DIOMAR MENEZES: DE JATAI PARA CAMPOS DE BATALHA-SUA ARTICIPAÇÃO NO ESQUADRÃO SENTA A PUA DURANTE A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL. José Elias Terra de Olviveira Junior – UFG/Jataí O presente artigo tem como proposta relatar a participação do jataiense, Tenente Diomar Menezes nos combates durante na Segunda Guerra Mundial, (19391945), ressaltando sua personalidade e seu papel destacável nas operações militares. Mostrar-se-á, as homenagens que Menezes recebeu, ao regressar a seu país de origem, e a sua terra natal, ao final da Grande Guerra. TENENTE DIOMAR MENEZES Tenente Diomar Menezes – acervo: DC Mello Nasceu a 10 de julho de 1923, na cidade de Jataí – GO. Era filho de Sebastião Gonçalves de Menezes e Levinda Belmira Menezes. Ainda criança já despertava simpatia pela sua maneira afável e curiosa de ser. Conclui o primário no Grupo Escolar João Pessoa, atual, Colégio Marcondes de Godoi em Jataí. Muito cedo, acordou para a vida que seria curta, mas plena e antes de completar 12 anos foi fazer o curso ginasial em Uberlândia – MG. Era um fervoroso admirador da aviação, e em 1942 matriculou-se no aeroclube dessa cidade. Nesse mesmo ano foi diplomado e ingressou na turma de pilotos de Nelson Cupertino, e com 17 anos foi para o Rio de Janeiro onde se aprimorou como piloto. Logo a seguir submeteu-se a um teste para bolsa de treinamento de vôos, em Aegel Pass, no Texas – Estado Unidos da América, obtendo um brilhante sucesso e em seguida seria inserido no 1º Grupo de Aviação de Caça do Brasil. Para melhor compreendermos as ações de Diomar Menezes, faz-se necessário um pequeno relato sobre a criação do esquadrão a qual o referido aviador fez parte. Dessa forma, me reporto a Rui Moreira Lima, (Senta a Pua, 1980), apontando o início em 18 de Dezembro de 1943, quando o então presidente do Brasil, Getulio Vargas assinou o decreto lei nº 6.123, autorizando a criação do Primeiro Grupo de Aviação de Caça do Brasil, conhecido como (Senta a Pua), sendo nomeado o Major Nero Moura comandante do grupamento, com a responsabilidade de liderar o contingente dos melhores pilotos da nação brasileira. No comando do Grupo de Aviação, o Major Nero Moura selecionou seus homens que seguiram em 1944 com destino aos Estados Unidos, mais especificamente na região de Orlando na Florida, para treinamento na unidade tática de combate, e posteriormente esse mesmo grupamento partiu para a Acqua Dulce, no Panamá, onde finalizaram as operações de aprimoramento nas táticas de combate. Ao término dos treinamentos, os aviadores brasileiros retornaram aos Estados Unidos e de lá navegaram abordo do navio (USS Colombí), rumo à Itália para a ação real nos campos de batalha, e desembarcaram no Porto de Livorno, no dia 06 de Outubro de 1944. Em seguida Diomar Menezes foi integrado ao seleto grupo de pilotos que já se encontravam em solo italiano. Na Itália, o 1º Grupo de Aviação Caça do Brasil, passou imediatamente ao comando do Fighter Group, recebendo o nome de código com que iria operar: Jambock, que quer dizer, “Chicote”. O Figheter Group tinha sobe seu controle operacional quatro esquadrões de caça, três americanos e um brasileiro, então de acordo com a doutrina de emprego da Força Aérea, o Grupo brasileiro, engajou no combate sob as ordens da Força Aérea Americana, as missões eram designadas e orientadas, pelo auto comando norte-americano. Segundo Jesus Manoel no seu livro (A obra do Século: Documentário Histórico de Jataí, 1991), relata que Diomar Menezes em uma missão contra o território alemão foi o único que voltou à base, depois de destruir um depósito de munição camuflado como hospital da Cruz Vermelha, além de um trecho da ferrovia. Todos os companheiros naquela empreitada foram abatidos e o seu aparelho, apesar de perfurado pelas baterias antiaéreas, pousou no campo da base. Diomar Menezes, com apenas 20 anos de idade, impôs-se no grupo ao respeito de todos. Valia pelo que era como piloto de combate. Não fazia o tipo do militar compenetrado, porém tinha características