como as estrelas que estudo: Bonito demais para entender, Confuso demais... Muitos sentimentos expostos assim, Na superfície do seu rosto, Como se fosse fácil interpretá-los... Brilhante demais para qualquer um admirar, Mas, às vezes... Você é confuso demais para eu compreender E, às vezes, É tão fácil lhe decifrar... Mas aí tudo volta a ser confuso, Como as constelações a serem decifradas. Na cor escura da noite, com apenas uma luneta, Tentar enxergar um pouquinho do mundo gigantesco... Do mesmo modo é conversar com você: É enxergar um pouquinho Do que você guarda dentro da sua mente. Enfim... Não sei dizer se terei você: É como dizer que eu gosto das estrelas Sem poder tocá-las. Jaqueline Gutierri Coelho – Turma 101 78 Paixão Poderia escrever-lhe mil sonetos, Citar Shakespeare, tocar Beethoven, Oferecer-lhe tesouros, flores, Viver uma aventura, navegar pelos mares! Morrer um pelo outro, como Romeu e Julieta fizeram, Por uma infelicidade do destino. Oh!, não! Nosso amor não deve ser imortal! Durar enquanto nossos corpos estiverem quentes, Cheios de paixão! Que não inspire canções, poesias... Que inspire mais amor. De uma forma simples, de uma forma única, O nosso amor. Giovana Mazzoni Armando Sant’Anna – Turma 103 79 Melodia Cantando para a lua, Sem perder o tom Embaixo da chuva Tentando te alcançar Fones de ouvidos, Mão no bolso Ignorando o mundo Pensando no teu gosto Desejando estar a teu lado Sentindo teus lábios Contemplando as estrelas Sentados no gramado Uma leve melodia Iremos formar Juntos, Nada irá nos derrotar Meu braço ao redor de teu corpo Teu cabelo batendo em meu rosto E a lua a nos observar Quieta, quieta Iluminando nossa história As lágrimas do céu vão cair As roupas vão molhar Não ligando, Continuo a cantar Cantar, cantar Pretendendo te alcançar. Giovana Mazzoni Armando Sant’Anna – Turma 103 80 A beleza de quem não vê Olhe para mim. O que você vê? Olhe para dentro de mim. Pare de querer me fazer quem não sou Acabo eu acreditando em você Mais uma vez. Estas lágrimas são minhas. Elas me completam. Elas me aliviam. Elas me lembram de quem eu sou. Agora olhe para mim e pare de me julgar. Estou farta desse mundo moldado para a perfeição. E você? Você é igual a todos os outros Só mais um grão de areia Para me arranhar o corpo E me tirar o prazer da praia. Mariah Sá Barreto Gama – Turma 108 81 Um poema Sua batalha não está ganha Enquanto não te admitires perdedor A vitória é plena, Mas, para mim, és um pecador! Não desisto do que comecei Não vou te subestimar Meu orgulho corre pelas veias E meu tempo passa em uma ampulheta de areia Chega de mentiras e de promessas de melhoras O melhor já passou e o passado não voltará O tempo, às vezes, acha-se importante Mas, para mim, ele é um mero pedante. Enquanto me acho inteligente para sobreviver Deparo-me com coisas que não quero ver E, quanto mais o tempo passa, Ficamos menos espertos às farsas. Rafaela Souza Vilela – Turma 114 82 2º ANO ENSINO MÉDIO Ilustração de autoria da aluna LARISSA LEÃO DALLA TORRE Turma 313 84 Sertão Terra onde vive gente inocente Terra onde a paisagem é rara de se ver Terra onde o sol é resplandecente Esse é o sertão do meu viver. Árvores pequenas, clima e animalejo Cultura, artesanato e vasos feitos pelo oleiro Demonstram a beleza do povo sertanejo Esse é o sertão do povo brasileiro. Giovana Vieira Porto – Turma 202 85 Amizade É bom olhar para trás E olhar o agora Perceber que tudo está em paz Que eu não passei da hora De pedir desculpas De pedir perdão De assumir a culpa De buscar com o coração As alegrias e a amizade E procurar a