Pró-Reitoria de Graduação
Curso de Educação Física
Trabalho de Conclusão de Curso
ESTUDO COMPARATIVO DO NIVEL DE FLEXIBILIDADE EM
PRATICANTES DE HANDEBOL E FUTSAL.
Autor: Diogo Oliveira Gomes de Lima
Orientador: Profº Drº José Juan Blanco Herrera
Brasília - DF
2011
1 Resumo
O presente estudo tem como objetivo analisar e comparar os níveis de flexibilidade de
praticantes de handebol e futsal, por isso foi realizada uma revisão bibliográfica buscando dados
e informações que mostrassem a importância da flexibilidade nos gestos esportivos dessas duas
modalidades. A idéia central da pesquisa é comparar os níveis de flexibilidade dos dois grupos
levando em consideração a utilização de membros inferiores e superiores nas duas modalidades.
O método utilizado foi o Flexiteste de 8 movimentos proposto por Monteiro e Farinatti
(apud Fernandes, 1998). A partir dos resultados obtidos, constatou-se que não houve
diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos e que a flexibilidade é
muito importante não só nos atos esportivos, mas também nas atividades diárias de
qualquer individuo.
Palavras-chave: Flexibilidade, handebol, futsal.
2 Introdução
A flexibilidade é uma valência física muito importante para a aptidão de indivíduos
atletas ou sedentários, e nos dias de hoje está sendo ainda mais exigida de modo que existem
cada vez mais testes e protocolos que avaliam a flexibilidade juntamente com outras valências
físicas como força, velocidade, coordenação e resistência. Cada valência física tem a sua
importância para a saúde de indivíduos sedentários ou apenas praticantes de atividades físicas
regulares, já no caso de atletas as valências físicas são aprimoradas para melhorar a performance
dentro da especificidade de cada modalidade. A flexibilidade é muito importante nos dias de
hoje, pois está ligada a movimentos básicos das tarefas simples do dia-a-dia de quem pratica
atividade física ou não.
Para Alter (1999), a palavra flexibilidade é derivada do latim flectere ou flexibilis,
“curvar-se”. Talvez uma das definições mais simples seja a amplitude de movimento disponível
em uma articulação ou grupo de articulações.
Segundo Sandoval (2002), a flexibilidade é uma capacidade individual, pois depende de
fatores como: herança genética, sexo, idade, volume muscular e adiposo, além de fatores
externos como treinamento, temperatura ambiente, etc.
Com o aumento da flexibilidade muscular, os exercícios podem ser executados com
maior amplitude de movimento, maior força, mais rapidamente, mais facilmente, com maior
fluência e de modo mais eficaz (BOMPA, 2002).
Essa capacidade vai se perdendo com a idade, principalmente durante a adolescência e,
acentuadamente, no sexo masculino. Acredita-se que até os 17 anos a flexibilidade possa ser
recuperada, e inclusive, incrementada por programas de treinamento adequados. Após essa
idade, tanto para homens quanto para mulheres, essa capacidade tende a reduzir-se
progressivamente (GALLAHUE E OZMUN, 2005).
Com base nos autores, pode-se perceber que o conceito de flexibilidade é simples, nada
mais é do que a capacidade que uma articulação tem de se movimentar em sua amplitude
máxima. Pelo fato da flexibilidade ser uma valência física, pode-se treiná-la para o
aprimoramento da mesma.
3 Segundo Rodrigues (1986), para se realizar trabalhos de flexibilidade existem três
métodos de treinamento:

Método ativo: realizado através da execução de exercícios
Dinâmicos (balísticos) procurando-se aproveitar a inércia do
segmento corporal em movimento e forçar amplitudes maiores
que as normais.

Método passivo: consistindo de posturas estáticas, foi inspirado
na Hatha Yoga. A postura deve ser adotada de forma lenta e
relaxada e mantê-la até o limite da dor (normalmente 20 a 30
segundos).

Método misto: utilizando-se dos princípios da estimulação
proprioceptiva, desenvolveu-se o método Scientifc Stretching for
Sport (3S), o eficaz para flexibilidade; consiste em três passos:
• 1º Mobilização do segmento corporal até o seu limite de
amplitude;
• 2º Realização de uma contração isométrica máxima
durante 6 segundos;
• 3º Forçamento do movimento além do limite original
durante o relaxamento da musculatura do atleta após a contração.
