COMISSÃO PASTORAL DA TERRA – MINAS GERAIS CNPJ: 02.375.913/0012-70 “JUNTOS COM OS POVOS DA TERRA E DAS ÁGUAS NA DEFESA DA VIDA”. Documento da CPT Minas ao Governador eleito Fernando Pimentel “Nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos”, Papa Francisco, 2014. Excelentíssimo Senhor Governador do Estado de Minas Gerais Fernando Pimentel, A Comissão Pastoral da Terra Minas Gerais, vem respeitosamente a V. Excia.inicialmente para parabenizá-lo pela vitória eleitoral e desejar-lhe um mandato benéfico para todo o estado de Minas Gerais, principalmente para os menos favorecidos (povos do campo), que merecem uma atenção toda especial de sua parte. Pois os governos anteriores, pouco ou nada fizeram por estes povos, pelo contrário,optou por implantar grandes projetos sem considerar a existência e os direitos dos/as camponeses/as, causando graves problemas e conseqüentemente, expulsaram milhares de camponeses e camponesas de suas terras e territórios. Neste sentido vamos fazer muitas proposições que entendemos que este governo deva implementar durante seu mandato. 1. Viemos Reforçar a proposta de “criação da Secretaria de Desenvolvimento Rural Sustentável e Regularização Fundiária”, que já vem sendo solicitada e é um desejo de outras entidades, para atender as diversas demandas dos povos do campo. Entendemos que a criação desta secretaria é importante, pois atenderá várias demandas dos diversos povos do campo que ainda não foram contempladas/atendidas e são importantes para garantir a sua sobrevivência e permanência com qualidade de vida nos locais onde vivem. Considerando que a agricultura camponesa representa 79% de todas as propriedades rurais de Minas Gerais e também são responsáveis por grande parte da alimentação que chega à mesa dos mineiros, assim viemos ressaltar que é importante proporcionar melhorias das condições de trabalho e vida das diversas populações do campo, tais como: pescadores, indígenas, quilombolas, geraizeiros, vazanteiros, assentados, acampados dentre outros, superando as desigualdades econômicas e sociais que estes povos historicamente viveram e vivem. COMISSÃO PASTORAL DA TERRA – MINAS GERAIS CNPJ: 02.375.913/0012-70 “JUNTOS COM OS POVOS DA TERRA E DAS ÁGUAS NA DEFESA DA VIDA”. É indispensável que o Estado de Minas Gerais promova ações integradas para o campo, levando em consideração as especificidades de cada povo e que sejam construídas de forma articulada em todas as suas etapas, mantendo diálogo permanente com os beneficiários, suas organizações representativas e de apoio, garantindo orçamento suficiente, recursos técnicos e humanos para a sua efetividade. A agricultura camponesa é responsável por parcela significativa da produção de alimentos, em sua maioria agroecológicos, contribuindo para a garantia da segurança alimentar e nutricional da população mineira e garantindo a sustentabilidade da biodiversidade. Mas, é sabido que a agricultura camponesa, vêm enfrentando muitos desafios, segundo o PEDRS (2014, p. 5), muitas são as dificuldades: “acesso à terra e território, água em quantidade e qualidade adequadas, infraestrutura adequada, tecnologias apropriadas para produção, beneficiamento, armazenamento, comercialização e assistência técnica de qualidade”. Ainda não podemos deixar de enfatizar, que os grandes projetos: criação de parques, mineração, barragem e monocultivos, principalmente de eucaliptos, vêm causando sérios conflitos e consequentemente, expulsam milhares de famílias de suas terras e territórios gerando impactos irreversíveis para estas populações. Outro sério problema vivenciado por estes povos é o poucoe/ou a falta de acesso à educação e à saúde de qualidade. Ainda destaca-se a falta de acesso à terra/território, a falta de regularização fundiária e os impactos proporcionados pelos grandes períodos de estiagem, principalmente, no Norte e Nordeste de Minas têm sido cada vez mais catastróficos para as populações do campo, levando os/as trabalhadores/as a migração sazonal ou permanente e muitas vezes,são submetidos a trabalhos análogos a escravidão. Diante do exposto, a Secretaria de Desenvolvimento Rural Sustentável e Regularização Fundiária torna-se imprescindível para a efetivação de políticas públicas aos povos do campo garantindo a permanência dos mesmos no campo com dignidade. Reforçamos que ela deverá manter diálogo permanente com os beneficiários, suas organizações representativas e de apoio, garantindo orçamento suficiente e recursos humanos para a sua efetividade. Recomendamos que é importante melhorar e colocar em prática o Plano de Desenvolvimento Rural Sustentável recém aprovado; continuidade e ampliação das COMISSÃO PASTORAL DA TERRA – MINAS GERAIS CNPJ: 02.375.913/0012-70 “JUNTOS COM OS POVOS DA TERRA E DAS ÁGUAS NA DEFESA DA VIDA”. ações que a Subsecretaria de Agricultura Familiar vem desenvolvendo e normatizar a “Comissão Estadual para o Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais de Minas Gerais (CEPCT), entre outras ações. 