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São Luís, 7 de outubro de 2015. Quarta-feira O Estado do Maranhão
ALTERNATIVO
Fotos/Divulgação
PARA FECHAR
"Existem muito poucas
personagens que sejam
interessantes e protagonistas.
É um papel importante para
os filmes de ação”
Trilha
Homenagem
Músicas do filme
Roberto Carlos vai
“Pan” são divulgadas ao Grammy Latino
Lily Allen lançou duas músicas da
trilha sonora do filme “Pan”.
“Something’s Not Right” e “Little
Soldier” foram compostas e
produzidas por Tim Rice-Oxley,
do grupo britânico Keane.
Homenageado na edição 2015 do
Grammy Latino com o prêmio de
Personalidade do Ano, Roberto
Carlos confirmou presença no
evento, que será realizado no dia
18 de novembro em Las Vegas.
CLÉO PIRES, atriz
Atriz protagonizará o filme “Operações Especiais” e acha que
faltam mulheres como protagonista de filmes do gênero
Entrevista
Micheliny Verunschk
Sobre a arte única de juntar
palavras e contar histórias
A escritora pernambucana Micheliny Verunschk participa de bate-papo hoje, às 18h30, no Centro
de Criatividade Odylo Costa, filho, abordando os olhares femininos na nova literatura brasileira
Divulgação
ANDRÉA OLIVEIRA
Especial para o Alternativo
embro bem da impressão que tive ao ler “Geografia íntima do deserto”,
o livro de estreia de Micheliny Verunschk, em 2003. A
cada poema eu me enchia de
alegria por ver/ler pela primeira
vez uma poesia livre de gênero.
Não eram poemas de ou para
meninas, mas poesia. E da boa.
Felizmente não somente eu tive
as melhores impressões daqueles poemas e logo soube que ela
estava entre os finalistas do Prêmio Portugal Telecom. Dali em
diante começou a ser mais conhecida e lida pelo Brasil e afora.
Historiadora e poeta, nasceu em
Recife e foi criada em Arcoverde,
cidade de sotaque único e afetos
raros. Foi em sua primeira estada
em São Paulo que nos encontramos, ali naquele cruzamento em
que se misturam os amigos, os
artistas e suas crias. E por um
bom tempo estivemos juntas em
encontros literários e aniversários dos filhos. Falei em primeira
porque Micheliny voltou pelo
menos duas vezes para Pernambuco depois de se fixar (?) novamente em São Paulo. Ainda não
li sua estreia em prosa, “Nossa
Teresa”, mas não perco nenhum
de seus poemas atirados nas
redes digitais. Ela é também blogueira e bruxa nas horas vagas.
Micheliny Verunschk participa
da 9ª Feira do Livro de São Luís
e tem encontro marcado no Café
Literário, hoje, às 18h30, ao lado
L
da poeta maranhense Jorgeana
Braga e da escritora fluminense
Simone Campos, no Centro de
Criatividade Odylo Costa, filho.
O papo será sobre o tema Nova
literatura brasileira – olhares femininos. Na entrevista a seguir
ela fala sobre alguns aspectos da
geografia de sua obra, as cidades
em sua vida e a experiência em
prosa.
Quem nasceu primeiro: a historiadora ou a poeta?
Acho que foi a ajuntadora de
palavras. Isso porque quando escolhi fazer História, contrariando as expectativas familiares de que faria Letras, o fiz pelas
possibilidades narrativas da História, pela ideia de que ela é contada, escrita e que, como tudo, é
uma ficção também.
Seu livro de estreia, Geografia
íntima do deserto, foi finalista
do Prêmio Portugal Telecom
de 2004 e você, a primeira
mulher a integrar a lista de autores selecionados. Como você
recebeu essa notícia?
Recebi essa notícia primeiro
com descrédito: Fred Barbosa
me ligou e achei que ele estava
brincando. Depois fiquei feliz,
mas nunca me deslumbrei com
isso. Achei, desde o princípio,
que o fato de ser a única mulher
e a única representante de
minha região me dava uma certa
responsabilidade. E, como estreante, era em si uma vitória já
independente do resultado.