Para Blanke (1997), um bom nível de flexibilidade varia de acordo com a
necessidade de cada indivíduo, logo, a boa flexibilidade é aquela que permite ao
indivíduo realizar os movimentos articulares, dentro da amplitude necessária durante a
execução de suas atividades diárias, sem que haja grandes esforços para que ela ocorra.
No caso de atletas, dependendo da modalidade, a flexibilidade deve obrigatoriamente
ser treinada para contribuir na especificidade dos movimentos utilizados durante os treinos e
jogos ou apresentações. Por isso quando se fala de alto nível é muito importante também que os
atletas tenham uma boa flexibilidade, junto é claro com as outras valências físicas já citadas. Já
foi observado em estudos que a flexibilidade contribui nos movimentos de maior amplitude e
também na recuperação muscular, o individuo que possui um bom nível de flexibilidade tem um
menor risco de lesionar sua musculatura.
4 Segundo Farinatti (2000), parece evidente que, para maior parte das atividades,
há um mínimo necessário de mobilidade articular para um bom desempenho. A
importância da flexibilidade aumenta quando lidamos com esportes em que há
movimentos executados nos extremos da mobilidade articular. É muito difícil, porém,
determinar qual o perfil mínimo de amplitude de movimento para cada modalidade
esportiva.
Falar em flexibilidade é, portanto, se referir aos maiores arcos de movimentos
possíveis nas articulações envolvidas. Como a prática desportiva exige a utilização
completa dos arcos articulares especificamente envolvidos nos gestos desportivos, fica
muito difícil, a performance de alto rendimento sem se dispor de um bom nível de
flexibilidade nos segmentos musculares empenhados (DANTAS,2001).
Segundo Heyward (2004), a flexibilidade, embora negligenciada com
freqüência, é importante componente da aptidão física relacionada à saúde. Níveis
adequados de flexibilidade mantêm a independência funcional e o desempenho de
atividades da vida diária. Ao longo dos anos, testes de flexibilidade têm sido incluídos
na maioria das baterias de teste de aptidão física relacionada à saúde, pois, desde muito
tempo, acredita-se que a falta de flexibilidade esteja associada com lesões músculoesqueléticas e dor lombar.
Enfim, a falta de flexibilidade é um fator limitante ao desempenho esportivo,
sendo um facilitador de lesões musculares (SANDOVAL, 2002).
Pode-se observar que para alguns autores a flexibilidade é um componente
importante na prática desportiva, devido ao fato de ela permitir movimentos com
amplitude maior. Dentre várias modalidades existentes em nosso país, esse estudo irá se
concentrar em duas, são elas: o Futsal e o Handebol. Como já foi citado que existe a
necessidade de um bom nível de flexibilidade para atletas, com essas duas modalidades
não poderiam ser diferente, eles também precisam de um bom nível de flexibilidade
para executarem os movimentos necessários durante treinos e jogos de Futsal e
Handebol.
Segundo Almeida (2004), existem 27 federações estaduais e 256 clubes que
praticam esta modalidade esportiva, o que faz do handebol o terceiro esporte mais
praticado no país, ficando atrás apenas do futebol e do futsal.
5 Segundo a CBFs (Confederação Brasileira de Futsal) existem 27 federações no
país, dentre elas a FEBRASA (Federação Brasiliense de Futebol de Salão). O Futsal é
um dos esportes que mais cresce no país.
O futebol de salão (futsal) é um esporte em ascensão mundial, atraindo cada vez
mais adeptos. Devido à facilidade de encontrar espaços para sua prática, é um dos
esportes mais difundidos no Brasil, sendo jogado por mais de 12 milhões de brasileiros,
segundo dados da Confederação Brasileira de Futebol de Salão – CBFs (RIBEIRO e
COSTA 2006).
É evidente que para muitos autores a flexibilidade é importante para todos, desde
atletas, passando pelos praticantes de atividades regulares até os indivíduos sedentários.
A flexibilidade é muito exigida nos gestos esportivos, estando ligada a melhoria da
performance, mas também existe a necessidade de um bom nível de flexibilidade para
as atividades diárias sem um maior esforço.
