LÍNGUA REMO – PANO: ALGUMAS CARACTERÍSTICAS MORFOSSINTÁTICAS Lízia de Oliveira Carvalho 1,4,6 ; Gláucia Vieira Cândido2,4,6 ; Lincoln Almir Amarante Ribeiro3,5,6 . 1 Bolsista PBIC/UEG Pesquisadora - Orientadora 3 Pesquisador - Co-orientador 4 Curso de Letras, Unidade Universitária de Ciências Sócio-Econômicas e Humanas, UEG 5 Professor aposentado, UFMG 6 Grupo de Investigação Científica de Línguas Indígenas, UEG 2 Resumo - A Lingüística Indígena ou Antropológica diz que, ao estudar a tipologia das línguas indígenas brasileiras, procede-se à descrição de suas propriedades fonéticas, fonológicas, morfológicas, sintáticas e lexicais. Com isso, torna-se possível incorporar os resultados da análise descritiva ao acervo de tipos das línguas existentes no mundo, alé m de relacionar determinadas línguas, tornando possível agrupá- las em troncos, famílias, entre outras. É neste contexto que se insere este trabalho, onde mostraremos características silábicas, além de características morfossintáticas da língua Remo. A língua estudada, como já dissemos, é o Remo que pertence à família Pano. Esta família se encontra representada no Peru, Bolívia e no sul e o oeste do Acre de onde se estende para leste até a parte ocidental de Rondônia e, por outro lado, penetra para o norte no Estado do Amazonas. Os dados que estão servindo de base para a pesquisa sobre a língua Remo estão distribuídos em cerca de 16 páginas. Alguns são manuscritos, outros datilografados e foram colhidos por volta do ano de 1973 por um representante do governo de nome João Braulino de Carvalho e estão citados no Boletim do Museu Nacional. Cópia desse documento foi cedida pelo Prof. Eugene Loos com algumas anotações pessoais ao Prof. Lincoln Almir Amarante Ribeiro que, por sua vez, nos repassou para que pudéssemos proceder a análise desses dados. Quanto à metodologia usada no trabalho, buscamos apoio na Lingüística Comparativa. Assim, os resultados gramaticais obtidos da língua Remo apresentados neste trabalho foram feitos com base em uma comparação entre esta língua e as características apresentadas por Loos (1999). Para se analisar as sílabas na língua Remo, foi feito um trabalho comparativo, analisando características comuns às outras línguas da mesma família, mais especificamente, o Nukini, o Isconawa e o Poya nawa. As duas primeiras, por serem línguas geneticamente próximas ou por contato areal, enquanto a última, por ter contato areal com o Remo, simplesmente. Neste sentido, encontramos na língua Remo sílabas com os padrões: C1 V, C1 VC2 e V. De acordo também com o corpus da língua Remo de Carvalho (1926) composto por 107 palavras, temos 100 substantivos, três adjetivos e quatro verbos. Já em relação aos outros corpus, encontramos também numerais e pronomes. De acordo com Loos (1999), os verbos nas línguas da família Pano são marcados pelo sufixo –ki quando transitivos, e pelo sufixo –i quando intransitivos. Esse fato não foi encontrado na língua Remo. Temos outros sufixos acoplados ao verbo, já que uma das características das línguas da família Pano é serem línguas aglutinantes. Em relação à ordem dos constituintes nas frases, temos sujeito, objeto e verbo (no caso de verbos transitivos), e sujeito e verbo (com verbos intransitivos). No corpus, só encontramos frases declarativas e negativas. Para marcá- las, utiliza-se os sufixos –mi e –ma, respectivamente. Aqui, apresentamos resultados preliminares de um estudo que está sendo feito sobre a língua Remo da família Pano. Ainda em fase de andamento os resultados se restringem a algumas informações morfossintáticas e características das sílabas. Assim, tudo o que foi aqui apresentado está no nível das hipóteses, podendo ser futuramente retificado. Até o momento, já realizamos uma análise da estrutura silábica da língua Remo, análise esta pautada nos pressupostos teóricos da Fonética Articulatória. Para real comprovação de hipóteses sobre essa língua, entretanto, serão necessárias viagens ao campo e coleta pessoal de dados. Palavras-chave: Lingüística, línguas indígenas; família pano, língua remo.