Há muito tempo,
numa galáxia muito,
muito distante...
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Até que a hora certa seja,
desaparecer iremos.
Yoda
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A escuridão caiu sobre a galáxia. O imperador assumiu o controle da
República Galáctica, auxiliado por Anakin Skywalker, outrora um dos
maiores Cavaleiros Jedi, encarregado de proteger os indefesos. Depois
de sucumbir para o lado sombrio da Força mística, Anakin passa a viver
como Darth Vader, o impiedoso defensor das leis do imperador.
Mas a esperança também vive na forma do filho de Anakin – protegido pelo amigo e ex-mentor de Anakin, Obi-Wan Kenobi. Kenobi
foge com o bebê para o planeta remoto de Tatooine, onde anos antes a
queda de Anakin realmente começou, quando massacrou por vingança
um clã nativo de Caçadores Tusken.
Sem saber desse incidente – e ainda acreditando que matou Anakin
em seu duelo desesperado –, Kenobi assume um novo papel, vigiando a
criança e sua família adotiva, os Lars, a distância. Mas permanecer oculto
é difícil para quem está acostumado à ação, e até mesmo no desértico
Tatooine há aqueles que precisam da ajuda de um Jedi...
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P R Ó L O G O
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Kenobi
– Está na hora de o senhor ir para casa.
Wyle Ulbreck acordou e olhou o copo vazio.
– O que foi que você disse?
O bartender de pele verde cutucou o ombro do humano velho.
– Eu disse que está na hora de o senhor ir para casa, mestre Ulbreck. O
senhor já bebeu demais.
– Não foi o que eu quis dizer – disse Ulbreck, esfregando os olhos injetados para limpar a crosta deles. – Você me chamou de “senhor”. E depois de
“mestre”. – Ele olhou desconfiado para o bartender. – Você é orgânico... ou
um droide?
O bartender suspirou e deu de ombros.
– Isso de novo? Eu já lhe disse quando o senhor perguntou antes. Meus
olhos são grandes e vermelhos porque sou um Duros. Eu o chamei daquele
jeito porque sou educado. E sou educado porque não sou um fazendeiro de
umidade qualquer, enlouquecido de tantos anos lá no...
– Porque – o homem de costeletas brancas o interrompeu – eu não faço
negócios com droides. Droides são ladrões, todos eles.
– Por que um droide roubaria?
– Pra dar pra outros droides – disse Ulbreck. Ele balançou a cabeça. O
bartender era obviamente um idiota.
– O que um... – o bartender começou a perguntar. – Deixa pra lá – ele
acabou dizendo. Pegou uma garrafa e voltou a encher o copo do velho fazendeiro. – Vou parar de falar com o senhor agora. Beba.
Foi exatamente o que Ulbreck fez.
Na cabeça de Ulbreck, só havia uma coisa errada com a galáxia: pessoas.
Pessoas e droides. Bem, eram duas coisas – mas até aí, não seria errado limitar
tudo o que havia de errado com a galáxia a apenas uma coisa? Isso seria justo?
Era como o velho fazendeiro tendia a pensar, mesmo quando estava sóbrio.
Em sessenta anos-padrão no trabalho com fazendas de umidade, Ulbreck havia formulado uma teoria atrás da outra a respeito da vida. No entanto, havia
passado um número razoável de seus primeiros anos trabalhando sozinho –
era estranho como nem mesmo seus ajudantes queriam ficar perto dele –,
tantos que todas as suas ideias haviam se empilhado, sem serem ditas.
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Era para isso que serviam as visitas à cidade: oportunidades para Ulbreck
compartilhar a sabedoria de uma vida inteira. Isso quando ele não estava sendo roubado por droides diabólicos fingindo ser bartenders verdes.
Não deveriam permitir droides dentro da Birosca do Junix, era o que a placa
antiga do lado de fora do bar de Anchorhead dizia. Junix, quem quer que ele tivesse sido, já estava havia muito tempo morto e enterrado nas areias de Tatooine, mas
seu bar ainda estava de pé: uma cova pouco iluminada onde a fumaça de cigarra
mal cobria o fedor dos fazendeiros que passavam o dia todo no deserto. Ulbreck
raramente visitava aquele lugar, preferindo um estabelecimento em um oásis mais
próximo de casa. Mas, já que tinha viajado até Anchorhead para discutir com um
fornecedor de peças de vaporizador, ele havia parado para encher seu cantil.
Agora, meia dúzia de cervejas de lum depois, Ulbreck começou a pensar em
sua casa. Sua esposa estava esperando por ele lá, e ele sabia que era melhor voltar
logo. Por outro lado, sua esposa estava esperando por ele lá, e esse era motivo
suficiente para ele ficar. Ele e Magda tinham tido uma briga terrível naquela
manhã, sobre o que quer que tivessem brigado na noite anterior. Ulbreck não
conseguia lembrar agora qual havia sido o motivo. Isso o deixava feliz.
