UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO DEPARTAMENTO DE LETRAS, ARTES E COMUNICAÇÃO Comunicação não-verbal A influência da indumentária e da gesticulação na credibilidade do comunicador DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO MARIA DE FÁTIMA MOURA RIBEIRO VILA REAL, 2011 UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO DEPARTAMENTO DE LETRAS, ARTES E COMUNICAÇÃO Comunicação não-verbal A influência da indumentária e da gesticulação na credibilidade do comunicador Orientador: Professor Doutor Galvão dos Santos Meirinhos DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO MARIA DE FÁTIMA MOURA RIBEIRO VILA REAL, 2011 “A verdadeira aprendizagem acontece quando temos a certeza que ela será útil. E que nos tornará mais capacitados para actuarmos numa sociedade que exige prontidão, habilidades e competência” Ana Fraga - Ivaiporã iii À minha mãe e irmãos iv AGRADECIMENTOS No término deste trabalho de investigação não poderia deixar de manifestar o meu sincero e profundo agradecimento a todos aqueles que com o seu apoio, conhecimento, colaboração, críticas e sugestões contribuíram para a realização do presente estudo. Assim, gostaria de agradecer, A todos os alunos que voluntariamente participaram neste estudo; dispondo do seu precioso tempo para responder aos instrumentos de recolha de dados apresentados, sem eles não seria possível a realização desta investigação; À minha mãe e irmãos, que sempre acreditaram na minha dedicação, pela força, apoio e carinho transmitidos; Ao Prof. Doutor Galvão dos Santos Meirinhos que orientou este projecto, pela competência, seriedade e firmeza com que contribuiu para a realização deste trabalho de investigação. Às colegas de trabalho, Célia, Catilina e Isabel, pela compreensão, incentivo e apoio demonstrados ao longo desta etapa da minha vida; A todos os colegas de mestrado; Ao docente Carlos Cardoso pela fantástica representação dos tratamentos experimentais, pela simpatia e disponibilidade; Aos docentes Mário Sérgio e Daniela Fonseca pela simpatia, apoio e disponibilidade na recolha de dados; A todos os meus amigos, em especial à Celeste, Marisa, Ricardo e Nuno que me ajudaram e me apoiaram ao longo desta etapa da minha vida; Ao meu namorado Fábio, pelo carinho, compreensão, amor, estímulo e companheirismo em todas as horas. A todos o meu sincero agradecimento! v RESUMO O objecto de estudo deste trabalho de investigação é a comunicação nãoverbal. O principal objectivo foi verificar se a credibilidade do comunicador junto do receptor é influenciada pela indumentária e gesticulação. Este estudo científico implica a relação interdependente entre o acervo bibliográfico e o desenho experimental do tipo factorial 2x2 de grupos independentes, onde submetemos quatro grupos independentes a quatro tratamentos distintos, por forma a verificar em que medida as variáveis independentes influenciavam a dependente (credibilidade). A amostra do estudo é uma amostra não probabilística por conveniência e é constituída por 40 alunos universitários seleccionados aleatoriamente dos ciclos de estudos em Ciências da Comunicação. O instrumento de recolha de dados é constituído por perguntas fechadas com escalas do tipo diferencial semântico. Como instrumentos estatísticos de análise, utilizámos medidas de tendência central, cujos resultados indicam que: a gestualidade lenta acompanhada de uma indumentária informal gera um efeito neutro na credibilidade do comunicador; a gesticulação brusca conjugada com uma indumentária informal proporciona um efeito negativo; por sua vez, a gestualidade lenta acompanhada de uma indumentária formal tem um efeito positivo em termos de credibilidade, e por último, a gesticulação brusca conjugada com uma indumentária formal gera um efeito neutro. Palavras-chave: Comunicação não-verbal; Indumentária; Gesticulação; Credibilidade do comunicador. vi ABSTRACT The object of this research study is the non-verbal communication. The main objective was to verify the credibility of the communicator with the receptor is influenced by the costumes and gestures. This scientific study involves the interdependent relationship between the bibliographic and experimental design of the type 2x2 factorial independent groups, where four independent groups to submit four different treatments in order to ascertain to what extent the independent variables influenced the dependent (credibility). The study’s sample is a non-probability convenience sample and consists of 40 randomly selected college students of the courses in Communication Sciences. The data collection instrument consists of questions with closed-type semantic differential scales. As statistical tools of analysis, we used measures of central tendency, the results indicate that: a gesture accompanied by a slow casual attire creates a neutral effect on the credibility of the communicator, the sudden gestures coupled with an informal dress gives a negative effect; turn the slow gestures accompanied by a formal dress has a positive effect in terms of credibility, and finally, combined with a sudden gesture formal attire generates a neutral effect. Keywords: Non-verbal communication, Clothes, Gestures, credibility of the communicator vii ÍNDICE GERAL AGRADECIMENTOS………………………………………………………………………………………………………V RESUMO………………………………………………………………………………………………………………..……VI ABSTRACT………………………………………………………………………………………………………………….VII ÍNDICE GERAL……………………………………………………………………………………………………………VIII ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES………………………………………………………………………………………………X ÍNDICE DE TABELAS………………………………………………………………………………………………………X ÍNDICE DE GRÁFICOS………………………………………………………………………………………………….XII ÍNDICE DE ABREVÍATURAS………………………………………………………………………………………….XII 1. INTRODUÇÃO……………………………………………………………………………………………………………1 2. REVISÃO DA LITERATURA………………………………………………………………………………………...4 2.1. COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL………………………………………………………………………..4 2.2. COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL…………………………………………………………………………..5 2.2.1. Noções Conceituais, Características e Tipologias da Comunicação Nãoverbal……………………………………………………………………………………………………………………5 2.2.2. Comunicação Não-verbal: a Descoberta de um Novo Mundo……………………….9 2.2.2.1. O Tacto…………………………………………………………………………………………………10 2.2.2.2. O Olfacto………………………………………………………………………………………………12 2.2.2.3. Cronémica…………………………………………………………………………………………….12 2.2.2.4. Proxémica…………………………………………………………………………………………….14 2.2.2.5. Paralinguagem……………………………………………………………………………………..17 2.3. CINÉSICA…………………………………………………………………………………………………………19 2.3.1. Maneiras……………………………………………………………………………………………………21 2.3.2. Posturas…………………………………………………………………………………………………….21 2.3.3. Gestos……………………………………………………………………………………………………….24 2.3.3.1. A Função dos Gestos…………………………………………………………………………….27 2.3.3.2. A Expressividade dos Gestos Corporais…………………………………………….….30 2.3.3.3. Tipologias dos Gestos…………………………………………………………………………..36 viii 2.3.3.4. Gesticulação lenta vs Gesticulação brusca……………………………………………40 2.4. INDUMENTÁRIA………………………………………………………………………………………………42 2.4.1. A Comunicação através das Roupas…………………………………………………………..42 2.4.2. Indumentária e Status...................................................................................44 2.4.3. Indumentária e Identidade………………………………………………………………….…….45 2.4.3.1. Aparecer é Ser – O Corpo e a Roupa como a Imagem de si……….………….45 2.4.3.2. A Camuflagem de “um ser” para um “querer parecer”……………..………….46 2.4.4. Da Cabeça aos Pés …………………………………………………………………………………….48 2.4.5. Cor ……………………………………………………………………………………………………………50 2.4.6. Indumentária Formal e Informal …………………………………………………….…………51 2.4.6.1. Indumentária Formal …………………………………………………………………………..53 2.4.6.2. Indumentária Informal ……………………………………………….……………………....57 2.5.CREDIBILIDADE DO COMUNICADOR ……………………………………………………………….60 2.5.1. A Construção da Credibilidade ……………………………………………………………..…..66 2.5.5.1. O Processo de Credibilização – Leis Fundamentais……………………………….71 2.5.2. Factores Não-verbais de Credibilidade …………………………………………………..…72 3. METODOLOGIA ………………………………………………………………………………………..………….76 3.1.Desenho da Investigação ………………………………………………………………..…………….77 3.2. Problema de Conhecimento ……………………………………………………………..…………77 3.3. Hipóteses de Trabalho …………………………………………………………………………………78 3.4. Desenho Experimental……………………………………………….…………………………………81 3.5. Sujeitos do Estudo ………………………………………………………..……………………………..84 3.6. Instrumento de Recolha de Dados ………………………………..…………………………….86 4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS………………………..………….……………….91 4.1. Perfil dos Grupos Independentes………………………………….………………………………92 4.2. Grupos Independentes…………………………………………………………………………………93 4.3. Variáveis Independentes………………………………………………………….…………………108 4.3.1. Indumentária……………………………………………………………………..…………………108 4.3.2. Gesticulação…………………………………………………………………………….……………110 4.3.3. Imagem da Indumentária………………………………………………………………………112 ix 4.3.4. Imagem da Gesticulação …………………………………………………….…………………114 4.4. Efeitos Colectivos……………………………………………………………………….……………...116 4.5. DISCUSSÃO……………………………………………………………………………..………………….117 5. CONCLUSÕES……………………………………………………………………………….………………………121 5.1. Limites e Desafios para Investigações Futuras………………….…………………………123 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………….……………………………………125 7. ANEXOS……………………………………………………………………………………………..…………………135 ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES Ilustração 1 - A importância das mensagens não-verbais……………………………………….……7 Ilustração 2 - Classificação das distâncias…………………………………………………………………..16 Ilustração 3 - Linguagem não-verbal e a expressividade dos gestos corporais……………23 Ilustração 4 - Grau de formalidade no vestuário masculino……………………..………………..54 Ilustração 5 - O nível 1 e o nível 2 na comunicação……………………………………………………66 Ilustração 6 - Desenho da investigação………………………………………………………………………77 Ilustração 7 - Variáveis dependentes e independentes da investigação………………..