SALVADOR BAHIA | AGOSTO 2015 1 2 SALVADOR BAHIA | AGOSTO 2015 ÍNDICE BAHIANEST 5 SAEB Lança Calendário de Eventos para 2015 12 8 Jorba traz como tema Segurança e Qualidade em Anestesia Crônica: O Bom Golpe 16 Convênios ativos com a COOPANEST-BA 18 17 Anestesia venosa total é tema de aula na SAEB 12 Protocolo Eras® – Otimizando a recuperação pós cirurgia 17 Anestesiologistas baianos compõem nova diretoria da Febracan Responsabilidade civil em anestesiologia 100 95 75 BAHIANEST é uma publicação da SAEB - Sociedade de Anestesiologia do Estado da Bahia em parceria com a COOPANEST-BA - Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas Estado da Bahia. 25Presidente Dr. José Admirço Lima Filho CRM/Ba 15.231 | Vice-Presidente Dra. Vera Lúcia Fernandes de Azevedo CRM/Ba 3.811 | Secretário Geral Dr. Fernando Cézar Cabral de Oliveira Filho CRM/Ba 19.697 | 1º Secretário Dr. Alexandre Chaves Mira CRM/Ba 16.364 | 1ª Tesoureiro Dr. Libório Ximenes Aragão Filho CRM/Ba 19.851 | 2º Tesoureira Dra. Ana Cláudia Morant Braid CRM/ 5 Ba 9.365 | Diretor Científico Dr. Lucas Jorge Santana de Castro Alves CRM/Ba 20.686 | Diretor de Defesa Profissional Dr. Paulo Cezar Medauar Reis CRM/Ba 6.428 | Presidente da COOPANESTBA Dr. Carlos Eduardo Aragão de Araujo CRM/Ba 3.811 | Responsável pela revista: Dr. José Admirço Lima Filho CRM/Ba 15.231 | Textos e Edição Cinthya Brandão Jornalista DRT 2397 0 www.cinthyabrandao.com.br | Designer Gráfico Carlos Vilmar www.carlosvilmar.com.br | Fotografias Sr. Hitanez Freitas e Cinthya Brandão Tiragem 800 exemplares | Impressão Cartograf 3 EDITORIAL BAHIANEST Convênio entre SAEB e Colégio Anchieta é renovado A SAEB renovou o convênio com o Colégio Anchieta que prevê desconto de 15% nas mensalidades dos filhos e/ou dependentes legais dos sócios. Informações na secretaria da SAEB: 71 3247-4333 ou através do site da escola www. colegioanchietaba.com.br. Caros Sócios, Em 2015 estamos intensificando as nossas atividades para continuar a promoção científica da nossa especialidade! Manteremos nossos encontros na SAEB através do curso de CET e das nossas sessões de atualização. As ações de comunicação através dos diversos meios serão revistas e ampliadas. Queremos aumentar a proximidade entre os sócios e os desejos futuros de crescimento da SAEB. Este ano planejamos uma Jornada mais envolvente e com uma programação associativa mais intensa. Contamos com a participação de todos para o crescimento da anestesiologia baiana. Um cordial abraço e até a JORBA. Dr. José Admirço Lima Filho Presidente da SAEB 4 SALVADOR BAHIA | AGOSTO 2015 LANÇAMENTO CALENDÁRIO SAEB Lança Calendário de Eventos para 2015 A SAEB fez o lançamento oficial do calendário de eventos para o próximo ano, em dezembro do ano passado, no auditório da COOPANEST-BA, num café da manhã com representantes da indústria farmacêutica e de equipamentos. O presidente da SAEB, Dr. José Admirço Lima Filho, fez um balanço dos eventos realizados em 2014. “Foram mais de trezentas horas de atividades científicas entre o Curso dos CETs, JORBA, aulas e cursos pré-jornada, todas elas com ótima frequência dos sócios. A diretoria mentem-se firme no propósito de atrair e motivar a participação dos anestesiologistas baianos nos encontros promovidos pela SAEB”, salientou. O diretor científico da SAEB, Dr. Lucas Castro Alves também esteve presente. O objetivo da iniciativa foi apresentar as cotas de patrocínio para que os parceiros possam elaborar um planejamento para estarem presentes nos eventos de 2015. EDUCAÇÃO CONTINUADA Salvador sediou 69ª edição do Sábado da Raqui O evento aconteceu dia 27 de julho, na capital baiana e contou com participação de dezenas de anestesiologistas e residentes. Sod a coordenação de Dr. Luiz Eduardo Imbelonni, o curso aborda todos os apectos preponderantes da técnica, considerada a mais utilizada da especialidade. Dentre os palestrantes estava Dr. M. A. Gouveia que é referência em raquianestesia no país. O evento tem o apoio da Cristália e já se tornou tradicional no calendário científico da anestesiologia brasileira. 5 PROGRAMAÇÃO CIENTÍFICA Homenagens e reconhecimento marcam encerramento das atividades científicas da saeb A SAEB realizou o encerramento programação científica de 2014 com emoção, descontração e congraçamento. Antes da aula do Prof. Yang Mendes sobre Falar em Público e Crescer Profissionalmente, duas homenagens foram concedidas pelo presidente Dr. José Admirço Lima Filho. O Sr. Isaías Gonçalves, gerente da Cristália, recebeu o título de Sócio Benemérito pela brilhante contribuição e parceria nos eventos da sociedade e por ter participado de praticamente todas as Jornadas Baianas de Anestesiologia. Emocionado e com breves palavras, Sr. Isaias falou da satisfação de estar presente em todos os eventos organizados pela Sociedade como parceiro e amigo. Agradeceu o reconhecimento e reafirmou sua presença e colaboração nos futuros projetos. A homenagem que marcou a noite e ficará registrada na história da Sociedade de Anestesiologia do Estado da Bahia foi para Dr. Carlos Eduardo Aragão de Araujo, ex-presidente da entidade e atual presidente da COOPANEST-BA. A sede da SAEB passou a ter o seu nome pelo apoio, representatividade e fortalecimento do ponto de vista associativo à anestesiologia baiana. A placa foi recebida com muita alegria e no discurso de agradecimento um misto de emoção e de relatos que evidencia o quanto sua vida profissional e particular está in- 6 timamente ligada às duas entidades, desde a infância ao lado do pai, Dr. Eduardo Lins Ferreira de Araujo Filho, quando o mesmo presidiu a SAEB, em 1955, até os dias atuais à frente da cooperativa. Dr. Carlos Eduardo fez questão de dividir tal honraria com amigos e ex-presidentes da SAEB Dr. Aurino Lacerda Gusmão e Dr. José Abelardo Garcia de Meneses, presidente do CREMEB. Num discurso muito emocionado lembrou-se dos desafios e conquistas celebrados pela Sociedade. DESAFIO DE FALAR EM PÚBLICO Prof. Yang Mendes Dr. Carlos Eduardo Aragão de Araujo Numa aula regada de descontração e utilização de recursos audio visuais, o Prof. Yang Mendes fez uma abordagem detalhada com dicas para aqueles que necessitam utilizar parte do seu trabalho falando em público. Muitos dos anestesiologistas presentes