especiais, não levando tão a sério o fato de ser militar. Sua farda tinha um toque do dono. (A obra do Século: Documentário Histórico de Jataí, 1991). No livro (Senta a Pua, 1980), o mesmo ressalta as ações de Diomar Menezes, tendo em vista, que em uma incursão, chegou ser atingido seriamente, e mesmo assim não regressou à Base, persistindo no combate até realizar por completo a investida no campo inimigo, retornando ferido, sem maiores queixas, e logo foi atendido pela a equipe médica. Ainda nas escritas de Rui Moreira Lima, este faz algumas referencias a Diomar Menezes: O Menezes não só não acreditava no azar, como também não cumpria tal ordem. Alias, ele, Torres e Keller, sem falar em toda a Yellou do Joel, ignoravam esse detalhe. Nunca soube que algum deles houvesse regressado à Base por haver levado um tiro. Tinham que ser atingidos mais de uma vez para retornarem a Pisa. As regras existiam. Regras, não, as ordens. Deviam ser cumpridas. Só quem esteve em combater pode julgar atitude desses rapazes. O comandante Nero Moura os entendia. Quando Menezes era surpreendido, baixava a cabeça e jurava não repetir mais aquilo. Jurava com os dedos cruzados! Juramento falso! Na primeira oportunidade e lá vinha ele com o P-47 ferido. Nova repreensão. Goiano cabeçudo estava ali! Tinha tiradas geniais. Uma particularidade dele: conseguia ficar com o cabelo como se estivesse sempre por cortar. Atrás da orelha mantinha permanentemente uma guimba de cigarro pronta para entrar em ação. Seu quepe era diferente, ele o dobrava e o enterrava no bolso da calça. Antes de usá-lo novamente, dava-lhe uns tapas na pala, e pronto! Era só enfiar na cabeça. (LIMA, 1980, pg. 303). É pertinente acrescentar que, o Tenente Diomar Menezes teve uma atuação de destacável não somente entre os pilotos brasileiros, mas também entre os aliados, pois foi apontado como um dos aviadores com maior número de missões, ao todo, cerca 71, evidente que outros pilotos brasileiros ou não, mostraram números iguais ou até superiores ao de Diomar Menezes, mas no geral, se atentarmos por uma média de incursões, Menezes apresentou um desempenho significativo em combate. Segue abaixo o quadro de missões executada por Menezes: MISSÕES: Ofensivas-----------------------------------------------------------------71 Defensivas----------------------------------------------------------------1 Bombas lançadas no alvo %acerto 500lb------------------------------118------------55---------------------47% FTI (Napalm)--------------------- 6-------------6----------------------100% 260lb fragmentação------------- 2-------------2----------------------100% Foguetes lançadas no alvo %acerto 4,5’’ M8--------------------------- 54-------------22----------------------41% Alvos de oportunidade Danificados Destruídos Locomotiva-----------------------------------------8-------------------------- ( - ) Vagão------------------------------------------------38------------------------ 10 Veiculo motorizado--------------------------------93------------------------ 121 Carroças---------------------------------------------34------------------------- ( - ) Estação Radar---------------------------------------1-------------------------- ( - ) Pontões-----------------------------------------------2---------------------------( - ) Casas-------------------------------------------------13-------------------------- 14 Barcaça-----------------------------------------------3--------------------------- ( - ) Depósito----------------------------------------------1--------------------------- 9 Artilharia pesada------------------------------------2----------------------------( - ) Tanques------------------------------------------------3----------------------------( - ) Vagão de combustível------------------------------( - )--------------------------2 Veículo motorizado com reboque-----------------( - )--------------------------2 Artilharia leve----------------------------------------( - )--------------------------10 