Pró-Reitoria de Graduação Curso de Educação Física Trabalho de Conclusão de Curso ESTUDO COMPARATIVO DO NIVEL DE FLEXIBILIDADE EM PRATICANTES DE HANDEBOL E FUTSAL. Autor: Diogo Oliveira Gomes de Lima Orientador: Profº Drº José Juan Blanco Herrera Brasília - DF 2011 1 Resumo O presente estudo tem como objetivo analisar e comparar os níveis de flexibilidade de praticantes de handebol e futsal, por isso foi realizada uma revisão bibliográfica buscando dados e informações que mostrassem a importância da flexibilidade nos gestos esportivos dessas duas modalidades. A idéia central da pesquisa é comparar os níveis de flexibilidade dos dois grupos levando em consideração a utilização de membros inferiores e superiores nas duas modalidades. O método utilizado foi o Flexiteste de 8 movimentos proposto por Monteiro e Farinatti (apud Fernandes, 1998). A partir dos resultados obtidos, constatou-se que não houve diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos e que a flexibilidade é muito importante não só nos atos esportivos, mas também nas atividades diárias de qualquer individuo. Palavras-chave: Flexibilidade, handebol, futsal. 2 Introdução A flexibilidade é uma valência física muito importante para a aptidão de indivíduos atletas ou sedentários, e nos dias de hoje está sendo ainda mais exigida de modo que existem cada vez mais testes e protocolos que avaliam a flexibilidade juntamente com outras valências físicas como força, velocidade, coordenação e resistência. Cada valência física tem a sua importância para a saúde de indivíduos sedentários ou apenas praticantes de atividades físicas regulares, já no caso de atletas as valências físicas são aprimoradas para melhorar a performance dentro da especificidade de cada modalidade. A flexibilidade é muito importante nos dias de hoje, pois está ligada a movimentos básicos das tarefas simples do dia-a-dia de quem pratica atividade física ou não. Para Alter (1999), a palavra flexibilidade é derivada do latim flectere ou flexibilis, “curvar-se”. Talvez uma das definições mais simples seja a amplitude de movimento disponível em uma articulação ou grupo de articulações. Segundo Sandoval (2002), a flexibilidade é uma capacidade individual, pois depende de fatores como: herança genética, sexo, idade, volume muscular e adiposo, além de fatores externos como treinamento, temperatura ambiente, etc. Com o aumento da flexibilidade muscular, os exercícios podem ser executados com maior amplitude de movimento, maior força, mais rapidamente, mais facilmente, com maior fluência e de modo mais eficaz (BOMPA, 2002). Essa capacidade vai se perdendo com a idade, principalmente durante a adolescência e, acentuadamente, no sexo masculino. Acredita-se que até os 17 anos a flexibilidade possa ser recuperada, e inclusive, incrementada por programas de treinamento adequados. Após essa idade, tanto para homens quanto para mulheres, essa capacidade tende a reduzir-se progressivamente (GALLAHUE E OZMUN, 2005). Com base nos autores, pode-se perceber que o conceito de flexibilidade é simples, nada mais é do que a capacidade que uma articulação tem de se movimentar em sua amplitude máxima. Pelo fato da flexibilidade ser uma valência física, pode-se treiná-la para o aprimoramento da mesma. 3 Segundo Rodrigues (1986), para se realizar trabalhos de flexibilidade existem três métodos de treinamento: Método ativo: realizado através da execução de exercícios Dinâmicos (balísticos) procurando-se aproveitar a inércia do segmento corporal em movimento e forçar amplitudes maiores que as normais. Método passivo: consistindo de posturas estáticas, foi inspirado na Hatha Yoga. A postura deve ser adotada de forma lenta e relaxada e mantê-la até o limite da dor (normalmente 20 a 30 segundos). Método misto: utilizando-se dos princípios da estimulação proprioceptiva, desenvolveu-se o método Scientifc Stretching for Sport (3S), o eficaz para flexibilidade; consiste em três passos: • 1º