ministram aulas em congressos e jornadas e, certamente, se beneficiaram de tais informações. Segundo o professor a resistência e o despreparo de falar em público são problemas culturais. “Essa SALVADOR BAHIA | AGOSTO 2015 Dr. Aurino Gusmão, Dr. Carlos Eduardo Araujo e Dr. José Abelardo Meneses barreira é uma falha cultural. Nós não aprendemos na escola a falar em público, porém somos cobrados desde muito cedo quando os professores solicitam que apresentemos um trabalho perante os colegas. E não nos questionamos que não fomos preparados para tal porque não nos damos conta que isso é um aprendizado. A partir daí vamos tendo problemas ao longo da vida com experiências não muito bem resolvidas do ponto de vista da oratória, chegando a desenvolver um trauma de falar em público”, explica. Yang Mendes discorre algumas sugestões para assegurar uma apresentação segura. “A dica mais básica refere-se ao domínio do assunto a ser explanado: o conhecimento do tema. O conhecimento dará muita segurança. A respiração também é um fator importante, pois ajudará a controlar a ansiedade, o medo e até a falta de concentração. Indico uma respiração mais HOMENAGEM Dr. José Admirço Lima Filho e Sr. Isaías Gonçalves profunda, diafragmática, que te leve a um patamar de tranqulidade antes da apresentação. É importante também treinar o que será falado. No teatro, por exemplo, uma apresentação de 1h tem, no mínimo, de 4 a 6 meses de ensaio. Numa aula, normalmente, o palestrante estuda o tema, prepara os slides, mas não ensaia sua apresentação, porque ele avalia que aquilo que foi estudado, planejado e escrito ou visualizado pela sua mente será o que ele falará. Mas não é. A fala, a didática oral é muito diferente da didática escrita. E aí está a grande barreira, a falta de treinamento da própria aula ou apresentação. Poucos palestrantes criam esse hábito, normalmente eles vão aprendendo e aprimorando a cada explanação. Outro aspecto que merece muita atenção é a expressão corporal. Ela representa 55% da comunicação. Nos preocupamos muito com o que iremos falar e não nos atentamos para a forma HOMENAGEM A PARTIR DESTA DATA, A SEDE DA SOCIEDADE DE ANESTESIOLOGIA DO ESTADO DA BAHIA TERÁ A HONRA DE RECEBER O NOME DE DR. CARLOS EDUARDO ARAGÃO DE ARAUJO POR SUA ENRIQUECEDORA CONTRIBUIÇÃO À ANESTESIOLOGIA BAIANA, FORTALECIMENTO DA NOSSA ATUAÇÃO COMO SOCIEDADE, ESTÍMULO E PERSEVERANÇA, AJUDANDO-NOS A QUEBRAR BARREIRAS E ENFRENTAR DESAFIOS. SUA MAIOR QUALIDADE É UNIR E VALORIZAR AS PESSOAS NO SENTIDO AMPLO DE EQUIPE. É com muita honra que a Sociedade de Anestesiologia do Estado da Bahia homenageia o SR. ISAÍAS GONÇALVES DA SILVA, pela brilhante contribuição e parceria nos eventos da nossa sociedade. sua dedicação, compromisso e presença reafirmam a certeza de que o sucesso é fruto do trabalho em equipe. DR. JOSÉ ADMIRÇO LIMA FILHO DR. JOSÉ ADMIRÇO LIMA FILHO PRESIDENTE DA SAEB 2014/2015 PRESIDENTE DA SAEB 2014/2015 SALVADOR, 12 DE DEZEMBRO DE 2014. SALVADOR, 12 DE DEZEMBRO DE 2014. como vamos passar essas informações. São gestos que traduzem o nosso estado de espírito. A entonação da voz, a gesticulação, por exemplo, são detalhes fundamentais para uma comunicação de qualidade. O texto em si representa somente 7% da nossa comunicação. É muito pouco! Por isso, todos esses aspectos devem ser seguidos para se conquistar uma posição tranquila, dinâmica e didática”, finaliza. 7 Programação: JORNADA DE ANESTESIOLOGIA Jorba traz como tema Segurança e Qualidade em Anestesia Tudo pronto para o mais importante evento de anestesiologia do Estado. A 27ª edição da JORBA acontecerá entre os dias 11 e 13 de setembro, no Sheraton da Bahia, no Campo Grande – o espaço sediou a jornada de 2014 e foi aprovado por grande parte dos sócios. A programação oficial do evento iniciará dia 12, sábado, porém as atividades começam um dia antes com os Whokshops, como explica o diretor científico da SAEB, Dr. Lucas Castro Alves. “Mediante o sucesso do último ano, mantivemos os cursos pré-congresso com os Workshops de Ventilação Mecânica, Ultrassonografia Básico e Avançado para o anestesiologista. Teremos diversas palestras sobre temas importantes para o anestesiologista que serão apresentadas ao longo desses dois dias, sempre mantendo o rigor científico usual”. O ano passado a JORBA foi destaque em público e crítica, o que fez com que a diretoria se empenhasse em preparar um evento de conteúdo amplo e bem elaborado. “Este ano a temática Segurança e Qualidade em Anestesia tem o objetivo de salientar os aspectos preponderantes para o exercício seguro e eficaz dos procedimentos anestésicos. Nosso compromisso com cada sócio é o maior motivador do trabalho desenvolvido pela diretoria, por isso, nos debruçamos para criar um evento dinâmico, atrativo do ponto de vista científico e agradável para viabilizar também momentos de encontro e descontração”, salienta o presidente da SAEB, Dr. Admirço Lima Filho. As inscrições on-line podem ser feitas através do site da SAEB: www.saeb.org.br. Jornalista: Cinthya Brandão DRT/BA 2397 Contribuição: Dr. José Admirço Lima Filho CREMEB 15.231 e Dr. Lucas Castro Alves CREMEB 20.686 SÁBADO (12/09/2015) Presidente: Dr. José Admirço de Lima Filho (BA) 8h-8h30: SAVA o que cada anestesiologista precisa saber antes de entrar na sala de cirurgia? Palestrante: Dr. Antonio Carlos Brandão (MG) 8h30-10h Anestesia Obstétrica – Velhos Problemas, novas condutas? Presidente: Dr. Jedson Nascimento (BA) 8h30-8h55: Analgesia de Parto: saindo da teoria para à prática Palestrante: Dra. Norma Modolo (SP) 8h55-9h20: Uso de vasopressor em anestesia obstétrica: de volta ao começo? Palestrante: Dra. Liana Azi (BA) 9h20-9h45: Hemorragia Pós - parto: estou preparado para o caos? Palestrante: Dra. Ruth Rios (BA) 9h45-10h: Discussão 10h-10h30: COFFE BREAK Presidente: Dr. Jeconias Neiva (BA) 10h30-11h: A USG realmente mudou a minha prática anéstesica? Palestrante: Dr. Renato Mestriner Stocche (SP) 11h-12h30: ANESTESIA EM PEDIATRIA – REVENDO CONCEITOS Presidente: Dr. Lucas Castro Alves (BA) 11h-11h25: Reposição volêmica em pediatria. Indo além do HollidaySegar Palestrante: Dra. Norma Modolo (SP) 11h25-11h50: Analgesia em Pediatria: o bom, o ruim e o feio. Palestrante: Dr. Vinícius Sepúlveda (BA) 