……80 Ilustração 8 - Apreciação de valores por grupo e por par de adjectivos opostos………..90 ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1 - O modo como a pontualidade é encarada em diferentes países……………….14 Tabela 2 - Algumas manifestações do silêncio……………………………………………………………18 Tabela 3 - Estudos realizados no âmbito dos gestos.………………………………………………….24 Tabela 4 - Tipologias de de Ekman e Friesen e McNeil……………………………………….………36 Tabela 5 - Duração do movimento lento e do movimento brusco…………………………..….41 Tabela 6 - Significado de algumas peças do vestuário……………………………………….……….48 Tabela 7 - Cores e formas que projectam uma imagem de formalidade……….……………57 Tabela 8 - Definição dos conceitos “credível” e “credibilidade”…………………………………61 x Tabela 9 - Indícios de credibilidade…………………………………………………………..………………..73 Tabela 10 - Desenho factorial 2x2………………………………………………………………………………84 Tabela 11 - Tratamentos experimentais…………………………………………………..………………..85 Tabela 12 - Intervalos definidores dos efeitos………………………………………………..………….88 Tabela 13 - Intervalos definidores dos efeitos colectivos…………………………….……………..89 Tabela 14 - Perfil da amostra em estudo……………………………………………………….……………92 Tabela 15 - Atitudes dos sujeitos no Grupo 1……………………………………………………………..94 Tabela 16 - Pares de adjectivos mais apreciados nas atitudes no Grupo 1………………….95 Tabela 17 - Atitudes dos sujeitos no Grupo 2…………………………………….………………..……. 97 Tabela 18 - Pares de adjectivos mais apreciados nas atitudes no Grupo 2………………....99 Tabela 19 - Atitudes dos sujeitos no Grupo 3………………………………………………………...…101 Tabela 20 - Pares de adjectivos mais apreciados nas atitudes no Grupo 3………………..102 Tabela 21 - Atitudes dos sujeitos n Grupo 4…………………………………………………….....……104 Tabela 22 - Pares de adjectivos mais apreciados nas atitudes no Grupo 4…………..……105 Tabela 23 - Credibilidade transmitida pela indumentária e pela gesticulação nos quatro grupos……………………………………………………………………………………………………………………….107 Tabela 24 - Atitudes 4dos sujeitos em relação à indumentária………………………….…….109 Tabela 25 - Atitudes dos sujeitos em relação à gesticulação…………………………..………..111 Tabela 26 - Atitudes dos sujeitos relativamente à Imagem transmitida pela indumentária……………………………………………………………………………………………………………113 Tabela 27 - Atitudes dos sujeitos relativamente à Imagem transmitida pela gesticulação……………………………………………………………………………………………………..………114 Tabela 28 - Intervalos definidores dos efeitos por grupo experimental......................116 Tabela 29 - Efeitos por grupo experimental………………………………………………………..……116 xi ÍNDICE DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Atitudes no Grupo 1……………………………………………………………………..………..…96 Gráfico 2 - Atitudes no Grupo 2………………………………………………………………………………....99 Gráfico 2 - Atitudes no Grupo 2……………………………………………………………………………..…102 Gráfico 4 - Atitudes no Grupo 4 …………………………………………………………………………..…..106 Gráfico 5 - Credibilidade transmitida pela indumentária………………………………….………107 Gráfico 6 - Credibilidade transmitida pela gesticulação…………………………………….…..…107 ÍNDICE DE ABREVIATURAS VD – Variável Dependente t – Tratamento Experimental II – Indumentária Informal IF – Indumentária Formal GL – Gesticulação Lenta GB – Gesticulação Brusca xii A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador 1. INTRODUÇÃO A comunicação humana é tanto um fenómeno como uma função social. Enquanto fenómeno envolve a linguagem verbal e/ou não-verbal. A comunicação nãoverbal apresenta-se de forma silenciosa com a postura corporal, gestos, expressões faciais, olhar, voz, entre outras. Resultados de diversos estudos têm demonstrado que as relações interpessoais são mais influenciadas por canais de comunicação nãoverbais do que verbais (Mesquita 1997: 1). Este aspecto é indicativo de que, de facto, o discurso não-verbal assume muita relevância nos processos de comunicação humana. Inclusivamente, comunicamo-nos através da cor, dos nossos sorrisos, forçados ou espontâneos, entre outros movimentos do nosso corpo. Estas configurações constituem-se como uma forma de comunicar silenciosa que nos permitirão transmitir inúmeras informações acerca de uma pessoa e da sua hipotética situação económica, cultural, preferências, ideologias, atitudes1 e estilos de vida. De entre todos os instrumentos de comunicação não-verbal, este trabalho de investigação tem como objectivo estudar apenas dois: a indumentária e a gesticulação. Segundo Knapp e Hall, a indumentária é qualquer coisa que se traja e que pode ser literalmente lida (Knapp e Hall citados por Lemos 2006: 4). Na nossa perspectiva convém não confundir a indumentária com o vestuário, apesar de ambos os conceitos se interrelacionarem, não possuem o mesmo significado, dado que a indumentária é um conceito mais abrangente que incorpora o próprio vestuário. Roland Barthes (2005) na sua obra “Sistema da moda” estabelece esse paralelismo entre indumentária e traje. Compara a indumentária a uma realidade institucional e social que é independente do indivíduo mas que, por sua vez, interage e influencia a realidade, de onde ele extrai o que veste no dia-a-dia. Deste modo, o acto de vestir do indivíduo actualiza a instituição indumentária. Como refere Barthes, “ (…) 1 Uma atitude é uma disposição mental e nervosa, organizada pela experiência e que exerce uma influência directriz sobre a conduta do indivíduo relativamente a todas as situações com as quais ele está em ligação (Alport in Dicionário de Sociologia 1982, 109). 1 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador a relação entre traje e indumentária é uma relação semântica: a significação do vestuário cresce à medida que se passa do traje à indumentária; o traje é debilmente significativo, exprime mais do que notifica; a indumentária, ao contrário, é fortemente significante, constitui uma relação intelectual, notificadora, entre o usuário e seu grupo” (Barthes citado por Aquino 2009: 6). Assim, a indumentária é um meio de comunicação não-verbal que comunica o indivíduo à sociedade e que traduz a maneira de viver, no plano social e individual. A gesticulação tem atraído a atenção de inúmeros estudiosos ao longo dos séculos. A maioria dos estudos realizados incide na expressividade e na classificação dos gestos. Outros investigadores foram mais longe, como é o caso de McNeil que demonstrou que o gesto pode exercer um papel fulcral: no planeamento conceitual da mensagem; nas actividades cognitivas como raciocínio e na resolução de problemas (McNeil citado por Pereira 2010: 3). O estudo dos gestos ao longo dos tempos evidenciou um significativo corpo de pesquisa e insinuou que os gestos, nomeadamente os das mãos, reflectem a aprendizagem, podendo ser tidos em conta no processo de ensino (Goldin-Meadow; Alibali; Church citados por Pereira 2010: 3). Para além de exercer um papel significativo na estruturação do discurso oral, a gestualidade também actua como um elemento constituinte da interacção, podendo designar de modo simbólico a posição de cada um no sistema social – prestígio, status, ordem, privilégio, consideração, entre outros. A gesticulação é um sistema de símbolos que permite identificar a condição, o papel e o valor de cada indivíduo (Fávero et al., p.2). Assim sendo, tanto a indumentária como a gesticulação determinam, em grande medida, o grau de aprovação e aceitação do comunicador por parte do interlocutor, actuando, assim, como dois componentes essenciais para a conquista e reconhecimento da tão ambicionada credibilidade. Na visão de Adler e Rodman, a credibilidade diz respeito à plausibilidade do comunicador. Não se trata de uma qualidade objectiva, mas pelo contrário, ela é uma percepção nas mentes dos receptores (Adler e Rodman 2000: 322). Assim, para que o comunicador possa persuadir e ser aceite ele tem que desenvolver e construir um alto nível de credibilidade junto dos seus interlocutores; isso pode ser feito através da postura geral 2 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador que o comunicador demonstra e transmite para o seu interlocutor. A audiência formula julgamentos acerca da credibilidade de um orador com base em crenças cognitivas (poder, prestígio) e afectivas (confiança, atractividade) (Franco 1999: 193). Este trabalho de investigação tem como principal objectivo verificar se a indumentária e a gesticulação influenciam a credibilidade do comunicador. A estrutura divide-se em cinco partes: introdução, onde fazemos um enquadramento das duas variáveis em estudo - indumentária e a gesticulação – em relação à sua expressividade e relevância para a conquista da credibilidade por parte do comunicador. Na segunda parte, fazemos uma revisão da literatura que aborda os principais aspectos da indumentária, da gesticulação e da credibilidade, o que nos permite obter uma clara compreensão de todas as variáveis presentes no estudo, oferecendo ainda a contextualização da indumentária e da gesticulação no campo da comunicação nãoverbal. No domínio da gestualidade, analisamos a expressividade, função dos gestos e estudos realizados nesta área específica tendo em conta as suas propriedades e taxonomias. Por outro lado, no que respeita à indumentária verificamos a comunicabilidade da roupa, a simbologia de algumas peças do vestuário e a importância da cor na indumentária, fazendo também uma clara distinção entre indumentária formal e informal, tanto para a realidade masculina como feminina. Na metodologia que preside este trabalho de investigação, apresentamos o problema do conhecimento, as hipotéticas hipóteses e o desenho de investigação que nos permitirá depurar os ditos enunciados. Assim, a natureza do presente trabalho, quanto à centração do objecto de estudo, é do tipo experimental por provocação2; quanto ao quadro de referência é do tipo estrutural3; quanto à obtenção do tratamento de dados é do tipo quantitativo4 e quanto à generalização é do tipo nomotético5, e ainda no quadro metodológico, apresentamos e caracterizamos os 2 Estudo experimental por provocação: modificação intencional de uma variável independente por outra do mesmo tipo (Pardal e Correia 1995: 17). 