Mobilização do segmento corporal até o seu limite de amplitude; • 2º Realização de uma contração isométrica máxima durante 6 segundos; • 3º Forçamento do movimento além do limite original durante o relaxamento da musculatura do atleta após a contração. Para Blanke (1997), um bom nível de flexibilidade varia de acordo com a necessidade de cada indivíduo, logo, a boa flexibilidade é aquela que permite ao indivíduo realizar os movimentos articulares, dentro da amplitude necessária durante a execução de suas atividades diárias, sem que haja grandes esforços para que ela ocorra. No caso de atletas, dependendo da modalidade, a flexibilidade deve obrigatoriamente ser treinada para contribuir na especificidade dos movimentos utilizados durante os treinos e jogos ou apresentações. Por isso quando se fala de alto nível é muito importante também que os atletas tenham uma boa flexibilidade, junto é claro com as outras valências físicas já citadas. Já foi observado em estudos que a flexibilidade contribui nos movimentos de maior amplitude e também na recuperação muscular, o individuo que possui um bom nível de flexibilidade tem um menor risco de lesionar sua musculatura. 4 Segundo Farinatti (2000), parece evidente que, para maior parte das atividades, há um mínimo necessário de mobilidade articular para um bom desempenho. A importância da flexibilidade aumenta quando lidamos com esportes em que há movimentos executados nos extremos da mobilidade articular. É muito difícil, porém, determinar qual o perfil mínimo de amplitude de movimento para cada modalidade esportiva. Falar em flexibilidade é, portanto, se referir aos maiores arcos de movimentos possíveis nas articulações envolvidas. Como a prática desportiva exige a utilização completa dos arcos articulares especificamente envolvidos nos gestos desportivos, fica muito difícil, a performance de alto rendimento sem se dispor de um bom nível de flexibilidade nos segmentos musculares empenhados (DANTAS,2001). Segundo Heyward (2004), a flexibilidade, embora negligenciada com freqüência, é importante componente da aptidão física relacionada à saúde. Níveis adequados de flexibilidade mantêm a independência funcional e o desempenho de atividades da vida diária. Ao longo dos anos, testes de flexibilidade têm sido incluídos na maioria das baterias de teste de aptidão física relacionada à saúde, pois, desde muito tempo, acredita-se que a falta de flexibilidade esteja associada com lesões músculoesqueléticas e dor lombar. Enfim, a falta de flexibilidade é um fator limitante ao desempenho esportivo, sendo um facilitador de lesões musculares (SANDOVAL, 2002). Pode-se observar que para alguns autores a flexibilidade é um componente importante na prática desportiva, devido ao fato de ela permitir movimentos com amplitude maior. Dentre várias modalidades existentes em nosso país, esse estudo irá se concentrar em duas, são elas: o Futsal e o Handebol. Como já foi citado que existe a necessidade de um bom nível de flexibilidade para atletas, com essas duas modalidades não poderiam ser diferente, eles também precisam de um bom nível de flexibilidade para executarem os movimentos necessários durante treinos e jogos de Futsal e Handebol. Segundo Almeida (2004), existem 27 federações estaduais e 256 clubes que praticam esta modalidade esportiva, o que faz do handebol o terceiro esporte mais praticado no país, ficando atrás apenas do futebol e do futsal. 