Programa nº 1
ANTENA 1 – 9.Set.06 – 13:07
TEXTO GRAFADO COM INTENÇÃO DE LEITURA RADIOFÓNICA.
00:25
GEN. Abert.
Faixa
1
Para MANTER durante o Texto até à próxima CORTINA
00:10
Library
JNM – Saúdo em primeiro lugar os Ouvintes das sete Estações de Rádio do Serviço Público, cujos interesses me cabe
representar durante este mandato como Provedor do Ouvinte.
Mas quero saudar também todos os meus Colegas de tantos anos, a quem, neste exercício, irei endereçar
primordialmente, até Abril de 2008, as minhas reflexões e recomendações.
O Professor Doutor Paquete de Oliveira, meu Colega Provedor do Telespectador do Serviço Público de Televisão,
redigiu comigo um Estatuto dos Provedores que, com a Lei 2 de 2006, constituem os textos fundamentais para o
nosso trabalho.
Vamos relembrar alguns pontos essenciais desses textos.
Isabel Bernardo!
I B – Depois de terem sido convidados, os Provedores foram apresentados à validação do Conselho de Opinião, que é outro
órgão autónomo da RTP, SGPS dedicado à análise do cumprimento dos Serviços Públicos de Rádio e de Televisão.
Só depois disso foram investidos nas suas funções.
E não obstante serem indigitados, nomeados e pagos pela Rádio e Televisão de Portugal (na qual se integram todas as
Estações do Serviço Público), ambos os Provedores dispõem de um estatuto de completa independência relativamente
à estrutura da Empresa. Ao ponto de não poderem ser substituídos durante o seu mandato, a não ser pela sua própria
vontade ou por declarada incapacidade física.
JNM – A Rádio e Televisão de Portugal criou o novo Gabinete dos Provedores, com as condições adequadas para que o
nosso desempenho possa ser eficaz. Viriato Teles !
Programa nº 1
TEXTO GRAFADO COM INTENÇÃO DE LEITURA RADIOFÓNICA.
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V T – O Gabinete, onde trabalham o Provedor do Ouvinte e o Provedor do Telespectador, é constituído por uma reduzida
estrutura de 6 pessoas, que acolhe, classifica e trata, uma por uma, todas as mensagens que nos chegam de
Telespectadores e de Ouvintes.
I B – Por exemplo: este Programa que está a ouvir e que se produz semanalmente com conteúdos assegurados no Gabinete
dos Provedores (sendo gravado nas instalações da Empresa) é transmitido por todas as Estações do Grupo
Radiodifusão Portuguesa.
JNM – Isabel Bernardo e o Jornalista Viriato Teles são dois Profissionais independentes que me ajudam na produção de
“Em Nome do Ouvinte”.
5
A
Em Nome ... - Prg do ProvOuv
00:09
V T – O Provedor do Ouvinte começou a receber reclamações e sugestões logo que, passada a fase de instalação do
Gabinete, foram anunciados os modos de contacto á disposição dos Ouvintes das Estações da RDP.
I B – Por exemplo, para escrever uma mensagem ao seu Provedor, o Ouvinte pode simplesmente enviar uma Carta pelo
Correio.
4
B
Carta
00:13
JNM – Hoje, já neste Programa, vou apresentar casos que considerei oportunos e interessantes, como exemplos de queixas
que me chegaram e que entendo dever tratar “Em Nome do Ouvinte”.
Vamos à primeira reclamação que escolhi…
23
A
Faixa
O Prg do ProvOuv … É Feito Em Nome…
2
00:07
Para MANTER durante os Textos até à próxima CORTINA
00:10
Programa nº 1
TEXTO GRAFADO COM INTENÇÃO DE LEITURA RADIOFÓNICA.
3
I B – A Ouvinte Susana Nunes, que é – ela própria - Jornalista, escreveu ao Provedor, depois de ter ouvido, na manhã do
dia 28 de Agosto, na Antena 1, uma Reportagem intitulada “A Guerra Pela Paz”.