3 Estrutural na medida em que enfatiza, na explicação de um fenómeno social, o carácter sistemático e global do mesmo (Pardal e Correia 1995: 17). 4 O método quantitativo privilegia o recurso a instrumentos e a análise estatística (Pardal e Correia 1995, 17). 5 O método nomotético estuda aspectos gerais e regulares do fenómeno. Preocupações generalizadoras (Pardal e Correia 1995: 17). 3 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador grupos independentes6, o instrumento de recolha de dados e as ferramentas estatísticas usadas para analisar os dados obtidos e responder às hipóteses de investigação. Na última parte procedemos à apresentação e discussão dos resultados, terminando com a enunciação das conclusões, os desafios futuros e as limitações do estudo. 2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1.Comunicação Interpessoal Como sabemos, ninguém comunica sozinho. Para que a comunicação humana ocorra são necessárias duas condições principais, a primeira é a presença de dois sistemas: um emissor e um receptor e a segunda passa pela transmissão de mensagens. A comunicação interpessoal rege-se pela criação de relações sociais entre duas ou mais pessoas que participam num mesmo processo de interacção. Tal como referem Fisher e Adams, “a comunicação interpessoal é conceptualizada como uma dança entre parceiros relacionais” (Fisher e Adams citados por Farinha 2010: 4). A interacção é assim essencial para que o processo de comunicação se realize, pois é através dela que uma pessoa se interliga com outra e se comporta de acordo com as suas necessidades recíprocas. Como refere Mesquita, a interacção “é a influência que os indivíduos exercem uns sobre os outros. É uma realidade social que pode ser evidenciada quando um indivíduo age sobre um segundo e este segundo age sobre o primeiro, de forma perceptível” (Mesquita 1997: 156). Na comunicação interpessoal a simples presença de uma pessoa na situação pode ter um impacto directo na natureza da interacção, uma vez que falar com uma pessoa é um processo dinâmico, provoca e estimula a reacção da outra, reacção esta que, por sua vez, influencia também as nossas reacções subsequentes. Assim, o 6 Grupo experimental ou independente é um conjunto de sujeitos submetidos a um dado e único tratamento (combinação de condições experimentais) (Meirinhos p.5). 4 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador processo de comunicação interpessoal, através do qual se transmitem ideias e sentimentos, de pessoa para pessoa, tornando possível a interacção social, é sem dúvida fulcral para o homem enquanto ser social e cultural. A comunicação não se baseia apenas nas palavras ditas entre as pessoas. Todo e qualquer comportamento também transmite uma mensagem. Para que a comunicação ocorra com sucesso é necessário ter em conta a relação interpessoal como um todo, considerando as palavras e toda a linguagem não-verbal que o nosso corpo comunica. “A comunicação eficiente é assim. Palavra, tom de voz, gestos, contexto, tudo está interligado na mensagem que é transmitida. Processo e conteúdo, como música e dança, estão sintonizados na mesma vibração” (Ribeiro 1998: 17). 2.2. Comunicação Não-verbal “Existe un linguaje que vá más allá de las palavras” Paulo Coelho 2.2.1. Noções Conceituais, Características e Tipologia da Comunicação Não-verbal Muito antes de aprenderem a comunicar com as palavras, os nossos ancestrais recorriam à linguagem corporal como forma de expressão. Os seres humanos primitivos comunicavam através dos seus corpos, gestos e sons, meios que dispunham para um entendimento mútuo, portanto a comunicação ocorria através de canais não-verbais. Antes disso, a linguagem corporal e os sons produzidos pela garganta eram as principais formas de transmissão de emoções e sentimentos humanos – e continuam sendo até hoje, embora a excessiva atenção dada às palavras faça com que sejamos profundamente desinformados a respeito da linguagem do corpo e da importância que ela tem em nossas vidas (Allan e Pease 2004: 16 e 17). 5 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Henry H.Calero, na sua obra “The Power of Non verbal Communication” também faz referência à extrema importância atribuída à comunicação verbal, em detrimento da comunicação não-verbal referindo que “we are excessively sensitized to words and have very few terms for characterizing nonverbal behavior” (Calero 2005: 3). Tal como as nuvens que cobrem o sol, também a comunicação verbal faz o mesmo à linguagem do corpo. Tal é o facto que a preocupação científica pela comunicação não-verbal é ainda muito recente. Apenas em 1950 é que se começou a aprofundar verdadeiramente este campo. No entanto, existem alguns autores e obras anteriores a esta data que estabelecem conexões entre a cultura e a comunicação não-verbal (Darwin, 1872; Efron, 1941) ou entre a personalidade e as formas do corpo (Kretschmer, 1925; Sheldon, 1940). Entre 1950 e 1960 surgem as primeiras tipologias: Birdwhishtell (1952) introduziu a cinésica, área que estuda os movimentos corporais e os gestos, Hall (1952) baptizou como “proxémica” a investigação sobre o uso do espaço. Só a partir de 1960 é que o interesse pela comunicação não-verbal aumenta de forma considerável. Hess (1975), Argyle e Cook (1976) dão início a um novo campo de estudo: o comportamento e a comunicação do olhar; Roach e Eicher (1969) investigam a comunicação não-verbal do vestuário e dos artefactos; Montagu (1971) aborda o estudo da conduta táctil; Hall (1972) e Weiner (1966, 1967) analisam o valor comunicativo dos odores; Ekman e Friesen (1969) aprofundam o estudo acerca das origens e natureza da comunicação não-verbal; por sua vez Mehrabian (1971) investiga como os indivíduos interpretam os sinais não-verbais da comunicação. De considerar ainda que, se tivermos presentes os estudos de Mehrabian e Birdwhistell – que defendem que numa comunicação normal entre duas pessoas apenas 7% da mensagem é verbal (apenas palavras), enquanto os restantes 93% é nãoverbal (Ver figura 1) – podemos constatar que, de facto, se tem deixado um pouco de lado os estudos de uma linguagem também amplamente significativa. Verifica-se 6 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador assim, que a comunicação não-verbal é fortemente responsável pela eficácia de um determinado acto comunicativo. 7% Comunicação Não-verbal 38% Linguagem Corporal 55% Vocal Verbal Ilustração1: A importância das mensagens não-verbais na percepção de Mehrabian (Monteiro et al. 2008: 59) © Produção Gráfica Pessoal Entende-se por comunicação não-verbal toda a comunicação que é realizada com a ausência das palavras, nomeadamente através de sinais que produzimos, de gestos que fazemos, de imagens que criamos, etc.. Segundo Calero, “our senses of touch, taste, seeing, hearing, smells, signs, symbols, colors, facial expression, gestures, and intuition are the primary sources of the nonverbal messages we receive” (Calero 2005:1). Na visão de Lusting e Koester “a comunicação não-verbal é um processo de multi-canais que é, usualmente, realizado espontaneamente. Envolve um conjunto sutil de comportamentos não linguísticos que são representados subconscientemente” (Lusting e Koester citado por Ribeiro e Guimarães 2009: 6). Sendo inconsciente e espontânea a comunicação não-verbal pode assim estar presente em todos os momentos das relações pessoais, até a decisão de não falar, por exemplo numa conversa, é uma mensagem, e considerada não-verbal. Como explica Gaiarsa “cada modo de estar em silêncio pode significar tanto quanto uma declaração verbal” (Gaiarsa 2002: 1). Por outro lado, para além de ser usada, em grande parte, involuntariamente, ela pode também ser usada de forma propositada e estratégica. Conforme os estudos realizados por Allan e Barbara Pease, por detrás dos sorrisos, 7 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador gestos, expressões faciais é possível identificar a verdadeira intenção de uma pessoa, uma vez que detectamos muitas das vezes incoerência entre a mensagem verbal e não-verbal. Portanto, todo o nosso corpo fala. Ele manifesta e expressa diversas mensagens, não apenas à base de palavras, mas através de expressões faciais (olhos, lábios), gestos com as mãos, postura física, ritmo do corpo (caminhar, correr), transparecendo e comunicando, muitas das vezes informações importantes sobre um determinado indivíduo sem sequer recorrer ao uso das palavras. “A expressão verbal nem sempre possui a clareza das palavras, mas é carregada de significado” (Beirão et al. 2008: 21). De facto, os sinais não-verbais tornam a comunicação verbal mais autêntica, mais rica e significativa. Eles são os principais meios de expressão e comunicação das emoções, actuando como uma bomba de escape para os nossos sentimentos - “Not only do people unconsciously use words to conceal their feelings, they also unknowingly reveal what they feel through their body language - especially during times when they are under stress” (Calero 2005: 4). Allan e Barbara Pease na obra “Linguagem corporal” apresentam alguns exemplos acerca de como a linguagem corporal transmite para o exterior o estado emocional de uma pessoa, e de como um simples gesto pode ser um indicador valioso de uma emoção que se esteja a experimentar no momento. Um homem preocupado com o facto de estar a ganhar peso poderá beliscar uma prega de pele sob o queixo; uma mulher que se apercebeu de ter ganho uns quilinhos nas coxas poderá alisar o vestido ao longo das pernas; a pessoa que se sente receosa ou defensiva poderá cruzar os braços, as pernas, ou ambos (Allan e Pease 2009: 3). A comunicação não-verbal também aumenta o feedback, dado que ela pode ser usada para acentuar, complementar, contradizer, regular ou substituir a comunicação verbal. De acordo com Lusting e Koester “as expressões não-verbais são usadas para acentuar uma mensagem verbal ao destacar uma palavra ou frase em específico, do mesmo modo, como na adição dos itálicos nos discursos escritos” (Lusting e Koester citado por Ribeiro e Guimarães 2009: 4). 