5 Segundo a CBFs (Confederação Brasileira de Futsal) existem 27 federações no país, dentre elas a FEBRASA (Federação Brasiliense de Futebol de Salão). O Futsal é um dos esportes que mais cresce no país. O futebol de salão (futsal) é um esporte em ascensão mundial, atraindo cada vez mais adeptos. Devido à facilidade de encontrar espaços para sua prática, é um dos esportes mais difundidos no Brasil, sendo jogado por mais de 12 milhões de brasileiros, segundo dados da Confederação Brasileira de Futebol de Salão – CBFs (RIBEIRO e COSTA 2006). É evidente que para muitos autores a flexibilidade é importante para todos, desde atletas, passando pelos praticantes de atividades regulares até os indivíduos sedentários. A flexibilidade é muito exigida nos gestos esportivos, estando ligada a melhoria da performance, mas também existe a necessidade de um bom nível de flexibilidade para as atividades diárias sem um maior esforço. Com isso, o objetivo do presente estudo é avaliar e comparar a flexibilidade de praticantes de Handebol e Futsal, levando em consideração que os praticantes de Handebol utilizam mais os membros superiores que praticantes de Futsal, porém ao mesmo tempo, praticantes de Futsal utilizam mais os membros inferiores que praticantes de Handebol. A idéia é constatar se existe diferença significativa no nível de flexibilidade em praticantes dessas duas modalidades. Materiais e Métodos A amostra contou com dois grupos, G1 = 16 praticantes de handebol do sexo feminino, com idade média de 13,31 + 1,25 anos; e G2 = 21 praticantes de futsal do sexo masculino, com idade média de 13,03 + 1,02 anos. Os dois grupos têm a mesma freqüência semanal de treinamento, três vezes. Nesse estudo, a forma de avaliar a flexibilidade foi por meio do flexiteste adaptado, proposto por Monteiro e Farinatti (apud Fernandes, 1998). Os seguintes procedimentos foram adotados para a realização do teste: - 1º passo: foi providenciado o material necessário para a realização do teste. Neste caso, um colchonete foi utilizado. 6 - 2º passo: sem realizar aquecimento, executou-se o protocolo procurando avaliar a flexibilidade articular, de forma passiva máxima, através de 08 movimentos, no lado direito do corpo, nas articulações do quadril, tronco e ombro, onde o avaliador movimentou o seguimento avaliado até o seu limite, comparando-o seguidamente o grau de amplitude de movimento ao gabarito de avaliação, dando o conceito relativo ao movimento que mais se aproxima do gabarito. Cada movimento foi retratado em gradações que variam de 0 a 4, perfazendo um total de cinco valores possíveis de classificação. Somente números inteiros foram atribuídos aos resultados, de forma que as amplitudes de movimentos intermediários entre duas gradações são sempre consideradas pelo valor inferior. Os movimentos foram feitos lentamente a partir da posição demonstrada no desenho (usualmente 0), indo até o ponto de aparecimento de dor ou grande restrição mecânica do movimento. A seguir temos uma breve descrição dos movimentos articulares do flexiteste adaptado: 1) Flexão do quadril: deitado em decúbito dorsal, com os braços colocados naturalmente acima da cabeça, perna esquerda estendida e direita flexionada, tentando colocar a coxa sobre o tórax. 2) Extensão do quadril: deitado em decúbito ventral, com os braços estendidos naturalmente à frente do corpo e com o joelho direito fletido. 3) Abdução do quadril: deitado em decúbito lateral esquerdo, mantendo os braços estendidos naturalmente acima da cabeça. A perna esquerda deve estar totalmente estendida e a direita semi-fletida, fazendo um ângulo reto entre a coxa e a perna, mantendo ainda o pé em uma posição natural. 4) Flexão do tronco: deitado em decúbito dorsal, com os quadris encostados a uma parede e as pernas completamente estendidas, assumindo um ângulo reto com o tronco. As mãos devem estar entrelaçadas na altura da nuca. 7 5) Flexão lateral do tronco: deitado em decúbito ventral, com ambas as pernas estendidas e as mãos entrelaçadas na nuca. 6) Extensão + Adução posterior do ombro: deitado em decúbito ventral, com as pernas estendidas e os braços abduzidos e estendidos, com as palmas das mãos voltadas para o solo. 7) Adução posterior à partir da abdução de 180º no ombro: em pé, com o tórax colocado contra uma parede e o braço direito em adução posterior a partir da abdução de 180º no ombro. 