2. ACESSO A TERRA E TERRITÓRIOS A falta de distribuição das terras no Brasil sempre foi um problema e ainda continua sem a devida solução, ou seja, não houve uma reforma agrária capaz de atender a demanda dos camponeses/as que lutam pela sonhada terra. A concentração de terras que predomina no Brasil desde o período colonial e que Minas Gerais é signatária, vem aumentando nas últimas décadas e tem sido responsável por muitos desafios que o campo tem enfrentado. Muitos pesquisadores vêm afirmando que a elevada concentração da terra tem contribuído para o acirramento dos conflitos agrários, expulsão dos povos do campo, aumento da pobreza e degradação ambiental. Segundo dados parciais da CPT Nacional, em 2014 já foram assassinados 31 trabalhadores/as rurais no Brasil. A impunidade impera na maioria dos casos de violência contra os povos do campo e seus defensores. Isto deixa a situação no campo ainda mais vulnerável, pois latifundiários e empresas, continuam cometendo crimes na “certeza” que não serão punidos. Como exemplo podemos citar o massacre de Felizburgo no Vale do Jequitinhonha onde em 2004, assassinaram 05 trabalhadores, feriram outros 17 e destruíram casas e escola. O mandante e assassino confesso Adriano Chaffic, foi condenado a 115 anos de prisão em regime fechado e saiu pela porta da frente do Fórum onde ocorreu o júri e continua solto. Em Minas Gerais os conflitos agrários tem sido recorrentes. Existem milhares de famílias acampadas, muitas delas a mais de uma década lutando para serem assentadas. Estão vivendo em barracos de lona ou pau a pique, na maioria das vezes, sem acesso à educação, saúde, água, estradas, energia elétrica e muitos outros bens necessários para garantia da dignidade humana. As famílias estão expostas a violência física e simbólica, sendo despejadas a mando da justiça. Para o Juiz da Vara Agrária o direto a propriedade da terra vale mais que a vida. Atualmente existem 46 liminares de despejos para serem executadas, uma afronta ao COMISSÃO PASTORAL DA TERRA – MINAS GERAIS CNPJ: 02.375.913/0012-70 “JUNTOS COM OS POVOS DA TERRA E DAS ÁGUAS NA DEFESA DA VIDA”. direito e a dignidade humana. A atuação da Vara Agrária nos faz crer, que são contra a reforma agrária e parece estar a serviço dos latifundiários e dos empresários. Em Minas Gerais existem mais de 300 projetos de assentamentos, a maioria ainda continuam sem uma infraestrutura que garanta vida digna para as famílias. Em muitos deles, as famílias ainda continuam como acampadas: sem casa, estradas, escolas, água e outras infraestruturas necessárias. As próprias famílias cansadas de esperar pelo INCRA, constroem suas casas, muitas delas de adobes, pau apique e outras de alvenaria, mas sem acabamento, sem o conforto necessário para as famílias viverem com dignidade. O principal problema é advindo da morosidade do INCRA e a aplicação com todo rigor da legislação ambiental. Segundo dados do INCRA, dos 318 projetos de assentamento existentes até 2012, apenas 09 foram consolidados, outros 08 estavam em fase de consolidação, 63 estavam apenas criados, 78 em fase de instalação e 154 em estruturação. Quando se trata do acesso à terra, a reforma agrária se faz necessário. Pois, além de garantir acesso a moradia, trabalho e alimentação saudável, pode garantir outros direitos universais e indispensáveis a sobrevivência dos beneficiários. Em se tratando dos problemas advindos da concentração de terras, a reforma agrária não é o único caminho, pois ela não contemplará os povos e comunidades tradicionais que, em sua maioria, não tem acesso aos territórios. Pois ao longo da história estas populações foram sendo esbulhadas de seus territórios e ainda continuam sendo expulsas por grandes projetos de hidro e agronegócio, mineração e unidades de conservação. Grande parte dos povos e comunidades tradicionais encontram-se ainda na invisibilidade, silenciada por pressões econômicas, fundiárias, processos discriminatórios e de exclusão sociopolítica. Seus territórios tradicionais estão impactados por monoculturas, obras e empreendimentos, Unidades de Conservação de Proteção Integral, dentre outros. A maioria das comunidades não consegue acessar políticas públicas universais nem dispõe de políticas específicas e ainda são vítima do racismo institucional. COMISSÃO PASTORAL DA TERRA – MINAS GERAIS CNPJ: 02.375.913/0012-70 “JUNTOS COM OS POVOS DA TERRA E DAS ÁGUAS NA DEFESA DA VIDA”. Os processos de reconhecimento, demarcação e titulação de territórios dos povos e comunidades tradicionais andam a passos lentos e está muito distante de atender a demanda atual. Em Minas existem mais de 400 comunidades quilombolas que não tem seus territórios regularizados e outras centenas que sequer, são reconhecidas. Nesta mesma situação ou em situações ainda mais vulneráveis, se encontram os indígenas, geraizeiros, vazanteiros, pescadores e outros. O