felicidade Saber que posso de novo contar Com aqueles que vão me ajudar Aqueles que sempre estiveram lá Que não me deixam cair Que minha mão vão segurar E que me fazem sorrir. Teciana Xavier Lopes Ferreira – Turma 207 86 Você e eu Adorava aquele tempo Quando sentíamos a brisa Naquele lugar, Onde você me ensinou, Onde tudo começou. Você sabia tudo sobre mim E eu não escondia nada Era só você me ver E até meus movimentos Você podia prever. Você me aceitou como sou E, de longe, Senti que seu coração Era muito bom. Quando me via triste Você tentava me animar Dizendo besteiras, Com graça, para me animar. Você me ensinou a não desistir; E, nas maiores dificuldades, A erguer a cabeça e a seguir. Eu queria voltar ao passado Para aproveitar melhor Os bons tempos que tive com você. Sabe? Você me ensinou a ser quem sou. Sempre estarei aqui Perto de você. Débora Fernandes Madera – Turma 208 87 Triste fim “Agora chegou minha hora de morrer” – foram as palavras pronunciadas pelo ancião ao sentir um mal súbito. O senhor recostou-se em sua cama, apoiando as costas em três almofadas e inspirou o ar espesso. Ele sabia que a hora de partir havia chegado. O coração palpitava descompassadamente e sua mente fremia memórias rotas. Não esperava um fim tão melancólico e solitário. Não tinha mulher, amigos ou filhos; passara toda a vida redigindo ofícios, recluso em um escritório. Nesse momento, deu-se conta de que não aproveitara a vida no que ela tinha de melhor; não soubera viver. Apenas importara-se com problemas pequenos e nunca se arriscara, com medo de errar. Dedicara-se apenas ao trabalho, trabalho esse que não o encantava. Nunca fizera o que realmente queria, não se entregara a uma história de amor. O corpo do senhor estava desfalecendo, mas sua alma já morrera fazia tempo. O ancião tentava se recordar dos bons momentos; porém, eles eram tão escassos que nada vinha a sua mente. Então se perguntava: “O que fiz de minha vida?” Ele sabia que, quando partisse, ninguém sentiria sua falta. – Eu daria tudo para poder ver o dia nascer, poder amar, sorrir mais, chorar, colecionar amigos, admirar a natureza. Enfim, viver. Porém, já era tarde. O medo da morte o contagiava. Na verdade, maior que o medo de morrer era o de viver. Ele passou a vida esquivando-se dos riscos e das alegrias. A monotonia melancólica foi seu viver. Em seu delírio final, com semblante de arrependimento, fez seu último pedido: – Deixo-lhes meu epitáfio: “Aqui jaz um homem que não viveu, um homem que passou pela vida sem ter amado verdadeiramente. Jaz um exemplo a não ser seguido.” – suspirou, deixando o mundo. Beatriz Edla Caetano – Turma 208 88 Saudade Saudade é a solidão acompanhada É quando o amor ainda não foi embora, Mas o amado já... Saudade é amar um passado que ainda não passou É recusar um presente que machuca É não ver o futuro que nos convida... Saudade é sentir que existe o que não existe mais Saudade é o inferno dos que perderam, É dor dos que ficaram para trás É o gosto da morte na boca dos que continuaram. Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade: Aquela que nunca amou E esse é o maior dos sofrimentos Não ter por quem sentir saudades Passar pela vida e não viver. Yasmin Albuquerque de Melo – Turma 208 89 A peça de teatro sem ensaios Muitas vezes me esqueço De que não pode existir amanhã. Adio as coisas, Esperando que tudo entre em ordem Sem que eu tenha que levantar um dedo. Arrependo-me disso. Vivi apenas um terço da minha vida E muitos já perguntam: “Há tanto arrependimento em um coração tão jovem?” “Sim, há.” Eu queria ter amado qualquer um