A - UTI - E A BATALHA DO RIACHUELO Com todos os percalços inerentes à minha existência e já com 13 stents, no dia 10 de junho acordei às 4 horas da manhã com fortes dores no peito, fui internado na UTI da Santa Casa de Barretos para observação. Santa Casa de Barretos (Stent é uma endoprótese expansível, caracterizada como um tubo perfurado que é inserido em uma artéria do nosso corpo para prevenir ou impedir a constrição do fluxo no local causada por entupimento das artérias). Stent coronário Na UTI, travei uma verdadeira batalha interna para ficar calmo diante da “algazarra sonora” que na lá acontecia. Antes, havia presenciado uma conversa entre dois médicos onde um dizia ao outro da necessidade de piso emborrachado na UTI. UTI O que me deixou mais indignado e não suportando o barulho, chamei o médico e disse-lhe: “que ali mais parecia um “boteco” do que uma Unidade de Tratamento Intensivo”. Como resposta ouvi do medico o seguinte: “Você não sabe, na UTI é assim mesmo!”. Caro médico, já fiquei internado por uma semana na UTI do INCOR em São José do Rio Preto quando enfartei e não é assim não. Existe respeito dos médicos e enfermeiras com os pacientes que lá estavam em busca de um lenitivo e em situação muito pior do que a minha. Diante da resposta insensível do médico, solicitei que queria alta imediata e que assinaria a documentação necessária assumindo todos os riscos relativos ao pedido de alta. Então me ofereceram um local onde haveria silêncio, mas não aceitei. Enquanto aguardava a liberação, procurei mudar o meu pensamento e lembrei das aulas de história da mestra Chamissi. Veio na memória a Batalha Naval do Riachuelo*, travada em 11 de junho de 1865 às margens do arroio Riachuelo, um afluente do rio Paraguai, na província de Corrientes, na Argentina. Nesta mesma data, no dia seguinte, 11 de junho, completaria 62 anos de vida e 36 de casado com Madelene. Tivemos quatro filhos: João Batista (engenheiro), Denise (publicitária), Ricardo (veterinário) e Gustavo (médico), uma neta Luísa, um neto Pedro e Rafael que está com a chegada prevista para o início de agosto. Um pouco de história e canja de galinha não faz mal a ninguém: A Batalha do Riachuelo é considerada pelos historiadores militares como uma das mais importantes batalhas da Guerra do Paraguai (1864-1870). Os paraguaios sob o comando do Capitão-de-Fragata Pedro Inácio Mezza, com uma esquadra de oito navios (36 canhões) e a esquadra brasileira nove navios (59 canhões) tendo como Chefe-de-Divisão Francisco Manuel Barroso da Silva, (Almirante Barroso, depois Barão do Amazonas) após renhido combate, derrotou a força naval paraguaia, expulsando-os das terras do Brasil e da Argentina. O combate durou aproximadamente 8 horas, e foi sustentado de um e outro lado com rara bravura. No início do conflito, as tropas paraguaias já haviam ocupado áreas da Província do Mato Grosso, e da República da Argentina. Se vencessem a Batalha do Riachuelo, poderiam navegar livremente pelo rio Paraguai, descer o rio Paraná, conquistar Montevidéu no Uruguai e, de lá, ocupar a então Província do Rio Grande do Sul. Formar-se-ia assim o Grande Paraguai, que se abriria ao comércio atlântico com as demais nações. Local da Batalha do Riachuelo http://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_Naval_do_Riachuelo Naval Battle of Riachuelo (detail) by Victor Meireles - Fine Arts Museum (Brazil) Batalha Naval do Riachuelo - Victor Meirelles de Lima Fonte: http://www.expodigital.com.br/obras/batalhanavalriachuelo.htm Comissionado pelo Ministro da Marinha Afonso Celso, Victor Meirelles segue em 1868 para o teatro de guerra no Paraguai, montando seu ateliê a bordo do capitânia da esquadra, Brasil, onde trabalhou durante dois meses em croquis e esboços. Novamente no Rio executa, no Convento de Santo Antônio, Combate de Riachuelo e Passagem de Humaitá. O Paraguai não tinha uma saída direta para o mar, uma vez que a bacia estava em mãos da Argentina e do Uruguai. O país que controlasse a navegação de seus rios, mas principalmente a sua foz, controlaria o interior do território e a sua economia. Por essa razão, as fortificações mais importantes do Paraguai tinham sido erguidas nas margens do baixo curso do rio Paraguai. A vitória foi decisiva para a Tríplice Aliança, que passou a controlar, a partir de então, os rios da bacia platina até à fronteira com o Paraguai. Ficaram famosas na História Militar Brasileira as mensagens transmitidas às embarcações brasileiras pelo Almirante Barroso, através da sinalização de bandeiras: “O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever!” e “Sustentar o fogo, que a vitória é nossa!” Batalha Naval do Riachuelo: momento decisivo, quando Almirante Barroso põe a pique o Jejui (aquarela do Almirante Trajano Augusto de Carvalho). Navios Brasileiros Amazonas Belmonte Iguatemi Jequitinhonha Parnaíba Beberibe Araguari Ipiranga Mearim Total = 216 Mortos 13 9 1 8 33 5 2 1 2 74 Feridos 13 23 6 33 29 19 5 6 8 142 Fonte: http://www.almanaque.cnt.br/riachuelo.htm O inimigo teve fora de combate, a bordo, entre mortos, feridos, afogados, comprimidos pelos costados dos navios e prisioneiros, 1.500 praças, aproximadamente; Em terra, Bruguez perdeu 1.750, o tudo perfaz 3.250; mais elevada foi, entretanto, a estimativa de inteligentes oficiais prisioneiros”. - Dr. Pires de Almeida • * Dicionário das Batalhas Brasileiras. São Paulo: Editora Ibrasa, 1987.- Donato, Hernâni • ** Maldita Guerra: Nova História da Guerra do Paraguai. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.- Doratioto, Francisco Fernando Monteoliva Luiz Antonio Batista da Rocha – Eng. Civil Consultor em Recursos Hídricos – Auditor Ambiental [email protected] – www.outorga.com.br