reconhecimento, demarcação e titulação dos territórios dos povos e comunidades tradicionais são indispensáveis como forma de garantia, manutenção e reprodução dos seus próprios modos de vida. Os povos e comunidades tradicionais possuem preciosa diversidade cultural, com cosmovisões respeitosas e harmônicas com a biodiversidade e encontra-se gravemente ameaçada pela imposição de um modelo de desenvolvimento puramente extrativista que convertem em mercadorias os territórios destes povos. Em Minas Gerais este modelo extrativista, historicamente vem se apropriando das terras e territórios dos povos do campo a qualquer custo e se converte em um processo ativo de desapropriação dos povos, atropelando quem a ele resiste, com mecanismos que vão desde ameaças de morte, perseguição, cooptação, criminalização, judicialização e até o assassinato de líderes comunitários, defensores que acompanham e defendem as lutas dos campesinos. Diante do contexto apresentamos propostas que acreditamos ser indispensáveis para amenizar os problemas acima expostos: Contribuir para efetivação da reforma agrária no estado; Articular e apoiar ações estaduais visando a melhoria dos assentamentos existentes que se encontram sem a infraestrutura necessária; Assegurar o acesso e a permanência das populações tradicionais aos seus territórios tradicionais; Regulamentar e implementar o processo de identificação, reconhecimento e regularização fundiária dos territórios tradicionais; COMISSÃO PASTORAL DA TERRA – MINAS GERAIS CNPJ: 02.375.913/0012-70 “JUNTOS COM OS POVOS DA TERRA E DAS ÁGUAS NA DEFESA DA VIDA”. Assegurar o acesso e/ou a continuidade das populações tradicionais ao uso de bens naturais nas Unidades de Conservação de Proteção Integral, sobrepostas aos territórios de uso tradicional; Viabilizar a implementação dos projetos de assentamento de reforma agrária ambientalmente diferenciada em biomas que apresentam restrições ambientais, tais como assentamentos agroextrativistas. Que o estado disponibilize estrutura organizacional e quadro técnico qualificado para promover as ações que possam dar agilidade nos processos de regularização fundiária no Estado. Identificar e reconhecer os segmentos de povos e comunidades tradicionais como: geraizeiros, vazanteiros, pescadores e outros, criando ou atualizando instrumentos de cunho cartográfico, populacional e social. Implementar uma política de regularização fundiária, mediante entrega gratuita de títulos de terras aos posseiros que tenham até 50 hectares que nela vivem e trabalham a mais de 5 anos. Levantar e arrecadar as terras devolutas destinando-as a implantação de projetos de assentamento de trabalhadores e trabalhadoras rurais e – ou aos povos e comunidades tradicionais. Intervenção para a substituição do atual juiz da vara agrária. Fazer com que vara agrária tenha imparcialidade no cumprimento de sua competência. 3. Pescadores artesanais e território pesqueiro. A pesca artesanal, como modo de vida tradicional, em Minas Gerais sustenta milhares de pescadores e pescadoras, principalmente na bacia do S. Francisco mineiro. Mas, a reprodução dos peixes nativos em função de construções de barragens, entre outros fatores degradantes, a vida pesqueira vem sendo comprometida. A política de atuação do Ministério da Pesca e Aquicultura-MPA, se volta, cada vez mais para a aquicultura. Não há políticas eficientes para a pesca artesanal, enquanto atividade econômica e como modo de vida tradicional.Nem todos os pescadores e pescadoras existentes em Minas Gerais são cadastrados no MPA, existem números significativos de pescadores e pescadoras que praticam a pesca artesanal de subsistência COMISSÃO PASTORAL DA TERRA – MINAS GERAIS CNPJ: 02.375.913/0012-70 “JUNTOS COM OS POVOS DA TERRA E DAS ÁGUAS NA DEFESA DA VIDA”. sem Registro Geral da Pesca-RGP. Assim sendo, depara-se com inúmeras situações sérias e urgentes, sendo as principais: Os rios que são a razão de existência dos pescadores (as) artesanais estão seriamente ameaçados, principalmente o São Francisco,por causa dos autos índices de degradação e o estado de Minas Gerais é um dos principais responsáveis pelos danos causados aos rios, pois além de implantar grandes projetos incentivam e emitem licenças ambientais desconsiderando impactos previstos. Vem crescendo em Minas Gerais nos últimos tempos o número de comunidades pesqueiras em conflitos com empresas e outros agentes destruidores dos rios.Os órgãos governamentais do Estado são ineficientes quanto a sua função fiscalizadora – são flexíveis demais em favor dos grandes agentes destruidores e poluidores dos rios e criminalizam injustamente os pescadores artesanais, vazanteiros e demais comunidades tradicionais. Avança a conivência dos órgãos ambientais, tais como a Fundação Estadual do Meio Ambiente-FEAN, Polícia ambiental junto aos principais agentes poluidores dos rios.As águas no Estado, sobretudo no Norte, Nordeste e Noroeste de