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“Do tamanho certo para o meu sorriso” – Fafá de Belém
O álbum “Do tamanho certo para o meu sorriso” marca os 40 anos de carreira de Fafá de Belém de
forma contundente, reunindo o suprassumo da verve da cantora em 10 faixas.
Seria paradoxal dizer que “Do tamanho certo para o meu sorriso” é um álbum orgânico e conceitual ao
mesmo tempo, mas não há outra saída. É orgânico porque o disco traz Fafá em sua mais pura essência: regional, interpretando composições paraenses, algumas clássicas no estado, outras inéditas. Há
ainda de extremamente orgânico a natureza ibérica das interpretações arrojadas, típicas de Fafá,
oscilando entre a intensa graça e teores dramáticos, conforme a necessidade sentimental de cada
verso. E o que dizer da regravação de “Usei você” (Nilton Cesar), sucesso de Ângela Maria, que Fafá
ouvia em Belém, antes de se tornar uma cantora profissional: seria orgânico ou conceitual? O conceito
começa na escolha do repertório e na disposição da miscelânea garimpada e escolhida pela própria
Fafá e pelo DJ Zé Pedro, idealizadores da proposta produzida por Felipe Cordeiro e Manoel Cordeiro,
que arranjam e tocam tudo no disco. A proposta é personalíssima e absolutamente singular, portanto,
mais um motivo para que “Do tamanho certo para o meu sorriso” carregue o estigma de álbum conceitual. Mas isso é uma coisa que vai se detectando - o que é uma coisa e o que é a outra - ao logo da
audição, enquanto degustamos cada fraseado musical.
“Do tamanho certo ...” é um álbum que dará fim de uma vez por todas na ideia de que Fafá de Belém
deveria ter mantido por todo e sempre o padrão de seus primeiros LPs, cujos repertórios e arranjos
seguiam a estética da tradicional MPB com pitadas de música regional. Por outro lado, este disco
também deixará bem claro que teria sido uma subutilização de capacidade se Fafá não tivesse experimentado interpretar com tamanha veracidade guaranias, fados, lambadas, fados, boi bumbá, baladas,
boleros e tantos outros gêneros, com os quais conquistou a aprovação em massa do público apreciador de cada um desses segmentos abraçados por ela. Neste novo álbum, Fafá é tudo isso.
Trata-se de uma proposta rigidamente condensada. São 40 anos compactados em nada mais que 10
tracks.
O álbum abre com “Asfalto Amarelo” (Felipe Cordeiro - Manoel Cordeiro – Zeca Baleiro), um convite
para embarcar na caravana comandada pela voz de Fafá e seguir num passeio ensolarado pelos
municípios paraenses, levados pelo mais legítimo suingue das guitarradas paraenses, tocadas por
Felipe e Manoel Cordeiro, além de synthbass, violão e teclados.
O drama começa em “Volta” (Jonny Hooker), na qual a interpretação de Fafá chega aos píncaros, com
picos de explosão e sutilezas sem igual, num diálogo entre a cantora e instrumental de Felipe Cordeiro, que é um caso à parte.
Novamente falando de amor, só que dessa vez de forma mais arejada e romântica, aparece “Ao pôr do
sol” (Firmo Cardoso e Dino Souza), clássico da música popular produzida em Belém. Assim com
“Asfalto Amarelo”, esta terceira faixa permite a Felipe e Manoel Cordeiro certo esbanjamento do que
sabem fazer com suas guitarras quando a pedida é o mais genuíno brega paraense. Enquanto isso,
Fafá abusa de inflexões dengosas e sestrosas, numa interpretação balbuciada, semelhante à feita em
“Sereia” (Lulu Santos e Nelson Motta), lançada nos anos 80, na trilha sonora do musical Pluct Plact
Zoom. Um colosso.
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A Fafá dramática que há pouco cantava “Volta”, teatral e arrebatadora, reaparece em “Usei você”
(Sílvio Cesar), cuja gravação original foi praticamente um ato de heroísmo de Ângela Maria - uma
mulher interpretar este bolero sempre será uma ousadia. A sutileza na imponência da interpretação é
algo irretocável. Parece que Fafá está cantando sobre um pedestal, sedutora, sem levantar a voz,
ciente do poder de seus sussurros e beicinhos.
“Pedra sem valor” intensifica o clima passional no transcorrer do repertório, pegando pressão com
versos como “Eu joguei tudo pro alto, o problema é meu. Eu dei a volta por cima, porque sou mais eu”,
acompanhados por arranjos de atmosfera mágica, que remetem o ouvinte a uma trilha de
bangue-bangue, porém com condução e molho abolerados. Pura invenção de Fafá, Manoel e Felipe,
e, claro da originalíssima autora, a paraense Dona Onete.
Logo em seguida, quem joga tudo para o alto é a lambada “Vem que é bom” (Manoel Cordeiro e
Ronery), outra daquelas que as guitarradas paraenses de Felipe e Manoel Cordeiro falam alto.