8) Extensão posterior do ombro: a mesma do movimento extensão + adução posterior do ombro, mas os braços não são abduzidos. Para a análise estatística, foram utilizados, a Análise Descritiva e Teste t student não-pareado, com o intuito de verificar se há diferença no nível de flexibilidade dos grupos no geral, e em cada movimento do Flexiteste adaptado utilizado. O nível de significância adotado foi de p < 0,05. Resultados e Discussão De acordo com o quadro abaixo, avaliou-se o nível de flexibilidade musculoesquelética. Pontuação Classificação < 09 Nível de flexibilidade muito pequeno (ancilose) 09 – 12 Nível de flexibilidade pequeno 13 – 16 Nível de flexibilidade médio negativo 17 – 20 Nível de flexibilidade médio positivo 21 – 24 Nível de flexibilidade grande >24 Nível de flexibilidade muito grande (hipermobilidade) (FERNANDES, 1998). Quadro 1: Normas de classificação (do somatório) do nível de flexibilidade. 8 Os resultados do teste do grupo 1 (atletas de handebol) estudados são mostrados no quadro 2. Sujeitos M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 Somatório Classificação 1 2 2 2 1 3 2 2 2 16 Médio Negativo 2 2 2 3 2 2 3 3 2 19 Médio Positivo 3 2 1 3 2 3 1 2 2 16 Médio Negativo 4 3 2 3 3 3 3 2 2 21 Grande 5 4 3 3 4 3 3 3 2 25 Muito Grande 6 3 3 1 2 3 2 2 2 18 Médio Positivo 7 3 2 3 3 3 2 3 2 21 Grande 8 3 2 3 3 2 2 3 2 20 Médio Positivo 9 2 2 3 2 3 1 2 2 17 Médio Positivo 10 2 2 3 2 3 2 2 2 18 Médio Positivo 11 4 2 3 2 2 1 2 2 18 Médio Positivo 12 3 2 2 2 2 3 3 2 19 Médio Positivo 13 3 2 2 2 3 2 2 2 18 Médio Positivo 14 2 2 1 2 2 2 1 2 14 Médio Negativo 15 2 2 2 3 2 1 2 1 15 Médio Negativo 16 3 2 2 2 3 3 3 2 20 Médio Positivo Legenda: M1 – Flexão do Quadril; M2 – Extensão do Quadril; M3 – Abdução do Quadril; M4 – Flexão do Tronco; M5 – Flexão Lateral do Tronco; M6 – Extensão + Abdução Posterior do Ombro; M7 – Adução Posterior à partir da Abdução de 180º no Ombro; M8 – Extensão Posterior do Ombro. Quadro 2: Teste do Nível de flexibilidade do G1 (Handebol). Como se pode observar no Quadro 2, os sujeitos 4, 5 e 7 apresentaram maior nível de flexibilidade quando comparados com os indivíduos do seu grupo. A média do nível de classificação da flexibilidade obtida pelo grupo foi de 18,44 + 1,25; classificado então no nível Médio Positivo. 9 Já no Quadro 3, exibido a seguir, estão expostos os resultados do teste do G2 (Futsal) estudados. Sujeitos M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 Somatório Classificação 1 3 2 2 2 2 2 1 1 15 Médio Negativo 2 2 2 2 3 2 1 2 2 16 Médio Negativo 3 3 2 4 2 3 1 1 1 17 Médio Positivo 4 2 3 2 2 3 2 1 2 17 Médio Positivo 5 4 2 2 3 1 1 2 1 16 Médio Negativo 6 2 2 3 3 2 2 1 1 16 Médio Negativo 7 3 3 3 2 2 3 2 2 20 Médio Positivo 8 2 3 2 2 3 3 3 3 21 Grande 9 3 3 2 2 4 2 1 2 19 Médio Positivo 10 2 2 3 2 3 3 2 1 18 Médio Positivo 11 2 3 2 2 4 2 2 2 19 Médio Positivo 12 3 3 2 2 3 1 2 2 18 Médio Positivo 13 2 1 2 3 3 2 1 2 16 Médio Negativo 14 2 2 3 2 3 3 2 2 19 Médio Positivo 15 3 3 1 2 3 2 2 2 18 Médio Positivo 16 2 2 2 3 3 1 1 1 15 Médio Negativo 17 3 2 3 3 2 1 3 1 18 Médio Positivo 18 2 1 1 1 3 3 3i 3 17 Médio Positivo 19 2 1 2 2 3 1 1 1 13 Médio Negativo 20 2 2 1 2 1 2 2 2 14 Médio Negativo 21 4 2 4 2 3 1 2 1 19 Médio Positivo Legenda: M1 – Flexão do Quadril; M2 – Extensão do Quadril; M3 – Abdução do Quadril; M4 – Flexão do Tronco; M5 – Flexão Lateral do Tronco; M6 – Extensão + Abdução Posterior do Ombro; M7 – Adução Posterior a partir da Abdução de 180º no Ombro; M8 – Extensão Posterior do Ombro. Quadro 3: Teste do Nível de flexibilidade do grupo 2 (atletas de futsal). 