Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) do NUTEC: Experiência no Estímulo, Proteção e Transferência de Tecnologia Mendes, Ricardo de Albuquerque, Diretor de Inovação Tecnológica, Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará (NUTEC), [email protected] Silva, Maria Suêly F. Oliveira, Analista de Propriedade Industrial, Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará (NUTEC), [email protected] Oliveira, Francisco Arnaldo, Analista de Propriedade Industrial, Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará (NUTEC), [email protected] Diniz, Camila Austregésilo, Advogada na área de Propriedade Industrial, Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará (NUTEC), [email protected] Subtema de Enquadramento: Contribuição das EPDI's para o Brasil Inovador e Competitivo. Palavras-chaves: inovação, NIT, propriedade industrial, sistema da qualidade. Resumo: O presente trabalho descreve a experiência da Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará (NUTEC), no âmbito da inovação tecnológica - principalmente, na disseminação da cultura da inovação, na proteção dos ativos intangíveis, na normatização dos documentos para atender a ISO 9001:2008 e na transferência de tecnologia - após dois anos e meio da criação e implantação do seu Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) e da publicação da sua Política de Inovação Tecnológica do Nutec (PITN). Destaca que o sucesso obtido pelo NIT deve-se também às parcerias estabelecidas com outras Instituições Científicas e Tenológicas (ICT) através da Rede de Núcleos de Inovação Tecnológica do Ceará (REDENIT-CE), que atualmente é composta por 17 instituições. Apresenta as boas práticas adotadas na gestão do NIT, confirmada pela obtenção da certificação dos seus procedimentos , em 2010, pela ISO 9001:2008, os quais passaram a integrar o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) do NUTEC. Mostra como o NIT contribuiu para incluir a a atividade inovativa no NUTEC - tendo em vista que a Instituição prioriza a prestação de serviços técnicos especializados promovendo palestras, cursos, reuniões e participando de projetos, tais como “Projeto Estruturante para Rede de Núcleos de Inovação Tecnológica do Estado do Ceará”. Informa que o NIT após a identificação de tecnologias promissoras para a efetivação do depósito de patentes, direcionou suas ações para a realização dos procedimentos administrativos para efetivação da proteção patentária, bem como alimentação de base de patentes próprias, acompanhamento do desenvolvimento de parcerias e contratos, e elaboração dos trâmites necessários ao licenciamento da PI. Como conclusão, são apresentados os resultados obtidos. 1. Introdução A Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará (NUTEC), objetivando valorizar a atividade criativa desenvolvida na instituição, por meio da proteção das criações (propriedade intelectual), da transferência de tecnologia e da inovação tecnológica em prol do desenvolvimento econômico, tecnológico e social do estado do Ceará – criou, através de uma Portaria publicada no Diário Oficial do Estado em 1 24/11/2008, a sua Política de Inovação tecnológica (PITN), bem como, o seu Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), com base na Lei de Inovação nº 10.973/2004. O NIT, inaugurado no final de 2009, tem como objetivo articular, promover e valorizar as atividades desenvolvidas no âmbito do NUTEC, por meio da proteção intelectual, da transferência e da comercialização de tecnologias. Além disso, atende também inventores externos, recepcionando suas ideias, analisando criações em protótipos com oportunidades de inovação tecnológica, absorvendo-as de acordo com as capacidades do NUTEC. Atualmente, o NIT faz parte do Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (FORTEC), do Formulário para Informações sobre a Política de Propriedade Intelectual das Instituições Científicas e Tecnológicas do Brasil (FORMICT), do Portal de Inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e da Rede de Inovação Tecnológica do Estado do Ceará (REDENIT-CE), atualmente composta por 17 instituições e coordenada pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Juntamente com os demais NITs do estado do Ceará, contribuiu na elaboração da Lei Estadual de Inovação e dissemina a cultura de