Motocicleta-------------------------------------------( - )--------------------------1 Trator--------------------------------------------------( - )--------------------------1 Blindados----------------------------------------------( - )--------------------------3 TOTAL-------------------------------------------------204------------------------183 Contudo, vale ressaltar que o esquadrão Senta a Pua executou diversas operações aéreas, onde faziam valer as habilidades e a coragem dos pilotos brasileiros, e em vários momentos se mostraram extremamente importantes nas frentes de batalhas, causando baixas no inimigo, abrindo novos caminhos, através de bombardeios em lugares estratégicos, para que a força aliada prosseguisse por terra recuperando regiões antes tomadas por tropas inimigas e consequentemente culminaria com o término da guerra em 1945. Ao chegarmos ao fim do conflito, o Grupo Senta a Pua retornou ao Brasil, este recebido com todas as honras, os pilotos foram condecorados com medalhas e honrarias, e Diomar Menezes foi um dos grandes homenageados, pois recebeu pelo o Brasil, a Cruz de Sangue, Medalha de Campanha da Itália, Cruz de Aviação Fita A, com duas estrelas e pelos Estados Unidos, recebeu a Air Medal com duas estrelas, correspondentes a três citações individuais, e a Distinguished Flying Cross e a Cruz de Bravura Americana. Cruz de Bravura Cruz de Sangue Medalha da campanha na Itália Cruz de Aviação Fita A Medalha Distinguished Service Cross Air Medal com duas estrelas De acordo com D.C. Mello, (Jatahy Paginas Esquecidas, 2001), ao termino da Segunda Guerra Mundial, Diomar Menezes retorna para Brasil, e é recebido com diversas festividades, em seguida faz uma visita a sua terra natal. Para homenagear o jovem piloto, o Prefeito de Jataí, Aristóteles de Rezende decreta feriado municipal naquela oportunidade, dizendo que esta ação fazia parte das festividades e homenagens que a cidade prestava ao seu nobre filho. De Jataí, Menezes parte para a cidade do Rio de Janeiro, tornando-se instrutor de vôo, na Base Aérea de Santa Cruz, na qual, foi nomeado comandante de uma esquadrilha no estágio da seleção para Piloto de Caça, ESPC, embrião da moderna aviação de caça no Brasil. No dia 10 de abril de 1946, num dos vôos de instrução, quando executava as manobras de treinamento em grupo, chocou-se com um aspirante que nada sofreu. O avião T – 6 do 2º Tenente Diomar Menezes, dobrou a asa esquerda em um ângulo de 45 graus, entrando em parafuso lento. Ele perdeu o comando e não consegui abrir a capota ou canapí para saltar com pára-quedas. O rádio emudeceu e a tranqüilidade de sues gestos era tamanha que o colega surpreendeu-se, quando sua ultima visão foi observar o avião se enterrar no solo pantanoso da baia de Sepetiba. (A obra do Século: Documentário Histórico de Jataí, 1984). Após a queda da aeronave, as equipes de resgate constataram a morte de Menezes e retiraram o corpo dos escombros do avião e logo em seguida conduzido para capela do Cemitério São João Batista no Rio de Janeiro, onde lhe foi dado sepultamento no Pantheon dos Heróis com as devidas honras. DC Mello ainda escreve que a sociedade jataiense sentiu a perca do seu filho, e em 26 de Dezembro de 1947, o executivo municipal resolveu homenageá-lo. O Prefeito de Jataí, Epaminondas Honório Campos, autorizou a mudança do nome da Praça da Bandeira para Praça Tenente Diomar Menezes, atendendo a um pedido do Vereador Dr. Aristóteles Rezende. Atualmente o Prefeito Humberto de Freitas Machado, propôs uma reforma na praça já mencionada, e foi construído um grande painel com a imagem do Tenente Diomar Menezes dentro do cokipit do seu P-47 Thunderbolt, aliadas a algumas figuras que nos remetem a território italiano, acrescentado da bandeira brasileira e o símbolo do Esquadrão Senta a Pua. REFERÊNCIAS: • A obra do século: documentário histórico de Jataí. Jataí: Revista Metas • LIMA, Rui Moreira. Senta a Pua.Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1980. • MELLO, Dorival de Carvalho. Jathahy Páginas Esquecidas.Jataí: Sudográfica, 2001.