Editorial O presente dossiê da revista In-Traduções é dedicado à localização de games. A proposta do dossiê surgiu durante o planejamento da disciplina “Investigando Games e Tradução”, ministrada pelas organizadoras desse dossiê, no segundo semestre de 2012, na Pós-Graduação em Estudos da Tradução, da Universidade Federal de Santa Catarina. No decorrer da disciplina, a ideia foi gradualmente se concretizando devido à carência de textos sobre a localização de games no Brasil, e também de textos em português que tratassem da localização de games em geral. De certo modo, o dossiê retoma algumas das indagações surgidas no caminhar da disciplina mencionada acima. Em especial, a inconsistência terminológica, própria de todo novo campo de pesquisa e/ou atuação, onde termos como jogos, jogos digitais, jogos eletrônicos, videogames, video games e games são usados de forma intercambiável, ou termos como tradução e localização são usados ora como sinônimos, ora como termos distintos. O dossiê está organizado em três seções: artigos, traduções e resenhas. A primeira seção traz quatro artigos, que permitem um vislumbre sobre a diversidade de tópicos que podem ser abordados dentro do universo da localização de games. No primeiro artigo, “A Localização de Games no Brasil: um Ponto de Vista Prático”, Bruna Luizi Coletti e Lennon Motta, ao relatarem suas experiências como localizadores de games na empresa florianopolitana Hoplon, nos mostram alguns dos desafios enfrentados pelos profissionais dessa área. No segundo artigo, “Magic: The Gathering sob a Ótica da Gramática Visual”, Meggie Fornazari apresenta as investigações iniciais de sua pesquisa de mestrado sobre o primeiro jogo de cartas com estampas ilustradas: Magic: The Gathering. Para analisar a coesão narrativa entre a imagem e as regras de cada carta, a autora emprega conceitos da gramática visual, de Gunther Kress e Theo van Leeuwen. In-Traduções, ISSN 2176-7904, Florianópolis, v. 5, n. esp.– Games e Tradução, p. i-iii, out 2013. i No terceiro artigo, “Emulação e Emuladores: de Aristóteles ao Atari 2600”, Roberto Mário Schramm Jr. nos provoca com indagações acerca da emulação de games como uma prática tradutória, enquanto ilustra seus argumentos com screenshots de games emulados. No último artigo, “Venuti e os Videogames: o Conceito de Domesticação/Estrangeirização Aplicado à Localização de Games”, Ricardo Vinicius Ferraz de Souza relaciona os conceitos de domesticação-estrangeirização, de Lawrence Venuti, com a localização de games e inclui em seu artigo vários exemplos de games localizados em diferentes línguas. A segunda seção, que traz a tradução de dois artigos e a tradução de uma entrevista, tem por objetivo disponibilizar em português alguns textos sobre a área de localização de games. O primeiro artigo, “A Localização de Jogos: Libertando a Imaginação com Tradução Restrita”, de autoria de Carme Mangiron e Minako O’Hagan, e traduzido por Rafael Galhardi, salienta os aspectos específicos da localização de games, que combina elementos da tradução audiovisual e da localização de software, e apresenta um estudo de caso com games da série Final Fantasy. O segundo artigo, “Romhacking: a Localização de Games Clássicos em um Contexto de Fãs, de Pablo Muñoz Sánchez, e traduzido por Luiziane da Silva Rosa, trata do fascinante processo de romhacking, onde fãs modificam e traduzem games que não receberam tradução oficial em suas línguas nativas. Finalmente, a tradução realizada por Grasiele Fernanda Hoffmann e Verônica Rosarito da entrevista concedida por Santiago G. Sanz, professor da Universidade de Vigo, na Espanha, a Alba C Porrúa, do site All Star Geeks. Essa entrevista teve o propósito de compartilhar informações sobre o trabalho realizado por localizadores de games, o que pode despertar a atenção dos brasileiros para essa área de atuação. E na terceira seção, Fernando Silva resenha o livro “The Game Localization Handbook”, de Heather Maxwell Chandler e Stephanie O’Malley Deming. O livro, que ainda não possui tradução em português, é indicado não apenas para entusiastas, In-Traduções, ISSN 2176-7904, Florianópolis, v. 5, n. esp.– Games e Tradução, p. i-iii, out 2013. ii estudantes e profissionais da área de localização em geral ou localização de games, mas também para demais profissionais da indústria de games que desconhecem a prática e/ou os benefícios do processo de localização de games. Encerramos essa apresentação agradecendo aos alunos-pesquisadores da disciplina “Investigando Games e Tradução” que aceitaram o desafio de participar do primeiro dossiê sobre localização de games no Brasil, aos demais pesquisadores que aceitaram o convite e confeccionaram textos relatando suas pesquisas e reflexões nesse campo, e também aos editores da In-traduções que prontamente apoiaram nossa ideia. Desejamos que esse dossiê seja proveitoso para os leitores e que essa área de atuação profissional e de pesquisa floresça em nosso país. Cristiane Denise Vidal e Viviane Maria Heberle Organizadoras In-Traduções, ISSN 2176-7904, Florianópolis, v. 5, n. esp.– Games e Tradução, p. i-iii, out 2013. iii