EMPREENDIMENTO AGRONEGÓCIOS Comigo é exemplo cooperativo de sucesso em Goiás e no Brasil N Vale ressaltar que desde 1999, parceria tem sido palavra de ordem em Goiás, cujos resultados têm sido muito positivos. Não se pode desconhecer que a economia goiana se processa por meio de empreendimentos de pequeno, médio e grande portes, resultantes de sonhos de uma ou de várias pessoas que se unem em torno de um objetivo comum. É o caso da Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo), que nasceu do sonho de um grupo de 67 produtores rurais de Rio Verde, na década de 70, na busca por melhores condições para tocar seu negócio. Menos de 30 anos depois, a cooperativa consolidou-se como um dos maiores grupos econômicos do Estado, sempre lembrada como exemplo de sucesso Foto: Ascom/Comigo inguém em sã consciência ignora o avanço econômico e social experimentado por Goiás nos últimos anos, fruto da ousadia empreendedora das forças produtivas, mas também do empenho do poder público em dotar o Estado de infra-estrutura econômica capaz de suprir as demandas da agropecuária, da indústria, do comércio e do setor de serviços. Além de apoiar e estimular a produção de grãos, a Comigo tem feito grandes investimentos em complexos industriais, com ênfase para fábricas de óleo, rações, fertilizantes e laticínios JULHO - SETEMBRO 2003 ENCONOMIA & DESENVOLVIMENTO 37 Foto: Ascom/Comigo tanto em Goiás quanto no Brasil quando se trata de cooperativismo. Mais que isso, trata-se de uma unidade de produção que gera centenas de empregos e contribui com importante parcela de tributos aos cofres públicos. Destacar um empreendimento com o porte da Comigo, mostrando sua força e sua contribuição ao desenvolvimento socieconômico do Estado é compreender sua importância e seu valor no contexto da economia globalizada, cada vez mais competitiva. Consolidação Graças à grande participação dos mais de 4.400 cooperados distribuídos em nove municípios de Goiás e aos mais de 1.300 funcionários, a Comigo caracteriza-se hoje como um empreendimento consolidado, reconhecida no Brasil como a 7ª cooperativa singular e a primeira do Centro-Oeste. Para o atual presidente da Comigo, Antônio Chavaglia, pelo dinamismo, ousadia e forte presença de seus cooperados, a entida- Chavaglia (C) mostra a Comigo para a comitiva do secretário José Carlos de possui uma trajetória de sucesso ao longo dos seus 28 anos de atuação. Tendo a soja como seu principal produto (matéria-prima), a cooperativa é elogiada em todo o Brasil e tornou-se modelo de organização no âmbito do segmento cooperativista, colocando-se na vanguarda da produção agropecuária tecnificada, na geração e difusão de tecnologias e na modernização do agronegócio em Goiás. Conforme Antônio Chavaglia, o passado e o presente da Comigo indicam que a cooperativa tende a crescer muito mais nos próximos anos, incluindo a ampliação e diversificação do seu parque industrial, fomentando a produção tecnificada e inserindo-se de forma ainda mais dinâmica na economia globalizada, projetando o Estado de Goiás no Brasil e no mundo. Novos investimentos de R$ 50 milhões A Comigo está investindo R$ 50 milhões na construção de uma nova plataforma de processamento de soja, com capacidade para 2,5 mil toneladas/dia. A capacidade atual é de mil toneladas/dia. Segundo Antônio Chavaglia, os projetos incluem conjuntos de preparação e extração de óleo, caldeira para co-geração de energia elétrica preparada para fornecer vapor para turbina de até 5 mil quilowatts. Com isso, a cooperativa vai gerar mais de 50% de suas necessidades de energia. Além da produção de óleo e farelo de soja, ha- 38 ENCONOMIA & DESENVOLVIMENTO verá ainda o beneficiamento