10 Pode-se observar no Quadro 3 que os sujeitos 8, apresentou maior nível de flexibilidade quando comparados aos indivíduos do seu grupo. A média do nível de flexibilidade obtida pelo grupo foi de 17,19 + 1,02; classificado no nível Médio Positivo. A tabela abaixo mostra a freqüência dos indivíduos do G1 (Handebol) nos diferentes níveis de classificação da flexibilidade. Classificação Número de sujeitos Freqüência (%) Muito pequeno 0 0 Pequeno 0 0 Médio Negativo 4 25 Médio Positivo 9 56,25 Grande 2 12,50 Muito Grande 1 6,25 Tabela 1: Classificação do nível de flexibilidade do G1. Conforme a tabela 1 mais da metade dos sujeitos do G1 (56,25%) está no nível de flexibilidade médio positivo. Já a tabela 2, logo abaixo, mostra a freqüência dos indivíduos do G2 (Futsal) nos possíveis níveis de classificação da flexibilidade. Classificação Número de sujeitos Freqüência (%) Muito pequeno 0 0 Pequeno 0 0 Médio Negativo 8 38,09 Médio Positivo 12 57,14 Grande 1 4,77 Muito Grande 0 0 Tabela 2: Classificação do nível de flexibilidade do G2. De acordo com a tabela 2, mais da metade dos sujeitos do G2 (57,14%) está no nível de flexibilidade médio positivo. 11 A tabela abaixo expõe as médias e desvios-padrão, bem como os níveis de significância, de cada movimento avaliado no teste, dos grupos avaliados. Movimentos G1 (Handebol) G2 (Futsal) p M1 2,75 + 0,77 2,57 + 0,67 0,45 M2 2,13 + 0,50 2,19 + 0,69 0,76 M3 2,50 + 0,81 2,33 + 0,85 0,51 M4 2,31 + 0,70 2,24 + 0,54 0,72 M5 2,63 + 0,50 2,67 + 0,79 0,85 M6 2,06 + 0,77 1,86 + 0,79 0,44 M7 2,31 + 0,61 1,76 + 0,70 0,02* M8 1,94 + 0,35 1,67 + 0,66 0,11 Legenda: M1 – Flexão do Quadril; M2 – Extensão do Quadril; M3 – Abdução do Quadril; M4 – Flexão do Tronco; M5 – Flexão Lateral do Tronco; M6 – Extensão + Abdução Posterior do Ombro; M7 – Adução Posterior à partir da Abdução de 180º no Ombro; M8 – Extensão Posterior do Ombro. *p < 0,05 Tabela 3: Médias, desvios-padrão e níveis de significância obtidos de cada movimento estudado. As médias e desvios-padrão dos grupos G1 (Handebol) e G2 (Futsal) são, respectivamente, 18,44 + 2,68 e 17,19 + 2,02. E o nível de significância encontrado foi de [p=0,11]. Logo não existe diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos. Porém, no movimento de adução posterior do ombro a partir da adução de 180º no ombro (M7), onde a média e desvio-padrão do G1 = 2,31 + 0,61; e do G2 = 1,76 + 0,70; o nível de significância encontrado foi de [p=0,02] havendo então uma diferença estatisticamente significativa, estando o G1 mais flexível que o G2, nesse movimento especificamente. Quando se utiliza um teste para solicitar fundamentalmente a participação da flexibilidade dos avaliados devemos considerar alguns fatores que podem afetar nos resultados obtidos, como hábitos de vida, tipo de treinamento e temperatura ambiente (ECKERT, 1993). 12 Coelho e Araújo (2000) procuraram relacionar ganhos de flexibilidade em programa de exercícios físicos supervisionados (PES) com eventuais facilitações na realização de ações cotidianas, contaram com uma amostra de 20 indivíduos (15 homens e 5 mulheres) com idade média de 58 + 9 anos. Utilizando o Flexiteste de 20 movimentos, puderam concluir que após o PES houveram ganhos significativos na flexibilidade global dos indivíduos estudados. Okano et. al. (2001) utilizando o teste de “sentar-e-alcançar”, contaram com uma amostra de 103 indivíduos pré-púberes divididos em dois grupos etários G1 = 8 e 9 anos e G2 = 10 e 11 anos. A partir daí, cada grupo foi subdividido em relação ao sexo e etnia (negros e brancos). No fim da pesquisa, puderam concluir que não foram verificadas diferenças estatisticamente significantes entre os grupos estudados. Em estudo, Silva et. al. (2005) utilizando um protocolo diferente do Flexiteste, um conjunto de 8 provas a incidir sobre várias estruturas articulares, contaram com uma amostra de 52 adolescentes, sendo 24 do sexo masculino com idade média de 16,04 + 0,78 anos; e 28 do sexo feminino com idade média de 16,02 + 0,69 anos. Eles afirmam que não é conclusivo que as meninas sejam mais flexíveis que os meninos, como grande parte da literatura expõe. Em estudo similar Souza (2007), utilizando o Flexiteste proposto por Pável & Araújo 1987 apud Fernandes (1998) com adaptações, dividiu em dois grupos a sua amostra, onde G1 = Goleiros de Handebol (n=12) e G2 = Indivíduos sedentários (n=20), pode constatar que houve diferença estatisticamente significativa no nível de flexibilidade avaliado entre os dois grupos, de modo que o G1 encontrava-se mais flexível que o G2. Podendo então relacionar a atividade física com o ganho de flexibilidade. Indivíduos do sexo feminino são mais flexíveis pela maior capacidade de estiramento e elasticidade da musculatura e de seus tecidos conectivos (WEINECK, 1991), porém não é o que podemos perceber de maneira estatisticamente significativa em nosso estudo, nos dois grupos estudados. 