inovação, atendendo processos passíveis de proteção, orientando os inventores, realizando busca de anterioridade e registros de marcas e monitorando os pedidos junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). As boas práticas de gestão do NIT integram o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) do NUTEC, o qual foi certificado pela ISO 9001:2008, no ano de 2010, que define os procedimentos das atividades desenvolvidas, dando origem a um documento composto por referências, instruções e formulários devidamente formatados no Sistema de Gestão da Qualidade. O presente artigo descreve as experiências adquiridas pelo NIT, no decorrer desses dois anos e meio de existência, no âmbito da inovação tecnológica, principalmente, na disseminação da cultura da inovação, na proteção dos ativos intangíveis, na normatização dos documentos para atender a ISO 9001:2008 e na transferência de tecnologia. 2 2. Atuação do NUTEC NIT no Estímulo à Inovação A Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará (NUTEC), até meados dos anos de 2000, priorizava a prestação de serviços tecnológicos especializados e a transferência de tecnologia às empresas, ou seja, focava na prestação de serviços de análises, certificações, ensaios, inspeções, aferições, pareceres, perícias e laudos técnicos, deixando em segundo plano a pesquisa aplicada, o desenvolvimento de tecnologias e a transferência de tecnologia às empresas através de consultorias ou do processo de incubação. Com a criação da Diretoria de Inovação Tecnológica, em substituição à Diretoria de Pesquisa e Operações, o NUTEC iniciou o alinhamento da organização com à inovação tecnológica desenvolvida no âmbito estadual e nacional. Desde então, o NUTEC vem trabalhando na disseminação da cultura da inovação dentro da instituição, firmando parcerias estratégicas com empresas e ICTs, buscando atingir todo o Estado do Ceará. Inicialmente, foi criado e estruturado o núcleo de inovação tecnológica (NIT), conforme disposto no art. 17 da Lei de Inovação nº 10.973/2004 e do seu decreto regulamentador nº 5.563 de 11/10/2005, que diz: “A ICT deverá dispor de Núcleo de Inovação Tecnológica, próprio ou em associação com outras ICT, com a finalidade de gerir sua política de inovação.1” Essa ação foi concretizada através da publicação da Política de Inovação Tecnológica do Nutec (PITN), que contém seu objetivo, vinculação, estrutura, competências, funcionamento e estabelece regras sobre patente, registro, certificação e demais aspectos inerentes à proteção da propriedade intelectual, como também, para a transferência e a comercialização da tecnologia desenvolvida no âmbito do Nutec. Após sua criação, o NIT direcionou, à priori, suas ações ao estímulo à inovação no âmbito interno da instituição, visto que durante diversos anos seus pesquisadores e técnicos estavam focados na prestação de serviços, e não priorizavam a pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias. Segundo Bocchino (2010, p. 15), “ a pesquisa e o desenvolvimento (P&D) devem ser direcionados para atender às necessidades humanas e desta forma 1 Decreto 5.563 de 11/10/2005, art. 17 3 cumprir um importante papel no desenvolvimento social e tecnológico do país” 2. E, pensando nisso, o NIT vem realizando ações que visam incentivar o pesquisador a desenvolver produtos e/ou processos que possam causar um impacto significativo no mercado, contribuindo , desta forma, com o desenvolvimento industrial e tecnológico do Ceará e demais estados brasileiros. Dentre as ações desenvolvidas pelo NIT, destacam-se a realização de palestras, cursos e reuniões voltadas à difusão da proteção de tecnologias inovadoras e visitas aos laboratórios para estimular os pesquisadores a desenvolverem pesquisas voltadas a solucionar os gargalos tecnológicos existentes na indústria e mostrar a importância da inovação, para a ICT e para eles mesmos. Em paralelo a essas ações, o NIT buscou alternativas para a disseminação da inovação em ICTs do estado, ação esta que tornou-se possível através do “Projeto Estruturante para Rede de Núcleos de Inovação Tecnológica do Estado do Ceará” apoiado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado do Ceará (SECITECE) e elaborado com a participação de 6 (seis) ICTs do estado, a saber: NUTEC, Universidade Estadual do Ceará (UECE), Fundação Cearense