Minas, estãoem “estado de alerta” devido ao aumento da poluição e do desmatamento desmedido. Tendo em vista a situação do pirá(conorhynchosconirostris) na bacia do SF(São Francisco), que aponta o processo de extinção do mesmo, no caso do Alto São Francisco, mostra-se que há outra realidade, uma vez que o pirá se encontra com bastante ocorrência. Entendemos que não é admissível a criminalização dos pescadores, portanto exigimos políticas de diálogo e estudos que discipline esta realidade. Partindo deste pressuposto, apresentamos as seguintes proposições: Que o governo de Minas Gerais faça incidência junto ao Ministério da Pesca, em vista da implantação de Políticas públicas eficazes voltadas para a pesca artesanal. E que tal construção envolva os pescadores artesanais. Não conceder licenciamentos de empreendimentos que privatizam os cursos d'água. Como exemplo citamos as mais de 100 barragens nos afluentes do São Francisco. COMISSÃO PASTORAL DA TERRA – MINAS GERAIS CNPJ: 02.375.913/0012-70 “JUNTOS COM OS POVOS DA TERRA E DAS ÁGUAS NA DEFESA DA VIDA”. Criar e implantar políticas de revitalização dos rios e seus afluentes, inclusive investindo na recuperação das nascentes, veredas e lagoas marginais dos rios. Empreender políticas públicas junto a esfera Federal para que as unidades de tratamento do esgoto sejam eficazes. Apoio do Governo Estadual à Campanha Nacional pela Regularização do Território Pesqueiro, inclusive no que se refere a lei de iniciativa popular que está sendo apresentada a sociedade. Influenciar para que o Ministério da Pesca não fique nas mãos de partidos políticos como o PRB e outros agentes que não tenham histórico de afinidade com as comunidades tradicionais pesqueiras, como vem acontecendo desde a criação do referido Ministério. Firmar acordo com o Ministério da Pesca e Aquicultura no estado para respeitar as diversas formas organizativas das comunidades pesqueiras e que se respeite o artigo constitucional que prevê a livre associação (Art. 8º, incisos I e V). 4. Grandes Projetos: Mineração, Barragens e Monoculturas 4.1. Mineração: Minas Gerais é reconhecida por suas grandes riquezas naturais e minerais com ampla diversidade e quantidade, destacando-se na exportação mundial. A imensa riqueza de recursos naturais está nas mãos do capital financeiro, com apoio incondicional do governo e sob o controle de grandes empresas nacionais e multinacionais que tem levado nossas riquezas e pouco tem contribuído com o desenvolvimento do povo mineiro. Isso acelera o processo de expansão da construção de Hidroelétricas e barragens a serviço de grandes empreendimentos econômicos.Nos últimos anos, Minas Gerais vem sendo território alvo de grandes empreendimentos minerários envolvendo a construção de minerodutos, como exemplo o projeto Minas-Rio, que tem provocado inúmeros conflitos socioambientais. Outro fato significativo é a questão das elaborações de EIA/RIMA que negam elementos importantes sobre os impactos a serem causados. O aumento do lucro das empresas de mineração passa, principalmente, pela ampliação da extração de uma quantidade cada vez maior de minério e de outros bens naturais das entranhas da terra a um custo cada vez menor. Como estratégia estas empresas negam os impactos às comunidades e ao meio ambiente. COMISSÃO PASTORAL DA TERRA – MINAS GERAIS CNPJ: 02.375.913/0012-70 “JUNTOS COM OS POVOS DA TERRA E DAS ÁGUAS NA DEFESA DA VIDA”. A mineração consome bilhões de litros de água no seu processo de extração e transporte e o uso de água tende a aumentar,pois o setor é recordista em solicitação de outorgas.Além do uso em grande quantidade, a mineração é altamente degradante, poluindo os córregos, rios e águas subterrâneas. E a legislação brasileira tem sido cada vez mais branda com este setor, pois o novo marco regulatório da mineração não responsabiliza as empresas por “danos e prejuízos causados a terceiros”, nem da poluição do ar ou da água. Com relação à mineração é preciso que este governo tenha uma postura diferente dos demais, por isto propomos: Respeitar o direito de consulta, consentimento ou veto das comunidades tradicionais afetadas por atividades minerarias; Decretar e garantir áreas livres, ou seja, proibidas de mineração; levando em conta a realidade regional,bem como as peculiaridades socioeconômicas, respeitando o patrimônio cultural material e imaterial e natural; Fazer cumprir os mecanismos de controle dos danos socioambientais; Fazer cumprir os planos de recuperação das áreas degradadas; Obrigar as empresas de mineração a fornecer informações precisas e adequadas a compreensão da população e de outras partes interessadas sobre os impactos causados pelo empreendimento. 