Li em algum lugar que o seu
Assim, estão
todas escritas: nos
poemas, na minha
prosa. Essas
cidades compõem
um território único
que as têm
costuradas umas
nas outras,
formando dobras”
MICHELINY VERUNSCHK
Escritora
O primeiro livro
da escritora foi
lançado em 2003
A mais recente
obra foi lançada
no ano passado
Poesias, crônicas e
contos fazem
parte da sua obra
livro B de bruxa, lançado em
2013, é “um livro de poemas
curtos onde a autora utiliza o
recurso da fantasia para discutir a estrutura de poder de
uma sociedade machista”.
Você o concebeu com essa
ideia de discussão de gênero?
De certo modo, sim. Pensei
nessa energia feminina que tem
se mobilizado de várias formas
nesses últimos anos, com ênfase
no prazer, no corpo, nas várias
belezas. E na recuperação desse
poder que sempre foi historicamente associado ao mal, o
poder da bruxa. Além de brincar, ironicamente, com o medo
que vem atrelado a isso: da
bruxa comedora, insaciável.
Essas discussões são ganhos do
feminismo. Então reunir as
vozes dessas mulheres, dessas
bruxas, dar a elas picardia mas
também um coração capaz de
se render ao amor, tem muito a
ver com isso.
Recife, Arcoverde, Olinda e
São Paulo... Como essas cidades estão impressas em sua
vida e obra?
Todas elas estão escritas em
mim. Todas elas compõem uma
geografia dos meus afetos. Assim,
estão todas escritas: nos poemas,
na minha prosa. Essas cidades
compõem um território único
que as têm costuradas umas nas
outras, formando dobras.
Alguns temas nos seus poemas parecem alinhavados, escritos ou não, mas sempre ali,
como se fosse o forro do seu
vestido. Vejo memória, infância, silêncio, territórios,
vida, morte... Do que mais
fala a sua poesia?
Por falar em dobras, uma imagem cara para mim, deleuzianamente falando, essa da costura,
dos alinhavos. Minha poesia tem
falado de outros lugares ultima-
mente: música, sexo, observação, deus, entre outras coisas.
Ano passado você estreou em
prosa, com “Nossa Teresa”.
Fale sobre essa experiência
de fazer um romance sobre
suicídio e santidade...
Eu escrevo prosa desde que
me entendo por gente. Eu não
sabia disso, mas meu pai pouco
antes de morrer me mandou um
caderno meu com um romance
escrito lá por volta dos 8, 9 anos
de idade. Depois eu sempre fiz
pequenos exercícios, contos,
crônicas. Não achava que fosse
possível me arriscar em algo de
mais fôlego. Então escrever esse
romance foi um mergulho, um
grande exercício. Aprendi sobre
mim, sobre minha escrita e
sobre o que é isso de escrever um
romance. Então posso dizer que
foi uma experiência ímpar.
Qual a expectativa em relação
à sua participação na Feira do
Livro de São Luís? Será um
café literário sobre olhares femininos na nova literatura
brasileira...
Minha expectativa é a melhor
possível. Primeiro porque não
conheço São Luís e não conheço
a Feira e ambas fazem parte da
minha lista de desejos faz algum
tempo. Segundo porque estarei
discutindo com outras mulheres
questões pertinentes ao nosso
tempo e nossas escritas. Por fim,
tenho amigos queridos, interlocutores que muito me interessam, e será uma alegria estar
com eles. OBRAS
Geografia íntima
do deserto (2003)
Micheliny Verunschk
Landy
1ª edição, 2003
224 páginas
O observador e o
nada (2003)
Micheliny Verunschk
Objetiva
1ª edição, 2003
260 páginas
A cartografia da
noite (2010)
Micheliny Verunschk
Lumme
1ª edição, 2010
66 páginas
B de Bruxa
(2014)
Micheliny Verunschk
Mariposa Cartonera
2ª edição, 2014
232 páginas
Nossa Teresa –
vida e morte de
uma santa
suicida (2014)
Micheliny Verunschk
Patuá
1ª edição, 2014
192 páginas
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