11h50-12h15: PALS 2015 – O que temos de novo? Palestrante: Dr. Elio Ferreira de Oliveira Júnior (BA) 8 SALVADOR BAHIA | OUTUBRO 2014 12h15-12h30: Discussão 12h30-14h – ALMOÇO 14h-15h35: Qualidade de vida e trabalho em anestesia Presidente: Dr. Carlos Eduardo Aragão Araujo (BA) 14h-14h25 Repercussões da sobrecarga de trabalho na qualidade de minha anestesia Palestrante: Dr. José Abelardo Garcia de Meneses (BA) 14h25-14h50: Como a tecnologia de informação pode melhorar a vida do anestesista? Palestrante: Dr. José Admirço de Lima Filho (BA) 14h50-15h15: A visão do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais sobre as cooperativas médicas Palestrante: Dr. Carlos Alberto Freitas Barreto (BA) 14h15-15h30: Discussão Presidente: Dr. Guilherme Oliveira Campos (BA) 15h30-16h: Protocolo ERAS: o que muda em minha prática Palestrante: Dr. Enis Donizetti (SP) 16h-16h30: COFFE BREAK 16h30-17h30: Solenidade de Abertura e Coral Santo Antônio 17h30-19h: PALESTRA: Viabilizando Talentos - Como semear o crescimento pessoal e profissional. Prof. Gretz (o mais premiado palestrante do Brasil) 8h30-10h: Hot Topics – E agora, Dr.?? Presidente: Dra. Vera Azevedo (BA) 8h30-8h50: BNM o que realmente faz diferença na segurança e qualidade da minha anestesia? Palestrante: Dr. Enis Donizetti (SP) 8h50-9h10: HEMOGASOMETRIA: o que realmente me interessa naquela tirinha Palestrante: Dr. Antonio Carlos Brandão (MG) 9h10-9h30: Bloqueios de Neuroeixo para mamoplastias: é realmente uma opção pelo menor custo Palestrante: Dr. Ricardo Azevedo (BA) 9h30h9h40: Discussão 9h40h10h30: Hot Topics II – E agora, Dr.?? Presidente: Dr. João José Borges (BA) 9h40-10h: Videolaringoscópios: estamos dando adeus ao velho Macintosh?? Palestrante: Dr. Macius Pontes (BA) 10h-10h20: Obesidade Mórbida: quando a experiência vira guideline! Palestrante: Dra. Ana Cristina Pinho (RJ) 10h20-10h30: Discussão 10h30-11h: INTERVALO DOMINGO (13/09/2015) 11h-11h20: Hot Topics III – E agora Dr. ?? Presidente: Dr. Paulo Medauar (BA) 11h-11h20: Erro humano em medicina: o que isso significa para o paciente, para a instituição e para a mídia? Palestrante: Dr. Alexandre Pustilnik (BA) Presidente: Dr. Lucas Castro Alves (BA) 8h-8h30: Monitorização da Consciência intra operatória: modismo ou uma questão de segurança? Palestrante: Dr. Rogean Nunes (CE) 11h20-12h Presidente: Dr. Fenando Cezar de Oliveira Filho (BA) ANESTESIA OPIOIDE FREE – Como fazer e porque! Palestrante: Dra. Ana Cristina Pinho (RJ) 19h: COQUETEL com Banda Santo Remédio Workshps 11/09/2015 (SEXTA-FEIRA) WORKSHOP – VENTILAÇÃO MECÂNICA EM ANESTESIA 14h – 14h20 Conceitos de mecânica ventilatória. Dr. André Luiz Aragão e Silva (BA) 14h20 – 14h40 Modos ventilatórios controlados. Dr. André Luiz Aragão e Silva (BA) 14h40 – 15h Modos ventilatórios assistidos. Dr. Guilherme Campos (BA) 15h – 15h20 INTERVALO 15h20 – 15h40 Monitorização: entendendo curvas, loops e capnografia. Dr. Alexandre Pustilnik (BA) 15h40 – 16h Otimizando oxigenação: prevenção de atelectasias. Dr. Guilherme Campos (BA) 16h – 16h20 Estratégias de ventilação protetora. Dr. Macius Pontes (BA) 16h20 – 17h Prática de simulações em pulmão mecânico/encerramento - Todos os instrutores 11/09/2015 (SEXTA-FEIRA) WORKSHOP DE ULTRASSONOGRAFIA CURSO BÁSICO 8h – 12h Acesso venoso central Supraclavicular Interescalênico Bloqueio axilar Bloqueio femoral CURSO AVANÇADO 14h – 18h Ciático subglúteo Ciático popliteo Bloqueio neuroeixo Paravertebral TAP Block Instrutores: Cibelle Rocha (CE) Fabrizzio Vargens Ferraz (BA) Adriana Lorenzeti (PB) Renato Stocche (SP) 9 CRÔNICA O Bom Golpe Conto de Alexandre Figueiredo* Não demorou pra eu descobrir, bom na astúcia que sou; outro sim, cairia fácil sem nem notar sua treta. E realmente era golpe bom, diria eu: infalível. E com aquele seu jeito manso, o desgraçado enganaria a qualquer um, já chegou estampando um sorrisinho relaxado de quem sabe que vai levar a melhor. Deixei..., e ele acabou levando mesmo...! Veio com uma conversa desinibida dizendo ter acabado de chegar na cidade. Não era moço bem aparentado não, mas usava roupa boa, e se via logo que 10 não era daqui pelo jeito de falar. Trazia uma bolsa de alça e disse estar viajando a trabalho. Não estiquei a conversa, achei logo que ia tentar me vender alguma coisa, já ia o despachando, eu que não suporto vendedor me enchendo, quando me interrompeu e pediu uma única coisa: que o emprestasse uma panela com água e fogo, queria cozinhar sua sopa, enquanto pegava um embrulho de papel da sacola. E emendou a conversa na própria justificativa de que aqui não existem hospedagens, muito menos restaurantes... Eu não pude dizer não, como negar a um pedido desse?! Negar uma panela com água?! Como...? E eu não sei negar por negar..., apesar de ser ele um forasteiro cheio de conversa pegajosa. Me pegou desprevenido e, mesmo a contragosto tive de consentir. Abri o portão. E como sabia que minha mulher não ia dar nenhuma negativa também, mandei-o entrar. Ele entrou, entrou já com o embrulho na mão, já ensaiando abri-lo. Daí é que descarregou a falar bonito..., e falava com uma ponta de riso aberta e cheio de palavras bem explicadas. Desconfiei que isso fazia parte de sua maledicência. A Mazé, besta que sempre foi, logo de cara, ofereceu-lhe ouvido, e foi aí que ele se soltou! Coloquei água numa panela e acendi o fogo. A mulher já se divertia frouxa com a prosa dele, ela que é toda dada pra gente de fora e adora uma conversaria emendada...! Como eu não participava, ele falava olhando para mim, não no meu olho, meio de banda, como se preocupado com a desconfiança. Sabia que eu o observava, e gesticulava as mãos e os braços, todo trejeitado, parecendo até artista profissional. E o que fez foi coisa bem ensaiada mesmo! Antes da panela esquentar, ele desembrulhou aquilo que havia trazido, e, muito rápido, colocou dentro da água. Não vi o que era. A Mazé muito menos, que havia dado de costas para pegar mais água, que ele havia solicitado. A partir desse momento assumiu o fogão, pediu que nos afastássemos, ele mesmo faria tudo, não daria nenhum trabalho. E convidou-nos para compartilharmos da sua sopa, disse e redisse que seria um enorme prazer nossa companhia, faria o suficiente para nós três. E contou a estória de um sócio