O Gotinhas
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Era uma vez um País feito de nuvens. Ficava no cimo de uma
enorme montanha impossível de expugnar. Lá viviam muitos
meninos. Cada um tinha a sua própria nuvem.
Uma enorme cegonha do espaço pousava ali os meninos. Era
um pássaro de grande beleza. Tinha umas enormes asas douradas e
um bico de ouro verdadeiro. O bico era gigante, mas muito
delicado. Nele, a cegonha tinha um saco azul feito com pedaços de
céu. O saco trazia sempre um laço muito bonito da cor das estrelas.
…a cegonha tinha um saco azul
feito de pedaços de céu…
com um laço muito bonito
da cor das estrelas
Era como um saco de presentes! E de facto quase todos os
dias a cegonha trazia lindos bebés para o planeta.
…Alguém conhece presentes melhores?
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…quase todos os dias
a cegonha trazia lindos bebés
para o planeta
As casinhas eram brancas, da cor das nuvens. Tinham telhados
redondos que se confundiam com a forma das próprias nuvens.
Todas tinham um sótão, donde os meninos viam o Sol e a Lua.
O País era tão alto que se podiam ver as montanhas da Lua. Muitos
imaginavam como seria lá passear em noites de Lua cheia.
Alguns meninos pousavam uma pontinha da sua nuvem num
dos muitos bicos da montanha. Aproveitavam o verde da relva e
faziam um grande jardim. Plantavam árvores brancas feitas com
pedaços de nuvem, e nela enxertavam flores do campo. Eram flores
de todas as cores. Flores vermelhas, verdes e amarelas. Por vezes
juntavam flores feitas com pequenas penas douradas que a cegonha
deixava nas suas passagens. Em alguns jardins juntavam-se lindos
pássaros de todas as cores e tamanhos, que em muitos dias
cantavam maravilhosas canções de Natal.
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Alguns meninos pousavam
uma pontinha da sua nuvem num
dos muitos bicos da montanha…
aproveitavam o verde da relva
e faziam um grande jardim
No Inverno chovia. Mas nessa altura a chuva era diferente.
Não existiam gotas. Por isso a chuva era um lençol
de água que se estendia das nuvens até à terra.
Sempre que chovia formava-se um rio ou havia um dilúvio.
A chuva era
um lençol de água
que se estendia
das nuvens até à terra
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Alguns meninos mais traquinas construíram pranchas com
placas de algodão e velas feitas com folhas de árvore. Deslizavam na
chuva. Inventavam ondas naquelas enormes superfícies de água e
faziam grandes manobras.
Os meninos construíram
pranchas com placas
de algodão e velas feitas
com folhas de árvore
Tigoinhas era um menino muito traquina. Fazia piruetas na
chuva, depois saltava de nuvem em nuvem. Fazia enormes acrobacias.
Tigoinhas era um
menino muito traquina...
fazia piruetas na chuva…
depois saltava de
nuvem em nuvem.
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Quando inventaram as gotas a chuva passou a ser diferente.
Os meninos inventaram uma nova brincadeira. Quando queriam
deslizar na chuva transformavam-se em gota e misturavam-se na
própria chuva. O primeiro a conseguir fazer este truque foi
Tigoinhas. Aparecia em forma de gota; depois sacudia-se e ficava
igual aos outros meninos. Os amiguinhos acharam tanta piada a
esta habilidade que passaram a chamar-lhe Gotinhas. Depois todos
aprenderam o truque.
Os amiguinhos acharam
tanta piada a esta
habilidade que passaram
a chamar-lhe Gotinhas
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Os rios passaram a formar-se de uma forma diferente.
A nova chuva feita de gotas deixou de formar grandes rios. As gotas
quando se juntam formam apenas pequenos riachos que se unem
para formar rios maiores.
Quando inventaram as gotas
a chuva passou a ser diferente…
os rios passaram a formar-se
de forma diferente
A noite também aproveitou para inventar o orvalho: assim as
gotas que sobram da noite podem refrescar as plantas de dia.