sem me importar, Aceitando a todos sem ter que julgar por atitudes Ou defeitos. Queria ter me aceitado primeiro Para depois aceitar o mundo como ele é. Sinto remorso Por ter tido o Medo como principal inimigo. Por fim, aprendi a dar valor às coisas pequenas, E a não ter o sonho como meu epitáfio. Andeson Abner de Souza Leite – Turma 208 90 Combustível do homem moderno Café Banho Café Roupa Café Trânsito Café Trabalho Café Chefe Café Almoço Café Tédio Café Trânsito Café, café, café ... Anna Beatriz Pinheiro de Souza Abreu – Turma 209 91 Mal do Século Inveja que mata a alma Que instiga o ódio e o rancor Os sentimentos já não importam Onde será que está o amor? As pessoas só sabem enganar E só pensam em vencer Mesmo que, para isso, Seja preciso matar E a vida perder seu valor. Inveja do próximo, Ódio a seu irmão, Rancor de um paixão Mentiras e trapaças que não acabam. O ser humano, Capaz de tudo para vencer, Só pensando no ter, Deixa de amar E de viver. Mayara Flores Bonatto – Turma 209 92 Chuva Os dias passam e eu sob a chuva. Enquanto observo as nuvens escuras, A chuva traz lembranças que não quero aqui Pois essas e outras não me fazem sorrir. O frio que faz me traz solidão E não tenho quem me aqueça o coração Diante dos raios não sei o que fazer Não sei se já quero morrer. Talvez, algum dia, quando estiver claro Quem sabe eu receba o que considero raro. Mas, enquanto estiver nessa escuridão, Sei que não sou o único nessa aflição. Não sei se algum dia fui feliz Pelo que passo, não sei o que fiz A chuva passa, a aflição fica E minha tristeza nada justifica. Marcus Bruno Custódio Vasconcelos – Turma 211 93 Mentiras Ela estava espantada. Ultrajada. Decepcionada. Mal conseguia acreditar no que havia acabado de descobrir. Vinte e três anos de casamento. Seria possível que tivessem sido vinte e três anos de mentiras? Estava tão surpresa que sequer percebeu que havia caído no sofá e que em seu rosto só havia lágrimas. O marido tinha acabado de sair para o trabalho e esquecera seu tablet em casa. Ela tentou chamá-lo para avisar, mas já era tarde. Foi quando percebeu que ele estava aberto em um e-mail. A curiosidade tomou conta, é claro, e, após hesitar alguns instantes, concluiu que uma pequena olhadinha não faria mal algum. Afinal, que segredo o marido teria que ela não poderia saber? Ela leu. E se arrependeu no mesmo segundo. Agora a mulher até se perguntava se o esquecimento teria sido mesmo um incidente, ou se a página aberta seria realmente uma coincidência. Não parecia ser. Parecia que o marido havia feito tudo intencional e calculadamente para que ela visse. E, por mais absurdo que parecesse, era nisso que seu coração machucado acreditava. Estava dividida e indecisa. Não sabia se ligava para dizer à mãe que ela sempre estivera certa sobre o homem; para o marido, a fim de confrontá-lo; ou para pedir à advogada para planejar o divórcio. Resolveu não fazer nada, pois ainda não havia conseguido assimilar a ideia. Fez como nos filmes americanos: um pote de sorvete, uma coberta grossa e seu choro doído. Não melhorou ou confortou, mas só piorou a situação. Quanto mais pensava naquilo, mais revoltada ficava. Lembrou-se de todos os anos, e, com isso, de todas as mentiras que aquilo significava. Havia sido uma maneira horrível de descobrir algo como aquilo, porém, ela também não acreditava existir um modo bom. Mas em um e-mail que ele mandava para o amigo? Era simplesmente ultrajante! A mulher tentou pensar em um discurso para quando o marido chegasse, mas era, ao mesmo tempo, tanto para falar e a total falta de palavras para expressar o que devia ser dito, que era melhor deixar que o momento falasse por si só. Resolveu então se levantar e arrumar o jantar. Conversaria com ele durante a refeição e estudaria a sua reação. 