4.2. Barragens: Segundo dados da ANEEL 2003, a energia hidráulica é a principal fonte geradora de energia elétrica para diversos países e responde por cerca de 17% de toda a eletricidade gerada no mundo.No Brasil, água e energia têm uma histórica interdependência. O Estado de Minas Gerais é um dos grandes produtores de energia elétrica e responde por cerca de 12,3% da produção nacional. Existem no Estado de Minas Gerais cerca de 746 barragens (Inventário das barragens, 2013). Historicamente a construção de barragens foi responsável por milhares de deslocamentos compulsórios que resultaram em perdas econômicas, familiares e culturais, fruto de uma política executada por parte do Estado, que tem negado a existência dessas populações atingidas, causando inúmeros impactos que marcam para sempre a Vida de milhares de pessoas. Os empreendimentos de barragens geram inúmeros conflitos, pois os processos violam os direitos humanos elementares que são inegociáveis. Embora garantido na Constituição Federal de 1988 e no seu art. 4º e na Declaração Universal dos Direitos Humanos, aos direitos humanos das populações atingidas por barragens não tem sido COMISSÃO PASTORAL DA TERRA – MINAS GERAIS CNPJ: 02.375.913/0012-70 “JUNTOS COM OS POVOS DA TERRA E DAS ÁGUAS NA DEFESA DA VIDA”. considerados e nem respeitados. Podemos considerar que os governos nos últimos anos têm enorme dívida social para com as populações atingidas. “O padrão vigente de implantação de barragens tem propiciado graves violações de direitos humanos, agravando as desigualdades sociais, gerando miséria e desestruturação social”, (CDDPH-Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana). As barragens atingem principalmente, as famílias camponesas, deixando-as praticamente desprovidas de seus direitos. Os reassentamentos nem sempre são contemplados em áreas produtivas. As empresas se acham no direito de decidirem quem são os atingidos e como serão indenizados, ignorando grande número de famílias impactadas pelos empreendimentos.Não cumprem as condicionantes, deixando grandes prejuízos aos atingidos e o mais agravante é a perda do seu território e consequentemente, a identidade cultural. Não há indenização que pague as perdas acumuladas, tendo em vista que quem perdeu a terra onde vivia,consequentemente perde as condições de trabalho e raízes culturais. Embora esses grandes projetos são executados em nome do "desenvolvimento", porém se restringe apenas a uma pequena parcela da sociedade, as quais detém grande parte da riqueza nacional.Aos atingidos resta a expulsão, a precária indenização que os deixam em situações piores do que viviam antes das barragens. Diante do exposto, é necessário que este governo implemente as seguintes proposições: Obrigar as empresas construtoras de barragens, seja do setor energético ou não, fornecer informações precisas e adequadas a compreensão da população e de outras partes interessadas sobre os impactos causados pelo empreendimento; Que as comunidades tenham o direito de ser consultadas sobre a implantação ou não do empreendimento; Que os órgãos de Governo responsáveis pelo setor, sejam aparelhados e tenham o compromisso social e ambiental, no cumprimento de seu dever, pois o que se percebe é que tem atendido apenas os interesses do empreendedor; Fazer cumprir os mecanismos de controle dos danos socioambientais; Fazer cumprir os planos de recuperação das áreas degradadas; Fazer com que os distintos órgãos de fiscalização ambiental sejam eficientes e eficazes. 4.3. Monoculturas: COMISSÃO PASTORAL DA TERRA – MINAS GERAIS CNPJ: 02.375.913/0012-70 “JUNTOS COM OS POVOS DA TERRA E DAS ÁGUAS NA DEFESA DA VIDA”. As monoculturas têm por princípio atender o modelo agroexportador adotados pela política econômica nacional, garantindo grandes lucros as empresas e os impostos gerados contribuem muito pouco para os cofres públicos dos municípios e do Estado.Isso traz consequências impactantes para a vida dos mineiros. Os plantios de Eucalipto,cana de açúcar, soja, capim, entre outras, se expandiram em todo território nacional e em Minas Gerais não foi diferente. A opção do estado pelo agronegócio fica evidenciada ao comparar os valores orçamentais destinados para o agronegócio e da agricultura familiar. No estado de Minas podemos encontrar a maior área contínua de eucalipto plantada do mundo, com efeitos nefastos acelerando o processo de extinção da biodiversidade, bem como o esgotamento dos solos e das reservas subterrâneas de água. Esse sistema é insustentável ecologicamente, economicamente e socialmente. Este modelo é apoiado por leis e políticas governamentais que visam exclusivamente os interesses das empresas. A monocultura do eucalipto é uma prática que vêm se tornando cada vez mais frequente em nosso estado, dada que a rentabilidade para as grandes empresas é altamente lucrativa. Geram mínima quantidade de empregos, pois as atividades são realizadas por máquinas de última geração e quando há o emprego de mão de obra, não é devidamente remunerada e muitas vezes se valem do trabalho análogo a escravidão. Segundo muitos estudiosos, uma das implicações da monocultura de eucalipto é a enorme quantidade de água