Des. Getulio Pinheiro 22/04/2002 SAUDAÇÃO AOS EXCELENTÍSSIMOS SENHORES DESEMBARGADORES NATANAEL CAETANO FERNANDES, OTÁVIO AUGUSTO BARBOSA E GETÚLIO VARGAS DE MORAES OLIVEIRA. Reúne-se o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, em sessão solene, para dar posse aos que o dirigirão nos próximos dois anos, os Excelentíssimos Senhores Desembargadores Natanael Caetano Fernandes, Otávio Augusto Barbosa e Getúlio Vargas de Moraes Oliveira, respectivamente nos cargos de presidente, vice-presidente e corregedor de justiça. Por extrema bondade do Excelentíssimo Senhor Desembargador Edmundo Minervino Dias, amigo a quem sou unido por laços fraternais, tive a honra de receber a missão de saudálos. Posto que cônscio de minhas limitações como orador, cumpro-a com prazer e alegria em razão do respeito, admiração e amizade para com todos eles. Praza aos céus não seja esta a última posse em que a eleição dos dirigentes do tribunal se deu sem disputa por seus cargos. O exercício de qualquer deles é sempre honra que não se pede, mas também ônus irrecusável, imposto tacitamente, quase sempre, pela ordem de antiguidade. Passou-se a verberar, de uns tempos a esta parte, no entanto, o critério adotado nas eleições para os cargos de direção dos tribunais, tachando-o de anti-democrático por não contar com a participação direta de todos os magistrados a eles vinculados. Ilustre membro do Senado da República apresentou emenda ao projeto da chamada reforma do judiciário, em trâmite naquela casa de leis, em que se estabelece a eleição dos presidentes e vice-presidentes dos tribunais de segundo grau por todos os juízes a eles vinculados, incluídos os de primeira instância. A justificativa apresentada é a de que, com esse procedimento, estar-se-ia a garantir, sob a ótica do senador, “o necessário debate sobre as prioridades administrativas que devem ser adotadas no âmbito de cada órgão jurisdicional” e “ampliado o controle sobre a gestão administrativa dos órgãos do Poder Judiciário, já que serão ampliados os participantes desse processo”. A Comissão de Constituição e Justiça do Senado rejeitou essa proposta; não está afastada, todavia, a possibilidade de que venha a ser reapresentada ao seu plenário. Mais democrática do que o sistema atual não se mostra essa novidade; muito menos concederia aos magistrados de primeira instância o poder de controlar os atos de gestão administrativa depois de eleitos e empossados seus candidatos. Observa-se implícita, ao revés, Des. Getulio Pinheiro 22/04/2002 a autorização para que partidos ou facções se instalem no seio dos tribunais, com a probabilidade do acirramento de ânimos em campanhas por seus cargos, atividades estranhas, por tradição, aos que fazem da magistratura profissão de fé, contribuindo, com isso, para sua desagregação. Não se pode questionar a capacidade e o discernimento dos magistrados de primeira instância na escolha dos que lhes pareçam mais aptos ao exercício dessas relevantes funções, visto que são cidadãos dotados do mais elevado espírito público; preocupa-me o procedimento antecedente ao pleito. Os anseios dos magistrados, de todas as instâncias, têm canal próprio de comunicação com seus tribunais e com os vários segmentos da sociedade. Aí estão as associações, sempre a reivindicar e a sugerir o aperfeiçoamento da prestação jurisdicional. A administração que hoje se afasta, composta pelos Desembargadores Edmundo Minervino Dias, José de Campos Amaral e Nívio Geraldo Gonçalves, presidente, vicepresidente e corregedor, respectivamente, é exemplo de que a tradição deve ser mantida. Suas Excelências, pelo trabalho conjunto nos últimos dois anos, deixarão marcas indeléveis na memória de todos. Merecem destaques, entre suas inúmeras realizações, a instalação do Complexo de Armazenamento, constituído pelo Arquivo Central, Depósito Público e Almoxarifado; a conclusão dos fóruns das Circunscrições Judiciárias de Planaltina, do Gama, de Sobradinho e de Santa Maria; a reforma e a ampliação do Palácio da Justiça, iniciadas na administração do eminente Desembargador Hermenegildo Gonçalves, sem as quais esta sessão magna de posse teria seu brilho empanado; a realização de concursos para preenchimento de cargos de servidores, juízes substitutos, notários e registradores; os projetos de “Justiça Comunitária”, com o objetivo precípuo, fora do processo convencional, de prevenir litígios entre cidadãos carentes e promover o entendimento entre pessoas que se desavenham, e “Justiça e Cidadania se Aprendem na Escola”, com o fito de aproximar o Poder Judiciário da comunidade. Assume a presidência deste tribunal o eminente Desembargador Natanael Caetano Fernandes. Nascido em Mossâmedes, Estado de Goiás, a 17 de julho de 1943, é