8 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Benitez acrescenta que ela também é usada para esclarecer, explicar, reforçar e repetir as mensagens orais, complementando-as, ao confirmar, por exemplo, o conteúdo de enunciado verbal. É o caso de mover a cabeça para a direita e para a esquerda quando queremos expressar negação acompanhando o enunciado “Não, não, não é nada disso” (Benitez 2009: 5). Substituir a comunicação verbal pode também ser uma das funcionalidades da comunicação não-verbal. Isto acontece mediante gestos manuais como, por exemplo, pedir a alguém que se aproxime, que nos traga a conta ou até para indicar o agrado/desagrado perante alguma coisa. “Uma mulher pode lançar a um homem um “olhar à matadora”, que lhe transmitirá uma mensagem muito clara, sem ela ter sequer de abrir a boca” (Allan e Pease 2009: 31). Portanto, a comunicação não-verbal assume, de facto, extrema importância para enriquecer as mensagens orais, complementando-as. Ela é até considerada, segundo alguns especialistas, mais sincera do que as palavras. “Body language is an outlet for your feelings, is more reliable than verbal communication and may even contradict verbal expressions” (Alessandra 2006: 2). 2.2.2. Comunicação Não-verbal: A Descoberta de um Novo Mundo Tal como Shakespeare observou sabiamente “o mundo inteiro é um palco e todos os homens e mulheres são apenas actores (…) um homem representa muitos papéis em sua vida” (Shakespeare citado por Birck e Keske 2008: 10). De igual modo, o corpo exprime-se, faz mil gestos e mil caras e todas elas podem revelar inúmeros e diferentes significados. Assim, no que concerne aos diversos meios de comunicação não-verbal Dick Crable, estudioso dos comportamentos não-verbais, identifica as diversas áreas do comportamento não-verbal como: cinésica, proxémica, háptica, oculésica, objéctica, 9 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador cronémica, vocálica, factores ambientais e aparência física (Crable citado por Fisher e Adams 1994: 166). Por sua vez Knapp classificou a comunicação não-verbal em sete dimensões, nomeadamente: cinésica, paralinguagem, contacto físico e as formas de toque, a proxémica, as características físicas do comunicador (forma e aparência do corpo), os artefactos e adornos e os factores ambientais (disposição dos objectos no espaço) (Knapp citado por Silva et al. 2000: 2). No entanto, apesar de particulares diferenças (nomenclatura, disposição ou segmentação) pode-se afirmar que existe um certo consenso geral entre os investigadores ao considerarem como áreas da comunicação não-verbal as seguintes: cinésica, proxémica, cronémica, características físicas, vestuário e artefactos, paralinguagem e a comunicação dos sentidos da vista, do tacto e do olfacto. Vejamos agora mais detalhadamente cada um destes canais de comunicação não-verbal, dando especial ênfase à cinésica e à indumentária, principais objectos de estudo deste trabalho de investigação. 2.2.2.1. O Tacto (tactésica) Embora não estudado tão exaustivamente como os outros canais de comunicação, o toque é considerado uma das formas de comunicação não-verbal mais poderosas, no entanto deve ser usado com muita cautela. Este sinal, para além de representar a forma mais primitiva de acção social, ele transmite inúmeras mensagens. Dependendo do local ou do país, ele pode incluir acções como apertar as mãos, abraçar, beijar, esfregar narizes, entre outras formas de toque. Quem se toca, quando e onde pode assim veicular inúmeras mensagens sobre o relacionamento. O toque é um sinal de inclusão, pois tal como refere Calero “touching another person conveys many subtle nonverbal messages, love, caring, empathy, sympathy, 10 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador concern, understanding, authority—plus others” (Calero 2005: 10 e 11). De facto, nós usamos o toque para transmitir empatia perante outras pessoas, para demonstrar sentimentos de afecto como amor, carinho e até orientar uma interacção quando, por exemplo, chamamos a atenção a um indivíduo ou acentuamos alguma mensagem verbal. No fundo o toque acaba por criar um laço momentâneo com o nosso interlocutor, diminuindo assim a sua defensividade e fomentando a proximidade entre ambos (Rego 2007: 158). O toque pode ainda ser visto como um sinal de poder e autoridade. Um superior tocar no subordinado pode ser considerado uma deferência, por outro lado, tocar no subordinado e de seguida expô-lo pode transmitir uma falta de respeito para com ele. Henley estudou a relação entre o contacto físico e o status e chegou à conclusão de que “os indivíduos de condição mais elevada efectuam mais contactos físicos do que os de condição inferior à sua” (Bitti e Zani 1997: 140). No entanto, as influências culturais podem determinar fortemente o significado destas mensagens silenciosas. Por um lado, há culturas onde o toque é habitual no quotidiano relacional (ex. espanhóis, italianos, etc.), enquanto que noutras o toque frequente não é regra, podendo até mesmo ser tabú. Por outro lado pequenas acções, como o acto de cumprimentar, também se subordinam a uma lógica cultural. Há países onde os homens não cumprimentam as mulheres em lugares públicos, enquanto noutros o beijo ocorre logo no primeiro encontro, quando se conhecem. [Os brasileiros] como são muito expensivos, dos apertos de mão passam rapidamente para os abraços, que são demonstrações de apreço que têm por si. As mulheres falam com 2 beijinhos se são casadas e com 3 se são solteiras (dizem que o 3º é para dar sorte na busca do marido (…) (Amaral citado por Rego 2007: 159). O toque assume assim uma grande relevância, uma vez que transmite inúmeras mensagens constantemente usadas na nossa sociedade – “it’s important not only to your individual position in the pecking order of status or authority but also to the social acceptability of your actions, in general” (Calero 2005: 22). 11 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador 2.2.2.2. O Olfacto O olfacto é considerado um dos sentidos mais antigos e um dos métodos básicos de comunicação, pois, através do nosso nariz passa continuamente uma infinita série de informações. O odor pode transparecer o estado emocional das pessoas bem como ajudar a localizar alimentos e parceiros. “They seem to influence moods, memory, emotions, the selection of a mate (…) and are also believed to be a major health factor to our physical well-being” (Calero 2005: 29) uma vez que um mau cheiro pode significar falta de higiene ou até implicar uma saúde vulnerável. Na visão de Verônica Mazza o olfacto pode também ser usado para delimitar o território, e como forma defensiva (Mazza 1998: 29). É o caso dos animais onde o sentido de olfacto pode revelar a presença de inimigos bem como delimitar o território de cada um. Por outro lado os odores têm uma capacidade quase lendária de despertar recordações. Flora Davis ainda acrescenta que a frivolidade, o sexo e os perfumes parecem andar de mãos dadas. Apesar do esforço constante da nossa sociedade em eliminar os odores naturais do corpo humana, esse esforço tem sido em vão. O cheiro pode assim, no dia-a-dia, dar um senso da vida. As alterações e transições dos odores não só ajudam a situar alguém no espaço, mas também contribuem para dar encanto à vida diária. 2.2.2.3. Cronémica O tempo é outro dos elementos com os quais as pessoas se comunicam sem palavras. Tal como refere Hall na sua obra, “The silent language”, o tempo fala. Fala mais claramente do que as palavras” (Hall, 1980). Relativamente a este campo da comunicação não-verbal as publicações do autor incidem nos seguintes argumentos: a) povos distintos encaram o tempo de modo diferente; b) estas concepções, e práticas correspondentes, influenciam as relações interpessoais, actuando como uma linguagem táctica nas relações com os outros. Podemos assim constatar, de uma 12 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador forma mais sucinta, que o tempo, enquanto elemento de comunicação, pode ser analisado mediante dois pontos de vista: pontualidade e instrumento de poder. Pontualidade A falta de pontualidade pode comunicar inúmeras mensagens, nomeadamente, desinteresse, maus hábitos, pouco desejo de superação pessoal, descortesia e falta de respeito perante os outros. Já a pontualidade pode ser usada para aferir certas qualidades da pessoa. Por exemplo, se alguém chega sempre cedo ao trabalho manifesta interesse, responsabilidade e companheirismo. No entanto, estas interpretações são determinadas pela cultura, uma vez que a noção de pontualidade é interpretada de modo diferente pelos diferentes países (Ver quadro 1). Um atraso pode ser culturalmente admissível para um encontro social mas não para uma reunião de negócios. É o caso do Reino Unido onde predomina a pontualidade, mas é aceitável o atraso de 10m no que respeita a jantares sociais (Rego 2007: 181 e 182). País África do Sul Alemanha Angola Bélgica Brasil China Espanha EUA França Índia Itália Japão Importância da Pontualidade Cumprir a mais estrita pontualidade é fundamental. É costume dizer-se que em nenhum outro país a pontualidade é tão importante. É desnecessário ter pressa. Convém ser pontual, no entanto prepare-se para esperar. A pontualidade é rigorosa. O cumprimento de horários não é habitual, no entanto espera-se pontualidade nos compromissos de negócios. A pontualidade é extremamente importante. Simboliza o respeito pelo compromisso assumido. Os atrasos de 15 minutos são aceitáveis para os encontros sociais. Para os americanos “Time is money”. A pontualidade é sinal de cortesia e deve ser cumprida essencialmente nos encontros de negócios. Os indianos estimam a pontualidade mas nem sempre a põem em prática. A pontualidade não é rigorosa. A pontualidade é extremamente rigorosa. Um atraso é considerado falta de 13 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador cortesia. México Suécia A pontualidade é apreciada mas pouco praticada. É muito importante ser pontual, tanto em encontros sócias como em reuniões profissionais. Tabela 1: O modo como a pontualidade é encarada em diferentes países Fonte: Rego 1997: 183-185 ©Produção gráfica pessoal O tempo como táctica de poder O tempo também pode ser usado como um meio de comunicar e exercer influência e poder. Neste sentido, Allan e Barbara Pease foram peremptórios: “A pessoa que faz você esperar mais de 20 minutos mostra que ou é muito desorganizada ou está fazendo jogo de poder. Fazer o outro esperar é uma forma eficaz de diminuirlhe o status e aumentar o próprio” (Pease e Pease 2005: 243). A lógica é: quem tem menos poder espera, quem tem mais, faz esperar. Convém no entanto ressaltar que, o descuido ou falta de cumprimento de horários podem proporcionar perda de poder, pelo menos em determinados países, uma vez que actuam como fontes para a perda de reputação e credibilidade. 