que é absorvida, podendo até mesmo secar rios e nascentes. Dados da Geógrafa Daniela Meirelles Dias de Carvalho e técnica da Fase, organização não governamental que atua na área socioambiental, só no Norte do Espírito Santo já secaram mais de 130 córregos depois que o eucalipto foi introduzido na região. Este modelo de desenvolvimento baseado em monoculturas vêm causando impactos incalculáveis aos ecossistemas, desconsiderando a diversidade dos mesmos e deixando rastros de destruição ao meio ambiente e danos à saúde humana. Este modelo prioriza a produção de commodities para responder ao mercado mundial e não as reais necessidades alimentares e nutricionais da população. Tal situação só poderá ser revertida quando os governos definirem que a meta principal do projeto de desenvolvimento agropecuário for o atendimento das demandas alimentares e nutricionais da população, pois além deste modelo ser insustentável socialmente e ecologicamente, existem milhões de brasileiros que não têm sequer sua dieta quantitativa e qualitativa atendida. Para a Comissão Pastoral da Terra, a agroecologia é viável para o Brasil e a adoção generalizada deste modelo de agricultura garantirá a soberania alimentar e nutricional de nossa população, pois os agricultores familiares já produzem grande dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros. Partindo deste pressuposto, basta aumentar o número de agricultores familiares utilizando a agroecologia como modelo de produção, COMISSÃO PASTORAL DA TERRA – MINAS GERAIS CNPJ: 02.375.913/0012-70 “JUNTOS COM OS POVOS DA TERRA E DAS ÁGUAS NA DEFESA DA VIDA”. que permitindo um acréscimo considerável na produção alimentar com custos muito mais baixos do que a da agricultura convencional vigente no país. A agroecologia é indispensável para garantir uma a segurança alimentar e nutricional e diminuir a fome e a desnutrição. Para tanto, é preciso uma atuação firme do governo para garantir o fortalecimento e ampliação da agroecologia, priorizando-a como o principal modelo de agricultura priorizando o atendimento à demanda alimentar e nutricional da população, combinando com a sustentabilidade da biodiversidade. Com políticas públicas adequadas é possível criar um ambiente propício para modos de produção sustentáveis, como a agroecologia. Para garantir práticas agroecológicas eficazes é indispensável que o governo forneça determinados bens públicos, tais como: ampla políticas de acesso à terra e territórios; serviços de extensão e assistência técnica, instalações de armazenagem, infraestrutura rural (estradas, eletricidade, tecnologias da informação e comunicação) e, também, acesso aos mercados local e regional, acesso a crédito e seguro contra riscos relacionados a eventos meteorológicos, pesquisa participativa, educação e apoio às organizações e cooperativas de agricultores adeptos da agroecologia. Diante do exposto, apresentamos medidas que devem ser implementadas como prioridade neste governo: Criar políticas públicas capazes de proporcionar um ambiente favorável para transição do modelo de agricultura vigente para o modelo agroecológico, este desafio precisa ser planejado com urgência; Ampla política de acesso à terra e territórios com infraestrutura adequada; Disponibilizar recursos para serviços de extensão especifica em agroecologia; Investimentos em infraestruturas e pesquisa para agricultura agroecológica, combinando a valiosa experiência dos agricultores/as que praticam agricultura agroecológica com o melhor que a ciência possa oferecer com a finalidade proporcionar modos de aprendizagem participativos; Investimentos a fundo perdido para melhorar a capacidade dos/as agricultores/as praticarem agricultura sustentável (agroecológica); Criar uma estrutura comercial macroeconômica de apoio, priorizando compras públicas dos produtos agroecológicos, criação de mercados de produtos agroecológicos e outros mecanismos; Criar mecanismos para reunir e disseminar as melhores práticas em agroecologia. COMISSÃO PASTORAL DA TERRA – MINAS GERAIS CNPJ: 02.375.913/0012-70 “JUNTOS COM OS POVOS DA TERRA E DAS ÁGUAS NA DEFESA DA VIDA”. 5. Educação do campo. Nas duas últimas décadas a Educação do Campo passou a ser discutida pelos movimentos e entidades sociais do campo e tem ganhado repercussão em muitos setores da sociedade e órgãos de governo. Muitas lutas foram travadas para garantir uma educação que em suas concepções e práticas pedagógicas tenha uma relação de amor a terra, modo de produzir baseados nos princípios da agroecologia, respeito aos diferentes saberes e às diferentes culturas, valorização e resgate da identidade camponesa para garantia da autoestima, memória coletiva e formas de compartilhar. Muitos avanços foram conquistados, como as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica do Campo, como afirma em seu artigo 2º que define a Identidade (perfil) das escolas do campo da seguinte forma: Reconhece a identidade