94 Comida pronta, mesa posta e o horário de fim do expediente. O marido chegou, como sempre, na hora. Deu-lhe um beijo no rosto, foi para o quarto deixar a pasta e o blazer e voltou para a sala de jantar afrouxando a gravata. Ele tentou puxar assunto algumas vezes, mas a mulher permanecia muda e com o rosto impassível. O homem desistiu de conversar e começaram a comer. – Humm... Está uma delícia! – comentou o marido. Aquilo que sempre alegrava a mulher, naquela hora magoou, tudo por causa do cinismo do qual ela agora tinha conhecimento. Uma lágrima escorreu por seu rosto e ela tentou disfarçar. Ele viu. – O que houve, querida? Qual é o problema? – Você esqueceu seu tablet em casa. – ela entregou o aparelho ao marido e enxugou mais uma lágrima fugidia. – Obrigado. – ele pegou o objeto e o colocou ao seu lado na mesa. – Mas, agora me diga: o que aconteceu? – Estava aberto nesse mesmo e-mail que está aí. Ele pegou-o de novo e olhou. Seu rosto foi ficando branco à medida que lia as palavras na tela; o garfo escorregou de sua mão e caiu no prato como um baque, enquanto o tablet quase foi parar no chão. – Querida, não é o que parece! – ele sabia o quanto aquilo significava para a mulher. – Como não é o que parece? Está escrito! – ela já havia se levantado e as lágrimas de raiva agora rolavam descontroladamente – Tantas mentiras... Por quê?! Por quê?! – Eu não falei nada para não magoar você! – Eu acreditava em você... – só havia decepção em sua voz; ela caiu na cadeira, arrasada. – Eu posso explicar! – Então explique! – ela já gritava – Pois para mim não faz sentido algum! Você sempre me disse exatamente o contrário. Explique. – então a mulher, dona de casa convicta, suspirou profundamente e desabafou – Como? Como assim você odeia a minha torta de maçã? Bianca Mariano Porto – Turma 213 95 3º ANO ENSINO MÉDIO Ilustração de autoria da aluna GIOVANNA FERNANDES Turma 305 98 Certa conversa com Drummond Quando eu nasci, um anjo pequeno Daqueles que são esquecidos por todos Disse: – Vai, Rômulo, ser apagado na vida. Os pais que tanto queriam Por alguns anos se orgulharam E depois, quando perceberam, Não era um filho como almejaram. Por fora, tudo em perfeito compasso Com um sorriso no rosto Os braços prontos para o abraço. Por dentro, tudo muito complicado Algum parafuso solto, quem sabe. Reclamava de tudo pelos cantos Sozinho para não causar nenhum espanto. Encontra o bem na amizade Tentando encontrar a garota Quem o ensinaria sobre o amor de verdade? Por trás dos cabelos presos e da burocracia Dentro daquela boca macia Encontro a paz de fato Sem ao menos precisar tirar a farda ou o sapato. Oh! Deus! Por que não me encontrastes? Se sabeis que ainda te defendo Porém, só Vós me conheceis como um fraco. Romulo Luiz dos Santos Lima – Turma 303 99 Necessário o questionar! Aqui vão lágrimas. Lágrimas de saudade Como se velho fosse, Pois a vida minha Já foi vivida “So many times”! Sonhos que controlei! Sonhei! Amei! Amo o real, Mas não há tempo... “Tique-taque” Tique-taque Lembranças Falta fazem pessoas Pessoas juntas Saudade! Tempo passa, Lembrança fica, Saudade mata, E hoje 100 Choro... Choro Pela vida que tive Pela esperança infértil Pela felicidade Pela... Ainda há o que viver Pelo que ainda falta Enxugo o rosto Vejo o relógio 0h22min Adriano Souza Brandão – Turma 305 101 Fui! Fui obrigado. Fui, obrigado! Fui! Obrigado. João Luís Ferreira