Mesmo assim, era um homem importante, com muitos empregados que
roubariam dele se ficasse longe por muito tempo. Através da névoa, Ulbreck
olhou para o crono na parede. Havia números ali, e alguns deles estavam de
cabeça para baixo. E dançando. Ulbreck fez uma careta. Não era fã de dança.
Com os ouvidos zumbindo, ele se escorregou da banqueta do bar, pronto para
dizer poucas e boas para os dígitos.
Foi aí que o chão o atacou. De modo rápido e sorrateiro, com toda a intenção de bater na sua cabeça quando ele não estava olhando.
E o chão teria conseguido, se a mão não o tivesse apanhado.
– Cuidado aí – disse o dono da mão.
Com olhos pesados, Ulbreck olhou braço acima para o rosto encapuzado de
seu salvador. Olhos azuis retribuíram o olhar, sob sobrancelhas amarelo-claras.
– Não conheço você – disse Ulbreck.
– Sim – respondeu o humano barbudo, ajudando o velho fazendeiro a se
sentar novamente na banqueta. Então, ele se afastou alguns passos para chamar a atenção do bartender.
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O homem de manto marrom tinha alguma coisa no outro braço, Ulbreck
via agora – algum tipo de embrulho. Em alerta, Ulbreck olhou ao redor para
ver se seu próprio embrulho continuava ali, antes de se lembrar de que nunca
tivera um embrulho.
– Isto aqui não é uma creche – o bartender disse ao recém-chegado, embora Ulbreck não conseguisse entender por quê.
– Só preciso de algumas direções – o homem do capuz respondeu.
Ulbreck conhecia muitas direções. Ele vivia há tempo suficiente em
Tatooine para ter visitado muitos lugares e, embora odiasse a maioria a ponto de jamais querer voltar, orgulhava-se de conhecer os melhores atalhos até
eles. Certo de que suas direções seriam melhores do que as fornecidas por
um droide fingindo ser um Duros, Ulbreck moveu-se para intervir.
Desta vez, ele próprio segurou o corrimão.
Ulbreck olhou desconfiado para o copo no bar.
– Essa bebida não está boa – ele disse para o bartender. – Você está...
você está...
O recém-chegado interferiu com cuidado.
– Você está querendo dizer que estão pondo água na cerveja?
O bartender olhou para o cliente encapuzado e deu um sorriso debochado.
– Claro, nós sempre acrescentamos o produto mais escasso em Tatooine a
nossos drinques. É assim que faturamos mais créditos.
– Não foi o que eu quis dizer – disse Ulbreck, tentando se concentrar. –
Você colocou alguma coisa na minha bebida, pra me apagar. Pra poder roubar
meu dinheiro. Eu conheço vocês da cidade.
O bartender balançou a cabeça careca e olhou para trás, em direção a sua
esposa, igualmente sem cabelos, que estava lavando a louça na pia.
– Feche tudo, Yoona. Fomos descobertos. – Ele olhou para o estranho
encapuzado. – Estamos empilhando corpos de clientes no quartinho dos fundos há anos, mas acho que tudo acabou agora – brincou.
– Não vou contar a ninguém – disse o recém-chegado, sorrindo. – Em
troca de direções. E de um pouco de leite azul, se você tiver.
Ulbreck estava ouvindo aquela conversa sem entender nada, quando a
expressão do bartender se transformou em preocupação. O velho fazendeiro se
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virou e viu vários humanos jovens entrando pela porta em arco, falando palavrões e rindo. Por entre a névoa que cobria seus olhos, Ulbreck reconheceu os
valentões bêbados.
Os dois na casa dos vinte eram irmão e irmã, Mullen e Veeka Gault, os
filhos endiabrados do maior concorrente de Ulbreck a oeste, Orrin Gault. E
seus chegados estavam ali também: Zedd Grobbo, grande e ameaçador, capaz
de erguer um droide carregador, e, com apenas um pouco mais da metade de
seu tamanho, o jovem Jabe Calwell, filho de um dos vizinhos de Ulbreck.
– Tirem essa criança daqui – o bartender gritou quando viu o adolescente a reboque. – Como eu disse ao outro sujeito, a creche fica ali na esquina.
Como resposta a essa referência, Ulbreck ouviu gritinhos de provocação
dos jovens arruaceiros e notou que seu salvador se virou para encarar a parede
com seu embrulho, afastando-se dos encrenqueiros. Veeka Gault empurrou
Ulbreck e agarrou uma garrafa que estava atrás do bar. Pagou ao Duros com
um gesto obsceno.
