A RAZÃO Criança OUTUBRO / 2007 2 O que querem as crianças no seu dia uitos pais já devem ter recebido os pedidos de presentes para este Dia das Crianças. Nada mais justo. Uma edição dedicada às crianças não poderia deixar de lhes dar voz. O que será que elas querem ganhar neste 12 de outubro? Reproduzimos alguns depoimentos colhidos na Filial São Paulo do Racionalismo Cristão. É cada pedido! – Quero ganhar bolinhas de sabão que soltam cheirinho bom. Tem de vários sabores. – Onde você viu isso? – Lá em casa tem TV a cabo e eu vi no comercial. M Andrezza, 8 anos, 2ª série: – Quero ganhar um computador. E tem mais uma coisa: um MP5. Giovanna, 8 anos, 2ª série: – Quero ganhar uma guitarra para poder aprender a tocar alguma música. Quero também um MP6. Luíza, 7 anos, 2ª série: – E isso já existe? – Já, sim. – Do quê? – Backyardigans. É um desenho animado que passa no Discovery Kids. Jéssica, 11 anos, 6ª série: – Quero ganhar um curso de canto. Adoro cantar. Quero poder passar de ano, porque as notas estão difíceis, e quero também ser feliz do jeito que espero ser. Júlia, 5 anos, Jardim 2: _Quero ganhar uma maquiagem. _Maquiagem de verdade? _É, de verdade, mas só que de criança, entendeu? Rony, 11 anos, 5ª série: – Quero ganhar vagões de trem, iguais ao Metrô, que abrem e fecham as portas. Quero também bichinhos de pelúcia do Backyardigans. Camila, 3 anos: – Quero ganhar isso daqui. (Ela mostra um brinquedo em que é possível decalcar modelos com giz, disponível na sala das crianças.) Mandamentos da criança feliz 1. Respeite os mais velhos 2. Faça a sua cama antes de ir para a escola 3. Obedeça aos seus pais 4. Não implique com seus irmãos, primos e amigos 5. Guarde brinquedos e livros após o uso 6. Não minta sobre nada (nem para ninguém) 7. Não xingue, nem seja grosseiro 8. Procure dormir cedo 9. Lave as mãos antes das refeições 10. Não ande descalço 11. Pratique algum esporte 12. Sorria sempre! Jogo dos Erros Procure e marque as sete diferenças nos dois desenhos Elizabeth Marques de Carvalho Ele tinha onze anos e, a cada oportunidade que surgia, ia pescar próximo ao chalé da família, numa ilha que ficava em meio a um lago. A temporada de pesca só começaria no dia seguinte, mas pai e filho sairiam no fim da tarde para pegar apenas peixes cuja captura estava liberada. O menino amarrou uma isca e começou a praticar arremessos, provocando ondulações coloridas na água. Logo elas se tornaram prateadas pelo efeito da lua nascendo sobre o lago. Quando o caniço vergou, ele soube que havia algo enorme do outro lado da linha. O pai olhava com admiração, enquanto o garoto, habilmente e com muito cuidado, erguia da água o peixe exausto. Era o maior que já tinha visto, porém sua pesca só era permitida na temporada. O garoto e o pai olharam para o peixe, tão bonito, as guelras movendose para trás e para frente. O pai acendeu um fósforo e olhou para o relógio. Pouco mais de dez da noite. Ainda faltavam quase duas horas para a abertura da temporada. Em seguida olhou para o peixe e depois para o menino, dizendo: – Você tem que o devolver, filho. – Mas papai – reclamou o menino. – Vai aparecer outro – insistiu o pai. O que é, o que é? Vive em cima da mesa Costuma matar a fome Compra-se para comer Ninguém mastiga nem come? O que é, o que é? Entre os vivos, vive morto Conta histórias sendo mudo Nunca estudou na escola Mas sabe um pouco de tudo? O que é, o que é? Corre sempre atrás do tempo Mesmo preso sabe andar Vive parado e se mexe Sem dormir pode acordar? – Não tão grande quanto este – choramingou a criança. O garoto olhou à volta do lago. não havia outros pescadores ou embarcações à vista. Voltou a olhar para o pai. Mesmo sem ninguém por perto, sabia, pela firmeza em sua voz, que a decisão era inegociável. Devagar, tirou o anzol da boca do peixe e o devolveu à água escura. O peixe movimentou rapidamente o corpo e desapareceu. Naquele momento, o menino teve certeza de que jamais pegaria um peixe tão grande quanto aquele. Isso aconteceu há 34 anos. Hoje o garoto é um arquiteto bem sucedido. O chalé continua lá, na ilha em meio ao lago, e ele leva seus filhos para pescar no R. O relógio Uma pescaria inesquecível O que é, o que é? Está no meio do começo, Está no começo do meio, Estando em ambos assim Está na ponta do fim? R. O livro. Ad ivi nhações R. O prato Uma raposa, que estava morta de fome, viu alguns cachos de uvas maduros e pendurados nas grades de uma videira. Ela, então, usou todos os seus dotes e artifícios para alcançá-los, mas se cansou em vão, pois nada conseguiu. Por fim, deu meia-volta e foi embora. Consolando a si mesma, meio desapontada, disse: "Olhando com mais atenção, percebo agora que as uvas estão estragadas e não maduras como imaginei a princípio." Moral da história: Para uma pessoa vaidosa, é difícil reconhecer as próprias limitações, abrindo assim caminho para as desventuras. de, mas viu que a tartaruga já havia cruzado a linha de chegada e descansava, tranqüila, depois do esforço. Moral da história: O trabalhador que realiza seu trabalho com zelo e persistência terá mais êxito do que aquele que não o faz. R. A letra "m". Fábulas Um dia, uma lebre ridicularizou as pernas curtas e os passos lentos da tartaruga. A tartaruga disse, rindo: – Pensa você ser rápida como o vento, mas eu poderia vencer você numa corrida. A lebre considerou esta afirmação algo impossível e aceitou o desafio. Elas, então, pediram a um terceiro animal para escolher o trajeto e o ponto de chegada. No dia marcado, partiram juntas do ponto inicial. Em momento algum, a tartaruga parou de caminhar com o seu passo lento, mas firme, em direção à linha de chegada. A lebre, confiante da sua velocidade, despreocupada com a corrida, deitou à margem da estrada para um rápido cochilo. Ao despertar, correu o mais rápido que pô- mesmo cais. Sua intuição estava correta. Nunca mais conseguiu pescar um peixe tão maravilhoso como o daquela noite. Porém, sempre vê o mesmo peixe todas as vezes que se depara com questões éticas. Porque, como o pai lhe ensinou, a ética é simplesmente uma questão de certo ou errado. Agir corretamente, quando se está sendo observado, é uma coisa. A ética, porém, está em agir corretamente quando ninguém está nos observando. Essa conduta reta só é possível quando, desde criança, se aprendeu a devolver o peixe à água. A educação é como uma moeda de ouro: tem valor em toda parte. Autor desconhecido