Foi um trabalho de 13 minutos, realizado pelo Jornalista Paulo Nuno Vicente após uma viagem efectuada a território
libanês, poucos dias depois do cessar-fogo, que agora relembramos em 3 pequenos excertos.
Excertos 1
REPORT.
Junção dos Excertos (com Misturas) 0:38-0:58 + 2:00-2:32 + 13:07-13:27
01:12
V T – No seu e-mail a Ouvinte afirma ter ficado chocada pela forma simpática como a Reportagem do Jornalista da RDP
apresenta o Hezzbolah, considerando que a Reportagem caracteriza essa Organização como um movimento de
resistência; o que assinala como sendo grave, já que aos olhos da comunidade internacional – de novo segundo a
Ouvinte Susana Nunes - o Hezzbolah é um movimento terrorista puro e duro.
I B – A Ouvinte afirma ainda que a Reportagem diaboliza Israel.
E embora considerando que as breves entrevistas apresentadas pelo Jornalista ao longo do trabalho são, no seu
entendimento, normais, escreve ainda que no texto que serve de fio condutor à Reportagem, o Jornalista vai lançando
farpas aos israelitas.
V T – A Ouvinte estende depois o seu juízo à generalidade da Comunicação social portuguesa, insurgindo-se contra a gota
de água que esta Reportagem terá sido, relativamente a uma cobertura do conflito que – segundo diz - na Rádio
Pública, foi parcial e claramente pró Hezzbolah …
JNM – Eu entendi que seria oportuno solicitar um depoimento directo à Ouvinte Susana Nunes. Não foi fácil, a Ouvinte
reside em Paris, onde trabalha… mas aqui estão – de viva voz e em síntese - os seus esclarecimentos, que lhe pedi
quanto à apreciação que faz do trabalho do Repórter, mas também, especificamente, quanto ao seu juízo acerca do
trabalho mais genérico da Informação da RDP, no que respeita à cobertura dos 33 dias do conflito.
Depoimento
2
OUVINTE
Susana Nunes
01:07
Programa nº 1
TEXTO GRAFADO COM INTENÇÃO DE LEITURA RADIOFÓNICA.
4
JNM – São graves as considerações que a Ouvinte Susana Nunes produz acerca do Jornalismo da Antena Um. E até,
sobre a generalidade da Comunicação social portuguesa…
Perante tais acusações, era importante pedir um comentário de esclarecimento e de defesa, ao responsável máximo
pela Informação da RDP.
Solicitei ao dr. João Barreiros que se pronunciasse brevemente sobre
a) o modo como foi anunciado aos Ouvintes este trabalho do Jornalista Paulo Nuno Vicente ;
b) se, acerca do mesmo conflito, o mesmo Jornalista produziu algum outro trabalho acerca do outro lado da
fronteira da guerra e quando;
c) a caracterização global da cobertura do conflito israelo-libanês pela Informação da RDP.
Aqui está o depoimento do dr. João Barreiros, Director de Informação da RDP.
Depoimento
DIR. INFO
3
00:58
João Barreiros
V T – Este foi o depoimento de João Barreiros, Director de Informação da RDP, solicitado pelo Provedor.
25
A
Assim … O Prov Considera…
- MANTÉM SOB O TEXTO SEG. !
00:05
JNM – O tema proposto pela Ouvinte Susana Nunes é muito interessante e porventura tem que ver com o modo como se
ouve a Rádio.
No seu protesto, a Ouvinte parece-me prejudicada por uma das características da Comunicação radiofónica…
Num livro importante, publicado em 99 em Coimbra, pela Editora Minerva, o Jornalista brasileiro e Doutor em
Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa, Eduardo Meditsch refere-se à incerta atenção do Ouvinte e á
condição fugitiva da impressão auditiva, como aspectos que condicionam a correcta apreensão de todo o texto, ou
aplicando-se a este caso, do Programa de Rádio: diz ele que a não permanência do enunciado representa um desafio
para a comunicação radiofónica.
Programa nº 1
TEXTO GRAFADO COM INTENÇÃO DE LEITURA RADIOFÓNICA.