da lecitina. A nova unidade deverá entrar em funcionamento no início de 2004. Também será ampliada a fábrica de rações, com implantação e formulação de rações extrusadas para peixes, com investimentos de R$ 2 milhões. Antes, o produto era somente peletizado e farelado para outros animais como bovinos de leite e de corte, suínos, eqüinos, avestruzes, aves, ovinos, caprinos e outros pequenos animais. A capacidade produtiva da unidade de fertilizantes será am- pliada de 30 toneladas/hora para 90 toneladas/hora. Graças à boa aceitação dos produtos, a capacidade produtiva da Comigo saltou de 20 mil toneladas/ano para 160 mil toneladas/ano, com estimativa de chegar a 180 mil toneladas em 2003. Nos últimos quatro anos, foram investidos R$ 10 milhões na construção e compra de armazéns e postos de recepção de grãos no Sudoeste Goiano, elevando a capacidade de armazenamento para 800 mil toneladas, atendendo as necessidades dos produtores. JULHO - SETEMBRO 2003 Resultados refletem a força da Comigo Para ter idéia da pujança da Comigo e o que ela representa para a economia de Goiás basta analisar seus resultados operacionais. Em 2002, o faturamento chegou a R$ 591,9 milhões. No mesmo período, foram recebidas 630 mil toneladas de produtos agrícolas, com ênfase para a soja, atualmente uma das principais commodities do agronegócio goiano. Já em 2003, houve aumento da participação da cooperativa no mercado goiano. Foram recebidas 780 mil toneladas de grãos, das quais 540 mil toneladas de soja, 180 mil toneladas de milho e 60 mil toneladas de sorgo. A previsão de faturamento para este ano é de R$ 650 milhões. A capacidade de armazenamento da cooperativa é de 800 mil toneladas, com armazéns em todos os municípios onde atua. Também nes- Números da cooperativa Cooperados em 2003 Funcionários em 2003 Recebimento de grãos em 2003 Faturamento previsto em 2003 Faturamento em 2002 Capacidade de estocagem Recebimento de leite em 2002 Processamento de soja em 2002 Produção de óleo de soja em 2002 Produção de farelo de soja em 2002 Produção de fertilizantes em 2002 Produção de rações em 2002 ses municípios estão instaladas lojas para vendas de insumos e em algumas delas também supermercados para venda de mercadorias no varejo aos associados e à população 4.400 1.300 630 R$ 650 R$ 591,9 800 23,5 311.390 60.654 240.150 158.800 100 mil mil toneladas milhões milhões mil toneladas milhões de litros toneladas toneladas toneladas toneladas toneladas em geral. Os produtos Comigo são comercializados atualmente para São Paulo, Triângulo Mineiro, Belo Horizonte, Mato Grosso, Distrito Federal, Pará, Maranhão, Nordeste, Troca de idéias e um grande projeto Em 1974, os produtores de arroz de Rio Verde tinham um costume: reuniram-se no Posto Horizonte, localizado na BR-060, onde abasteciam seus veículos e conversavam sobre dificuldades comuns como falta de secadores, problemas na comercialização da safra (as cerealistas de Uberlândia impunham os preços), aquisição de insumos e sacaria. Foi assim que, entre uma conversa e outra, decidiram buscar formas de união que fosse capaz de fornecer insumos a preços condizentes e de melhor qualidade, prestar serviços na hora da comercialização, armazenagem e assistência técnica. JULHO - SETEMBRO 2003 Surgia ali a idéia de fundar uma cooperativa que pudesse encampar essas atividades. Vale destacar o papel de lideranças como Paulo Roberto Cunha (hoje prefeito de Rio Verde), John Lee, Hadovaldo e Antônio Chavaglia, que levaram avante a idéia. Inicialmente, 67 produtores se dispuseram a fundar a cooperativa, com cotas de Cr$ 30 mil cada, valor equivalente a aproximadamente 4 mil dólares. Porém, do grupo inicial, somente 31 integralizaram de fato o capital social no ano de fundação, em 1975. Mais tarde, em 1977, outros 19 produtores apostaram na idéia, completando, assim 50 sóciosfundadores da Comigo. Atualmente, a cooperativa conta com cerca de 4.400 cooperados nos municípios de Rio Verde, Jataí, Santa Helena, Acreúna, Serranópolis, Montividiu, Indiara, Jandaia e Paraúna. Da fase inicial, em que se ocupou com sacaria e armazenamento de grãos até a fase da industrialização, a Comigo é o maior exemplo de que a união e a administração profissional podem fazer. Tornou-se um dos maiores complexos agroindustriais de Goiás, diversificando suas atividades, gerando negócios e empregos, além de tecnologia para atender as demandas de seus associados. ENCONOMIA & DESENVOLVIMENTO 39 Foto: Ascom/Comigo Centro Tecnológico Comigo gera tecnologias de ponta que beneficiam cooperados e produtores em geral Rio de Janeiro e Goiás. Os principais produtos são óleo e farelo de soja, fertilizantes, rações, suplemento mineral, algodão em pluma, sabão e lácteos (produtos Migo). Atividades diversas A atuação da Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do Sudoete Goiano não se limita à organização dos produtores, recebimento de grãos e industrialização dos mesmos. A entidade desenvolve uma série de atividades paralelas, integrando-se perfeitamente na idéia de agricluster que se consolidou atualmente em Rio Verde. Uma dessas atividades é o convênio Dalland/Comigo, núcleo genético produtor de suínos em Rio Verde que atende os integrados da Perdigão, fornecendo 25% da linha fêmea e 75% dos machos, além de outras regiões brasileiras. O desenvolvimento de pesquisas também tornou-se prioridade da Comigo nos últimos três anos. Tanto que criou e consolidou o Centro Tecnológico Comigo (CTC), inaugurado em fevereiro de 2002, que hoje é considerado um dos projetos mais importantes da cooperativa, concen- 40 ENCONOMIA & DESENVOLVIMENTO do projeto Cooperativas Contra a Fome, convênio assinado pela Organização das Cooperativas Brasileiras com a FAO, órgão da ONU para a alimentação. Isso significa doação de alimentos a entidades filantrópicas há 16 anos. Ao longo de seus 28 anos de história, a Comigo deu passos importantes, conforme diz o presidente Antônio Chavaglia. Um deles foi a instalação da indústria de esmagamento de soja, em 1983, aproveitando a expansão da cultura nos cerrados. Foi uma iniciativa pioneira no Estado, que deixou de ser apenas exportador de grãos in natura para comercializar produtos com maior valor agregado. Em seguida, vieram outros produtos como fertilizantes, laticínios, rações, sabão, suplemento mineral e outros. Outros passos Comigo tem 4.400 cooperados janela importantes foram a implantação da ine emprega 1.300 pessoas. dústria de laticíniFaturamento este ano será os, da fábrica de rade R$ 650 milhões. Números ções e lojas agropemostram grandeza do negócio cuárias, além de investimentos permanentes em armazéns. trando a geração e disseminação de tecnologias agropecuárias. Com isso, o produtor deixa de fazer experiências em sua fazenda, passando a tarefa para a cooperativa. O CTC conta com área de 114 hectares, onde são realizados os experimentos. Este ano, foi visitado por 16,5 mil pessoas. Outra iniciativa de grande importância tocada pela cooperativa é a Comigo Florestal, com plantio de 2,5 mil hectares de eucalipto, para utilização futura no complexo industrial da empresa. Há quatro anos foi implantado o Projeto Mais Leite, com a participação de 200 cooperados produtores de leite. O objetivo era elevar a produtividade que, em muitos casos, chegou a 30%, por meio de informações teóricas e práticas. A Comigo também participa JULHO - SETEMBRO 2003