das escolas do campo, ancorando-se na própria realidade do meio rural, nos saberes próprios dos estudantes, na memória coletiva das pessoas que ali vivem, nos movimentos sociais que defendem projetos de qualidade social de vida coletiva no país, e na rede de ciência e tecnologia disponível na sociedade. As propostas pedagógicas das escolas do campo deverão contemplar a diversidade do campo em todos os seus aspectos: sociais, culturais, políticos, econômicos, de gênero, geração e etnia. É uma proposta educacional que busca a garantia do desenvolvimento social, cultural, econômico e atinja níveis de equidade e justiça social no campo. Neste sentido, a Educação do Campo entende que a escola é um espaço de construção do “SABER”, onde toda ação educativa desenvolvida junto às populações que vivem ou que trabalham no meio rural venha contribuir para a garantia de uma vida socialmente, economicamente, culturalmente e ambientalmente sustentável, sem precisar sair do campo em busca deste sonho. Assim, a Educação do Campo deve ser entendida e estendida para além da sala de aula e dos muros da escola.Pois deve estar presente e ser parte da vida do povo. Mesmo com todos estes avanços, ainda há um caminho muito grande e difícil a ser trilhado com relação aos grupos socialmente e economicamente em desvantagens, ou COMISSÃO PASTORAL DA TERRA – MINAS GERAIS CNPJ: 02.375.913/0012-70 “JUNTOS COM OS POVOS DA TERRA E DAS ÁGUAS NA DEFESA DA VIDA”. seja, com os pobres deste país. Existem muitos desafios a serem enfrentados, dentre eles, pode-se destacar a pouca formação dos professores/as, que pouco e/ou nada sabemsobre educação do campo, simplesmente reproduzem as práticas educativas das escolas urbanas. Além, da formação dos professores (as) que está longe de contribuir efetivamente para implantação de uma educação do campo de qualidade é indispensável também que na elaboração de projetos de educação do campo, os gestores devem adotar a metodologia da construção coletiva, onde todos os atores e sujeitos do campo participem desta construção. Por que na maioria dos projetos de educação das escolas do campo são projetos elaborados por um/a “iluminado/a” e na maioria das vezes, por pessoas que pouco ou nada conhecem do campo. Outra dificuldade, diz respeito à infraestrutura das escolas como: prédios, móveis e equipamentos. Muitas escolas não possuem uma infraestrutura adequada para desenvolver uma educação de qualidade. Salas de aulas muito pequenas, em muitos casos não há: biblioteca, cantinas, refeitórios, carteiras muitas vezes caindo aos pedaços, banheiros precários na sua maioria e até mesmo esgotos jogados a céu aberto. Os recursos usados pelas escolas do campo para desenvolver os processos educativos, com raríssimas exceções, são: professor (a), quadro negro e giz, mimeógrafo, livros didáticos. Isso acontece na maioria das escolas do campo. Outras situações recorrentes, como: fechamento de escolas e nucleação sem diálogo com as comunidades, justificando a redução de gastos; transporte escolar precário e sem eficiência; estradas vicinais em péssimas condições e quando chove, os estudantes ficam sem ir à escola dias e dias. Cabe ressaltar que segundo dados dos Indicadores Demográficos e Educacionais (MEC, 2014), em Minas Gerais foram fechadas entre 2007 e 2013, 1298 escolas do campo. Se considerado os dias letivos do calendário escolar, nos últimos 5 anos fechou mais de uma escola por dia no estado de Minas Gerais. Neste sentido, é preciso que o estado se empenhe na efetivação da Educação do Campo, como um projeto que deve trazer em sua concepção, as dificuldades, as pluralidades culturais e a diversidade dos sujeitos do campo. Também é preciso ser considerado e COMISSÃO PASTORAL DA TERRA – MINAS GERAIS CNPJ: 02.375.913/0012-70 “JUNTOS COM OS POVOS DA TERRA E DAS ÁGUAS NA DEFESA DA VIDA”. enfrentado as desigualdades locais e regionais. Desenvolvendo uma práxis inovadora ligada à produção de Projeto de Educação que viabilize uma intervenção, fortalecendo o poder dos setores populares e que sejam capazes de aprofundar a relação escolacomunidade para formação de uma cidadania democrática de cada sujeito, enfrentando o desafio metodológico do pessoal para o social, do subjetivo para o objetivo, do local para o nacional na perspectiva da criação de um projeto emancipatório que seja uma alternativa ao projeto hegemônico vigente. Diante do exposto apresentamos algumas proposições: Aprovação e implementação das Diretrizes Básicas de Educação do Campo para o estado de Minas Gerais que foi elaborada pela Comissão Permanente de Educação do Campo; Reforçar a proposta de “criação da Subsecretaria de Educação do Campo ligada a Secretaria Estadual de Educação”; Ampliação do marco regulatório que institui o programa de apoio as Escolas Famílias Agrícolas do estado; Combater o fechamento de escolas do campo; Melhoria na infraestrutura das escolas do campo; Formação continuada dos professores do campo; Política salarial diferenciada para os professores e outros profissionais que atuam nas escolas do campo, incentivando-os e criando condições para que os mesmos desenvolverem suas atividades no campo; Que o estado garanta a oferta de ensino médio aos estudantes do campo em seus locais de origem. 