Seus amigos baderneiros haviam voltado sua atenção a uma vítima indefesa: Yoona, a esposa do bartender. Pegando a mulher Duros assustada com
uma pilha de louça vazia na bandeja, Zedd a girou por diversão, fazendo com
que canecas saíssem voando em todas as direções. Uma delas bateu na cabeça
peluda de um cliente em uma mesa próxima.
O Wookiee se levantou para registrar sua grande desaprovação. Ulbreck
também ficou de pé: ele não gostava dos Gault havia várias gerações, e não se
importava em colocar aquela geração específica em seu devido lugar. Ele cambaleou até uma mesa perto do grupo e se preparou para fazer suas objeções, mas
teria de esperar a vez do Wookiee primeiro. De qualquer maneira, Ulbreck de
repente sentiu que a mesa na qual ele estava encostado estava caindo, então
decidiu checar as coisas do chão mesmo. Ouviu um som de briga e só registrou vagamente a chegada da esposa do bartender, que correu para se proteger
ao lado dele.
O Wookiee bateu com as costas da mão em Zedd, fazendo com que ele
voasse para o outro lado do ambiente, direto para cima da mesa de algumas
pessoas que Ulbreck tinha certeza de que eram ladrões, muito embora não
fossem droides. Ele havia olhado de esguelha os Rodianos de pele verde e fo25
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cinho comprido durante a tarde e a noite inteiras, perguntando-se em que
momento eles iriam assediá-lo. Ele conhecia capangas de Jabba, o Hutt, quando os via. Agora, com sua mesa virada, os bandidos se moveram, e as cadeiras
foram ao chão quando eles se levantaram rapidamente e sacaram as armas.
– Nada de armas de raios! – Ulbreck ouviu o bartender gritar, enquanto
os demais clientes começaram a correr desesperados para a saída. O grito não
adiantou nem um pouco. Presos entre agressores que avançavam, os Gault,
que haviam sacado suas pistolas quando o Wookiee bateu em seu amigo, começaram a disparar nos Rodianos. O jovem Jabe poderia ter disparado sua
arma também, Ulbreck viu, se o Wookiee não o tivesse levantado do chão. O
titã segurava o menino que gritava lá no alto, prestes a jogá-lo de encontro a
uma parede.
O recém-chegado barbudo se ajoelhou ao lado de Ulbreck, contra o bar,
e se inclinou sobre ele na direção da esposa do bartender.
– Tome conta disto – disse o homem, colocando o embrulho nas mãos
dela. Então, saiu correndo na direção da briga.
Ulbreck voltou a atenção para a briga de bar. Acima dele, o Wookiee jogou Jabe na parede. Mas, de algum modo, garoto e parede nunca se encontraram: quando Ulbreck esticou o pescoço para ver, o corpo de Jabe voou em
uma curva que não era natural e acabou pousando atrás do bar.
Aturdido, Ulbreck olhou para ver se Yoona tinha visto a mesma coisa.
Mas ela estava paralisada de terror, de olhos bem fechados. Então, um disparo
de arma de raios atingiu o chão perto deles. Ela abriu os olhos. Com um grito,
enfiou o embrulho nas mãos de Ulbreck e saiu rastejando dali rapidamente.
Ulbreck virou seus próprios olhos assustados de volta para a briga, esperando ver o Wookiee espancando Jabe até o garoto virar uma pasta. Entretanto, o que viu foi o homem de capuz segurando a arma de raios de Jabe, apontando para o teto. O homem disparou uma vez no globo de luz suspenso no
alto. Um segundo depois, a Birosca do Junix ficou às escuras.
Mas não em silêncio. Ainda havia o uivo do Wookiee. Os tiros de arma de
raios. Os vidros estilhaçando. E então o estranho zumbido, ainda mais alto do que
o dos ouvidos de Ulbreck. Ele tinha medo de olhar do outro lado da mesa que o
protegia. Porém, quando fez isso, conseguiu ver a silhueta do homem encapuzado,
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iluminado por uma chuva de luz azul, e rajadas perdidas de armas de raios ricocheteavam na parede sem atingir ninguém. Figuras sombrias avançaram – os Rodianos criminosos? –, mas caíram gritando quando o humano avançou.
Ulbreck voltou para trás da mesa, tremendo.
Quando o silêncio finalmente veio, tudo o que Ulbreck pôde ouvir foi um
roçar suave dentro do cobertor em seu colo. Procurando a lanterna portátil que
levava no bolso, Ulbreck a ativou e olhou para o embrulho que segurava.
Um bebezinho com um cacho de cabelo louro olhava para ele, soltando
um gorgolejo.
– Olá – disse Ulbreck, sem saber mais o que dizer.
O bebê balbuciou qualquer coisa.
O homem barbudo apareceu ao lado de Ulbreck. Iluminado por baixo
pela luz portátil, ele parecia gentil – e nem um pouco cansado pelo que quer
que houvesse acabado de fazer.