2.2.2.4. Proxémica Todos os seres vivos ocupam um espaço físico pessoal, uma espécie de bolha individual ou um território particular, cuja dimensão é condicionada pela cultura. “Uma das nossas necessidades mais profundas é o desejo de possuir a nossa própria terra. Esta pulsão provém do facto de que esta nos proporciona a liberdade espacial de que necessitamos” (Allan e Pease 2009: 227). Neste sentido a proxémica, definida pelo seu criador, e antropólogo, Edward Hall, rege-se pelo estudo dos comportamentos não-verbais que fazem referência à organização do espaço, bem como ao seu valor expressivo (Lázaro 2009: 16). Tais espaços comunicam significados compartilhados, frutos da sociabilização entre as pessoas predispondo formas de comportamento adequadas aos objectivos 14 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador pretendidos com a comunicação estabelecida. Neste sentido, o espaço pode comunicar informações precisas acerca de aspectos inerentes ao status, interesses e intenções do interlocutor. El espacio que la persona utiliza para relacionarse com el exterior, tanto con objectos como com personas, informa sobre muchos aspectos inherentes a sue status, intenciones y âmbito cultural al que pertenece. Por tanto, decidirse a entrar en el espacio personal de outro es también una demonstración de interés y un acto de valentia (Edward citado por Bravo 2010: 46) Segundo Monteiro e os seus colaboradores, o espaço transmite informações acerca do status do indivíduo. Para ilustrar esta situação o autor faz referência às pessoas de alto status social e de como estas têm tendência a adoptar uma atitude de frio distanciamento, chegando, por vezes, a evitar o contacto físico, nomeadamente o aperto de mão, e a adoptar uma distância adequada à sua posição social. (Monteiro et al. 2008: 62) Hall (1980) subdividiu as necessidades territoriais do indivíduo em quatro zonas: distância íntima, pessoal, social e pública, as quais crescem à medida que diminui a intimidade (Ver figura 2). A distância íntima constitui-se em um espaço inferior a 45 cm e é caracterizada por contactos íntimos em que a proximidade e o contacto físico estão em primeiro plano. O calor do corpo, o odor e a respiração são perceptíveis, verificase, por exemplo, na relação natural entre os amantes, pais e filhos ou amigos íntimos. “É a distância do ato do amor e da luta, da protecção e do acolhimento” (Gomes citado por Lunardelli e Queiroz 2005: 4). A distância pessoal é de 45 cm até 1,25m e corresponde à zona onde ocorrem os contactos entre pessoas amigas e colegas de trabalho. Aqui existe a separação das pessoas, podendo ocorrer o toque a curta distância, como o aperto de mão ou a troca de olhares e sorrisos. A distância pessoal é de 1,25m até 3,5m e caracteriza-se por ser impessoal, sendo mais comum em contactos de negócios. Nesta zona “a informação sensorial transmitida é mínima, sendo a informação visual mais detalhada que a obtida na distância pública” (Carvalho, p.10). Por último, a distância pública estende-se a partir dos 3,6m e é muito formal. 15 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Esta distância verifica-se, por exemplo, na interacção entre um orador e uma audiência e a “principal forma de comunicação é verbal, acompanhada de comportamentos nãoverbais exagerados” (Carvalho, p.9), como a utilização de muitos gestos. Distância íntima Até 46 cm Distância Pessoal Entre 46cm e 1,22m Distância Pessoal Distância Pública Entre 1,22m e 3,6m Mais de 3,6m Ilustração 2: Classificação das distâncias. Estas distâncias são globalmente aplicáveis a culturas anglosaxónicas e a culturas do norte da Europa, mas não necessariamente às restantes culturas (adaptado de Hall (1980)). Fonte: (Rego 2007: 164) © Produção gráfica pessoal As distâncias que as pessoas adoptam numa relação interpessoal podem também transmitir inúmeras informações acerca da personalidade das mesmas. Por exemplo, as pessoas tímidas tendem a apresentar espaços maiores em comparação com as pessoas extrovertidas. As próprias modificações no decorrer de uma interacção fornecem informações sobre a intenção de iniciar, manter ou interromper um encontro. (…) O movimento na direcção de uma pessoa pode ser sinal indicador do desejo de interagir; o afastar do interlocutor, acompanhando esta “jogada” com outros sinais não-verbais adequados, pode comunicar a intenção de pôr fim ao encontro (Bitti e Zani 1997: 142). Diante do exposto, torna-se importante considerar as normas proxémicas da sociedade em que se vive, uma vez que a forma como o homem utiliza o seu espaço e o dos outros facilita, ou dificulta, as relações interpessoais. 16 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador 2.2.2.5. Paralinguagem Na comunicação não-verbal a paralinguagem é uma disciplina que estuda as características não-verbais da voz como a entoação, a velocidade, o ritmo, as pausas, etc.. Todos estes aspectos vocálicos têm real interesse no processo de comunicação. Segundo Poyatos a paralinguagem é constituída por diversas categorias: a) qualidades primárias (como o timbre e o tom); b) modificadores (que compreendem por sua vez os qualificadores [tipos de voz] e os diferenciadores [riso, choro, suspiro, etc.]) e, por último, os alternantes (aspirações, pausas) (Serra 2001: 136). As características paralinguísticas do tom de voz e do timbre têm, por exemplo, a função de enviar informações acerca do estado emocional do sujeito falante e constituem um código comunicativo que pode estar sujeito a convenções culturais (Bitti e Zani 1997: 160). Por exemplo, a ira costuma ser comunicada através do aumento da intensidade e da altura da voz. Por sua vez, uma pessoa excitada tende a falar rapidamente e com um volume mais forte, enquanto que um indivíduo deprimido fala lentamente e de modo mais apagado. Beirão acrescenta ainda que “uma voz calma, geralmente, transmite mensagens mais claras do que uma voz agitada” (Beirão 2008: 22). A entoação de uma frase assume um papel importante, uma vez que tanto pode acentuar o que se está a dizer ou, pelo contrário, retirar algum significado, podendo até proporcionar uma inversão do sentido quando se trata de uma entoação irónica ou sarcástica. Tal como diz a expressão “Não é tanto o que se diz mas como é dito”. Portanto, através da voz de uma pessoa nós podemos recolher inúmeras informações acerca do seu estado de espírito: se o indivíduo está tenso, relaxado, calmo ou excitado, entre outros. O silêncio e as pausas também podem enviar múltiplas mensagens no processo de interacção com outra pessoa. Sobre as pausas, Cestero Mancera explicanos o seguinte: 17 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador [...] las pausas o ausencia de sonido durante un período de tiempo comprendido entre 0 y 1 segundo, aproximadamente, tienen como función primordial regular el cambio de turno, indicando el final de uno y el posible comienzo de otro, pero pueden funcionar también como presentadoras de distintas clases de actos comunicativos verbales, tales como preguntas, narraciones o peticiones de apoyos, y, además, pueden ser reflexivas o fisiológicas, con las connotaciones que ello conlleva (Mancera 2001: 601 e 602). O silêncio, por si só, pode, tal como as pausas estar associado ao processo de decisão acerca de quem deve começar a falar ou simplesmente indicar o fim de uma fala. Para além de regular as expressões faladas ele pode transmitir ainda muitos outros significados. Como refere Calero “silence can convey confidence, honesty, forthrightness, strength, loyalty and dedication; but it can also convey indecision, lack of interest or ignorance” (Calero 2005: 62). O silêncio em muitas situações pode ser precioso, isto verifica-se, por exemplo, no contexto político onde é usado de modo estratégico, comunicando secretismo e incerteza. “Sometimes what you don’t say is more important that what you do say. Silence at times may turn out to be a wonderful non-response to a question” (Calero 2005: 61). Podemos assim verificar que cada modo de estar em silêncio pode significar tanto como uma mensagem verbal. Vejamos alguns exemplos na seguinte tabela: Alguns significados do silêncio Concordância Preocupação, consideração de uma situação Revelação (nós podemos saber muito das pessoas através daquilo que elas optam por omitir) Cordialidade (une os participantes) Submissão Atrair a atenção Consideração Discordância (“Tratamento de silêncio”) Ignorância Segredo (quando se pretende esconder algo) Frieza (“Separar os participantes”.) Ataque (não responder a uma carta ou a um comentário que nos foi dirigido) Tédio Desconsideração Tabela 2: Alguns significados do silêncio Fonte: Adaptado de Adler e Rodman apud Knapp e Vangelisti (2000: 113) © Produção gráfica pessoal 18 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Ainda segundo Ferro, o próprio suspiro é uma forma de silêncio e também ele comunica: Por la relación que el modo de respirar tiene con el sosiego y la liberación de tensiones, así como en conexión com el sentido de libertad que el silencio posee frente a la palabra, el suspiro resulta liberador (…) *el suspiro+ puede llegar a ser un acto social, un acto comunicativo. No suspiramos delante de cualquiera (…) (Ferro citado por Serra 2001: 137). Deste modo, é de notar que a paralinguagem actua como uma metacomunicação sobre o que é comunicado verbalmente, constituindo assim, de certa forma, um comentário constante acerca de como deve ser interpretado o que as palavras transmitem. 