Com isso, o objetivo do presente estudo é avaliar e comparar a flexibilidade de
praticantes de Handebol e Futsal, levando em consideração que os praticantes de
Handebol utilizam mais os membros superiores que praticantes de Futsal, porém ao
mesmo tempo, praticantes de Futsal utilizam mais os membros inferiores que
praticantes de Handebol. A idéia é constatar se existe diferença significativa no nível de
flexibilidade em praticantes dessas duas modalidades.
Materiais e Métodos
A amostra contou com dois grupos, G1 = 16 praticantes de handebol do sexo
feminino, com idade média de 13,31 + 1,25 anos; e G2 = 21 praticantes de futsal do
sexo masculino, com idade média de 13,03 + 1,02 anos. Os dois grupos têm a mesma
freqüência semanal de treinamento, três vezes.
Nesse estudo, a forma de avaliar a flexibilidade foi por meio do flexiteste
adaptado, proposto por Monteiro e Farinatti (apud Fernandes, 1998). Os seguintes
procedimentos foram adotados para a realização do teste:
- 1º passo: foi providenciado o material necessário para a realização
do teste. Neste caso, um colchonete foi utilizado.
6 - 2º passo: sem realizar aquecimento, executou-se o protocolo
procurando avaliar a flexibilidade articular, de forma passiva
máxima, através de 08 movimentos, no lado direito do corpo, nas
articulações do quadril, tronco e ombro, onde o avaliador
movimentou o seguimento avaliado até o seu limite, comparando-o
seguidamente o grau de amplitude de movimento ao gabarito de
avaliação, dando o conceito relativo ao movimento que mais se
aproxima do gabarito. Cada movimento foi retratado em gradações
que variam de 0 a 4, perfazendo um total de cinco valores possíveis
de classificação. Somente números inteiros foram atribuídos aos
resultados, de forma que as amplitudes de movimentos intermediários
entre duas gradações são sempre consideradas pelo valor inferior. Os
movimentos foram feitos lentamente a partir da posição demonstrada
no desenho (usualmente 0), indo até o ponto de aparecimento de dor
ou grande restrição mecânica do movimento.
A seguir temos uma breve descrição dos movimentos articulares do flexiteste
adaptado:
1) Flexão do quadril: deitado em decúbito dorsal, com os braços
colocados naturalmente acima da cabeça, perna esquerda estendida e
direita flexionada, tentando colocar a coxa sobre o tórax.
2) Extensão do quadril: deitado em decúbito ventral, com os braços
estendidos naturalmente à frente do corpo e com o joelho direito
fletido.
3) Abdução do quadril: deitado em decúbito lateral esquerdo, mantendo
os braços estendidos naturalmente acima da cabeça. A perna esquerda
deve estar totalmente estendida e a direita semi-fletida, fazendo um
ângulo reto entre a coxa e a perna, mantendo ainda o pé em uma
posição natural.
4) Flexão do tronco: deitado em decúbito dorsal, com os quadris
encostados a uma parede e as pernas completamente estendidas,
assumindo um ângulo reto com o tronco. As mãos devem estar
entrelaçadas na altura da nuca.
7 5) Flexão lateral do tronco: deitado em decúbito ventral, com ambas as
pernas estendidas e as mãos entrelaçadas na nuca.
6) Extensão + Adução posterior do ombro: deitado em decúbito ventral,
com as pernas estendidas e os braços abduzidos e estendidos, com as
palmas das mãos voltadas para o solo.
7) Adução posterior à partir da abdução de 180º no ombro: em pé, com
o tórax colocado contra uma parede e o braço direito em adução
posterior a partir da abdução de 180º no ombro.
8) Extensão posterior do ombro: a mesma do movimento extensão +
adução posterior do ombro, mas os braços não são abduzidos.
Para a análise estatística, foram utilizados, a Análise Descritiva e Teste t student
não-pareado, com o intuito de verificar se há diferença no nível de flexibilidade dos
grupos no geral, e em cada movimento do Flexiteste adaptado utilizado. O nível de
significância adotado foi de p < 0,05.
Resultados e Discussão
De acordo com o quadro abaixo, avaliou-se o nível de flexibilidade
musculoesquelética.
Pontuação
Classificação
< 09
Nível de flexibilidade muito pequeno (ancilose)
09 – 12
Nível de flexibilidade pequeno
13 – 16
Nível de flexibilidade médio negativo
17 – 20
Nível de flexibilidade médio positivo
21 – 24
Nível de flexibilidade grande
>24
Nível de flexibilidade muito grande (hipermobilidade)
(FERNANDES, 1998).