– Obrigado – disse, pegando a criança de volta. Começando a se levantar,
ele fez uma pausa. – Desculpe. Sabe como chegar até a propriedade dos Lars?
Ulbreck coçou a cabeça.
– Bom, tem umas quatro ou cinco maneiras de chegar até lá. Deixa eu
pensar na melhor maneira de...
– Deixa pra lá – respondeu o homem. – Eu descubro sozinho. – Ele e a
criança desapareceram na escuridão.
Então, Ulbreck se levantou, varrendo o aposento a seu redor com a luz da
lanterna.
Lá estava o sem-vergonha do Mullen Gault sendo reanimado por sua
irmã igualmente sem-vergonha, enquanto Jabe saía mancando em direção à
porta aberta. Ulbreck conseguiu ver o Wookiee do lado de fora, evidentemente caçando Zedd. O bartender estava nos fundos, consolando a esposa.
Os capangas de Jabba estavam mortos no piso da Birosca.
O velho fazendeiro voltou a desabar no chão. O que teria acontecido
ali? Será que o estranho realmente havia acabado com os bandidos sozinho?
Ulbreck não se lembrava de tê-lo visto com uma arma. E quanto a Jabe, que
havia parecido ficar pendurado no ar antes de cair atrás do bar? E o que eram
aqueles malditos flashes de luz azul?
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Ulbreck balançou a cabeça, que doía. O aposento girou um pouco. Não,
a verdade era que ele simplesmente não podia confiar em seus olhos bêbados.
Ninguém arriscaria seu pescoço contra os capangas de Jabba. E ninguém traria
um bebê para uma briga de bar. Pelo menos ninguém decente. Certamente
nenhum tipo de herói.
– As pessoas não prestam – disse Ulbreck, para ninguém em particular. E
voltou a dormir.
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Meditação
O pacote foi entregue.
Espero que possa ler meus pensamentos, mestre Qui-Gon: não ouço sua voz
desde aquele dia em Polis Massa, quando mestre Yoda me disse que eu poderia
entrar em comunhão com o senhor por intermédio da Força. O senhor vai se lembrar de que decidimos que eu deveria levar o filho de Anakin a seus parentes, por
segurança. Essa missão agora foi cumprida.
É tão estranho estar aqui, neste lugar e nestas circunstâncias. Anos atrás, tiramos uma criança de Tatooine, achando que ela era a maior esperança da galáxia.
Agora, eu trouxe outra de volta, e com o mesmo objetivo em mente. Espero que a
coisa saia melhor dessa vez. Porque o caminho até esse momento foi cheio de dor.
Para a toda a galáxia, para meus amigos... e para mim.
Ainda não consigo acreditar que a Ordem Jedi acabou – e que a República
esteja corrompida e nas mãos de Palpatine. E Anakin, também corrompido. Os
holovídeos que vi dele chacinando as crianças Jedi no Templo ainda assombram
meus sonhos... e estraçalham meu coração em pedaços, vezes sem conta.
Mas depois do horror das mortes de crianças, uma criança também pode
trazer a esperança. É como eu disse: a entrega foi feita. Estou no alto de uma cadeia
de montanhas com minha besta de montar – um eopie de Tatooine – olhando para
a propriedade dos Lars lá atrás. Owen e Beru estão do lado de fora, segurando a
criança. O último capítulo termina: um novo começa.
Vou procurar um lugar aqui por perto, mas, se eu ficar muito tempo, imagino
que Owen vá querer que eu me mude para outro lugar, mais longe. Pode haver
sabedoria nisso. Pareço atrair problemas, até mesmo em um lugar remoto como
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esse. Aconteceu uma confusão ontem em Anchorhead e, antes disso, um problema
em um dos espaçoportos por onde passei. Nada estava relacionado comigo, felizmente, nem ao motivo pelo qual estou aqui. Mas não posso me dar ao luxo de reagir às coisas como Obi-Wan Kenobi mais. Não poderei sequer ligar meu sabre de
luz sem que esse gesto grite “Cavaleiro Jedi” a todos ao redor. E, mesmo em Tatooine, imagino que alguém saiba o que é isso!
Então, esse será o fim. De agora em diante, por tanto tempo quanto seja necessário, vou cuidar de minha vida e me manter longe de problemas. Não posso
brincar de Jedi nesse mundo e ajudar a salvar os outros mundos ao mesmo tempo.
O isolamento é a resposta.
Uma cidade – mesmo um vilarejo como Anchorhead – tem um ritmo muito
rápido. Na periferia, entretanto, a história deverá ser outra. Já posso sentir o tempo
se movendo de modo diferente: ao ritmo do deserto.
Sim, imagino que as coisas serão mais lentas. Estarei longe de qualquer lugar, e sozinho, com nada a não ser meus arrependimentos para me fazerem companhia.
Se ao menos existisse um lugar em que pudesse me esconder deles...
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Há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante