Avaliação do Brunimento em Dimensão de Grãos de Arroz 25 Relação à Dejalmo Nolasco Prestes1, Angélica Markus Nicoletti1, Marcelo Holz Prestes1, Manoel Artigas Schirmer1, Daniel Fernandez Franco2, Alvaro Gerra Dias1. RESUMO O objetivo desse trabalho foi avaliar grãos de arroz das cultivares BR IRGA 409 e a cultivar híbrida de arroz irrigado ARIZE QM 1010, brunidos com a mesma regulagem de engenho de provas. Dentre os dois cultivares avaliado o ARIZE QM 1010 apresentou maior dimensão de grãos e maior peso de mil grãos. No que se refere ao perfil branquimétrico o resultado nos mostrou que teve efeito de abrasividade maior para os grãos com maiores dimensões e maior peso de mil grãos, nos sugerindo que ao trabalharmos com cultivares diferente devemos avaliar estes itens, para evitar perda no rendimento de grãos. Palavra- chave: branquímetro, comprimento, moinho de prova, híbrido. INTRODUÇÃO Uma das etapas de beneficiamento do arroz que tem grande importância sobre o rendimento de engenho é o brunimento. O brunimento do arroz é realizado por abrasão, por meio do contato dos grãos contra uma superfície áspera em movimento (SPADARO, et al., 1980). As operações unitárias de beneficiamento de arroz são responsáveis por cerca da metade do total de grãos quebrado, o que é um ponto negativo em termos de 1Universidade Federa de Pelotas, Caixa Postal 354, CEP 96010-900, Capão do Leão, RS, Brasil, dejalmoprestes@yahoo. com.br 2 Embrapa Clima Temperado. BR 392, km 7 8, C.P. 403, Pelotas, RS. E-mail: [email protected] 323 lucratividade, pois o valor de mercado dos grãos inteiros foi e continua sendo muito maior do que para os grãos quebrados. O aumento de 1 ou 2% no rendimento de engenho, é um valor significativo, e contribui para aumentar muito o lucro, sendo que quando se avalia processos de beneficiamento estamos tratando de grandes quantidades de grãos envolvidas no processo. O conhecimento das propriedades físicas e mecânicas dos grãos é de fundamental importância dimensionamento, construção e operação dos diversos equipamentos utilizados nas principais operações de pós-colheita. (Afonso Junior, 2001; Silva & Corrêa, 2000). O grau de brunimento é definido em relação à quantidade de farelo removida do grão. Em geral, há quatro graus de brunimento: bem brunido, razoavelmente bem brunido, levemente brunido e não- brunido; mas não há uma definição precisa desses termos. Sendo assim, o grau de brunimento é comumente determinado por inspeção visual ou por meio de aparelhos óticos que determinam o perfil branquimétrico da amostra. A maioria dos consumidores prefere arroz bem brunido, devido à sua maior brancura. Entretanto, para obter um arroz bem brunido, o rendimento de engenho diminui, com a conseqüente perda do volume produzido que implica em menor lucratividade. (HOUSTON, 1972). A dimensão de grãos e peso de mil grãos podem ser uma forma de avaliar o arroz a ser beneficiado. Neste trabalho, objetivamos analisar a granulometria de grãos de arroz e suas relações com o perfil branquimétrico durante o processo de beneficiamento. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido na Estação Experimental de Terras Baixas, da Embrapa Clima Temperado, localizada no município de Capão do Leão-RS e situados na encosta do Sudoeste do Estado do Rio Grande do Sul, 31°52’ 00” de latitude sul e 52°21’ 24” longitude oeste. O ensaio de campo foi conduzido durante o ano agrícola de 2010/2011, com semeadura realizada em 10/11/2010, nesta área o solo é classificado como Planossolo hidromórfico e pertence à unidade de mapeamento Pelotas. Foram utilizados dois genótipos de arroz irrigado, sendo uma cultivar convencional, BR IRGA 409, e o híbrido ARIZE QM 1010. A densidade de semeadura, espaçamento entre linhas e manejo da cultura foram conduzidas de acordo com as recomendações técnicas, da subcomissão de Manejo da Cultura e dos Recursos Naturais (SOSBAI, 2011). O delineamento utilizado foi completamente casualizado, com quatro repetições, totalizando oito parcelas. O tamanho das parcelas foi de nove 324 linhas, de quatro metros de comprimento cada, espaçadas de 17,5 cm entre si perfazendo uma área total de 6,2 m². Foi determinada a área útil de cada parcela (3,15 m2), descartando 50 cm nas bordas onde foram colhidos os grãos provenientes do colmo principal e dos perfilhos devidamente identificados. Os grãos foram colhidos manualmente quando atingiram de 25 a 18% de umidade. A seguir foi realizada a secagem das panículas em câmara com circulação forçada de ar, à temperatura ambiente. Após procedeu-se a trilha e separação da palha dos grãos de forma manual, sendo esta última com o auxilio de uma peneira. Os grãos de cada parcela pré-limpa foram embalados em saco de algodão, identificados, e armazenados em ambiente climatizado a 15°C, até o inicio das avaliações laboratoriais. O preparo do solo foi realizado através de aração e gradagens, em área previamente sistematizada. A adubação de base utilizada foi de 300 kg ha -1 da formula 5-20-20. Na adubação em cobertura foram utilizados 150 kg ha -1 de ureia, aplicados em duas frações iguais correspondentes ao início do perfilhamento e da diferenciação da panícula. A semeadura foi realizada mecanicamente. O controle de invasoras foi realizado com a utilização de Clomazone (300 gramas. h-1) mais Penoxsulam (45 gramas. ha-1) aplicado em pré-emergência. Em pós-emergência foi aplicado Quinclorac na dose de na dose de 500 gramas de principio ativo por hectare, um dia antes da entrada da água. Vinte e dois dias após a emergência foi iniciada a irrigação por, mantendo-se até a colheita. A pesagem foi realizada logo após a colheita e expressa para umidade de 13 ºC. O grau de umidade dos grãos de arroz foi determinado pelo método de estufa a 105 ± 3°C, com circulação natural de ar, por 24 horas, de acordo com o método oficial preconizado pelo Ministério da Agricultura (BRASIL, 2009). Foram utilizadas três repetições, com 10 g, para cada amostra. O estudo da qualidade física de grãos foi realizado no Laboratório de Grãos, da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel da Ufpel. As amostras de arroz foram descascadas e polidas em engenho de provas modelo ZACCARIA, PAZ-1DTA. A umidade de colheita dos grãos de arroz foi determinada pelo método de estufa a 105 ± 3°C, com circulação natural de ar, por 24 horas, de acordo com o método oficial preconizado pelo Ministério da Agricultura (BRASIL, 2009). Foram utilizadas três repetições, com 10 g, para cada amostra. Na dimensão dos grãos foi utilizado um paquímetro digital para obtenção de largura, espessura e comprimento com quatro repetições de 50 grãos, escolhidos aleatoriamente da amostra de arroz previamente homogeneizada. Peso de mil grãos determinado segundo a metodologia descrita por Regras de Análises de Sementes (BRASIL, 2009), através da contagem de 50 grãos em quadruplicata e calculado o peso de mil grãos. Perfil branquimétrico foi determinado em branquímetro marca ZACCARIA, modelo MBZ-1, operado conforme recomendações do fabricante. O 325 equipamento fornece os graus de brancura, transparência e polimento, utilizando escala própria. Os dados experimentais foram analisados segundo modelo completamente casualizado, com quatro repetições. Foi realizada a análise de variância e a comparação de médias pelo teste de Tukey, ambas a 5% de significância (p < 0.05), através do programa Statistica 6.0 (STATSOFT, 2004). RESULTADOS E DISCUSSÃO Tabela 1. Dimensões dos grãos de arroz com casca de dois genótipos de arroz, safra 2010/2011. Pelotas, RS. Dimensões (mm) Genótipos Comprimento Largura Espessura BR IRGA 409 9,23 cA 2,33 aA 2,00 aA Arize QM 1010 10,32 aA 2,44 abA 2,03 aA * Médias aritméticas simples sucedidas por letras minúsculas distintas na mesma coluna e por