que outrora tivera - Chico malatirado, que sobreviveu a treze tiros de espingarda..., e tinha mais saúde que qualquer um de nós. Depois descobriram ser cria do coisa-ruim. “Ele, só com um metro e meio de tamanho, derrubava boi bravo na mão, sem nem apagar o fumo da boca”, dizia todo empolgado... Pediu uma colher-de-pau e sal. E começou a mexer a fervura. Eu sentei na mesa, enquanto a Mazé arrumava a toalha e os pratos, vi que estava animada e sorria fácil. Vi também que colocou pães na mesa. Ele continuou a mexer a sopa e me pediu o favor de abrir um dos bolsos da sua sacola e pegar uma vela. Mandou-me acender e colocar SALVADOR BAHIA | AGOSTO 2015 sobre a mesa. E, cheio de bicos, disse que seria uma noite boa, jantar à luz de velas... Troquei olhares com a Mazé e seu olhar me pediu que fizesse. Fiz. Ele continuou contando suas prosas, emendava uma na outra que nem dava tempo da gente falar nada. Chegou até a falar que seu pai conheceu Alexandre, personagem de Graciliano que, em certa noite, laçou onça achando que era cavalo bravo. A sopa já fervia quando ele perguntou se não teria umas folhasde-louro e massa de macarrão. Depois pediu um pouco de óleo. E continuou a mexer. Não parava de tagarelar. Disse ter aprendido aquela receita com seu avô, que era caixeiro-viajante; depois contou uns outros causos dele e de outros esquisitos parentes seus. Olhei para a mesa e vi que a Mazé havia posto não os pratos do dia-a-dia, e sim aqueles guardados para ocasiões de festa, e que só usávamos uma ou duas vezes por ano, e nesse ano não tínhamos usado ainda. E também tinha posto na mesa a garrafa de vinho que seu irmão havia nos presenteado no natal. Achei estranho, ela que é sempre tão comedida, não concordei de pronto, mas o jeito como estava entusiasmada me desarmou de qualquer ação contrária. O cheiro de sopa já ganhava a cozinha. Ele a mexia freneticamente. Pediu mais uns temperos, e, a cada dois ou três minutos, experimentava sugando as gotas que deixava cair da colher na palma da sua mão. Fazia com certa estranheza, esticando a boca em bico e espremendo os olhos. Provava pouco a pouco, e a cada prova, acrescentava ora um, ora outro ingrediente que pedia a Mazé – cebola, alho, pimenta... Tenho que admitir que fazia bem feito, cheio de artimanhas, como se afinasse uma vio- la de ouvido, nunca vi daquele jeito. Mais adiante pediu calabresa e charque, que foram cortados em pequenos cubos e jogados no caldo. Ainda pediu farinha de cuscuz para engrossar. Em seguida retirou do bolso umas pequenas folhinhas, que também foram acrescentadas à mistura, mexeu em mais três voltas e bradou: “Acabou! Mais um minuto de fervura e estará pronta! Sentem-se que eu mesmo terei o prazer de servi-los”. Não deixou a gente se aproximar da panela. A Mazé me pediu que eu abrisse a garrafa e servisse o vinho. Ela me olhava com o olho macio..., não retruquei. O forasteiro estava seguro, acho até que passou a se sentir em casa, repetia a serventia daquela receita, que já vinha de outras gerações passadas. Eu não acreditava nem um pouco na sua conversinha, continuava desconfiado dele, mas não quis delongar naquilo, queria mesmo era que acabasse e fosse embora. Ele desligou o fogo e sentouse junto a nós na mesa. Pediu um brinde e nos agradeceu a gentileza. Disse estar feliz e realmente se comportava como tal. Acho que estava mesmo..., os trouxas caindo em sua conversa...! Bebemos e comemos pão, enquanto a sopa “respirava”, como ele referiu. A Mazé aproximou seu prato e sentou-se ao meu lado, enquanto ele, todo articulado, nos serviu; depois serviu a si. Não tirou a panela do fogão. Nisso ele não parava de contar seus causos. Falou de um pássaro-preto seu, já falecido de tuberculose, que solfejava as músicas do Pixinguinha. Isso mesmo..., não cantava não..., solfejava! Imitava -o. E inventou mais umas outras mentiras depois...! Admito que a sopa estava boa e repetimos os pratos, também os goles de vinho. Ele es- banjou ainda mais sorrisos com os elogios da Mazé. Vi que ela estava contente, dificilmente recebíamos visita e a casa sempre andava vazia depois que os meninos foram pra cidade. Eu até estava satisfeito..., mais por ela, é claro! Ainda continuava desconfiado do forasteiro que não olhava no meu olho. Era certo que tinha coisa diferente ali, só ainda não sabia o que era. Lá pras tantas, depois que a garrafa secou, ele levantou-se, nos encheu novamente de graças e disse que precisava partir, afirmando compromissos de trabalho e apressou-se. A Mazé ainda ensaiou oferecer-lhe repouso, mas eu sugeri mesmo que era hora dele ir. Aí já seria demais... Então, ele foi até a panela e, de um jeito meio dissimulado, tirou de lá uma pedra. Uma pedra...!!! Lavou-a na torneira, enrolou naquele mesmo papel de embrulho que havia trazido, nem se preocupou em enxugar, e guardou-a na sacola. Até que ele tentou disfarçar, mas eu a vi, mal escondida entre suas mãos inquietas - era oval, brilhante e cinza. Enfim entendi, tínhamos tomado sopa de pedra! Sopa de pedra!!! Preferi não indagá-lo. Nada falei. Então, ele ainda sorrindo, agradeceu acenando com as mãos, pegou a vela queimada, e se foi, bem ligeiro, ajeitando a alça sobre o ombro. Sumiu no negrume da noite. Havia concluído seu golpe. A Mazé nem percebeu nada, estava toda relaxada, meio tonta de vinho e ainda suspirava contentamento com a mesa posta pra festa. Ajudei-a a recolher os pratos e copos, fechamos a casa e fomos dormir. *Dr. Alexandre Figueiredo é anestesiologista, Conselheiro do CREMEB e cronista. 