Dimensões sociais da linguagem Eloá Muniz Toda a relação de comunicação se constitui pelo estabelecimento de vínculos entre as estruturas. Os vínculos são estabelecidos a partir da construção discursiva, ou seja, numa instância onde a produção do sentido se institui na direção, tanto do emissor quanto do receptor. É, por assim dizer, o resultado de uma relação construída pelo processo de troca de informação. A produção do sentido, considerando as condições e os meios, possui uma intencionalidade. Haverá sempre uma intenção de comunicação permeando as relações entre os membros de uma coletividade definida no tempo e no espaço. Este membro da sociedade se torna, assim, o sujeito histórico desta relação comunicacional, tendo condições de produção e recepção de mensagens. Esta condição espaço-temporal que cria o campo social, onde as interações de discursos se efetivam e as relações dicotômicas se evidenciam, constitui o lugar onde se localiza o estudo do significado e onde se estabelecem as relações de oposição no sentido estrutural. Este contexto social que é formado pelo sujeito histórico, no qual ele é visto como o início e o fim de todo processo de comunicação, se estabelece em função de suas matrizes culturais e das articulações possíveis nas relações de vínculos entre as classes sociais. Ou seja, o sujeito histórico é o agente desta relação comunicacional, atuando ora como emissor ora como receptor de mensagens. Assim, o agente age e é agido pelos eventos sociais, uma vez que os acontecimentos são processos de formulação de verdades, onde cada agente possui a sua verdade. Desta maneira, cada sujeito histórico constrói a sua verdade ou as suas verdades, originando as estruturas sociais que são o construto de várias ações em movimento, num processo de constante formulação de verdades. Estas verdades não são absolutas, tampouco são hegemônicas. Elas são mutáveis e interagem com outras verdades oriundas de várias estruturas podendo ou não ser reconhecidas como tal. À medida que a sociedade se torna mais e mais democratizada, ela se impõe e se expõe às quantidades, cada dia maior de verdades, estabelecendo uma relação de poder de convencimento, pois quanto maior o número de adeptos a uma verdade mais verdadeira ela se torna. Assim, as estruturas se preocupam em produzir, cada vez mais, o seu sentido de verdade, construindo formas simbólicas de reconhecimento no universo simbólico do campo mediático. Estas estruturas se organizam conforme os interesses comuns de sentido, produzindo acontecimentos que possam formular e reforçar sua identificação pelo contexto social. Desta forma, as estruturas de maior poder, detentoras da informação, possuem mais condições de produzir mensagens e motivar as sensações humanas para as percepções de sentido, do que as estruturas de menor poder. Esta relação desigual de poder se estabelece no mundo moderno através dos processos dos medias em geral. Os medias são formas simbólicas utilizadas para intensificar a produção de signos que possam ser facilmente identificadas por ocasião da emissão das mensagens. Temos por assim dizer, que o contexto social está constantemente sendo abastecido de significação, pois a realidade apresentada através dos medias são construções significadas a partir da realidade. São, portanto, verossímeis. O mundo moderno se utiliza dos medias para criarem sentidos e significações para os mais diversos tipos de discursos. Assim, a interação estabelecida pelas estruturas sociais, através dos medias, se constitui em uma relação recíproca de poder, ou seja: o ato de comunicação.