de Metrologia e Recurso Hídricos (FUNCEME), Instituto Centro de Ensino Tecnológico (CENTEC), Universidade Regional do Cariri (URCA), Universidade do Vale do Acaraú (UVA), apoiado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado do Ceará (SECITECE). Este projeto teve o objetivo de implantar e estruturar o arranjo nomeado Rede de Núcleos de Inovação Tecnológica do Ceará (REDENITCE), para fortalecer os NITs já implementados ou em fase de implementação, e induzir o surgimento de novos NITs no estado, através de ações coordenadas voltadas para a capacitação de recursos humanos, à difusão de boas práticas de Proteção à Propriedade Intelectual e de Transferência de Tecnologia, e à execução de todas as competências normatizadas na Leis de Inovação Federal e Estadual, que devem ser exercidas pelos NITs das ICTs, para promoverem o aumento de proteção de criações e suas transferências para o mercado. 2 BOCCHINO, Leslie. Publicações da AGU: Propriedade Intelectual – conceitos e procedimentos, Brasília, 2012, p. 15 4 3. O Sistema de Gestão da Qualidade no NIT A Organização Internacional para Normalização (ISO) é “uma organização não governamental que, atualmente, está presente em cerca de 120 (cento e vinte) países, onde sua função é promover a normalização de produtos e serviços utilizando determinadas normas, para que a qualidade dos produtos e serviços seja sempre melhorada” 3. No Brasil, o órgão que representa a ISO é a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Já a ABNT NBR ISO 9001, trata dos requisitos que a organização deve preencher para ter seu Sistema de Gestão de Qualidade (SGQ) certificado pela ISO e comprovar a qualidade dos seus produtos e serviços. Ressalta-se que “um SGQ eficaz permite às organizações verificarem a consistência de seus processos e orienta o seu monitoramento, objetivando aumentar a sua competitividade e, com isso, assegurar a satisfação de seus clientes” 4. Dentre os requisitos trazidos pela ISO 9001, estão os seguintes: padronização de todos os processos chaves do negócio, processos que afetam o produto/serviço e consequentemente o cliente; monitoramento e medição dos processos de fabricação para assegurar a qualidade do produto/serviço através de indicadores de performance e desvios; a implementação e manutenção dos registros adequados e necessários para garantir a rastreabilidade do processo; inspeção de qualidade e meios apropriados de ações corretivas quando necessário, assim como, a revisão sistemática dos processos e do sistema da qualidade, para garantir sua atualização e eficácia. O NUTEC obteve a certificação do seu SGQ, que inclui algumas de suas suas áreas, dentre elas o NIT, pela ISO 9001: 2008 no ano de 2010. O NIT, ao realizar suas atividades (proteção da propriedade intelectual; apoio à elaboração de projetos inovadores; controle dos indicadores de inovação; disseminação da inovação; pedido de registro de marca, acompanhamento técnico e jurídico para elaboração, depósito e administração de pedido de patente) efetiva seus procedimentos em conformidade com o SGQ do NUTEC (devidamente 3 OFICNA DA NET. ISO 9000 – Conceitos, disponível em http://www.oficinadanet.com.br/artigo/491/uso_9000_-_conceitos 4 TEMPLUM ISO ONLINE. ISO 9000 e a Norma ISO 9001, disponível em http://www.certificacaoiso.com.br/iso-9001/ 5 certificado pela ISO 9001:2008, como dito anteriormente). Tais procedimentos trazem em seu bojo todas as atividades a serem realizadas pelo NIT e a maneira que devem ser realizadas, através de documentos de referência, baseados na Lei de Inovação nº 10.973/04, quais sejam, 5 (cinco) documentos de referências (DR), 8 (oito) instruções (I) e 21 (vinte e um) formulários (F). No intuito de proteger as tecnologias desenvolvidas no âmbito do NUTEC e nas demais empresas parceiras e/ou instituições públicas e privadas, e com inventores independentes, o NIT estimula e formaliza o patenteamento, o registro das criações e acompanha o processo de proteção, utilizando as diretrizes previstas no documento I8D16 – Análise de Viabilidade da Invenção, que objetiva descrever detalhadamente os passos a serem seguidos durante as providências preliminares a fim de verificar a viabilidade ou não da proteção. Oriundas desta instrução surgiram duas novas instruções: I2D16 e I3D16 que orientam na execução de dois processos