Caetano – Turma 306 102 Your Eyes When I look in your eyes I can see the moonlight And I can see the dark Sky Full of stars. When you laugh at me I feel like there is Something in my heart Trying to say something to you. When you were gone I felt pain ‘cause I can’t see Your eyes anymore And this drives me up the wall! At this moment I realized what my heart Is trying to say ... I Love you! Gabriel Paiva Dias Lacerda – Turma 306 Luiz Felipe Coelho Pompeu Brasil – Turma 306 103 Faz parte da vida Dias quentes, dias de inverno. Noites mortas, por onde anda o tempo? Fechado para reformas dizem as portas do inferno ao passo que as do céu estão abertas para todo ferro. Mas que paz irritante! De onde viera tanta sanidade? Para onde vai tanta santidade? Ninguém quer guerra? Precisamos de algo para reivindicar! Dai-nos inquietações Precisamos de algo para reivindicar! Um ovo, uma galinha e o mundo... Precisamos de algo para reivindicar! “Cale a boca, moleque, não vê que estamos cansados! Quando começar uma guerra Escreverás sobre paz! Não entendo vocês, artistas”. Desculpe. Tive um pesadelo. Cristian Landri Cabral de Moraes – Turma 307 104 A viúva Se eu dissesse que realmente o superei Meu coração diria amém Eu não estaria sofrendo tanto assim E não estaria pensando tanto em você. Se eu admitir que não consigo me acostumar, Terei meu coração quebrado novamente? Enquanto lhe espero em meus braços Cantando a nossa canção. A noite fria me consome Ouço sua voz junto ao vento Sinto seu toque em minha pele Enquanto desejo que tudo isso seja real. Olho para o céu e as estrelas brilham sobre mim Radiantes como era o nosso amor E não posso contar a ela sobre nós Porque podem se apagar com tanto sofrimento. Marcela Moreira Caldas Rodrigues (Texto) – Turma 310 Marina Nunes Pessôa (Ilustração) – Turma 310 105 Vergonha Eu tenho vergonha: Vergonha do meu cabelo. E da minha espinha? Que vergonha! Vergonha do meu desmazelo E da minha inocência. Sinto vergonha da minha aparência De quando eu falo besteira Ou quando sei sobre o assunto. Vergonha do meu corpo Do meu estilo e do meu comportamento Sim! Eu tenho vergonha. Mas eu não tenho vergonha De rir quando estou feliz Ou de chorar, quando infeliz. De consolar um amigo De perdoar ou pedir perdão. Sim! Eu tenho vergonha. Mas eu não me envergonho De ser eu mesma. Marcela Moreira Caldas Rodrigues – Turma 310 106 Poeminha a Millôr “Não há colchão mais duro que a louça da sepultura” A chuva caindo Lenta e esparsa Como quem chora No velório do poeta. Que nada! É dia de sol O dia da morte de Millôr Fernandes Sorte a sua, Caro inspirador de meus ensaios e poemas Os passarinhos cantam o dia da morte de Millôr Fernandes Pena de nós, mortais, Que ficamos ainda mais pobres Habitantes de um país sem a sua rima. Thaise Medeiros de Cerqueira – Turma 310 107 Cadeira de balanço Ele estava na biblioteca, onde passava a maior parte do seu tempo desde que deixara a família e fora viver sozinho, há muitos anos. Sentava-se, como de costume, na poltrona antiga; uma xícara de café, ainda cheia, repousava sobre a mesinha de madeira, junto a um pequeno prato de torradas intocadas. Pousava, levemente, sobre as pernas, um livro de contos com capa preta dura e letras douradas bem desenhadas, o preferido da esposa, com quem passara feliz, entre os dedos trêmulos, deixando à mostra os olhos fundos e melancólicos, que pareciam olhar para dentro. Os filhos já se haviam ido de casa, já tinham suas próprias vidas, famílias, empregos... A filha mais velha tentou levá-lo consigo; um dos filhos ofereceu-lhe uma casa próxima à