filho de João Caetano Fernandes e Acylina Caetano Ferreira. Casado com a Dra. Deleane Camargo de Santana Fernandes, juíza de direito na Circunscrição Judiciária do Paranoá, foram abençoados com o nascimento dos filhos Ana Celina, Yonara e Natanael Júnior. Bacharel em direito pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás em 1968, obteve aprovação nos concursos para ingresso nas carreiras do Ministério Público e da Magistratura do Estado no ano seguinte, optando por esta última ao assumir o cargo de Juiz de Direito, em janeiro de Des. Getulio Pinheiro 22/04/2002 1970, aos vinte e seis anos de idade, na então 9ª Zona Judiciária, constituída pelos municípios de Santa Teresa, Formoso, Mutunópolis e Estrela do Norte. Removido para a Comarca de 1ª Entrância de Joviânia naquele mesmo ano, lá permaneceu até princípios de janeiro de 1976, quando se transferiu para Brasília, a fim de assumir o cargo de Juiz de Direito Substituto da Justiça do Distrito Federal, depois de aprovado em concorrido e difícil certame realizado no ano anterior. No Distrito Federal, como juiz substituto, exerceu sua jurisdição em todas as varas cíveis e criminais, tanto no exercício pleno como no auxílio de seus titulares, até ser promovido por merecimento, em votação unânime pelos membros do tribunal, a Juiz de Direito da 9ª Vara Criminal, posteriormente transformada na 4ª Vara Criminal, de onde se removeu, a pedido, para a 2ª Vara da Fazenda Pública. Indicado por unanimidade para compor lista tríplice de promoção, por merecimento, ao cargo de desembargador, a 1º de outubro de 1990 teve assinado seu ato de promoção e tomou posse a 30 daquele mês. Juiz de primeira instância, realizou, por designação do tribunal, correições em todas as circunscrições judiciárias do então Território Federal do Amapá. Diretor do fórum de Brasília e presidente da Comissão Especial Permanente de Correição nas Serventias Judiciais e Extrajudiciais. Integrou a Comissão de Concurso para Ingresso na Magistratura do Distrito Federal em 1992 e 1993 e a presidiu de 1996 a 1998. Compôs o Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal no biênio 1990/1992. A partir de 1987 passou a substituir desembargadores afastados por licença. Dirigiu a Escola Superior da Magistratura. Presidiu a 2ª Turma Cível e a 2ª Turma Criminal. Indicado por unanimidade para o Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal, elegeu-se seu presidente para o biênio 1994/1996 e, por aclamação, membro do Conselho Executivo do Colégio de Presidentes de Tribunais Eleitorais do Brasil. Foi vice-presidente deste tribunal de justiça no biênio 1996/1998. Condecorado com a medalha do “Mérito da Magistratura”, no Rio de Janeiro, por indicação da Associação dos Magistrados Brasileiros, é Comendador da Ordem do Mérito Brasília, por Decreto de 21 de abril de 1994, do Excelentíssimo Senhor Governador do Distrito Federal, que lhe conferiu também a Medalha do Mérito Alvorada por ter contribuído de modo relevante para o progresso do Distrito Federal. Agraciado no ano de 2000 com a medalha Grã-cruz da Ordem do Mérito Judiciário do Distrito Federal e dos Territórios; em 2001, com a do Mérito Eleitoral. Membro da Academia de Letras e Artes do Planalto, na cadeira que tem por patrono Luís Cruls, publicou, além de trabalhos jurídicos em várias revistas especializadas, contos Des. Getulio Pinheiro 22/04/2002 esparsos em jornais de Goiânia. Livro de contos, intitulado “Eterno Suplício”, será brevemente publicado. Nosso novo vice-presidente, Desembargador Otávio Augusto Barbosa, nasceu em Andradas, Estado de Minas Gerais, a 30 de janeiro de 1946. Filho do saudoso Desembargador Milton Sebastião Barbosa (ex-presidente desta corte) e de Dª Dalila Vicente Barbosa, é casado com a Dra. Maria Aparecida Donati Barbosa, ilustre Procuradora da Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, tendo nascido desse consórcio Rodrigo Otávio e Frederico. Concluiu os cursos primário e ginasial no Rio de Janeiro; no Centro de Educação Média Elefante Branco, em Brasília, o curso colegial. Bacharel em direito pela Universidade de Brasília em dezembro de 1970, permaneceu um ano como estagiário em órgãos do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios até ser contratado como advogado pela Companhia Auxiliar das Empresas Elétricas de Brasília, após concluir curso de Direito Especializado no Rio de Janeiro, permanecendo em exercício na Consultoria Jurídica do Ministério das Minas e Energias até março de 1975. Aprovado em concursos para escrevente auxiliar da Justiça do Distrito Federal e para Juiz de Direito Temporário da Justiça dos Territórios Federais, exerceu neste tribunal os cargos de Assessor de Planejamento e Assessor de