13 Apesar de o razoável consenso de que os índices de flexibilidade dos indivíduos do sexo feminino comparados com os do sexo masculino, em todas as idades sejam maiores, em alguns estudos nem sempre se verifica tal diferença (SILVA E CRUZ, 2000). Pode-se observar tal semelhança em nosso estudo e em alguns outros estudos encontrados com a mesma tendência. Embora as referências bibliográficas exponham que indivíduos do sexo feminino sejam mais flexíveis que indivíduos do sexo masculino, alguns autores vêm provando em estudos que essa diferença não é estatisticamente significante, o que abre um novo espaço para pesquisas. Coelho e Araújo (2000), Souza (2007) provaram em seus estudos que independente do sexo dos indivíduos a atividade física supervisionada previne a perca e promove ganhos nos níveis de flexibilidade. Podendo concluir isso também em nosso estudo, pois os dois grupos estudados foram de praticantes de alguma atividade física, onde G1 = Meninas e G2 = Meninos, e no geral não houve diferença estatisticamente significativa no nível de flexibilidade. Conclusão Pode-se concluir através da pesquisa realizada que a flexibilidade é um importante componente da aptidão física na vida de indivíduos praticantes de Handebol e Futsal nos seus gestos esportivos dentro de jogos e treinos, diminuindo o risco de lesões, mas também verificamos que a flexibilidade é importante para as atividades diárias, sem maiores esforços, para indivíduos sedentários. Com a pesquisa aplicada podemos constatar que não houve diferença estatisticamente significativa no nível de flexibilidade entre os dois grupos avaliados, ou seja, a visão que tínhamos antes da aplicação da pesquisa de que meninas que praticam handebol poderiam ser mais flexíveis que meninos que praticam futsal, levando em consideração os membros que cada grupo utiliza de maneira mais requisitada dentro de sua modalidade, não se fundamenta teoricamente. 14 Porém ao mesmo tempo podemos observar que a atividade física promove manutenção ou ganhos nos níveis de flexibilidade, por outro lado o sedentarismo dificulta todo esse processo. Todas as pesquisas realizadas abrem um leque para novas discussões e aplicação de novos estudos para a verificação dos níveis de flexibilidade entre meninos e meninas, ou praticantes de atividades físicas e sedentários, com o intuito de provar que a flexibilidade contribui nos gestos esportivos e atividades diárias. Por fim, o objetivo do presente estudo foi verificar se existia diferença significativa entre praticantes de handebol e futsal, levando em consideração que no handebol utiliza-se de maneira mais intensa os membros superiores do que no futsal, porém ao mesmo tempo no futsal utiliza-se de maneira mais intensa os membros inferiores do que no handebol. Com a pesquisa aplicada, não houve diferença estatisticamente significativa nos níveis de flexibilidade dos dois grupos estudados, a não ser em um único movimento do protocolo utilizado, o de adução posterior do ombro a partir da adução de 180º no ombro (M7), onde a média e desvio-padrão do G1 = 2,31 + 0,61; e do G2 = 1,76 + 0,70; o nível de significância encontrado foi de [p=0,02] havendo então uma diferença estatisticamente significativa, estando o G1 mais flexível que o G2. 15 Referências 1. ALMEIDA, A. F. P. L. de. O desenvolvimento do handebol no Brasil e nos jogos olímpicos. Revista ação e movimento: educação física e desportos. 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