E o show de guitarras continua nas três músicas seguintes: “Meu coração é brega” (Veloso Dias);
“Quem não te quer sou eu” (Firmo Cardoso e Nivaldo Fiúza); e “Os passa vida” (Osmar Junior e
Rabolde Campos), típicos bregas românticos que fazem sucessos nas casas noturnas paraenses
deste seguimento e têm características muito semelhantes entre si: são canções com linhas melódicas
compostas por um mix de inspiração, as quais horas flertam com os clássicos da Jovem Guarda e em
outros momentos se aproximam dos boleros que tocavam nos antigos cabarés da periferia de Belém.
Para uma cantora com a trajetória de Fafá, esta sequência é uma seara na qual a entrega na interpretação é total e plena.
Para encerrar este roteiro com momentos tensos e arejados, nada mais adequado que a colorida
“Gosto da Vida”, feita especialmente para ela por Péricles Cavalcanti e lançada em 1982, no álbum
“Essencial”. “Se você quer andar de ré, não conte comigo, volte logo para lá, mude logo para lá, se
você não sabe ainda eu sou Fafá” são alguns dos versos que traduzem a personalidade alegre e
sincera dessa dama da canção. Em ritmo de lambada, Fafá, Felipe e Manoel concluem seu trajeto
musical, um caprichoso rendado de harmonias e sessões rítmicas.
Além da produção musical e dos arranjos assinados por dois paraenses, neste álbum Fafá canta em
grande parte composições de autores conterrâneos seus, o que consolida a ideia de seu retorno às
origens neste momento tão representativo de sua carreira. É importante ressaltar que, ao fazer tal
regressão, ela não repetiu o que fizera em seus primeiros álbuns. Regional, porém, up to date, Fafá
reafirma a velha máxima de Leon Tolstoi: “Para ser universal basta cantar o seu quintal”.
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Ficha Ténica
“Do Tamanho Certo para meu Sorriso”
Fafá de Belém
Concepção - Fafá de Belém e Dj Zé Pedro
Produzido por Felipe Cordeiro e Manoel Cordeiro
Direção artística - Dj Zé Pedro e Joia Moderna
Produção Executiva - Natália Reis
Coordenação de produção - Fabio Buitvidas
Assessoria de Comunicação – MktMix
Concepção de capa - Paulo Borges
Designer gráfico – Ciçalucchesi
Fotografia - Fabio Bartelt
Assistente de fotografia – Carol Curti
Figurino - Acervo pessoal
Makeup/hair - Ricardo dos Anjos
Contato para shows: kaiapó produções
Agente exclusivo -Natália Reis 11 989297470/ 81 999729890
[email protected]
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Gravado no estúdio Preciosos Sonidos (SP) entre janeiro e março de 2015. Gravação de voz no
Estúdio Guidon em março de 2015. Mixado e masterizado no Klaus Haus Estúdio (SP) em março de
2015.
1. Ao Pôr do Sol(Firmo Cardoso e Dino Souza)
Programações, mpc, synthbass, guitarras e teclados: Felipe Cordeiro
Guitarras: Manoel Cordeiro
2. Asfalto Amarelo (Manoel Cordeiro / Felipe Cordeiro / Zeca Baleiro)
Programações, synthbass, guitarras, violão e teclados: Felipe Cordeiro
Guitarras: Manoel Cordeiro
3. O Gosto da Vida (Péricles Cavalcanti)
Programações, mpc, synthbass, guitarras e teclados: Felipe Cordeiro
Guitarras e programação: Manoel Cordeiro
4. Pedra Sem Valor (Dona Onete)
Programações, synthbass, guitarras e órgão: Felipe Cordeiro
Guitarra: Manoel Cordeiro
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5. Quem Não te Quer Sou eu (Firmo Cardoso / Nivaldo Fiúza )
Programações: Felipe Cordeiro
Synthbass, guitarras, violão, teclados: Manoel Cordeiro
6. Usei Você (Silvio Cesar)
Programação, Fender rhodes, synthbass, guitarras e teclados: Felipe Cordeiro
Programação e guitarra trêmolo: Manoel Cordeiro
7. Vem Que É Bom (Manoel Cordeiro / Ronery)
Programação, baixo synth, guitarras e backing vocal: Felipe Cordeiro
Programação e Teclados: Manoel Cordeiro
8. Volta (JonnyHooker)
Programação, mpc, bayxosynth, guitarras e teclados: Felipe Cordeiro
9. Meu Coração É Brega (Veloso Dias)
Programação, guitarras e órgão: Felipe Cordeiro
Programação, synthbass, guitarras e teclados: Manoel Cordeiro
10. Os Passa Vida (Osmar Jr. / Rambolde Campos)
Programação e teclados: Felipe Cordeiro
Programação, synthbass, guitarras, violão e teclados: Manoel Cordeiro
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