Quadro 1: Normas de classificação (do somatório) do nível de flexibilidade.
8 Os resultados do teste do grupo 1 (atletas de handebol) estudados são mostrados
no quadro 2.
Sujeitos M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 Somatório
Classificação
1
2
2
2
1
3
2
2
2
16
Médio Negativo
2
2
2
3
2
2
3
3
2
19
Médio Positivo
3
2
1
3
2
3
1
2
2
16
Médio Negativo
4
3
2
3
3
3
3
2
2
21
Grande
5
4
3
3
4
3
3
3
2
25
Muito Grande
6
3
3
1
2
3
2
2
2
18
Médio Positivo
7
3
2
3
3
3
2
3
2
21
Grande
8
3
2
3
3
2
2
3
2
20
Médio Positivo
9
2
2
3
2
3
1
2
2
17
Médio Positivo
10
2
2
3
2
3
2
2
2
18
Médio Positivo
11
4
2
3
2
2
1
2
2
18
Médio Positivo
12
3
2
2
2
2
3
3
2
19
Médio Positivo
13
3
2
2
2
3
2
2
2
18
Médio Positivo
14
2
2
1
2
2
2
1
2
14
Médio Negativo
15
2
2
2
3
2
1
2
1
15
Médio Negativo
16
3
2
2
2
3
3
3
2
20
Médio Positivo
Legenda: M1 – Flexão do Quadril; M2 – Extensão do Quadril; M3 – Abdução do Quadril;
M4 – Flexão do Tronco; M5 – Flexão Lateral do Tronco; M6 – Extensão + Abdução Posterior do
Ombro; M7 – Adução Posterior à partir da Abdução de 180º no Ombro; M8 – Extensão Posterior
do Ombro.
Quadro 2: Teste do Nível de flexibilidade do G1 (Handebol).
Como se pode observar no Quadro 2, os sujeitos 4, 5 e 7 apresentaram maior
nível de flexibilidade quando comparados com os indivíduos do seu grupo. A média do
nível de classificação da flexibilidade obtida pelo grupo foi de 18,44 + 1,25;
classificado então no nível Médio Positivo.
9 Já no Quadro 3, exibido a seguir, estão expostos os resultados do teste do G2
(Futsal) estudados.
Sujeitos M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 Somatório
Classificação
1
3
2
2
2
2
2
1
1
15
Médio Negativo
2
2
2
2
3
2
1
2
2
16
Médio Negativo
3
3
2
4
2
3
1
1
1
17
Médio Positivo
4
2
3
2
2
3
2
1
2
17
Médio Positivo
5
4
2
2
3
1
1
2
1
16
Médio Negativo
6
2
2
3
3
2
2
1
1
16
Médio Negativo
7
3
3
3
2
2
3
2
2
20
Médio Positivo
8
2
3
2
2
3
3
3
3
21
Grande
9
3
3
2
2
4
2
1
2
19
Médio Positivo
10
2
2
3
2
3
3
2
1
18
Médio Positivo
11
2
3
2
2
4
2
2
2
19
Médio Positivo
12
3
3
2
2
3
1
2
2
18
Médio Positivo
13
2
1
2
3
3
2
1
2
16
Médio Negativo
14
2
2
3
2
3
3
2
2
19
Médio Positivo
15
3
3
1
2
3
2
2
2
18
Médio Positivo
16
2
2
2
3
3
1
1
1
15
Médio Negativo
17
3
2
3
3
2
1
3
1
18
Médio Positivo
18
2
1
1
1
3
3
3i
3
17
Médio Positivo
19
2
1
2
2
3
1
1
1
13
Médio Negativo
20
2
2
1
2
1
2
2
2
14
Médio Negativo
21
4
2
4
2
3
1
2
1
19
Médio Positivo
Legenda: M1 – Flexão do Quadril; M2 – Extensão do Quadril; M3 – Abdução do Quadril; M4 – Flexão do
Tronco; M5 – Flexão Lateral do Tronco; M6 – Extensão + Abdução Posterior do Ombro; M7 – Adução
Posterior a partir da Abdução de 180º no Ombro; M8 – Extensão Posterior do Ombro.
Quadro 3: Teste do Nível de flexibilidade do grupo 2 (atletas de futsal).