2.3. Cinésica Ray Birdwhistell é conhecido como o pai da cinésica, tendo realizado inúmeros estudos acerca dos indicadores de sexo (nomeadamente no que respeita aos comportamentos, movimentos, gestos, etc. adjudicados a cada género). Estes estudos foram realizados em sete culturas distintas, onde deu também início aos estudos sobre os movimentos corporais partindo da ideia de que existem emoções básicas que são comuns a todos os seres humanos; como a alegria, amor, temor, atracção sexual, etc. Mediante estas considerações rapidamente chegou á conclusão de que não existem gestos universais. “Lo más que sabemos es que existe uma expresión facial, una actitud o una postura corporal que en sí misma no tiene el mismo significado en todas las sociedades” (Davis citado por Birdwhistell 2005: 16). Na mesma linha de pensamento, Manuel Delgado refere que “no existeix mai expressió facial, posat ni actitud corporal que transmiti idêntica significació en totes les societats” (Delgado 2010: 4). 19 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Cada sociedade possui uma codificação e descodificação diferente. Por exemplo, o sorriso varia de cultura para cultura, nos Estados Unidos há inúmeros grupos propensos a sorrir, enquanto que outros não, podendo considerar o sorriso como algo provocador. Tal como o discurso pode ser dividido em sons, palavras, orações, parágrafos, etc. também a cinésica possui unidades idênticas. A menor de todas elas é o “kine”, considerado “o mais pequeno movimento da linguagem do corpo” (Fast 2001: 153). Acima deste existem outros movimentos que são maiores e mais notórios, denominados “kinemas”, que adquirem significado quando são considerados em conjunto (Davis 2005: 17). A cinésica é, provavelmente, de entre todos os sistemas de comunicação nãoverbal o mais representativo e característico. É a disciplina que estuda o significado expressivo dos gestos e dos movimentos corporais que acompanham a fala. Nos estudos de Paul Ekman e Friesen, a cinésica é a ciência ou método que estuda os movimentos do corpo em geral, nomeadamente: os gestos, movimentos corporais das mãos, cabeça, pés e das pernas, expressões faciais, conduta ocular e posturas (Bravo 2010: 33). Os actos não-verbais que constituem a cinésica são muitos e muito variados, pelo que se torna necessário subdividir este sistema noutros menores. No sentido de satisfazer as necessidades deste trabalho de investigação vamos adoptar a divisão proposta por Mancera. A autora divide este sistema em três categorias (Mancera citado por Litza 2006: 84): Maneiras ou formas convencionais de realizar acções; Posturas; Gestos ou movimentos faciais e corporais; Precedamos a uma breve análise destas categorias, dando especial enfoque aos gestos, um dos objectos de estudo deste trabalho de investigação. 20 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador 2.3.1. Maneiras Segundo Mancera, as maneiras são definidas “como las formas de hacer movimentos, tomar posturas y en general, realizar actos não-verbais comunicativos” (Mancera citado por Orellana 2006: 87). Poyatos acrescenta ainda que as maneiras são caracterizadas pelo modo como se realiza um gesto ou uma postura mediante a cultura, o sexo, o nível sócio-educacional, estado emocional, etc. (Poyatos 2003: 77). Neste sentido as maneiras acabam por ser comportamentos não-verbais geralmente aprendidos ou ritualizados socialmente de acordo com o contexto e podem adoptar uma relação de alternância ou simultaneidade perante os signos verbais. Mancera classifica as maneiras da seguinte forma: Maneiras gestuais e posturais – incluem gestos para saudar, despedir, auto-apresentar-se, etc.; Maneiras de realizar hábitos de comportamentos culturais – incluem, por exemplo, a forma de ir sentado, de andar, a maneira de comer, etc.; O valor das maneiras é essencialmente cultural. Deste modo, por exemplo, durante uma interacção social comportamentos como as palmaditas ou as carícias podem, ou não, ser permitidos, dependendo dos valores da sociedade em questão bem como do tipo de relação social. 2.3.2. Posturas Tal como os restantes sistemas da comunicação não-verbal, também a postura comunica. Através da postura uma pessoa pode mostrar às demais a sua atitude, ao sentar-se, por exemplo, de modo diferente das outras. A maneira de andar, 21 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador de estar de pé, de cruzar ou não as pernas comunica os papéis vividos, o seu estado de espírito e até a confiança que uma determinada pessoa tem em si própria. Há uma relação próxima entre postura e personalidade. A rigidez, o porte altivo, a postura tímida ou de superioridade, podem dar indicações úteis sobre a personalidade, embora a pessoa possa utilizar intencionalmente essas posturas para reforçar o papel que deseja representar socialmente (Monteiro et al. 2008: 62). Existem posturas dominantes e submissas. Por exemplo, o porte direito, a cabeça levantada para trás e as mãos nas ancas podem indicar o desejo de dominar, ao passo que aquele que possui as costas curvadas transmite fraqueza e submissão. Outras correspondem a situações de amizade ou hostilidade, e há ainda aquelas que indicam um estado ou condição social sendo mais usuais em situações públicas. “Nas relações hierárquicas, verificamos que inferiores hierárquicos adoptam posturas atenciosas e mais rígidas do que os seus superiores, que tendem a mostrar-se mais descontraídos” (Beirão et al. 2008: 22). A postura varia de acordo com o estado emocional. Neste sentido, Sarbin e Hardyck (1953) estudaram a relação existente entre ambos e puseram em evidência uma correlação específica entre o tipo de postura e algumas das emoções fundamentais. Essa correlação está bem explicitada na ilustração que se segue: 22 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Ilustração 3: Linguagem não-verbal e a expressividade dos gestos corporais Fonte: Figuras extraídas de Sarbin e Hardyck por Monteiro et al. 2008: 64. Legenda: a) curiosidade; b) embaraço; c) indiferença; d) rejeição; e) observação; f) autossatisfação; g) gratidão; h) determinação; i) ambiguidade; j) procura; k) concentração; l) atenção; m) agressividade; n) excitação; o) preguiça; p) surpresa; q) servilis; r) timidez; s) meditação; t) afetação. Já Ekman e Friesen consideram que “a postura é mais importante para comunicar a intensidade da emoção e não o seu tipo” (Ekman e Friesen citados por Figueiredo 2000:41). Na percepção destes autores, a postura é menos regulável do que outros aspectos corporais, pelo que pode revelar uma ânsia secreta que a expressão facial, por exemplo, não transmite. Cherny e Rulicki ilustram bem esta situação ao referirem que “adelantar el torso puede indicar tanto receptividade como desafio, mientras que cruzar los brazos señala mala predisposición, o simplemente que se tiene frio” (Cherny e Rulicki 2007: 36). A própria orientação da postura comunica acerca da intenção do interlocutor. Se por exemplo, alguém quer ajudar o mais provável é que se sente adoptando uma certa inclinação para onde está localizado o sujeito com quem quer cooperar. Por 23 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador outro lado, a direcção para a qual apontam os sapatos e o tronco do indivíduo pode incluir ou excluir as outras pessoas da roda conversacional. 2.3.3. Gestos “Os gestos são janelas para o pensamento” (D. McNeil citado por Pereira 2010: 26) Gesto é uma palavra derivada do latim géstus e designa movimento, atitude, gesticulação, esgar, visagem, careta (Pereira citado por Houaiss 2010: 31). Segundo Kendon, a palavra ‘gesture’ é usada por diversos fenómenos distintos que incluem movimentos corporais nos actos comunicativos (Ozyurek 2000: 67). Os gestos têm atraído a atenção de inúmeros estudiosos por mais de dois milénios. O interesse pelo estudo desta área advém já desde a Antiguidade Clássica. Cícero na Invenção da Rétorica e Quintiliano na sua Instituição Oratória falavam da dispositio do orador para persuadir o auditório; aqui o gesto era usado para criar e ressaltar a imagem do orador bem como para dar ênfase aos movimentos estratégicos que melhor se aplicavam para a defesa das causas em questão. Desde então muitas pesquisas e estudos foram realizados impulsionando novas descobertas na área dos gestos. Nesta perspectiva, e de forma a evidenciar as principais linhas de investigação desta temática, apresentamos um quadro resumo dos estudos realizados: Autor Ano/Período Contributo para o estudo dos gestos Marcus Fabios Quintilianus 30 a 95 Július Victor Séc. IV Giovanni Bonifacio 1547 - 1645 24 Escreveu a obra Institutio Oratória composta por 12 volumes que apresenta a discussão mais completa sobre os gestos da época, chamando a atenção para a importância da voz e do gesto coreográfico (sequência de movimentos intencionais). Estuda a importância dos gestos e faz recomendações sobre a sua utilização. Publica a obra L’Arte de Cenni (1616) onde, A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador John Bulwer Condillac 1606 - 1656 1756 Gilbert Austin 1753 - 1837 Albert M. Bacon 1875 David Efron 1941 Ekman e Friesen 1969 W. Wundt 1870 François Delsarte 1811 - 1871 25 numa primeira parte, faz uma descrição de todos os gestos corporais e, numa segunda, trabalha com gestos e sinais usados nas diversas profissões. Publica os tratados Chirologia, or the natural language of the hand e Chironomia e Art of Normal Rhetoric (1644). O autor exalta o discurso e aptidão das mãos discutindo os 64 gestos