sua. Ambos, esforços em vão. Não sairia dali. Nunca. Gostava de lá. Gostava de estar só. Gostava da companhia de seus livros; do gato cinzento e gordo que deitava, preguiçosamente, sobre o tapete; do luar na janela; da névoa que tomava a pequena varanda e embaçava os vidros nas noites frias; e, certamente, da bela orquídea amarelo-alaranjada com pontinhos marrons, da qual ele cuidava com mais dedicação do que a si mesmo, lembrando-se, com um discreto sorriso nos olhos vazios, de quando a mulher, como em um ritual diário, a punha sobre a mesinha de vidro da varanda e sentava-se na cadeira de palhinha entrelaçada, cantarolando docemente com a neta mais velha, ainda pequena, nos braços. Sim, gostava de estar só. Só com seus pensamentos. Não havia porque incomodar a família, não precisava dar-lhes trabalho, afinal, logo iria partir. Sabia disso. Sabia, e não se angustiava, não temia. Esperava, pacientemente. Sozinho. A jovem que lá 108 trabalhava ia duas vezes por semana, preparar a comida e limpar a casa; verificar-lhe a saúde e dar alguma novidade ao gato, o pequeno Tertúlio (pequeno apenas em função de carinho, pois crescia para os lados e em idade). A moça era eficiente e silenciosa, delicada e pontual em seus afazeres, perfeita para sua função. Ela mal via o dono da casa, que estava sempre trancado na biblioteca, e lá ela não tinha permissão para entrar. Por esses dias, andava ainda mais ausente, mais calado, mais dentro de si. Afagava Tertúlio com maior comoção. Organizara a biblioteca, limpara-a impecavelmente, dedicara-se à flor como se fosse a última vez. Um dos netos, talvez não o mais querido – amava a todos igualmente - , mas, com certeza, o de maior afinidade, estava passando a semana com ele, não a pedidos, não por necessidade, apenas pela vontade de ver o avô. Embora não falassem muito, a companhia ou a mera coincidência da presença lhes bastava. Vez ou outra reuniam-se para conversar, em frases curtas e intensas, em sentimentos agudos e mudas exclamações. A entrada da biblioteca só era permitida na presença do avô, que, nessas ocasiões, contava-lhes fatos antigos, mostrando-lhe, com orgulho e nostalgia, a beleza das cousas. Ele era carinhoso, embora de forma fria e contida. Tinha o mundo nos olhos. Rios de incertezas, de histórias, de conhecimento. De mágoas. Cheios de tudo. O neto via nele um abismo, profundo, misterioso e belo. Tentava entender sua solidão. Compreendia-o. Naquela noite, enquanto segurava os óculos por entre os dedos trêmulos e levava o livro por sobre as pernas, chamou Tertúlio a seu lado. Disse-lhe umas palavras soltas. Acariciou seu pelo macio. Seria em breve. Muito em breve. Fechou, lentamente, o 109 livro. Chamou o garoto. Pediu que levasse sua cadeira à varanda. O garoto compreendeu. Era uma noite fria e bonita. Ele apertou, fraquejante, mas firmemente, a mão do jovem; deu-lhe a chave da biblioteca, olhou, distante e saudoso, para a orquídea. Pediu que o deixasse. Assim o fez o garoto. Deu um beijo na testa do avô, pôs Tertúlio em seu colo, deixou escapar uma lágrima. Saiu. Na varanda, ele restou olhando para o nada, por breves segundo esternos. Soprou uma brisa mais forte. E fria. E triste. Aconchegante. Ele fechou os olhos. Tudo parou. As pálpebras cerradas descansavam serenas. Restava apenas o leve vaivém da cadeira de balanço. Isadora Bonfim Nuto – Turma 310 110 Sierra Sierra estranha a luminosidade. Sente a cabeça pesar. Olha confusa para os lados e logo tudo faz sentido. Ela está decidida. Vai até o espelho e sente-se ancorada. Não demora muito para querer ir dar um passeio. Lá