imprescindíveis à efetivação da proteção da patente, quais sejam: a busca de anterioridade (identificação e avaliação do estado da técnica da tecnologia a ser protegida) realizada pelo NIT e o depósito de pedido de patente (elaboração do relatório técnico de patente e preparação da documentação pertinente ao pedido de patente) que será feito junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), respectivamente. Além destas atividades, o NIT presta também serviços de, acompanhamento técnico e jurídico quando da elaboração, depósito e administração de um pedido de patente, conforme descrito no F7D16 – Contrato de Prestação de Serviço Técnicos em Propriedade Intelectual. Objetivando levar para o mercado a criação intelectual desenvolvida na instituição, o NIT promove ações para a transferência da tecnologia inovadora, através da celebração de contratos e congêneres, e diligencia toda e qualquer iniciativa que vise a este propósito, conforme descrito no documento I5D16 Transferência de Tecnologia, que prevê, de forma pormenorizada, todos os trâmites necessários para celebração de um contrato de transferência de tecnologia, desde a fase de divulgação da invenção protegida (ocorrerá por meio de edital publicado nos diversos meios de comunicação, assim como o contato direto do NIT para com as empresas que atuam na área específica da invenção) até a formalização das 6 negociações, mediante o contrato de transferência de tecnologia, que posteriormente será averbado junto ao INPI. Com relação ao apoio dado pelo NIT na elaboração de projetos inovadores, o NIT auxilia no desenvolvimento de novas tecnologias, através da captação de recursos financeiros de instituições de fomento para melhorar a infraestrutura dos laboratórios, com relação a equipamentos, mão de obra qualificada e insumos necessários a realização das pesquisas. Neste contexto, o NIT seleciona e divulga editais de fomento à pesquisa sobre inovação que se enquadrem nas áreas de atuação do NUTEC e auxilia os técnicos interessados na elaboração de seus projetos. Durante a execução do projeto aprovado, o NIT permanece mantendo contato com os coordenadores para identificar possíveis criações tecnológicas com potencial de patenteamento, e realizar busca de anterioridade conforme descrito no documento I2D16 - Busca de Anterioridade para, em seguida, proceder o patenteamento da tecnologia. O controle dos indicadores de inovação é realizado mensalmente pela equipe do NIT, através do formulário F1D16 - Coleta de Indicadores de Inovação. Os técnicos do NIT coletam informações nas áreas técnicas da Instituição e preenchem o formulário descrito acima. Em seguida, eles avaliam e classificam os resultados decorrentes de atividades e projetos de P&D para o atendimento das disposições da lei de Inovação. O NIT desenvolve ações e projetos com o escopo de divulgar seus serviços e disseminar o empreendedorismo em diversos tipos de organizações, tais como, Instituições de Ensino Superior, Organizações Não Governamentais e Governamentais, Associações, dentre outras, mediante o estímulo às parcerias estratégicas, por meio de convênios do NUTEC com empresas e entidades públicas e privadas, intensivas em inovação e conhecimento, de acordo com a legislação vigente e as normas internas dispostas na I9D16 (Formalização de Contrato de Parceria). No intuito de garantir o direito de uso exclusivo de uma marca em todo território nacional num determinado ramo de atividade econômica, o NIT desenvolve atividades para a realização do registro de marcas junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), conforme a instrução I7D16 - Pedido de Registro de 7 Marcas. Esta instrução contém todos os procedimentos necessários para lograr êxito junto ao INPI, quando do requerimento de registro de determinada marca, incluindo a realização de uma busca de anterioridade (conforme I2D16) na base de dados do INPI, para verificar a viabilidade do pedido do registro da marca pretendida pelo cliente. No entanto, se o NIT por ocasião da busca de anterioridade, encontrar algum impedimento referente a marca pretendida, orienta o cliente para solucionar o problema. Além destes procedimentos, tal instrução também prevê o serviço de acompanhamento do pedido de registro de marca. Essa atividade é ofertada, tanto para os laboratórios da instituição como para empresas parceiras e/ou instituições públicas e privadas, bem como, para as empresas incubadas, micro e pequenas empresas que desejam proteger a sua marca e agregar valor aos seus produtos e serviços. 