11 ARTIGO CIENTÍFICO Protocolo Eras® – Otimizando a recuperação pós cirurgia ERAS® é o conjunto de medidas que podem ser adotadas para acelerar e aprimorar a recuperação pós cirúrgica. Consiste em um padrão de cuidados pré, peri e pós operatórios, realizados por equipe multiprofissional integrada, que permite a recuperação precoce de pacientes submetidos a grandes cirurgias. ERAS representa uma mudança de paradigmas na assistência peri-operatória de duas maneiras. Primeiro ele re-examina as práticas tradicionais, substituindo-as por melhores práticas baseadas em evidências científicas, quando necessário. Em segundo lugar, é extensivo a todas as áreas do acompanhamento do paciente submetido a um processo cirúrgico e isso logicamente, perpassa pelo médico anestesiologista. Em nossa especialidade somos capazes de promover medidas efetivas que podem melhorar a assistência ao nosso paciente, seja através do uso de técnicas combinadas, do uso racional de fármacos que tenham menor tempo de metabolização e até mesmo da implementação de monitorização invasiva para melhor conduzir o paciente no intra-operatório. TERMO DE CONSCENTIMENTO O termo de consentimento livre e esclarecido deve ser aplicado a todos os paciente que serão submetidos a um procedimento anestésico cirúrgico e bem como os cuidados no pós-operatório imediato. Nele deve constar todos 12 os procedimentos que serão realizados, bem como os riscos inerentes a cada procedimento. Preferencialmente deve ser aplicadado durante a consulta pré-anestésica para que o paciente tenha tempo de questionar o anestesiologista a respeito de suas dúvidas e anseios. Devemos lembrar que em tempo de democratização da informação, ocorrida com o advento da INTERNET e das redes sociais, o paciente tem um maior acesso ao conhecimento e muitas vezes, uma boa conversa no momento da avaliação pré-anestésica, tem um efeito positivo semelhante ao uso de benzodiazepínicos ou ajudado até mesmo em diminuir os casos de judialização em caso de eventos negativos ou inesperados. TEMPO DE JEJUM Jejum pré-operatório sempre foi um dogma da anestesia, e o “NPO after midnight” (jejum após a meia noite) é ainda uma realidade na maioria dos serviços de cirurgia do mundo. As evidências recentes apontam que a Síndrome de Mendelson se constitui uma entidade rara, e que a pneumonite química Figura 1: Diretrizes do protocolo ERAS outras medicações para reduzir a ansiedade desse momento. É a hora de estabelecermos a relação de confiança mútua que deverá ser a tônica da relação médico paciente que ora se inicia. Isso tem é uma complicação de baixo risco e na maioria das vezes de resolução espontânea. Desde o início do século os Guidelines das Sociedades Americanas e Européia de Anestesia SALVADOR BAHIA | AGOSTO 2015 já sinalizam a possibilidade de redução do tempo de jejum peri -operatório para apenas 2h para ingestão de líquidos claros e sem resíduos. O jejum prolongado aumenta a resposta endócrina e metabólica ao trauma, diminui os níveis de insulina, aumenta os níveis do glucagon, ACTH, GH, Cortisol e ácidos graxos. Promove glicogenólise e neoglicogênese o que leva a um catabolismo protéico. Aumenta também a resistência à insulina que pode durar até 03 semanas após a cirurgia. Além disso é um dos fatores que mais gera insatisfação aos pacientes. Os novos guidelines hoje não só permitem jejum para sólidos de 6h e de líquidos claros para apenas de 02 horas, como também estimulam a ingesta dos mesmos e a suplementação pré-operatória com carbohidratos de cadeia leve, como a maltodextrina, melhorando a recuperação pós operatória e aumentando a satisfação do paciente. Além disso, os novos estudos apontam para o retorno da ingesta oral de alimentos o quanto antes, diminuindo também o tempo de jejum pós-operatório. ANTIBIÓTICO PROFILAXIA Embora não esteja diretamente ligada ao ato anestésico prorpriamente dito, o momento correto da administração do antibiótico, quando indicado, tem uma efetividade de até cinco vezes quando feito 60 minutos antes da incisão cirúrgica e repetidos também no intra operatório quando indicados. A escolha do antibiótico deve ser determinado pela CCIH da instituição e não uma simples preferência do cirurgião. Vale ressaltar também que os antibióticos são responsáveis por 14,7% dos quadros de anafilaxia em anestesia, e que os quadros fatais de anafilaxia em anestesia correspondem a 78% por uso de antibiótico. No mínimo seria prudente que o mesmo fosse administrado na presença do anestesiologista e com a anuência do mesmo. PROFILAXIA DE TVP A trombose venosa profunda, constitui uma das principais causas de morte em paciente internados não decorrentes da doença propriamente dita. Possui alta incidência estima-se que seja responsável por 100000 mortes por ano no EUA. Cerca de 10 a 15% das autópsias hospitalares evidenciam embolia pulmonar, que pode ser silenciosa em até 80% dos casos. Pode ser prevenida na grande maioria dos casos com o uso das heparinas (HNF, HBPM) e mesmo nos casos em que a te- Figura 2: European Society of Anestesiology Guideline rapia medicamentosa esteja contra-indicada (sangramento ativo, coagulopatia, entre outros) pode se lançar mão dos métodos mecânicos de prevenção como o uso de meias elásticas e/ou compressão pneumática intermitente. Todos os pacientes submetidos a cirurgias de grande risco como grandes cirurgias ortopédicas, abdominais, oncológicas e grande trauma devem receber profilaxia para TVP, assim como os paciente de alto risco, que serão submetidos a procedimentos de baixo risco, como por exemplo, pacientes obesos, portadores de doença oncológica, de insuficiência venosa periférica, portadores de infecções, entre outros. Atenção especial aos pacientes nos quais se pretende fazer uso de anestesia regional (BNE, Bloqueios Periféricos) para que não se aumente os riscos de sangramento em sistema nervoso central, trazendo danos adicionais aos pacientes. TÉCNICA ANESTÉSICA A escolha da técnica anestésica deve ser individualizada para cada paciente, porém temos como recomendação uma opção pela escolha da técnica que proporcione que o paciente volte o mais precocemente possível para suas atividades habituais. O uso de medicamentos com rápida metabolização, ou que possuam um antagonismo específico pode proporcionar uma melhor previsibilidade do despertar do paciente após anestesia geral. O uso de bloqueio neuromuscular profundo, pode facilitar a manipulação ocirúrgica e diminuir a dor associada a distensão abdominal pelo pneumoperitônio nos casos das cirurgias vídeolaparoscópicas. Dados recentes sugerem que o uso de baixo volume corrente diminui a morbidade pós operatória. 