10 Pode-se observar no Quadro 3 que os sujeitos 8, apresentou maior nível de
flexibilidade quando comparados aos indivíduos do seu grupo. A média do nível de
flexibilidade obtida pelo grupo foi de 17,19 + 1,02; classificado no nível Médio
Positivo.
A tabela abaixo mostra a freqüência dos indivíduos do G1 (Handebol) nos
diferentes níveis de classificação da flexibilidade.
Classificação
Número de sujeitos
Freqüência (%)
Muito pequeno
0
0
Pequeno
0
0
Médio Negativo
4
25
Médio Positivo
9
56,25
Grande
2
12,50
Muito Grande
1
6,25
Tabela 1: Classificação do nível de flexibilidade do G1.
Conforme a tabela 1 mais da metade dos sujeitos do G1 (56,25%) está no nível
de flexibilidade médio positivo.
Já a tabela 2, logo abaixo, mostra a freqüência dos indivíduos do G2 (Futsal) nos
possíveis níveis de classificação da flexibilidade.
Classificação
Número de sujeitos
Freqüência (%)
Muito pequeno
0
0
Pequeno
0
0
Médio Negativo
8
38,09
Médio Positivo
12
57,14
Grande
1
4,77
Muito Grande
0
0
Tabela 2: Classificação do nível de flexibilidade do G2.
De acordo com a tabela 2, mais da metade dos sujeitos do G2 (57,14%) está no
nível de flexibilidade médio positivo.
11 A tabela abaixo expõe as médias e desvios-padrão, bem como os níveis de
significância, de cada movimento avaliado no teste, dos grupos avaliados.
Movimentos
G1 (Handebol)
G2 (Futsal)
p
M1
2,75 + 0,77
2,57 + 0,67
0,45
M2
2,13 + 0,50
2,19 + 0,69
0,76
M3
2,50 + 0,81
2,33 + 0,85
0,51
M4
2,31 + 0,70
2,24 + 0,54
0,72
M5
2,63 + 0,50
2,67 + 0,79
0,85
M6
2,06 + 0,77
1,86 + 0,79
0,44
M7
2,31 + 0,61
1,76 + 0,70
0,02*
M8
1,94 + 0,35
1,67 + 0,66
0,11
Legenda: M1 – Flexão do Quadril; M2 – Extensão do Quadril; M3 – Abdução do Quadril; M4 – Flexão
do Tronco; M5 – Flexão Lateral do Tronco; M6 – Extensão + Abdução Posterior do Ombro;
M7 – Adução Posterior à partir da Abdução de 180º no Ombro; M8 – Extensão Posterior do Ombro.
*p < 0,05
Tabela 3: Médias, desvios-padrão e níveis de significância obtidos de cada movimento estudado.
As médias e desvios-padrão dos grupos G1 (Handebol) e G2 (Futsal) são,
respectivamente, 18,44 + 2,68 e 17,19 + 2,02. E o nível de significância encontrado foi
de [p=0,11]. Logo não existe diferença estatisticamente significativa entre os dois
grupos. Porém, no movimento de adução posterior do ombro a partir da adução de 180º
no ombro (M7), onde a média e desvio-padrão do G1 = 2,31 + 0,61; e do G2 = 1,76 +
0,70; o nível de significância encontrado foi de [p=0,02] havendo então uma diferença
estatisticamente significativa, estando o G1 mais flexível que o G2, nesse movimento
especificamente.
Quando se utiliza um teste para solicitar fundamentalmente a participação da
flexibilidade dos avaliados devemos considerar alguns fatores que podem afetar nos
resultados obtidos, como hábitos de vida, tipo de treinamento e temperatura ambiente
(ECKERT, 1993).
12 Coelho e Araújo (2000) procuraram relacionar ganhos de flexibilidade em
programa de exercícios físicos supervisionados (PES) com eventuais facilitações na
realização de ações cotidianas, contaram com uma amostra de 20 indivíduos (15
homens e 5 mulheres) com idade média de 58 + 9 anos. Utilizando o Flexiteste de 20
movimentos, puderam concluir que após o PES houveram ganhos significativos na
flexibilidade global dos indivíduos estudados.
