UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO
CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPq)
INSTITUTO AGRONÔMICO DE PERNAMBUCO (IPA)
DISCUSSÃO SOBRE ENERGIAS RENOVÁVEIS PROGRAMAS E PROJETOS PARA PE E O NE
EUCALYPTUS COMO FONTE
ENERGÉTICA NO PÓLO GESSEIRO DO
ARARIPE-PE
José Antônio Aleixo da Silva, PhD em Biometria e Manejo Florestal
Departamento de Ciência Florestal (DCFJ/ UFRPE)
O PÓLO GESSEIRO DO ARARIPE
O Brasil destaca-se mundialmente em reservas de gipsita,
com produção estimada em 1.452.198.000 toneladas (ton).
Pernambuco concentra cerca de 18% das reservas de
gipsita do Brasil, no qual as reservas da região do Araripe
são consideradas as melhores do mundo.
• Os municípios que compõem o Pólo Gesseiro do Araripe
são Araripina, Bodocó, Ipubí, Ouricuri e Trindade, onde são
gerados 13,2 mil empregos diretos e 66 mil indiretos.
O Pólo Gesseiro conta com 39 minas de gipsita, 139
indústrias de calcinação e cerca de 726 indústrias de
pré-moldados, com um faturamento de U$ 364 milhões.
• (SINDUSGESSO, 2010)
•
• A produção de gesso em 2008, foi de aproximadamente, 5,5
milhões de toneladas, correspondendo a 95% da produção
nacional, dos quais 61% foram destinados a fabricação de
blocos e placas, 35% para revestimento, 3% para moldes
cerâmicos e 1% para outros usos.(SINDUSGESSO, 2010)
• O Pólo produziu ainda cerca de 800 mil toneladas de gipsita
usada pela indústria de cimento e 200 mil toneladas de gesso
agrícola que vem sendo cada vez mais valorizado pelo
agronegócio.
• As reservas do Pólo Gesseiro do Araripe, baseando-se nas
informações de Sobrinho et al. (2003) estavam em torno de
261.395.640 ton. que garantem um período de exploração
superior a 113,6 anos, considerando a produtividade atual da
indústria do gesso.
• A matriz energética utilizada nas indústrias do gesso do
Araripe: 3% de energia elétrica, 5% de óleo diesel, 8% de
óleo BPF (baixo poder de fusão), 10% de coque e 73% de
lenha (ATECEL, 2006). Mas as indústrias de pequeno porte
usam exclusivamente a lenha como fonte energética.
• Para produzir 1 ton de gesso são usados 37 kg de óleo BPF
para se produzir uma tonelada de gesso, o mesmo que se
consegue com 0,5 metro de lenha empilhada ou 1 estéreo
(st). O preço atual do óleo BPF na região é de R$ 1,98
enquanto que o st de lenha autorizada custa, em média R$
35,00. O uso da lenha se apresenta, portanto, bem mais
rentável economicamente (76,11 % mais barata), mas com
danos significativos ao meio ambiente.
• Para uma produção de 5,5 milhões de toneladas/ano,
com um consumo de 0,5 st para cada tonelada
produzida de gesso e um IMA de 17,8 st/ha (FUPEF,
2007) com uma rotação de 10 anos, seria necessária
uma área anual de exploração correspondente a
15,494 hectares por ano ou 154,494 hectares para a
rotação de 10 anos.
• Dados do IBAMA (2008) indicavam a existência de 18
planos de manejo florestal sustentáveis cadastrados
na região, com um ciclo de corte variando entre 10 e
15 anos com uma área total de 6651,58 hectares. A
oferta de lenha proveniente desses planos de manejo
correspondia a 4,3% da demanda da indústria do
gesso.
• DE ONDE VEM O RESTANTE DA LENHA?
• Com essa baixa oferta de lenha autorizada e a
crescente produção da indústria do gesso que
aumenta entre 20% e 25% ao ano, bem como a
diferença entre o preço da madeira e outras fontes
energéticas, pode-se afirmar que o consumo de lenha
ilegal tende a aumentar caso não sejam oferecidas
fontes alternativas sustentáveis de produtos florestais.
• Segundo Sá et al.(2007), no mapeamento das classes
de atividades florestais na região do Araripe existiam
disponíveis 470.000 ha para manejo florestal; 110.000
ha para florestamento e ou reflorestamento; 267.000
ha para recuperação e 6.000 ha para unidade de
conservação.
EUCALYPTUS
CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA
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REINO: Plantae
DIVISÃO: Magnoliophyta
CLASSE: Magnoliopsida
ORDEM: Myrtales
FAMÍLIA: Myrtaceae
GÊNERO: Eucalyptus
Aproximadamente 750 espécies
Gêneros Corymbia e Angophora
EUCALYPTUS
• Originário da Austrália e de outras ilhas da Oceania.
• Introdução na América do Sul (Chile, 1823)
No Brasil
•
Frederico de Albuquerque, 1868, no Rio Grande do Sul
• Navarro de Andrade, 1903, Horto de Jundiaí
ÁRVORES GIGANTES
• “Ferguson tree” – 150 metros de altura e 5,5 metros de diâmetro
• “Robinson tree” – 143 metros de altura
• Árvores com alturas entre 80 a 100 metros são encontradas na
Austrália
CULTURAS EXÓTICAS PLANTADAS NO BRASIL
A definição diz: exótica é aquela espécie que foi
estabelecida pela primeira vez em um local situado a
distâncias significativas de sua região de ocorrência
natural.