13 Figura 3: Monitorização para terapia volêmica guiada por metas A opção por anestesia venosa total com propofol pode ser uma opção em pacientes com risco aumentado para náuseas e vômitos no pós-operatório. O uso de monitorização da consciência pode ajudar a diminuir o consumo de anestésicos, bem como evitar a depressão neurológica acentuada, o que pode ser prejudicial, principalmente na populaçãoo idosa. Sempre que possível devemos utilizar a anestesia peridural torácica em associação o com a anestesia geral. Entre os benefícios, podemos citar o menor consumo de anestésicos e analgésicos no intra-operatório, melhor controle da dor no pós-operatório, evitando dessa forma o uso de opíoides sistêmicos nesse período. Também alguns estudos demonstram uma melhora da função pulmonar, com diminuição dos riscos de pneumonia e atalectasias, diminuição do tempo de íleo e redução da resistência à insulina. Além dos bloqueios de neuroeixo, podemos lançar mão de outras técnicas regionais para o controle efetivo da dor no pós -operatório, como o uso de TAP BLOCK (bloqueio da fáscia do musculo transverso abdominal) ou até mesmo a colocação de 14 cateteres nas feridas operatórias para instilação de anestésico local com o auxílio de bombas elastoméricas. A associação de técnicas visa diminuir os efeitos colaterais, contribuindo dessa forma para uma melhor recuperação do paciente. REPOSIÇÃO HÍDRICA E ELETROLÍTICA Há muito tempo se discute se a reposição volêmica numa cirurgia de grande porte deve obedecer a uma estratégia restritiva ou liberal em relação aos líquidos, bem como qual seria o líquido ideal para essa reposição. Tanto a sobrecarga de volume, quanto a hipovolemia aumentam a taxa de complicações pós-operatórias, sugerindo que um balanço hídrico próximo de zero seja a meta. Hoje as evidências apontam que ainda não dispomos de um líquido ideal, seja ele colóide ou cristaloide, porém devemos individualizar cada situação, podendo ser usada uma combinação de ambos, em proporções variadas, de acordo com as circusntâncias. O cristalóide deve ser uma solução balanceada de íons, com osmolaridade semelhante à do plasma. Existe muito pouca indicação para o uso da solução salina 0,9% atualmente, devendo a mesma ser evitada devido às potenciais complicações no pós-operatório. Em relação ao volume infundido, não se utiliza mais as fórmulas de outrora para reposição de jejum ou perdas insensíveis, e sim uma reposição volêmica guiada por metas, na qual possamos assegurar uma perfusão tecidual adequada. Dispomos hoje de monitores diversos que podem nos auxiliar nessa tarefa. Desde monitorização minimamente invasiva, como PVC, a análise do delta PP, da VVS, bem como monitorização o avançada como o uso de cateteres de Swan Ganz, Saturação continua Venosa de O2, medição da água extravascular pulmonar e até mesmo o Ecocardiograma transesofágico como monitor eficaz de volemia. A terapia volêmica guiada por metas reduz a mortalidade em até 32% e permanência hospitalar em 1,16%, devendo ser empregada em todos os pacientes submetidos a cirurgias de grande porte. PROFILAXIA DE NÁUSEAS E VÔMITOS As náuseas e vômitos no pós operatório constituem um dos sintomas mais desagradável para pacientes em recuperação pós anestésica e é um dos maiores impedimentos à alta precoce do mesmo. Acomete até 80% dos pacientes de alto risco e pode durar até 72h após o procedimento cirúrgico. O custo da profilaxia tem diminuído e vários estudos demonstram que mesmo com a utilização de fármacos mais caros, a profilaxia ainda é custo-efetiva em relação ao tratamento. Nos pacientes de alto risco para náuseas e vômitos, é necessário o uso de anti-eméticos de duas ou três classes farmacológi- SALVADOR BAHIA | AGOSTO 2015 cas diferentes, para garantir uma profilaxia eficaz. A associação de dexametasona no inicio do procedimento com um bloqueador dos receptores 5HT-3 tem se mostrado a fórmula mais efetiva de profilaxia. Caso necessário, pode-se se adicionar droperidol ou metoclopramida ao esquema. Em alguns pacientes, a associação de anestesia venosa total com propofol, pode diminuir os sintomas no pós operatório. Vale lembrar que como os sintomas podem durar até 03 dias no pós operatório, é desejável que se faça uma profilaxia estendida, ou com o uso de medicamentos com meia vida prolongada, ou manter a prescrição de horário como rotina, evitando prescrever tratamento se necessário. Evitar jejum prolongado, uso de opióides sistêmico, e restrição ao leito, além de uma hidratação adequada são também medidas que auxiliam na profilaxia, além de garantir maior satisfação ao paciente. PREVENIR HIPOTERMIA Além da sensação de desconforto no pós operatório imediato, a hipotermia durante a cirurgia promove uma vasoconstricção do subcutâneo, levando a uma menor oxigenação tecidual, aumento da produção de interleucinas inflamatórias e diminuição na produção do colágeno aumento do consumo de oxigênio pelo miocárdio e consequente risco de isquemia miocárdica. Numerosas meta-análises tem mostrado que prevenir hipotermia durante a cirurgia reduz a ocorrência de infecção de feridas, complicações cardíacas, sangramento e necessidade de transfusão sanguínea, bem como a duração da recuperação pós anestésica. O uso de manta térmica, colchões aquecidos ou de água circulante e sistema de aquecimento de líquidos deve ser utilizado de forma sistemática nas cirurgias de grande porte e a monitorização da temperatura deve fazer parte da rotina. “ A imediata mudança para melhorar a qualidade do cuidado com o paciente cirúrgico não depende de novos conhecimentos, mas sim de como integrar melhor o que já conhecemos na pática”. (BAXTER, 2005) REALIZAÇÃO DE AUDITORIAS As medidas implementadas com o objetivo de aumentar a recuperação pós operatória devem ser avaliadas de forma rotineira, para que a sua eficácia possa ser comprovada. O impacto das novas técnicas deve ajudar na elaboração de protocolos institucionais que possam demonstrar a custo -efetividade dessas medidas, justificando dessa forma a mudança de paradigmas. O protocolo ERAS foi implementado em cerca de 40 hospitais da Europa e está em fase de implantação em diversos países dos seis continentes. Nos locais onde já foi implantado foi observada uma redução de 30% no tempo de internamento e 50% no índice de complicações. No Brasil, ainda não temos nenhuma instituição em que os protocolo ERAS tenha sido im- plantado, porém temos em Cuiabá, no Hospital Universitário Júlio Müller, o PROJETO ACERTO (Aceleração da Recuperação Transoperatória), que também constitui em conjunto de medidas para acelerar a recuperação do paciente, porém com o foco maior nos cuidados cirúrgicos, mas que já sinaliza que essas mudanças estarão cada vez mais próximas de nossas instituições. Dr. Elio Ferreira de Oliveira Júnior CREMEB 18665 Membro da Comissão Científica da SAEB BIBLIOGRAFIA 1. 