4. A Proteção e a Transferência da Propriedade Intelectual (PI) realizada pelo NIT A proteção dos ativos intangíveis resultantes, geralmente, da pesquisa científica básica, da pesquisa aplicada e do desenvolvimento tecnológico foram alcançados no NUTEC a partir da implantação da sua Política de Inovação Tecnológica do NIT (PITN) e das ações voltadas à disseminação da cultura de inovação, pois, através delas, a PI passou a ser compreendida pelos pesquisadores e inventores de novas tecnologias como um agregador de valor e capital intelectual. Jungmann (2012, p. 22), com muita propriedade, diz: “A propriedade industrial tem o seu foco de interesse voltado para a atividade empresarial. Tem por objeto, patente de invenção e de modelo de utilidade, marca, desenho industrial, indicação geográfica, segredo industrial e repressão a concorrência desleal, sendo regulamentada pela Lei no 9.279/96. A propriedade industrial engloba um conjunto de direitos e obrigações relacionados a bens intelectuais, objeto de atividade industrial de empresas ou indivíduos. Assegura a seu proprietário (titular do direito) a exclusividade de: fabricação, 8 comercialização, importação, uso, venda e cessão” 5. (JUNGMANN, 2010, p. 22) Primeiramente, o NIT construiu mecanismos para o monitoramento da criação intelectual, desde sua origem no laboratório até sua inserção no mercado através de contratos e acordos de parcerias, assim como mecanismos de captura de demanda e disseminação de ofertas tecnológicas. Após a identificação de tecnologias promissoras para a efetivação do depósito de patentes, o NIT direcionou suas ações para a gestão da PI, a saber: • prospecção de informações tecnológicas, • busca de anterioridade, • desenvolvimento de relatórios técnicos que suportem o processo de registro ou depósito da PI, • acompanhamento do processo, • alimentação de base de patentes próprias, • acompanhamento do desenvolvimento de parcerias e contratos, e • elaboração dos trâmites necessários ao licenciamento da PI. Com isso, a instituição conseguiu, no ano de 2011 e início de 2012, contribuir com o avanço tecnológico local e estadual, através do depósito de pedido de patente de 7 (sete) tecnologias nas áreas de biocombustível, automação e robótica, eletrônica aplicada e química orgânica e inorgânica. As ações voltadas para o licenciamento das tecnologias estão em estágio inicial, e sendo desenvolvidas com o apoio da REDENIT-CE e da empresa INVENTTA. 5. Resultados Obtidos Apesar das problemáticas enfrentadas pelo NIT, no que diz respeito a renovação constante do quadro de pessoal, o núcleo conseguiu obter resultados bastante satisfatórios até o momento, principalmente, pelo fato de ser o único NIT conhecido por ter seus serviços normalizados de acordo com a ISO 9001:2008 demostrando assim a qualidade do serviço e, com isso, assegurando a satisfação 5 JUNGMANN, D. M. A Caminho da Inovação: Proteção e Negócios como Bens de Propriedade Intelectual, Brasília: IEL, 2010, p. 22 9 dos clientes e pesquisadores. Além da certificação, o NIT possui também como resultado da aplicação do SGQ os diversos documentos que otimizam a execução das atividades e o monitoramento de seus processos. Esses documentos estão descritos na tabela 1 abaixo. No que tange a proteção de tecnologias, também foram alcançados bons resultados, pois após dois anos e meio de implementação, o núcleo já conseguiu depositar, junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), 12 (doze) pedidos de registro de marcas e 07 (sete) pedidos de patentes, abaixo relacionados, dos quais 03 (três) dessas tecnologias decorreram da interação existente entre o NIT e a incubadora do NUTEC (PARTEC): • Processo de Produção de Biocombustível e Biocombustível Obtido; • Aparato Monitorador de Parâmetros e Condições de um Veículo, e Método de Monitoramento de Acidentes de Trânsito; • Robô Autônomo para Vigilância e Processo de Produção de Robô Autônomo para Vigilância; • Dispositivo para Produção de Óleo a partir de Resíduos Animais, Óleo obtido e Uso de Óleo obtido de Resíduos Animais como Biodiesel; • Processo de Produção da Zeólita 4A a partir