5
E creio que aqui aconteceu um pouco isso: o Ouvinte prepara-se para ouvir uma coisa e escuta outra, e á medida em
que o Programa transcorre ouve um testemunho traduzido e pode confundi-lo com a opinião do Repórter.
Devo dizer que, sob o ponto de vista radiofónico a Peça está tecnicamente bem organizada e depois bem produzida,
pelo Jornalista Paulo Nuno Vicente.
O trabalho foi efectuado a partir de uma ocasião de reportagem no Líbano e, como talvez pretendesse a Ouvinte,
deveria conter o confronto de opiniões favoráveis e desfavoráveis acerca do Hezzbolah.
Mas, salvo melhor opinião, se assim fosse o Jornalista partiria de um pressuposto incorrecto.
Se em vez de se limitar a justapor na pequena peça, aquela série de testemunhos de libaneses, ele tivesse emitido as
suas próprias opiniões pessoais, para – por exemplo -procurar redefinir a classificação do Hezzbolah, nem lhe
sobraria o tempo para retratar aquilo que viu, nem cumpriria a sua função de Repórter.
Procurar saber o que estava a acontecer com as pessoas, em diversos cenários – depois de 33 dias de guerra violenta,
naquele lado do conflito (e apenas naquele lado do conflito), conjuntamente com o retrato da acção humanitária
internacional era, efectivamente, o eixo desta Reportagem e deste trabalho radiofónico. E fora assim que ele fora
anunciado ao Público, disso não me restam dúvidas, porque eu próprio ouvi as Promoções.
Por isso, neste caso, o texto de ligação é tão mitigado e, em boa verdade se limita a ser pouco mais do que factual.
E sendo, no entanto, certo que, neste caso, logo no início da sua edição, provando as suas dúvidas, o próprio Jornalista
se interrogava:
Excertos 2
REPORT.
Excerto 0:44-0:52 Voltará o Hezzbolah aos Katiusha disparados sobre o Norte de Israel? E voltará o exército israelita a invadir o Líbano?
00:09
JNM – O Director de Informação da RDP, João Barreiros afirma que nunca aquele trabalho foi previamente anunciado
aos Ouvintes, senão como um relato sobre um dos lados do terrível conflito.
E afirma ainda que durante a guerra, a Antena Um usou dispositivos que garantiram a completa cobertura dos factos
e das opiniões, dos dois lados.
Aliás, eu não recebi mais nenhuma reclamação sobre a eventual parcialidade da Antena Um, na Informação sobre
este conflito.
Programa nº 1
TEXTO GRAFADO COM INTENÇÃO DE LEITURA RADIOFÓNICA.
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Às vezes as Rádios não cuidam devidamente, do anúncio prévio, iterativo e inequívoco, daquilo que se tem para
mostrar. Às vezes também (por causa da tal condição fugitiva da impressão auditiva ou da audição distraída de que
falava Walter Benjamin), ao Ouvinte pode escapar a correcta interpretação da Peça que está a ouvir.
Mas nessa manhã, eu próprio ouvi diversos anúncios à Reportagem que iria ser passada, em termos adequados.
A verdade é que a Peça em questão apareceu isolada na Programação da Antena Um: nos minutos seguintes, ou no
espaço antecedente, a RDP não justapôs, a este trabalho de Paulo Vicente, nenhum outro, em que se proporcionasse
visão correspondente da frágil trégua, mas observada no campo contrário.
Seja como for, a Ouvinte sentiu-se traída na sua confiança relativamente à Estação que ouvia, naquela ocasião e não
noutra. Por isso escreveu ao Provedor.
E muito embora o pretexto não tenha sido, nem o melhor, nem o mais adequado, esta reclamação deve induzir à
permanente reflexão do Programador de Rádio e do Jornalista:
- a Rádio sempre possibilita pelo menos duas interpretações ao Ouvinte – aquela que é a nossa, ou a outra, que é
a dele.
Quanto às apreciações segundo as quais, a propósito deste caso, Susana Nunes se refere ao eventual branqueamento
sistemático e global da acção do Hezzbolah, entendo que não é correcto generalizar-se.