2. 3. 4. 5. 6. www.erassocity.org K. Mortensen, M. Nilsson, K. Slim, M. Schäfer, C. Mariette, M. Braga, F. Carli, N. Demartines, S. M. Griffin, K. Lassen and the Enhanced Recovery After Surgery (ERAS®) GroupBritish Journal of Surgery, Volume 101, Issue 10, pages 1209–1229, September 2014, DOI: 10.1002/bjs.9582 Urbach DR, Baxter NN. Reducing variation in surgical care: Requires innovative methods for getting evidence into surgical practice. BMJ : British Medical Journal. 2005;330(7505):1401-1402. Fearon KC, et al. Enhanced recovery after surgery: a consensus review of clinical care for patients undergoing colonic resection. Clin Nutr. 2005 Jun;24(3):466-77. Perioperative fasting in adults and children: guidelines from the European Society of Anaesthesiology, European journal of Anesthesiology, 2011, Vol 28, N8 Aguilar-Nascimento JE, Bicudo-Salomão A, Caporossi C, Silva RM, Cardosos EA, Santos TP. Acerto pós-operatório: avaliação dos resultados da implantação de um protocolo multidisciplinar de cuidados peri-operatórios em cirurgia geral. Rev Col Bras Cir. 2006;33(3):181-8. 15 SESSÃO ATUALIZAÇÃO Anestesia venosa total é tema de aula na SAEB A SAEB promoveu mais uma Sessão de Atualização em Anestesiologia com o tema “Farmacocinética Descomplicada - O que devo saber para entender melhor Anestesia Venosa Total”, em 10/06, no auditório da COOPANEST-BA. A aula teve o patrocínio da Astrazeneca e foi ministrada por Dr. José Eduardo Oroz, TSA Ph.D, Membro da Diretoria Científica da SAESP, membro do Comitê de Anestesia Venosa da SBA e Corresponsável pelo CET / SBA - Pontifícia Universidade Católica de Campinas. CONVERSA COM O ESPECIALISTA Bahianest: Quais os benefícios da Anestesia Venosa Total? Dr. José Eduardo Oroz: Nós podemos e devemos explorar as vantagens da anestesia venosa total, pensando na qualidade da anestesia, do despertar e do pós operatório para o paciente e para o anestesista. Isso foi tema do último Congresso Brasileiro de Anestesiologia, em Recife, Qualidade de Vida do Paciente e do Anestesista. Nós não podemos perder isso de vista. Além disso, é importante ressaltar que com a anestesia venosa total é possível oferecer um pós operatório mais tranquilo para o paciente, com redução, principalmente, de náuseas e vômitos pós operatórios. O paciente desperta mais orientado, com o estado mental mais claro, com bem estar, reconhecendo o ambiente e as pessoas mais rapidamente. O paciente que é mantido com anestésicos inalatórios acorda tão rapidamente quanto aquele mantido com propofol, com anestesia venosa, só que ele desperta com o estado mental mais confuso, sem reconhecer com clareza as pessoas, se tiver com dor não consegue referir, consequentemente 16 custos e também atrapalha a rotina do paciente e da família. fica nervoso, irritado. Então é mais desgastante para o paciente e para a família. Bahianest: Quais os pontos de maior impacto na recuperação pós anestésica do paciente submetido à anestesia venosa total? Dr. José Eduardo Oroz: Existe uma significativa redução de náuseas e vômitos no pós operatório que são um temor para o paciente, maior até que a dor pós operatória. Ele entende que há muitos recursos para tratar a dor, tomando um analgésico. Já para conter náuseas e vômitos não acontece o mesmo. Nem sempre conseguimos tratar com eficiência esses sintomas. Além disso, ocorre um risco complicações cirúrgicas com sangramentos e edemas, podendo atrasar a alta, ocupando mais leitos hospitalares, o que implica num aumento dos Bahianest: Diante das abordagens dos benefícios, quais os maiores entraves na escolha desta técnica anestésica? Dr. José Eduardo Oroz: Na medida em que entendemos como funciona a técnica, existe a possibilidade de explorarmos ainda mais esses recursos, e tirar proveito em benefício dos nossos pacientes. A técnica ainda precisa ser mais explorada entre os anestesiologistas. Quando um colega faz uma anestesia balanceada, mantida com anestésico inalatório, na prática é mais simples começar a anestesia, basta ligar o vaporizador do agente inalatório. Quando se faz uma anestesia venosa total, demanda a montagem de uma, duas bombas. É preciso conectá-las na linha de infusão do paciente, programá-las. Se o colega entende o que a bomba está fazendo e como a droga age, de que maneira e em que tempo, isso fica muito fácil. Porém se não compreende isso, ele não conseguirá explorar essas vantagens que a anestesia venosa total possibilita. SALVADOR BAHIA | AGOSTO 2015 DIRETORIA FEBRACAN Anestesiologistas baianos compõem nova diretoria da Febracan Dr. Hugo Eckener Dantas, atual 1º Tesoureiro da COOPANEST-BA, é o novo presidente da Federação Brasileira das Cooperativas de Anestesiologia (Febracan), que antes ocupava o cargo de 1º Diretor Secretário. Outro anestesiologista baiano eleito para a diretoria é Dr. José Admirço Lima Filho, presidente da SAEB, escolhido como Tesoureiro da instituição. A eleição aconteceu em novembro do ano passado, durante a assembleia realizada no 61º Congresso Brasileiro de Anestesiologia, em Recife (PE). A trajetória associativa de Dr. Hugo Eckener Dantas co- meçou bem cedo, assim que finalizou a residência médica. Associou-se à Sociedade de Anestesiologia do Estado da Bahia enquanto residente e, assim que terminou a especialização, passou a fazer parte da diretoria da SAEB como membro do Conselho Fiscal, depois secretário e, em seguida, tesoureiro. Passou a fazer parte da diretoria da COOPANEST-BA até que, em 2014, foi escolhido para ocupar o cargo de secretário geral da Febracan, até ser eleito presidente da instituição para a gestão 2015/2018. Dr. Hugo Eckener Dantas Conheca a atual diretoria da Febracan: Presidente - Hugo Eckener Dantas de Pereira Cardoso Vice- Presidente - Wagner Ricardo Soares de Sá Primeiro Diretor Secretário Valdir Cavalcanti Rizzuto Segundo Diretor Secretário Giorgio Pretto Diretor Tesoureiro - José Admirço Lima Filho CONVÊNIOS COOPANEST Convênios ativos com a COOPANEST-BA AGEMED