•Milho
•Soja
•Pinus
•Trigo
•Cana-de-açúcar
•Algaroba
•Arroz
•Café
•Acácia
•Batata
•Sorgo
• Leucena
•Mandioca
•Algodão
• Eucalyptus
PRODUÇÃO DE BIOMASSA
• EFICIÊNCIA NO USO DA ÁGUA
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•
CULTURA
(Produzir 1 kg de biomassa)
Cana de açúcar
500 l
Milho
1000 l
Batata
2000 l
Cerrado
2500 l
Eucalyptus
350 l
Fonte: Novais et al. 1996
UTILIDADES DOS EUCALYPTUS
• Óleos essenciais: fármacos, produtos de higiene,
produtos de limpeza, alimentos
• Produtos apícolas: mel, própolis, geléia real
• Celulose: papéis diversos, absorvente íntimo, papel
higiênico, guardanapo, fraldas, viscose, papel
celofone, filamento (pneu), acetato (filmes), ésteres
(tintas), cápsulas para medicamentos, componentes
eletrônicos, etc
• Madeira serrada: móveis, construção civil, brinquedos
• Postes e moirões
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•
Laminados, MDF, HDF, chapa de fibra, compensados
Carvão e lenha (Pólo Gesseiro)
Proteção de solos
Proteção das matas nativas contra seus predadores
(madeireiros, carvoeiros e lenhadores), pela oferta
abundante de novas florestas de rápido crescimento
• Sequestro de carbono (atenuar efeito estufa)
EXPERIÊNCIA COM EUCALIPTOS NO
PÓLO GESSEIRO DO ARARIPE
• Em 2001, foi aprovado pelo Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) o
projeto de pesquisa intitulado “MÓDULO DE
EXPERIMENTAÇÃO FLORESTAL PARA O PÓLO
GESSEIRO DO ARARIPE/PE”,
• O experimento está sendo conduzido na Estação
Experimental do IPA, localizada na Chapada do Araripe.
• Estão sendo testados 15 clones de eucaliptos (2ª
rotação) e outras 9 espécies arbóreas entre nativas e
exóticas, constituindo 25 tratamentos
DESCRIÇÃO DO EXPERIMENTO INICIAL
• A)15 Clones de Eucalyptus sp da Comercial Paineiras (Suzano),
Urbano Santos-Maranhão
• B) Angico, Aroeira, Jurema Preta, Imbura, Pau D’arco, Acácia,
Algaroba, Leucena e Sabiá
RESULTADOS PRELIMINARES
• A densidade média básica dos clones aos 4,5 anos de
idade variou entre 0,563 e 0,653 g/cm3. A biomassa
variou de 62,08 a 132,13 ton/ha, com uma média de
88 ton/ha. O carbono total variou entre 21,31 a 60,14
ton/ha, com média de 38,59 ton/ha. Em termos de
fixação de CO2 o valor médio foi de 141,24 ton/ha, o
que pode vir a ser um valor agregado aos plantios de
eucaliptos no Pólo Gesseiro do Araripe (ALVES,
2007).
• Dados preliminares do experimento aos 5,5 anos (66
meses) mostraram que os valores dos IMA para os 15
clones se situaram entre 12,74 m3/ha (clone C31,
híbrido de Eucalyptus brassiana – cruzamento natural)
e 34,93 m3/ha (clone 39, híbrido de Eucalyptus
urophylla – cruzamento natural), com uma média geral
de 23,71 m3/ha para os 15 clones. O fator de
conversão médio de m3 para st foi de 1,8 resultando
em um IMA de 62,87 st/ha para o melhor clone. Para
uma rotação de 5 anos a estimativa da produção de
madeira por hectare é de 314,35 st.
• Aos 7,5 anos o IMA variou de 5,0596 a 26,4022 m3/ha
RESUMO COMPARATIVO
Vegetação nativa possui um IMA de 17,8 st/ha que produz de 178 st/ha
aos 10 anos. Para atender a demanda da indústria do gesso (5,5 milhões
de ton/ano), considerando 0,5 st por ton/gesso, são necessários 15449
ha de plantio por ano , totalizando 154490 ha plantados aos 10 anos.
Eucalyptus possui um IMA de 47,5 st/ha que produz 237,6 st aos 5 anos.
Para atender a demanda de indústria do gesso (5,5 milhões de ton/ano)
considerando 0,25 st por ton/gesso, são necessários 5787,0 ha de
plantio por ano, totalizando 28935,1 ha plantados aos 5 anos. Isto
corresponde a 18,72 % da área plantada com espécies nativas, além de
ter um período de rotação de 5 anos contra 10 anos das nativas.
Vale salientar que a 2a rotação do Eucalyptus é em regime de talhadia
que possui custos muito baixos.
“Preservar biomas originais e replantar
margens dos rios, ter espécies exóticas,
comerciais, não é coisa má em si.
O mal é quando elas invadem áreas de
biomas, de produção de alimentos e de
preservação permanente. Não tem que
demonizar o cedro, o pinhão ou o eucalipto,
como se o mal estivesse nas árvores. Isso é
maniqueísmo”.
Carlos Minc – Ministro do Meio Ambiente
AGRADECIMENTOS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA FLORESTAL DA
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE
PERNAMBUCO
CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO
CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPq)
EMPRESA PERNAMBUCANA DE PESQUISA
AGROPECUÁRIA (IPA)
COMERCIAL PAINEIRAS (SUZANO)
GESSO ALIANÇA DO ARARIPE LTDA
ALUNOS ORIENTADOS DO CURSO DE
ENGENHARIA FLORESTAL
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Pesquisador Milton Matos Rolim, Dr. Sc. Coordenador de