de Caulim Calcinado; • Processo de Produção de Adsorvente de Mercúrio e Adsorvente Obtido; e • Processo de Produção de Zeólita NaX e Zeólita NaX obtida. Com relação a transferência destas tecnologias, o NIT, até o presente momento, não conseguiu efetivar o licenciamento ou cessão delas, embora uma já tenha sido negociada mas não foi obtido sucesso na sua transferência. Atualmente, como resultado positivo tem-se a aprovação das 07 (sete) tecnologias na 2ª fase de seleção do "Projeto de Avaliação e Comercialização de Tecnologias", coordenado pela REDENIT-CE. Por meio deste projeto, as tecnologias serão qualificadas e acompanhadas pela equipe da REDENIT-CE, da empresa INVENTTA e do NIT para realização de provas de conceito e estudo de mercado, visando a comercialização com empresas interessadas em produzi-las industrialmente. 10 Tabela 1 – Relação dos documentos do SGQ utilizados pelo NIT, 2011-2012 Código Descrição D16 Procedimento do NUTEC NIT DR1D16 Estímulo do NUTEC no Processo de Inovação DR2D16 Da Prestação de Serviços Parcerias e Bolsa de Estímulo a Inovação Tecnológica DR3D16 Ganhos Econômicos Auferidos pelo NUTEC DR4D16 Propriedade Intelectual DR5D16 Inventor Independente e Confidencialidade I2D16 Busca de Anterioridade I3D16 Depósito de Pedido de Patente I4D16 Apoio a Elaboração de Projetos sobre Inovação I5D16 Transferência de Tecnologia I6D16 Cadastro da Demanda por Inovação Tecnológica I7D16 Pedido de Registro de Marcas (PRM) I8D16 Análise de Viabilidade da Invenção I9D16 Formalização de Contrato de Parceria F1D16 Coleta de Indicadores de Inovação F2D16 Relatório de Atividades do NUTEC NIT (RA) F3D16 Formulário de Cadastro de Eventos (FCE) F4D16 Cadastro do Inventor F5D16 Listas de Frequência de Eventos do NIT F6D16 Controle de Atendimento à Clientes F7D16 Contrato de Prestação de Serviço Técnicos em PI F1I3D16 Relatório para Depósito de Pedido de Patente (RDPP) F2I3D16 Depósito de Pedido de Patente (DPP) F3I3D16 Anexo Depositante (AD) F1I4D16 Comunicação do Projeto de Pesquisa (CPP) F2I4D16 Controle de Projetos de Inovação Submetidos (CPIS) F1I5D16 Declaração Não Confidencial de Invenção (DNCI) F1I6D16 Cadastro da Demanda por Inovação Tecnológica (CDIT) F1I7D16 Registro de Marcas (RM) F1I8D16 Declaração de Revelação da Criação (DRC) F2I8D16 Termo de Confidencialidade (TC) F3I8D16 Análise de Criação (AC) F4I8D16 Controle de Análise da Invenção (CAI) F5I8D16 Anexo do Inventor (AI) F1I9D16 Convênio de Cooperação Científica e Tecnológica (CCCT) Fonte: NUTEC 11 6. Conclusões Conclui-se, após ser realizado a análise do desempenho do NIT no NUTEC, que: • foi realizado expressivo número de depósito de patentes e registro de marcas; • adotou-se boas práticas de gestão com a elaboração e a certificação dos procedimentos pela ISO 9001:2008; • obteve-se alto nível de capacitação da equipe de analistas em PI; • contribui-se para o intercâmbio entre ICTs através da criação da REDENITCE; • foi despertado o interesse dos pesquisadores pelo desenvolvimento da inovação; e • contribui-se na captação de recursos para P,D&I. Desta forma, considera-se que o NIT do NUTEC tem tido um ótimo desempenho comparado aos demais NITs estaduais. 7. Referências Bibliográficas BOCCHINO, L. O., Publicações da Escola da AGU: Propriedade Intelectual – conceitos e procedimentos. Brasília: Advocacia-Geral da União, 2010. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Curso de propriedade intelectual & inovação no agronegócio / Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; organização Pimentel, L.O. 3. ed. rev. e atual. – Brasília : MAPA ; Florianópolis : EaD/UFSC, 2012. _______. Decreto nº 5.563, de 11 de outubro de 2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5563.htm >. Acesso: 01 jun. 2012. JUNGMANN, D. M. A Caminho da Inovação: Proteção e Negócios como Bens de Propriedade Intelectual. Brasília: IEL, 2010. _______. Lei nº 10.973, de 02 de dezembro de 2004. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.973.htm >. Acesso em: 01 jun. 2012. 12 NORMA BRASILEIRA. ABNT NBR ISO 9001:2008. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/11789290/ABNT-ISO-90012008>. Acesso em: 01 jun. 2012. OFICINA DA NET. ISO 9000 Conceitos. Disponível em: <http://www.oficinadanet.com.br/artigo/491/uso_9000_-_conceitos>. 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