ALLIANZ AMIL/MEDIAL APUB ASFEB ASSEFAZ BANCO CENTRAL BOA SAÚDE BRADESCO CAIXA CAMED CAPESAÚDE CASSEB CASSI CODEVASF CONAB EMBRAPA FACHESF FIOSAÚDE FUSEX G BARBOSA GEAP GOLDEN CROSS HAPVIDA INB INFRAERO MEDISERVICE MINERAÇÃO CARAÍBA MULTISAÚDE NORDESTE NOTREDAME OMINT PASA PETROBRÁS AMS PETROBRÁS DIST. PLAMED PLAN ASSISTE PLANSERV PORTO SEGURO POSTAL SAÚDE PROASA PROMÉDICA SUL AMERICA UNAFISCO UNIMED FEIRA DE SANTANA UNIMED ILHÉUS UNIMED ITABUNA UNIMED JEQUIÉ UNIMED NACIONAL UNIMED NORTE/NORDESTE UNIMED SEGUROS UNIMED SUDOESTE UNIMED VTRP VALE 17 ARTIGO JURÍDICO Responsabilidade civil em anestesiologia Devido à relevância, o tema Responsabilidade Civil está sempre presente nas discussões do cotidiano, uma vez que é um assunto diretamente ligado às necessidades e questionamentos sociais. A matéria foi um dos ramos do Direito Civil que mais se desenvolveu nos últimos anos. A ideia do instituto é de que todos devem reparar o prejuízo causado a outrem em virtude de uma ação ou omissão, visando restaurar o dano causado que tenha levado a diminuição do bem jurídico da vitima. Este dano pode ser material, que é aquele causado diretamente a vitima ou ao seu patrimônio, bem como o dano imaterial, causado a personalidade, a honra, imagem, liberdade, etc. A prática médica passou a ser mais analisada, ensejando, consequentemente o aumento das ações judiciais que visam à reparação moral e material decorrentes de negligência (descuido), imprudência (falta de cautela) ou imperícia (falta de pratica ou conhecimento). As expectativas do doente se ampliaram: O uso dos serviços médico se confunde com o direito à cura; se esta não ocorre, logo suspeita de um erro médico. É notório que as pessoas, cada vez mais, mostram-se menos inertes e tolerantes nas suas relações, de modo que, o acesso à justiça 18 passou a ser vista como uma solução a reparar o dano sofrido, com o consequente ressarcimento através de indenizações. Os profissionais da área de saúde, principalmente o médico, na maioria das vezes, são taxados como bem recompensados financeiramente, tornando-se foco de litígios judiciais, antes mesmo de qualquer aferição de culpa. O estudo sobre a responsabilidade médica passou a ter maior destaque nos debates cotidianos. A proporção de processos por erro profissional envolvendo médicos praticamente dobrou entre os anos de 2000 e 2012. Em igual período, os processos administrativos nos Conselhos Regionais de Medicina tiveram um aumento maior do que 30%. A anestesiologia é responsável por cerca de 5% das ações judiciais ingressadas no nosso país. Até a primeira década dos anos 50, os cirurgiões eram também responsáveis pelo procedimento anestésico. Em seguida, com o desenvolvimento da especialidade como autônoma, os anestesistas ganharam posição de destaque, tornando-se essenciais a realização do ato cirúrgico. A responsabilidade civil do médico anestesista é analisada através da aferição da culpa. Não decorre do mero insucesso ou insatisfação com o tratamento. Somente após comprovação de que a ação ou omissão culposa (negligencia, imprudência, ou imperícia) resultou em um dano ao paciente, é que será possível a imputação de condenação civil indenizatória. O médico somente poderá ser responsabilizado quando agir de modo imprudente, negligente ou imperito, haja vista que o exercício da medicina não é exata. De acordo com o artigo 14, §4o do Código de Defesa do Consumidor, a responsabilidade do médico anestesista decorre de uma obrigação de meio. O anestesista tem o dever de empregar todos os meios cabíveis e necessários ao objetivo espe- SALVADOR BAHIA | AGOSTO 2015 rado (ato anestésico), porém não garante o resultado. O dever de cuidado não será infringido quando o evento danoso para a saúde do paciente não pode ser previsto pelo profissional. O médico anestesista deve cumprir as diligências profissionais com o zelo necessário. É na chamada avaliação pré-anestésica que o médico tem conhecimento das informações psicológicas e fisiológicas do paciente, necessárias para adoção do melhor método a ser utilizado para realização do procedimento cirúrgico. É imprescindível que o paciente seja esclarecido sobre os riscos e diagnósticos de seu tratamento, inclusive com a formulação do termo de consentimento informado. O paciente ou seu representante também devem participar e decidir sobre as condutas a serem seguidas na terapêutica. No momento do procedimento cirúrgico, dentro da sala operatória, o anestesista deve preparar o paciente para o recebimento do ato cirúrgico, devendo acompanhar a monitorização completa do mesmo, evitando as possíveis complicações e aguardar o término da cirurgia para auxiliar o paciente no reestabelecimento da sua consciência. É vedado ao anestesista a realização concomitante de procedimentos anestésicos em pacientes diferentes. Os profissionais de saúde envolvidos no ato cirúrgico podem responder concorrentemente pelos atos ali praticados. Porém, nos períodos pré e pós-operatórios, a responsabilidade do anestesista se mostra autônoma e individual. É importante que o médico se estruture para o exercício profissional, valendo-se de todos os meios adequados, com um cuidado objetivo. O prontuário médico corretamente preenchido é, e efetivamente tem sido, a principal peça de defesa do médico nos casos de denúncias por mal atendimento com indícios de imperícia, imprudência ou negligência, ou seja, na presunção da existência de erro médico. Este é o primeiro documento a Justiça e o próprio Conselho solicitam aos hospitais/médicos denunciados para apreciação dos fatos da denúncia. Diante do expressivo aumento das demandas judiciais acerca do tema revela-se importante uma relação mais próxima entre médicos e pacientes. Esta é uma relação de fidúcia, devendo apresentar total respeito e transparência mútua. ‘ A responsabilidade civil do médico anestesista é analisada através da aferição da culpa. Ana Barbara Martins Costa – Bacharel em Direito pela Universidade Católica do Salvador – UCSAL. Pós – Graduanda em Direito Médico – Universidade Católica do Salvador – UCSAL. Advogada inscrita na OAB\BA sob nº 41.846 Fábio Follador Coelho – Bacharel em Direito pela Universidade Católica do Salvador – UCSAL. Advogado inscrito na OAB\BA sob nº 36.340 19