6. Trabalho Escravo. Desde o período colonial, nosso país sempre conviveu com a escravidão. Em 1888 a Lei Áurea proibiu a escravidão no Brasil, sendo um dos últimos países do mundo a criminalizar a escravidão. Mas este crime nunca acabou e vemos com muita frequência notícias de libertação de trabalhadores/as em situação de escravidão. Anteriormente, a escravidão atingia praticamente os trabalhadores/as em atividades rurais, mas nos últimos anos, setores urbanos tem usado a mão de obra análoga à escravidão para obter grandes lucros. COMISSÃO PASTORAL DA TERRA – MINAS GERAIS CNPJ: 02.375.913/0012-70 “JUNTOS COM OS POVOS DA TERRA E DAS ÁGUAS NA DEFESA DA VIDA”. O número de pessoas libertadas em condições análogas às de escravo no Brasil entre 1995 e setembro de 2012 foram cerca de 45.000, isto significa que neste período a cada ano, cerca de 3.900 pessoas foram libertadas vítimas deste crime. Estes números é apenas a parte visível do universo de tantas pessoas que sofrem condições de trabalho degradantes, muitas vezes, presas a sistemas de endividamento e realizando trabalhos extremamente penosos: carregando madeira ou carvão, desmatando a floresta nativa para a formação de pastos, no corte da cana de açúcar ou no preparo de lavouras de soja, na construção civil, na indústria têxtil e outros setores. O trabalho escravo contemporâneo combina graves violações da dignidade da pessoa do trabalhador/a, como a restrição ou até negação do direito de ir e vir e se desligar do serviço.Em alguns casos, os trabalhadores são até conscientes das condições degradantes que possivelmente os esperam, mas, como vivem numa situação de extrema pobreza e de constante desespero em busca de qualquer serviço, acabam se expondo aos riscos. Não raro, os trabalhadores são humilhados e vigiados por homens armados. Os direitos trabalhistas são simplesmente ignorados. Em pleno século XXI, no Brasil milhares de trabalhadores/as estão com a dignidade ameaçada ou violada por empregadores que praticam o crime de trabalho escravo. Segundo o Relatório Índice de Escravidão Global 2014, da Fundação WalkFree, divulgado no dia 17 de novembro do corrente ano, no Brasil atualmente existem 155,3 mil pessoas em situação análoga à escravidão. Analisando apenas o primeiro semestre de 2014, Minas Gerais lidera o ranking nacional de trabalho escravo, com 91 pessoas em situação de escravidão e pelo menos 50% das ocorrências foram verificadas na construção civil e em áreas urbanas. Os dados divulgados pelo Tribunal Regional do Trabalho no dia 20/08/2014, alerta que novas modalidades deste crime estão surgindo, pois a escravidão é uma prática recorrente do modelo de desenvolvimento que busca diminuir os custos de produção para que as empresas tenham mais lucros. Diante desta situação, estamos fazendo as seguintes proposições ao governo: Criação da COETRAE (Comissão Estadual para Erradicação do Trabalho Escravo); Garantir que as denúncias sobre trabalho escravo sejam fiscalizadas pelos órgãos competentes e os direitos dos trabalhadores sejam ressarcidos; COMISSÃO PASTORAL DA TERRA – MINAS GERAIS CNPJ: 02.375.913/0012-70 “JUNTOS COM OS POVOS DA TERRA E DAS ÁGUAS NA DEFESA DA VIDA”. Ampliação do número de fiscais para combater o trabalho escravo em Minas Gerais; Que as propriedades rurais ou urbanas que forem flagradas situações similares escravidão sejam expropriadas e destinas a reforma agrária ou a programas de habitação popular; Garantir Políticas públicas que contribua para combater o ciclo da escravidão e que asseguram atendimento à demanda dos trabalhadores/as em risco de Trabalho Escravo e Super Exploração. Senhor Governador, esperamos que estes desafios e proposições acima apresentadas sejam analisadas com muito carinho, atenção e as mesmas sejam atendidas. Esperamos de sua parte uma atuação ativa para garantir aos povos do campo, principalmente, o acesso às terras e aos territórios que historicamente lhes pertencem. Acreditamos que o seu governo não dará continuidade a uma política de cunho colonialista, que vê nestes povos e comunidades simplesmente “entraves ao desenvolvimento”, como tem ocorrido neste Estado. De nossa parte, vamos continuar ao lado dos camponesas e camponesas em suas lutas e esperanças, “contribuindo para articular as iniciativas dos povos da terra e das águas e buscando envolver toda a comunidade crista e a sociedade, na luta pela terra e na terra; no rumo da terra sem males”. Virgolandia, 05 a 07 de Dezembro de 2014. Assinam este documento: Comissão Pastoral da Terra; Conselho Pastoral dos Pescadores; Dom Antonio Carlos Félix- Bispo Diocesano de Valadares