Okano et. al. (2001) utilizando o teste de “sentar-e-alcançar”, contaram com uma
amostra de 103 indivíduos pré-púberes divididos em dois grupos etários G1 = 8 e 9 anos
e G2 = 10 e 11 anos. A partir daí, cada grupo foi subdividido em relação ao sexo e etnia
(negros e brancos). No fim da pesquisa, puderam concluir que não foram verificadas
diferenças estatisticamente significantes entre os grupos estudados.
Em estudo, Silva et. al. (2005) utilizando um protocolo diferente do Flexiteste,
um conjunto de 8 provas a incidir sobre várias estruturas articulares, contaram com uma
amostra de 52 adolescentes, sendo 24 do sexo masculino com idade média de 16,04 +
0,78 anos; e 28 do sexo feminino com idade média de 16,02 + 0,69 anos. Eles afirmam
que não é conclusivo que as meninas sejam mais flexíveis que os meninos, como grande
parte da literatura expõe.
Em estudo similar Souza (2007), utilizando o Flexiteste proposto por Pável &
Araújo 1987 apud Fernandes (1998) com adaptações, dividiu em dois grupos a sua
amostra, onde G1 = Goleiros de Handebol (n=12) e G2 = Indivíduos sedentários (n=20),
pode constatar que houve diferença estatisticamente significativa no nível de
flexibilidade avaliado entre os dois grupos, de modo que o G1 encontrava-se mais
flexível que o G2. Podendo então relacionar a atividade física com o ganho de
flexibilidade.
Indivíduos do sexo feminino são mais flexíveis pela maior capacidade de
estiramento e elasticidade da musculatura e de seus tecidos conectivos (WEINECK,
1991), porém não é o que podemos perceber de maneira estatisticamente significativa
em nosso estudo, nos dois grupos estudados.
13 Apesar de o razoável consenso de que os índices de flexibilidade dos indivíduos
do sexo feminino comparados com os do sexo masculino, em todas as idades sejam
maiores, em alguns estudos nem sempre se verifica tal diferença (SILVA E CRUZ,
2000). Pode-se observar tal semelhança em nosso estudo e em alguns outros estudos
encontrados com a mesma tendência.
Embora as referências bibliográficas exponham que indivíduos do sexo feminino
sejam mais flexíveis que indivíduos do sexo masculino, alguns autores vêm provando
em estudos que essa diferença não é estatisticamente significante, o que abre um novo
espaço para pesquisas.
Coelho e Araújo (2000), Souza (2007) provaram em seus estudos que
independente do sexo dos indivíduos a atividade física supervisionada previne a perca e
promove ganhos nos níveis de flexibilidade. Podendo concluir isso também em nosso
estudo, pois os dois grupos estudados foram de praticantes de alguma atividade física,
onde G1 = Meninas e G2 = Meninos, e no geral não houve diferença estatisticamente
significativa no nível de flexibilidade.
Conclusão
Pode-se concluir através da pesquisa realizada que a flexibilidade é um
importante componente da aptidão física na vida de indivíduos praticantes de Handebol
e Futsal nos seus gestos esportivos dentro de jogos e treinos, diminuindo o risco de
lesões, mas também verificamos que a flexibilidade é importante para as atividades
diárias, sem maiores esforços, para indivíduos sedentários.
Com a pesquisa aplicada podemos constatar que não houve diferença
estatisticamente significativa no nível de flexibilidade entre os dois grupos avaliados, ou
seja, a visão que tínhamos antes da aplicação da pesquisa de que meninas que praticam
handebol poderiam ser mais flexíveis que meninos que praticam futsal, levando em
consideração os membros que cada grupo utiliza de maneira mais requisitada dentro de
sua modalidade, não se fundamenta teoricamente.
14 Porém ao mesmo tempo podemos observar que a atividade física promove
manutenção ou ganhos nos níveis de flexibilidade, por outro lado o sedentarismo
dificulta todo esse processo.
Todas as pesquisas realizadas abrem um leque para novas discussões e aplicação
de novos estudos para a verificação dos níveis de flexibilidade entre meninos e meninas,
ou praticantes de atividades físicas e sedentários, com o intuito de provar que a
flexibilidade contribui nos gestos esportivos e atividades diárias.
