PASTORAL AUTO AJUDA OU AJUDA DO ALTO Fiquei realmente impressionado ao ler estas palavras de Jesus: “o Filho do Homem não veio para destruir almas, mas para salvá-las”, (Evangelho de Lucas 9.56). Elas me fizeram lembrar o que eu nunca deveria ter esquecido, que Cristo é um promotor de reconstruções, é aquele que “não esmagará um galho que está quebrado, nem apagará a luz que já está fraca” (Livro do profeta de Isaías 42.3). É aquele que resgata e que desceu dos céus para nos trazer a mensagem da reconciliação. Para nos fazer saber que Deus quer que tenhamos comunhão com Ele; que o nosso lugar é em seus braços de amor. Uma das questões que tem me feito pensar nos últimos dias, diz respeito a qual a diferença essencial entre a mensagem do Evangelho e aquela que é pregada pelos “gurus” de autoajuda. Isto porque a mensagens destes é muito melhor do que a mensagem de muitos que se dizem “pregadores do evangelho”, mas que na verdade são porta-vozes de um moralismo demoníaco, que mais destrói almas do que promove libertação. Quem dera que os púlpitos de muitas das igrejas tradicionais fossem ocupados por gente simples que fale de perdão, compreensão e busca de paz interior e relacional. Seria muito mais sadio do que ficar ouvindo sobre maldição hereditária, e de dons extravagantes como manifestação de intimidade com Deus. Mas a questão é esta: qual a diferença entre Evangelho e auto-ajuda? Em que estas duas mensagens se tocam e em que elas se afastam? A primeira diferença é quase etimológica, a proposta da auto-ajuda é que você mesmo encontre um caminho para o seu crescimento e construção de sua felicidade. Já no Evangelho o que temos é Alto-ajuda, ou melhor, ajuda-doalto. É a crença na intervenção de Deus em nossas vidas, de que Ele e a comunhão com Ele nos conduzem ao encontro de um sentido pra vida, de uma razão para a existência e para os relacionamentos. Um motivo para termos esperança. Seja sincero, vendo a vida do ponto de vista ateu (ou mesmo agnóstico), a existência se torna um nada navegando no vazio. Como ter qualquer esperança se tudo é acidental, se todos os acontecimentos são regidos pelo todo-poderoso caos? E se não dá pra ter nem esperança como ter certeza (a não ser a da mais absoluta incerteza)? Aí é que entra a auto-ajuda e diz que você pode ser feliz, se você quiser de verdade, se você acreditar em seu potencial e em suas virtudes. Neste ponto o Evangelho diz: você não merece nem pode conquistar sozinho, mas aprouve ao Senhor lhe dar graciosamente. A felicidade e a paz não são o resultado de realizar a minha vontade e concretizar os meus planos. Está em crer na bondade do Senhor e em aceitar, pela fé, que a vontade de Dele sempre vigorará em minha vida e de que ela é o melhor para mim. Sentir conforto na vontade soberana do Altíssimo. Um outro ponto que eu creio ser importante destacar é que a auto-ajuda nunca é independente das intervenções motivacionais de livros, palestras, vídeos etc. Já a ajuda-doAlto vem sobre nós através destes elementos ou sem eles. O Altíssimo nos encontra, se revela a nós em qualquer circunstância e contexto. Às vezes o faz até contra a nossa vontade e nos surpreende quando menos esperamos. O Senhor é “enxerido”, Ele toma a iniciativa, se oferece a nós. Quer que o recebamos pelo simples fato de que Ele já nos aceitou do jeito que somos. E se quer que mudemos é para que sejamos mais felizes, mais inteiros, mais plenos. Mas eu acabei fazendo somente diferenciações entre os dois pontos e esqueci de dizer em que eles se tocam, são parecidos, o que eles têm em comum. Quanto a isso eu diria que ambos ajudam, ambos podem melhorar a sua qualidade de vida e fazê-lo mais leve e “pra-cima”. Contudo, lembre-se de que um faz você confiar em si mesmo, o outro faz você confiar em Deus; um te lança em tuas próprias mãos e exige de você que se retro-alimente, o outro convida você a beber nas fontes que jorram do trono do Pai; um depende de sua capacidade de acreditar nos seus sonhos, o outro te convida a ver a sua própria vida como um sonho de amor do teu Criador. Martorelli Dantas Com carinho, Pr Getulio Gonçalves 1