Numa daquelas noites em que os pássaros cantavam canções
de Natal, Gotinhas sentiu vontade de viajar por outros Países. Na
manhã seguinte transformou-se em gota e desceu ao fundo da
montanha em forma de chuva.
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Parou no cimo de uma pequena árvore. Não era uma árvore
de algodão e nem por sombras era bonita como as do seu jardim.
Saltou de folha em folha. Sacudiu-se e saiu da gota. Olhou à sua
volta. As casas eram diferentes! Os telhados tinham contornos
nítidos.
Parou no cimo
de uma pequena árvore
As pessoas tinham diferentes tamanhos e falavam de uma
maneira diferente! Rapidamente aprendeu a linguagem dos
meninos deste novo País e arranjou imensos amigos.
As pessoas tinham
diferentes tamanhos
e falavam de uma
maneira diferente
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Resolveu ir á escola com os outros meninos. A professora
Madalena ficou espantada com a inteligência e a sabedoria do novo
aluno. Uma vez Gotinhas tentou explicar-lhe que uma cegonha
dourada o pousara numa nuvem; e que antes lhe ensinara todas
aquelas coisas que sabia. A professora riu-se e achou que Gotinhas
era um grande brincalhão.
Resolveu ir á escola
com os outros meninos
Ajudava e ensinava os outros meninos. Ensinava também os
seus truques que mais pareciam magia. Os outros meninos
tentavam mas não conseguiam.
Ensinava também os
seus truques que
mais pareciam magia
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Gotinhas tinha poderes especiais. Tão especiais que um dia
descobriu que podia voar sozinho. Flutuava pelas aldeias. Observava
animais elegantes e plantas lindas e com formas que nunca tinha
visto.
Gotinhas flutuava
pelas aldeias
Num desses seus passeios ouviu um menino chorar. Olhou em
volta. O choro vinha de uma das janelas do grande palácio da
Presidência. O Presidente tinha um filho chamado Ricardo, que
nascera com uma doença congénita nos olhos. Vivia rodeado de
cuidados. Tinha imensos criados e uma escola só para ele no
palácio. Mas vivia muito triste e sem meninos amigos.
O choro vinha
de uma das janelas
do grande palácio
da presidência
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O presidente
tinha um filho
chamado Ricardo
A doença de Ricardo chamava-se Glaucoma. Os pais viviam
tristes e ansiosos; sabiam que apesar da cirurgia ter sido eficaz, a
doença podia cegar o filho. Por isso todos os dias aplicavam
cuidadosamente gotas nos olhitos de Ricardo. Contudo Ricardo
desde há alguns dias fechava os olhos e não deixava aplicar o
tratamento; por isso os pais estavam ainda mais ansiosos. Sempre
que insistiam nas gotas Ricardo chorava.
Gotinhas aproximou-se. Passou pela segurança sem que
Gotinhas
aproximou-se
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ninguém o visse e sentou-se na janela do quarto de Ricardo. Pôs um
daqueles sorrisos que só as crianças sabem fazer. Ricardo também
sorriu. Falaram então numa linguagem que os adultos não
entenderam. Fizeram de conta que inventaram gotas mágicas
capazes de fazer crescer rapidamente os meninos.
Naquele momento Ricardo fez de conta que era adulto.
Deixou colocar as gotas. E como todos os meninos da sua idade
imitou o pai. Inventou uma cimeira e resolveu discursar. Falou de Paz
e de direitos humanos. Falou de desprotegidos. Falou da fome e do
egoísmo dos homens. Falou da natureza e de muitas outras coisas
que os adultos esquecem todos os dias. Disse verdades
maravilhosas. Gotinhas ouvia Ricardo e pensava na força que a
magia pode ter no espírito de uma criança.
… O presidente sorriu como uma criança. Depois pegou num
caderno do Ruca e escreveu os tópicos de Ricardo para a sua
próxima cimeira.
Na cimeira
o presidente falou
de paz e direitos humanos
...fim
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Livro Infantil II ATF - Pediatric Ophthalmology and Strabismus