Por fim, o objetivo do presente estudo foi verificar se existia diferença
significativa entre praticantes de handebol e futsal, levando em consideração que no
handebol utiliza-se de maneira mais intensa os membros superiores do que no futsal,
porém ao mesmo tempo no futsal utiliza-se de maneira mais intensa os membros
inferiores do que no handebol. Com a pesquisa aplicada, não houve diferença
estatisticamente significativa nos níveis de flexibilidade dos dois grupos estudados, a
não ser em um único movimento do protocolo utilizado, o de adução posterior do ombro
a partir da adução de 180º no ombro (M7), onde a média e desvio-padrão do G1 = 2,31
+ 0,61; e do G2 = 1,76 + 0,70; o nível de significância encontrado foi de [p=0,02]
havendo então uma diferença estatisticamente significativa, estando o G1 mais flexível
que o G2.
15 Referências
1. ALMEIDA, A. F. P. L. de. O desenvolvimento do handebol no Brasil e nos
jogos olímpicos. Revista ação e movimento: educação física e desportos. Vol. 1 nº.4.
Setembro/Outubro 2004.
2. ALTER, M. J. Ciência da flexibilidade. 2ª Ed. Porto Alegre: Artmed Editora,
1999.
3. BLANKE, D. Segredos em Medicina Desportiva. Porto Alegre, Artes
Médicas, 1997.
4. BOMPA, T. O. Treinamento total para jovens campeões. Revisão
Científica de Aylton J. Figueira Jr. Barueri: Manole, 2002.
5. COELHO, C. W; ARAÚJO C. G. S. Relação entre aumento da
flexibilidade e facilitações na execução de ações cotidianas em adultos
participantes de programa de exercício supervisionado. Rev. Bras. de
Cineantropometria & Desempenho Humano. Vol. 2 nº 1. 2000.
6. Confederação Brasileira de Futsal, Disponível em:
<http://www.futsaldobrasil.com.br/2009/cbfs/federacoes.php> Acesso em 2 de março
de 2011.
7. DANTAS, E. H. M; SOARES J. S. Flexibilidade aplicada ao personal
training. Rev. Fitness & Performace, Vol. 1 nº 0, Rio de Janeiro, Set/Dez, 2001.
8. ECKERT, H. M. Desenvolvimento Motor. São Paulo: Manole, 1993.
9. FARINATTI, P. T. V. Flexibilidade e esporte: uma revisão de literatura.
Ver. Paul. Educ. Física, São Paulo: Jan/Jun, 2000.
10. FERNANDES, J. F. Avaliação Física. Ribeirão Preto: Vermelhinho,
1998.
11. GALLAHUE D. L; OZMUN J. C. Compreendendo o desenvolvimento
motor – bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte Editora, 2005
16 12. HEYWARD, V. Avaliação Física e Prescrição de Exercícios: técnicas
avançadas. 4ª ed, Porto Alegre: Artmed, 2004.
13. OKANO A. H; ALTIMARI L. R; DODERO S. R; COELHO C. F;
ALMEIDA P. B. L; CYRYNO E.S. Comparação entre o desempenho motor de
crianças de diferentes sexos e grupos étnicos. Rev. Bras. Ciê. e Mov. Vol. 9 nº3,
Brasília, Julho, 2001.
14. RIBEIRO R. N; COSTA L. O. P. Análise epidemiológica de lesões no
futebol de salão durante o campeonato brasileiro de seleções sub-20. Rev. Bras.
Med. Esporte, 2006.
15. RODRIGUES, T. L. Flexibilidade e Alongamento. Rio de Janeiro: Sprint,
1986.
16. SANDOVAL A. E. P. Medicina del deporte y ciências aplicadas al alto
rendimento y la salud. Caxias do Sul: EDUCS, 2002.
17. SILVA D. J. L; SANTOS J. A. R; OLIVEIRA B. M. P. M. A flexibilidade
em adolescentes – um contributo para a avaliação global. Rev. Bras. de
Cineantropometria & Desempenho Humano, Setembro de 2005.
18. SILVA D. J. L; CRUZ J. C; Aptidão física dos alunos da Escola
Secundária de Barcelinhos – Comparação Meninos - Meninas. Rev. Schola, 2000.
19. SOUZA D. R; MAYOLINO R. B. Estudo comparativo dos níveis de
flexibilidade em goleiros de handebol e indivíduos sedentários. Trabalho de
conclusão de curso, Universidade Católica de Brasília, 2007.
20. WEINECK J. Biologia do Esporte. São Paulo: Editora Manole; 1991.
Download

Diogo Oliveira Gomes de Lima - Universidade Católica de Brasília