fora está muito úmido, venta e o orvalho indica que houve chuva. O frio faz com que respirar doa. E é assim que ela passa a ensaiar tudo o que vai dizer. A princípio, pouco importa como ele vai se sentir, mas já está quase tudo sistematizado para que não seja tão ruim. Tudo vale, desde que, ao final, ela pareça estar certa. Carregada de sua agonia, Sierra começa a se movimentar estranhamente. O movimento é crescente e logo a vemos pulando. Não parece que seus pés encostam o chão. Os cabelos acompanham, e gritam, e sobem, e descem e voltam. Seus pensamentos estão focados. Em algumas horas, toda aquela história irá acabar. Não precisa ser coerente, mas que valha a pena. Ela agora passa a dar enormes saltos, definindo semicírculos e desregulando o nível da sua atividade mental. Não tem mais a noção de o quanto suas emoções mudam de densidade. Espere um pouco, o céu já vai desabar. Será muito bonito. Ainda mais quando ela começar a gritar e a sua maquiagem se transformar em dramáticos borrões. Você deve estar gostando de pensar nisso, porque, de fato, é muito bonito! Despercebido, o tempo passa e isso se deve, principalmente, pela maneira como Sierra estava correndo contra ele. Chega a hora de chamar um táxi que a leve àquele edifício cheio de pessoas que também correm e choram, mas nenhuma que tenha motivos tão verdadeiros quanto os dela. 111 É uma pena pensar assim. Sua aparência não importa, tanto quanto as suas palavras, mas enquanto o elevador vai subindo, ela tenta disfarçar com a mão a sobriedade do olhar, com maquiagem escorrendo. Seu nervosismo aumenta com os andares. Ela repete em pensamento: “Acabou”. Ao bater à porta do escritório dele, a cabeça de Sierra se esvazia. Ele questiona a sua presença. “É muito importante o que tenho a dizer”. Essas foram as últimas palavras ditas por ela naquela sala, sem contar uma série de vogais deliberadamente emparelhadas. Sierra perdeu o foco, mas acabou gostando. Alguns metros andados de pensamentos desperdiçados. Foi, ao menos, um bom banho de chuva. Emanuel Vinícius de Lavor Miranda – Turma 312 112 Tempo e Vida, Ser Pensar... O tempo não passa... Chorar... O tempo não cura as marcas... Viver... O tempo não some com as cicatrizes... Sonhar... O tempo voa... voa... E nem se sente ele passar... Sorrir... Já nem se lembra das lágrimas... Viver... É simplesmente deixar o tempo passar; É ver os sonhos, e tentar concretizá-los; É ver as marcas que o tempo trouxe; E não as ver como dor, mas como experiências. É sorrir do choro... É sonhar na vida... É pensar em ser... É viver, vivendo... É ter esperança... Érika Wanessa Gomes de Mesquita – Turma 312 113 Tempo Tão desejado, mas tão incerto Tão mesquinho, porém tão justo Entregue-se a mim por um momento. Deixe-me recuperar O que de mim tomou; Deixe-me sentir o gosto Do que não terei de volta Apenas bata em minha porta E diga que vai ficar. Retribuirei seu sorriso Aplaudirei suas palavras Abraçarei você quando for embora. Com um segundo me recordarei Com uma hora derramarei lágrimas E com um dia... viverei de novo. Mariel Figueiredo de Castro – Turma 312 114 Amor de volta Quando você voltar, aquela porta que bateu, não se esqueça de trancar e de jogar fora a chave. Estarei aqui, como estive a todo instante, no mesmo lugar em que paramos, onde antes tentamos. Ainda me resta por você aquele velho afeto, a devoção e, dentro de mim, sei: os bons dias voltarão. Venha, meu bem, venha que ainda há tempo de recuperar o tempo que, quando meu, era todo seu. Fabiane Rejane Silva Coelho – Turma 312 115 Samuel dos Santos Silva – Turma 314 116