8
B
Faixa
3
Fax
00:12
Para MANTER durante o Texto até à próxima CORTINA
00:10
V T – Até agora, ao fim de praticamente 40 dias com canais de comunicação abertos, o Provedor recebeu cerca de 160
mensagens dos Ouvintes.
Programa nº 1
TEXTO GRAFADO COM INTENÇÃO DE LEITURA RADIOFÓNICA.
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I B – Dessas, três são fortemente críticas relativamente a um anterior desempenho profissional do Provedor do Ouvinte:
Paulo Manuel Oliveira Garcez e Gilberto Rua, do Porto e Amílcar da Cruz Ribeiro de Lisboa, recordam muito
negativamente a representação de José Nuno Martins, numa série de Programas de Debate e entretenimento
desportivo, realizada na Antena Um, entre Setembro de 2004 e Março de 2005.
JNM – Eu compreendo inteiramente a opinião dos Ouvintes: um ano e tal depois, eles não esqueceram as opiniões
contundentes, a linguagem agreste e agressiva, que se tornou tímbrica da primeira Série do Programa “Artistas da
Bola” e, em particular, do meu desempenho.
E ainda bem que, tendo terminado essa primeira Série com o final da Liga de 2004/2005, a nova direcção da Antena
Um decidiu não repetir a experiência…
“Os Novos Artistas da Bola” são hoje um equilibrado espaço de diálogo clubístico, aceso e divertido, entre
representantes dos mesmos Porto, Sporting e Benfica, mas num nível de intensidades totalmente diferente daquele
que – naquela altura - fora dramaturgicamente solicitado aos participantes do painel, no qual eu me integrava.
Se assim não fosse, se ali se mantivesse, com aquele mesmo registo de desempenho e ao serviço desse padrão de
Programa que fora estabelecido, naturalmente que nem esse Programa, nem o animador José Nuno Martins,
resistiriam hoje á decisão sancionatória de um Provedor do Ouvinte.
Por outro lado, parece claro que, no exercício das suas actuais funções, a este profissional cumpre respeitar, Em Nome
do Ouvinte, a mais definitiva isenção, na observação de todos os exageros que se verificam, seja em termos de
conteúdo, de expressão ou de quantidade, no que respeita á Programação das Estações do Serviço Público de Rádio.
Por isso não deixarei de voltar, como alguns Ouvintes me estão a sugerir, às questões do Desporto, em particular no
que se relaciona com a Programação da Antena Um.
Mas fica claro que aceito as reservas colocadas por estes três Ouvintes… Elas provam que nem o Provedor está imune
ao protesto dos seus Ouvintes
11
A
Se visitar o Portal RTP
00:12
Programa nº 1
TEXTO GRAFADO COM INTENÇÃO DE LEITURA RADIOFÓNICA.
8
V T – Apesar de todas as mensagens serem analisadas e terem resposta do Provedor do Ouvinte, nem todas as mensagens
serão publicadas “Em Nome do Ouvinte”.
I B – De entre todas as mensagens que vão chegando, o Provedor do Ouvinte ou escolhe aquelas que suscitam questões de
natureza mais abrangente no universo dos Ouvintes da RDP, ou selecciona temas que, por motivos circunstanciais ou
por razões de fundo, considera interessante trazer ao conhecimento da generalidade dos Ouvintes.
JNM – E todos os Ouvintes das sete Estações do Serviço Público têm o direito de aceder tanto aos casos genéricos, como
aos assuntos específicos que eu considerar apropriado tratar publicamente “Em Nome do Ouvinte”.
I B – Na próxima semana, nesta Estação da RDP, o Provedor pronuncia-se sobre as condições de recepção das Estações do
Serviço Público, em Portugal como no Estrangeiro, dando a palavra aos Ouvintes e ao Director de Engenharia e
Tecnologias da RTP.
2
GENÉRICO Final
00:25
Duração final – 19:29
©jnm, 2006
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JNM – Saúdo em primeiro lugar os Ouvintes das sete