letras maiúsculas distintas na mesma linha diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância. O Arize QM 1010 teve maiores dimensões dos grãos do que o BR IRGA 409.A avaliação das dimensões dos grãos de arroz é importante para enquadrar a classe do genótipo na classificação oficial, (Brasil 2009) e também na regulagem de equipamentos nos processos de industrialização. Observando-se os dados apresentados nas Tabelas 2 para arroz natural em casca, verificam-se diferenças significativas nos pesos de mil grãos entre os genótipos BR IRGA 409, Arize QM 1010. O genótipo Arize QM 1010 foi o que apresentou maior peso de mil grãos. Tabela 2. Peso de mil grãos de arroz com casca, de dois genótipos de arroz, safra 2010/2011. Pelotas, RS. Genótipos Peso de mil grãos (g) BR IRGA 409 23,18 cA* Arize QM 1010 29,21 aA * Médias aritméticas simples sucedidas por letras minúsculas distintas na mesma coluna e por letras maiúsculas distintas na mesma linha diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância. 326 Analisando as Tabelas 1 e 2, verifica-se que a maior dimensão de grãos corresponde a um maior peso de mil grãos.O experimento nos mostra que grãos de arroz com maior peso de mil grãos e dimensão maior sofre mais abrasão no que se refere a cultivares diferente,quando brunido com a mesma regulagem no engenho de provas Tabela 3. Grau de brancura, transparência e polimento em grãos de dois genótipos de arroz, safra 2010/2011. Perfil branquimétrico Genótipos Brancura Transparência Polimento BR IRGA 409 41,37 bA 3,31 aA 101,33 cA Arize QM 1010 47,63 aA 4,10 aA 134,67 aA Médias aritméticas simples sucedidas por letras minúsculas distintas na mesma coluna e por letras maiúsculas distintas na mesma linha diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância. * Observando os dados da tabela 3, o parâmetro de brancura foi significativamente diferente entre os genótipos. Os grãos do genótipo Arize QM 1010 apresentaram maior índice de brancura comparado aos grãos do genótipo BR IRGA 409. Isso possivelmente se deve a sua maior dimensão (Tabela 1), que promove um maior grau de polimento para uma mesma regulagem do engenho de prova. Segundo Elias (2010), a indústria utiliza estes parâmetros para padronizar e homogeneizar o arroz beneficiado. Considerando que o processo de polimento dos grãos é uma etapa abrasiva, quando se procura a uniformidade dos valores de brancura nos grãos, pode-se interferir diretamente no rendimento de grãos inteiros, revelando a necessidade de ajustes no equipamento de polimento para evitar perdas e diferenças entre valores de rendimento de grãos inteiros. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Afonso Júnior, P.C. Aspecto física, fisiológica se de qualidade do café em função da secagem e do armazenamento. 351 p. 2001. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA. Norma de classificação, embalagem e marcação do arroz. Instrução Normativa Nº 6, Diário 327 Oficial da União, Seção 1, Página 3. 2009 b. ELIAS, M.C.; SCHIAVON, R.A.; OLIVEIRA, M.; RUTZ, D.; VANIER, N.L.; PARAGINSKI, R.T. Tecnologias e Inovações nas Operações de Pré-armazenamento, Armazenamento e Conservação de Grãos. In: Moacir Cardoso Elias, Maurício de Oliveira; Rafael de Almeida Schiavon. (Org.). Sistema Qualidade de Arroz na PósColheita: Ciência, Tecnologia e Normas. 1ed.Pelotas: Santa Cruz, v. 1, p. 213-266, 2010. HOUSTON, D.F. Rice - Chemistry and technology. St. Paul: American Association of Cereal Chemists. p.113-15. 1972. SOSBAI-Sociedade Brasileira de Arroz Irrigado. (2011) SPADARO, J.J.; MATTHEUS, J.; WADSWORTH, J.I. Milling. In: LUH, B.S. Rice: production and utilization. Connecticut: AVI Publishing. p.360-402,1980. Silva, J.S ; Corrêa, P.C Estrutura, composição de propriedades do grãos. In: S LVA, J.S. Secagem Armazenamento de produtos agrícolas. Juiz de Fora: Instituto Maria, p.21-37, 2000. 328