Desembargador. Aprovado no concurso para Juiz de Direito Substituto da Justiça do Distrito Federal, tomou posse em 22 de janeiro de 1980 e, naquele mesmo ano, promovido a titular da Circunscrição Judiciária de Planaltina, de onde se removeu para a 4ª Vara Criminal de Brasília, em maio de 1983, lá permanecendo até 27 de agosto de 1992, quando foi empossado no cargo de desembargador, promovido que fora por merecimento. Juiz do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal, exerceu, até a presente data, sua Vice-presidência. Freqüentou vários seminários e cursos de especialização na área jurídica. O Corregedor de Justiça, Desembargador Getúlio Vargas de Moraes Oliveira, filho de Jesus Rosa Oliveira e de Selva de Moraes Alves Oliveira, é mineiro de Monte Carmelo, nascido a 19 de abril de 1951. Casado com Dª Jane Mundim de Moraes Oliveira, são seus filhos Leonardo Henrique, Cristina, Raquel e Flávia. Recentemente passou a alegrar a vida da família o neto Henrique. Ao bacharelar-se pela Faculdade de Direito do Triângulo Mineiro, em Uberaba, no ano de 1975, já possuía vasta experiência como serventuário dos cartórios do 1º Ofício Judicial e de Notas daquela cidade e do 1º Ofício Judicial, de Notas e de Registro Geral de Imóveis de Monte Carmelo, onde passou a advogar para a Prefeitura Municipal. Des. Getulio Pinheiro 22/04/2002 Recebeu de sua cidade natal significativa homenagem por ocasião da posse no cargo de desembargador – a outorga, por lei municipal, de suas vestes talares. Foi membro da comissão encarregada de sumular nossa jurisprudência, da Comissão de Informática para modernização do tribunal, da Comissão Permanente de Regimento e examinador em concursos para o cargo de Juiz de Direito do Distrito Federal por três períodos consecutivos, nas matérias de direito Comercial e Direito Processual Civil. Membro do Conselho Especial, compunha, atualmente, a 2ª Turma Cível e a 2ª Câmara Cível. Aprovado em diversos concursos públicos na área jurídica, participou de cursos, palestras, conferências e estudos. Por seus relevantes serviços, recebeu Sua Excelência a Medalha da Ordem do Mérito de Brasília e, posteriormente, por promoção, a de Comendador da mesma Ordem. Foi também agraciado com a medalha da Ordem do Mérito Judiciário do Distrito Federal, no grau de GrãCruz. É esse o sintético perfil de cada um dos ilustres empossados, sobre cujos ombros lançamos o pesado fardo de conduzir este Egrégio Tribunal de Justiça durante o próximo biênio, agigantado pela crescente demanda dos jurisdicionados, o que torna difícil e complexa a tarefa de administrá-lo. Mais de duzentos magistrados e quase cinco mil servidores são insuficientes para atender a uma população superior a dois milhões de habitantes, sem contar a do entorno do Distrito Federal, que cada vez mais amiúde batem às suas portas clamando ávidos por justiça. Os recursos, mercê de imposições decorrentes da política econômica, são sempre escassos. De seus dirigentes exigem-se, como disse o eminente Desembargador Campos Amaral em sua saudação aos Desembargadores Hermenegildo Gonçalves, Vasquez Cruxên e Lécio Resende, por ocasião de suas posses em 1998, “a habilidade, a diplomacia e, às vezes, a energia, para lograr a liberação das verbas indispensáveis, sempre regateadas ao Poder Judiciário, e a capacidade de empregá-las na consecução das prioridades mais prementes”. Acerca dessas e de outras dificuldades tivemos conhecimento pelos desembargadores que hoje se afastam da administração. Souberam Suas Excelências, no entanto, superá-las com dignidade e maestria para ampliar, sobremaneira, nossos serviços judiciários. Legaram aos recém-empossados, por seu turno, o desafio de dar continuidade a sua obra e de promover novos empreendimentos. Os que conhecem os novos dirigentes sabem da capacidade de cada qual em romper os percalços com que se defrontarão. Posto que ainda jovens, hauriram conhecimentos propiciados pela longa experiência profissional, tanto na administração da justiça de primeira Des. Getulio Pinheiro 22/04/2002 instância como na Justiça Eleitoral, imprescindíveis a quem queira exercer seus elevados misteres à frente desta Corte de Justiça. Afeitos às lides forenses, são dotados dos atributos exigidos de todo magistrado, sobretudo os da independência, coragem e competência para bem administrá-la. Em nós está a certeza de que saberão manter firme seu timão em direção ao porto seguro das realizações a que se propõem, intimoratos no combate a eventuais tormentas. Contem sempre conosco como auxiliares nessa árdua tarefa. Recebam, pois, eminentes desembargadores, nossos cumprimentos e votos de pleno êxito na missão que lhes confiamos. Brasília, 22 de abril de 2002. Desembargador GETULIO PINHEIRO