O SR. ELIMAR MÁXIMO DAMASCENO (PRONA-SP)
pronuncia o seguinte discurso: Senhor Presidente, Senhoras
e Senhores Deputados, no último dia 13 de fevereiro, em
Portugal, faleceu Irmã Lúcia. Figura emblemática da igreja
católica, considerada uma verdadeira embaixatriz da paz e
da boa vontade entre os homens.
A data da partida nos remete à história dessa que foi,
para nós que acreditamos nos mistérios de Fátima, a grande
mensageira da Mãe de Deus, ao longo de quase um século.
Em face disso, nobres Colegas, não posso me furtar ao
dever cristão de propagar, a quantos possa, a história ímpar
de quem dedicou sua existência a um único mister: atender
aos apelos que ouviu, ainda menina, da Virgem Maria, em
Fátima, Portugal.
Era 13 de maio de 1917. Lúcia de Jesus dos Santos era
uma pequena pastora de dez anos de idade. Fazia seu
trabalho junto aos primos menores, Jacinta e Francisco
Marto, quando os três pastorinhos viram a Senhora. Jacinta,
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além de ver, ouviu o que ela dizia; mas só Lúcia viu, ouviu a
Virgem e, além disso, falou com ela.
Naquela primeira
aparição, o diálogo foi breve, mas contundente, conforme
relatou Irmã Lúcia, em suas “Memórias”:
- Não tenhais medo, eu não vos faço mal.
- De onde é vossemecê?
- Sou do Céu.
- E o que é que vossemecê me quer?
- Venho para vos pedir que venham aqui seis meses
seguidos, no dia 13, a esta mesma hora. Depois vos
direi quem sou e o que quero.
De fato, a partir de então, e por seis meses seguidos, a
visão se repetiu e a menina Lúcia foi interlocutora da
Senhora, que logo os pequenos pastores souberam ser a
Mãe de Deus.
A princípio, todos revelaram-se cépticos sobre as
afirmações das crianças, que eram chamadas de mentirosas
por todos, até mesmo pelas pessoas de suas famílias. Elas,
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entretanto, inundadas pela fé, mantinham-se firmes nos
contatos e cada vez mais fervorosas em suas orações.
No segundo encontro, Lúcia pediu à Virgem que os
levasse para o Céu. Como resposta, ouviu:
- Sim, Jacinta e Francisco, levo-os em breve. Mas tu
ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-se de ti
para Me fazer conhecer e amar.
De fato, Jacinta e Francisco morreram logo, três anos
após a última aparição da série prometida.
A partir de então, a pastorinha Lúcia, já entregue ao
compromisso que lhe fora confiado, enfrentou sozinha toda a
sorte de críticas, de interrogatórios e de incredulidade.
Determinada a dar a conhecer ao mundo o que
acreditava serem os desejos da Mãe de Deus, com apenas
14 anos, entrou para a vida religiosa, ingressando como
aluna no colégio das Irmãs Doroteias, em Vilar, Porto. Aos
18 anos iniciou o noviciado.
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Segundo seu próprio relato, mais tarde, em 1925, a
então noviça Lúcia viu novamente a Virgem, agora com um
menino, suspenso numa nuvem ao lado. Nossa Senhora
colocou a mão no ombro da religiosa e mostrou-lhe, na
palma da outra mão, seu Coração cercado de espinhos.
Naquele dia, Sr. Presidente, quem falou com ela foi o
menino, que lhe disse:
- Tem pena do coração de tua Santíssima Mãe, que
está coberto de espinhos, que os homens ingratos, a
todos os momentos lhe cravam, sem haver quem
faça um ato de reparação para os tirar.
Ainda assim, houve quem duvidasse. Mas Lúcia via
cada vez mais sua fé fortalecida e o seu sofrimento
encontrava refúgio no Coração Imaculado.
Por mais de uma década a própria Igreja colocava em
cheque as afirmações das crianças. Só em 13 de outubro de
1930, quando já haviam morrido Jacinta e Francisco, o bispo
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de Leiria, em Portugal, tornou público que as aparições eram
dignas de crédito.
Entretanto, nada abalou a fé e a fidelidade de Irmã
Lúcia no que se propôs na seqüência do que Nossa Senhora
lhe pediu. Em 1934, fez votos perpétuos na Ordem das
Doroteias.
Anos mais tarde, em 13 de maio de 1948, Irmã Lúcia
de Jesus do Coração Imaculado tomou o hábito das Irmãs
Carmelitas, optando pela clausura, no velho convento de
Coimbra. Ali, dedicava sua vida à oração e à meditação,
sem, entretanto, distanciar-se dos acontecimentos do mundo
do qual se afastara, por opção.
Fato curioso é a familiaridade que Irmã Lúcia tinha
com as novas tecnologias. Pessoas ligadas a ela contam
que não relutou em deixar a velha máquina de escrever,
trocando-a por uma elétrica e, mais tarde, trocou esta pelo
computador, de onde acompanhava, via internet, a vida
externa ao convento.
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No dia 13 de fevereiro, aos 97 anos, em seus últimos
minutos de vida, totalmente lúcida, voltou os olhos para a
bênção do Papa, que lhe chegara via fax. Os que estavam
com ela acreditam que ela tenha lido a mensagem.
Depois disso, os olhos cerraram-se e ela descansou
do longo sofrimento, fechando um ciclo e levando consigo as
lembranças de seus encontros com a Virgem Maria. Deixanos, contudo, o seu exemplo de coragem, de humildade, de
fidelidade e de perseverança. Marcas de uma luta tenaz em
favor da paz na Terra.
Que isso nos sirva de exemplo e nos faça refletir sobre
os mistérios de Fátima, sobre a vontade da Mãe de Deus e
sobre o nosso mister neste mundo.
Muitíssimo obrigado.
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