das mesmas. O autor e outros filósofos acreditavam que as primeiras línguas eram gestuais. O investigador afirmou que “a linguagem original emergiu de signos naturais”, portanto, dos gestos (Condilac citado por Pereira 2010: 2). Escreve Chironomia (1806), o estudo mais ambicioso publicado neste período. O seu sistema de notação dos gestos consistia na representação do corpo numa esfera imaginária, dentro da qual o falante movia o seu corpo, pés e mãos na direcção de um dos pontos demarcados. Baseando-se no modelo de Austin, Bacon apresenta uma variedade de expressões faciais. Tal como Austin, Bacon também usava uma esfera imaginária para mapear os gestos dos falantes. É pioneiro no estudo dos gestos que acompanham a fala. Na sua pesquisa Gesture and Environment faz uma descrição dos gestos espontâneos que acompanham sincronicamente a fala. O seu trabalho foi considerado um marco de cientificidade devido ao rigor do seu método. Realizou observações visuais, produziu filmes em câmara lenta e inúmeros desenhos. Divulgam os estudos iniciados por Efron e propõem um esquema de classificação tipológica dos gestos, classificando-os em cinco categorias: emblemáticos, reguladores da interacção, indicadores do estado emocional e de adaptação. Defende o dualismo ou a separação entre gesto e ideia. Para este autor, a comunicação gestual era considerada como “uma expressão do pensamento por meio dos movimentos visíveis, mas não audíveis e de dar a esta expressão um lugar entre fala e escrita (Rector citado por Correa 2007: 30). Desenvolveu um estudo intensivo do movimento e do seu comportamento. Define o gesto como “intérprete do discurso – o gesto A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Rudolf Laban 1879 - 1958 Adam Kendon 1972, 1988 McNeil 1992 Goldin-Meadow; Alibali e Church 1993 Kita; Alibali e Young 2000, 2003 foi dado ao homem pata revelar o que o discurso é impotente para expressar” (Delsarte citado por Pereira 2010: 2). O pesquisador analisa profundamente a voz, respiração, dinâmicas de movimento, linha e forma, bem como todos os movimentos do corpo que actuam como agentes expressivos. Os seus estudos incidiram na relação entre o movimento humano e o espaço que o rodeia dando origem a um extenso sistema de análise, pesquisa e notação do movimento. Investigou diversos aspectos do gesto como o seu papel na comunicação, na evolução da língua, bem como o convencionalismo do gesto. Como resultado dos seus estudos sugere a integração do gesto e da fala, a partir da construção de uma unidade entre ambos. A partir das pesquisas de Efron, considera que “os gestos, juntamente com a língua, ajudam a constituir o pensamento e reflectem a representação imagística mental que é activada no momento de falar” (McNeil citado por Pereira 2010: 3). Abre-se então a possibilidade de o gesto possuir não só um papel na produção do discurso mas também em actividades cognitivas. Classifica os gestos em quatro tipos: icónicos, metafóricos, rítmicos e dêiticos. As suas pesquisas evidenciam que os gestos das mãos podem oferecer uma visão única no processo de ensino e aprendizagem. Acreditam que os gestos estão envolvidos na elaboração conceitual do discurso. Os seus trabalhos indiciam que o gesto, para além de ser um acto comunicativo, também pode reflectir e influenciar os processos mentais dos falantes, facilitando o acesso a itens do léxico mental. Tabela 3: Estudos realizados no âmbito dos gestos Fontes: Pereira, 2010 e Correa, 2007 © Produção gráfica pessoal Segundo McNeil, os gestos são movimentos corporais, visíveis e voluntários, realizados pelo ser humano, através dos quais transmitem um determinado significado. Noutros termos podemos dizer que os gestos são movimentos que, de forma consciente ou inconsciente, o falante realiza com uma ou mais partes do corpo, nomeadamente com a cabeça, o rosto (incluindo o olhar), ou as extremidades, tanto 26 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador superiores como inferiores. De realçar os gestos das mãos que, no âmbito gestual, desempenham funções claramente ostensivas. Cestera (2004) divide os gestos em dois grandes grupos: Gestos faciais: aqueles que se realizam com os olhos, as sobrancelhas, o queixo, o nariz, os lábios, a boca; Gestos corporais: aqueles que se realizam principalmente com a cabeça, as ombros, os braços, as pernas, os pés, as mãos e os dedos. 2.3.3.1. A Função dos Gestos - Moço, pode-me dizer onde fica a farmácia mais próxima? Pergunta uma mulher a um rapaz que apertava os cordões dos seus sapatos. - Um momento, deixe-me acabar de apertar os cordões dos sapatos e, então, poderei explicar-lhe melhor. Ao explicar à mulher, o rapaz aponta com o dedo indicador para a direcção que ela deveria seguir para chegar ao destino desejado. Quadro1 – Enunciado oral e gesticulado Knapp e Hall (1999), referindo-se à função do comportamento não-verbal salientam que ele pode perfeitamente repetir, substituir, complementar, acentuar ou regular e até mesmo contradizer as mensagens verbais (Knapp e Hall 1999: 30). Neste sentido, quando existe concordância entre a palavra e o gesto, a recepção da mensagem é mais eficaz e o impacto é maior. Por sua vez, quando existe uma divergência entre ambos, esta contradição cria um efeito perturbador (Dorna e Argentin 1993: 63). Os gestos também exercem funções comunicativas chegando, por vezes, a ser mais eficazes na transmissão das mensagens do que qualquer palavra que possamos eventualmente usar. Eles podem ser usados para ilustrar ou reforçar a mensagem 27 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador verbal, esclarecendo o seu significado. A título de exemplo temos o recurso a gestos direccionais no sentido de complementar a expressão direccional verbal, como é demonstrado no exemplo acima. Ali o gesto de apontamento esclarece a direcção enunciada oralmente pelo rapaz, clarificando e complementando a informação que lhe foi solicitada pela mulher. De facto, uma das funções dos gestos é ilustrar a expressão verbal, criando uma imagem clara daquilo que está a ser dito. “Because some people take in information more effectively be seeing what´s being described, illustrating your message through gestures helps create a clear picture for them”7. Segundo Adam Kendon, os gestos participam na construção de sentido do enunciado. Muitas das vezes as palavras faladas são ambíguas e aquilo que o falante quer dizer com as palavras ou frases visadas só se torna claro quando elas são definidas num contexto mais amplo. Neste sentido, os gestos podem fornecer o contexto para a expressão oral através de uma representação visual, fazendo com que o enunciado oral seja mais preciso. (Kendon, p.51). Por outro lado, os gestos podem ser usados como marcadores da atitude do falante em relação ao que se está a dizer, nomeadamente, para expressar as suas atitudes acerca de como se espera que aquilo que se está a dizer seja interpretado pelo interlocutor. Deste modo, os gestos acabam por expressar a natureza da intenção ilocucionária do enunciado, adicionando significado à mensagem falada (Kendon, p.56). Assim sendo, podemos verificar que o gesto exerce funções comunicativas, visando acima de tudo tornar a expressão falada o mais clara e unívoca possível. “É o caso dos gestos que sublinham a palavra, a pontuam e lhe dão um relevo relativo como faz o dedo indicador apontando para aquele que eu acuso” (Bergès 1967: 24). Alguns especialistas (Laguna 1927; Friedman 1972; Mead 1934¸ Moscovici 1967; Werner; Kaplan 1963) alegam ainda que, os gestos não só transmitem 7 In http://media.wiley.com/product_data/excerpt/11/04705129/0470512911.pdf 28 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador mensagens e complementam a mensagem verbal como também possuem uma função de recuperação lexical (Dittmann e Llewetlyn citados por Correa 2007: 30). Dito de outra forma, os gestos ajudam a pensar, ajudam as pessoas a procurar na memória aquelas palavras que não ocorrem com tanta facilidade aos lábios. Por último, os gestos não são apenas fruto dos nossos sentimentos ou um instrumento de feedback face aos comportamentos não-verbais nos nossos interlocutores, eles espelham as nossas emoções e pensamentos. Para Napier “o gesto permite que se expressem coisas que nunca poderão ser faladas. Se a linguagem foi concedida aos homens para esconderem os seus pensamentos, então a finalidade dos gestos foi revelá-los” (Napier citado por Pereira 2010: 45). Um exemplo que demonstra este facto são as pessoas abatidas que, normalmente, andam com as mãos nos bolsos, com a cabeça para baixo e com os ombros curvados. Para além de transmitirem os nossos sentimentos, eles podem também ser causadores de sentimentos e emoções. Allan e Barbara Pease explicam que, quando as pessoas sorriem ou riem, mesmo não estando felizes, “acabam por animar a “zona feliz do hemisfério esquerdo com actividade eléctrica”, ficando mais felizes (Pease e Pease 2005: 174). De referir ainda que, os gestos podem exercer a função de redutores de tensão. Joe Navarro, Ex-agente do FBI e especialista na linguagem corporal, intitula estes gestos de comportamentos pacificadores, uma vez que são usados na tentativa de eliminar uma sensação desagradável ou nociva. Estes comportamentos assumem muitas formas e como explica Navarro “quando estamos stressados, podemos afagar o pescoço com uma massagem suave, passar as mãos na cara ou brincar com o cabelo” (Navarro 2008: 59). Assim, estes gestos têm como especial objectivo reduzir estados de tensão, stresse, nervosismo. Por outras palavras, procuram tranquilizar-nos. 29 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador 2.3.3.2. A Expressividade dos Gestos Corporais Através dos gestos do corpo as pessoas exprimem experiências, sentimentos e atitudes de forma a relacionarem-se com os outros e com o ambiente que os rodeia. Como refere Rector, O homem é um ser em movimento e, ao mover-se, põe em funcionamento formas de expressão completas e complexas *…+ A expressão gestual serve tanto à intenção cognitiva, expressiva ou descritiva, quanto a referências de ordem afectiva (Rector citado por Pereira 2010: 31). No sentido de ilustrar a expressividade do gesto, analisemos agora de uma forma sucinta cada um deles. Apesar de todos exercerem um papel no acto comunicativo, iremos apenas considerar aqueles que são mais relevantes para a linguagem não-verbal, nomeadamente: os gestos do rosto, dos olhos, da cabeça e das mãos. Expressão Facial “Porque a natureza não deu apenas ao homem a voz e a língua, como intérpretes do seu pensamento; na desconfiança de que deles pudesse abusar; fez ainda falar o seu rosto e os olhos para as desmentir quando elas não fossem fiéis” (Courtine e Haroche 1988:26) O rosto é um canal privilegiado para expressar estados emocionais e comunicar atitudes. Como refere Calero “facial expressions are to emotions as language is to thoughts - the mirror to how we feel” (Calero 2005: 66). Assim, podemos interpretar a alegria, a tristeza, o medo, a raiva, a surpresa, o afectos apenas pela simples observação dos movimentos do rosto do nosso interlocutor. Esses movimentos são como ondas de emoção que cintilam no nosso rosto revelando sentimentos que, por vezes, preferimos manter só para nós. 30 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador O rosto é também considerado um importante canal de interacção entre duas pessoas, uma vez que ele participa activamente nas relações interpessoais, fornecendo, muitas vezes, um constante comentário às mensagens verbais. Aquele que fala acompanha as palavras com expressões faciais que têm o fim de sublinhar, acentuar, modular os significados (…) o ouvinte, por sua vez, exprime as suas reacções por meio de pequenos e rápidos movimentos dos lábios, dos sobrolhos e da testa e pode assim manifestar concordância, perplexidade, atenção, interesse, indiferença (…) os sobrolhos, por exemplo, fornecem um comentário contínuo e pontual por meio de diversos graus de arquejamento ou abaixamento (Argyle citado por Bitti e Zani 1997: 154). Deste modo, as expressões faciais desempenham diversas funções como a expressão de emoções e atitudes, o envio de sinais inerentes à interacção em curso bem como comunicar aspectos relativos à personalidade do indivíduo. Actuam, por assim dizer, como gestos-signo que possuem um valor interpretativo. Gestos da Cabeça Os movimentos da cabeça são considerados indicadores relevantes acerca do curso de uma interacção. Os acenos de cabeça, normalmente, são gestos muito rápidos, no entanto são perceptíveis. Um aceno de cabeça de quem ouve é percepcionado por aquele que fala como um sinal de atenção, assumindo um papel de reforço e encorajamento para o prosseguimento do acto comunicativo. Os movimentos da cabeça também comunicam a atitude do interlocutor. Na percepção de Sandor Feldman, a cabeça erguida pode expressar amor-próprio, auto confiança, coragem, saúde, orgulho e força e, por sua vez, a cabeça baixa pode comunicar humildade, resignação, culpa e autocrítica (Feldman, p.2). 31 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Os Gestos dos Olhos Os olhos são o ponto mais importante da comunicação facial e o foco mais expressivo da face. Diz-se sabiamente que os olhos são o espelho da alma e a verdade é que eles são uma forte e sincera fonte de emoção, principalmente no caso dos olhares mais demorados. O contacto visual, se demasiado intenso, pode causar no interlocutor a sensação de embaraço, incómodo e ansiedade, enquanto que, um contacto que dure pouco tempo pode ser agradável e ter o valor de recompensa. Exline segue na mesma direcção afirmando que, “o ouvinte que não olha o falante dá uma impressão de rejeição ou de indiferença” (Exline tado por Bitti e Zani 1997: 156). Estudos de Allan e Pease demonstram que a dilatação das pupilas comunica atitudes e estados de espírito das pessoas muito sinceros, tendo em linha de conta que não está sujeita a um controlo consciente por parte do ser humano. “Quando nos excitamos, nossas pupilas se dilatam, podendo alcançar até quatro vezes o seu tamanho original. Inversamente, estados de espírito zangados e negativos fazem com que as pupilas se contraiam” (Allan e Pease 2005: 104). Tal como outros elementos do rosto, o contacto visual também regula o fluxo comunicacional, transmitindo inúmeras mensagens que contribuem para o bom desenvolvimento das relações interpessoais, nomeadamente para assinalar concordância perante o que o interlocutor está a dizer, intervir e até apoiá-lo. Aquele que fala olha o ouvinte em momentos estratégicos a fim de colher informações retroactivas, lança-lhe olhares para dar ênfase ao que vai dizendo, ou para ser mais persuasivo, e comunica, com o “olhar final”, que está a terminar a sua intervenção”. Aquele que ouve olha o falante a fim de apoiá-lo e reforça-lo, para lhe manifestar atenção e interesse (Argyle citado por Bitti e Zani 1997: 159). 32 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Gestos das Mãos As mãos são quase seres vivos [...] dotados de um espírito livre e vigoroso, de uma fisionomia. Rostos sem olhos e sem voz que, não obstante, vêem e falam... As mãos significam ações: fazer, criar, às vezes, parecem até pensar. (Henri Foncillon citado por Pereira 2010: 6) Estes gestos podem ou não ser executados com ambas as mãos e são considerados a categoria de gesto com maior ocorrência. Este facto deve-se à elevada habilidade e precisão da mão humana em adquirir um grande número de configurações amplamente perceptíveis pelos outros (Pereira 2007: 33). Os movimentos das mãos estão fortemente interligados com a fala no tempo, no significado e na função. Ignorá-los é ignorar uma grande parte da conversação porque as mãos comunicam, e comunicam muito. Sanz salienta a importância dos movimentos das mãos no processo de comunicação ao dizer que: (..) con ellos podemos completar, aclarar o modificar lo dicho mediante la palabra; su presencia en la conversación es tan importante y frecuente que es normal que también gesticulemos las conversaciones telefónicas, aunque ante la imposibilidad de ser visto, nos vemos en la necesidad deampliar de forma oral nuestro discurso (Sanz 2003: 42). Assim, os gestos das mãos não só exercem funções comunicativas, ao carregar informação coordenada, de maneira simultânea, como também transmitem as nossas emoções e estados de espírito, reflectindo, por vezes, pensamentos que ainda não estão presentes na superfície da mensagem oral. Os gestos das mãos podem até chegar a substituir as palavras por completo, como acontece, por exemplo, na linguagem gestual para os surdos. Também Bulwer ([1644] 1974) realça a importância dos movimentos das mãos e salienta que “as mãos, esse atarefado instrumento, é muito falador, cuja 33 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador linguagem é tão facilmente percebida e compreendida como se o homem tivesse outra boca ou fonte de discurso em suas mãos (Bulwer citado por Pereira 2007: 39). De facto, as mãos falam e fazem-no essencialmente na zona média do nosso corpo, abaixo dos ombros e acima da cintura. São de evitar os gestos abaixo da cintura bem como aqueles realizados acima da cabeça. Na percepção de Reinaldo Polito quando os gestos são realizados abaixo da cintura, “perdem expressividade e contribuem pouco para a qualidade da comunicação” (Polito, p.4). Por sua vez, quando são realizados acima dos ombros e da cabeça, os gestos das mãos vão mais ao encontro da emoção do que da razão, podendo, em limites extremos, comunicar sinais de esquizofrenia. Propriedades do Gesto Na sua obra “Hand and Mind” (1992), McNeill enumera as principais propriedades do gesto: a) É global. O gesto não deve ser interpretado isoladamente dos restantes. Cada gesto isolado é como uma palavra numa frase, difícil e perigoso de se interpretar (Alessandra 2006, 2). Como explica McNeil, o sentido das partes do gesto é determinado pelo todo (1992: 41). b) É sintético. Um simples encolher de ombros pode ser mais falante do que uma torrente de palavras. Como explica Sanvito, “em virtude de o homem não conseguir verbalizar todos os seus pensamentos e emoções ele complementa sua mensagem através de uma elaborada linguagem corporal” (Sanvito citado por Marques 2006: 55). Deste modo, os diferentes sentidos dos segmentos são sintetizados no interior de um simples ou único gesto (McNeil 1992: 41). c) Não se combina. Os gestos não se combinam para criar estruturas e formas largas e hierárquicas, pois carecem de uma sintaxe. A maioria deles são de uma cláusula oracional mas, quando há gestos sucessivos sem uma 34 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador cláusula, cada um corresponde a uma ideia unida em e para si mesma (McNeil 1992: 41). Nenhuma das propriedades formais do primeiro gesto estaria presente no segundo (McNeil 1992: 3). d) É sensível ao contexto. Cada gesto é criado no momento da fala e salienta ou destaca o que é relevante naquilo que é dito, no entanto, a mesma ideia pode ser referida por um gesto que pode mudar o seu significado. O gesto de coçar a cabeça, ele pode significar muitas coisas diferentes tais como suor, incerteza, caspa, piolhos, esquecimento ou mentira, isto dependendo do contexto em que ele ocorre. Ou seja, o gesto é dependente do contexto, tal como o signo linguístico. e) É rítmico. Os gestos estão integrados no aparato linguístico. No entanto antecipam o enunciado na sua fase preparatória e sincronizam-se na fase do “golpe”, no momento em que é pronunciada a sílaba tónica da palavra e nunca depois dela (McNeil, 1992). Neste sentido, o gesto deve preceder à palavra ou acompanhá-la, nunca sucedê-la. Como explica Mário dos Santos “se anteceder, prepara o efeito da palavra; se acompanhar, reforça-a; se a suceder, perde a sua força” (Santos 1962: 83). Uma outra propriedade que não foi considerada por McNeil mas que pode ser muito relevante é a variação cultural, pois o gesto também é sensível à cultura. Por exemplo, como sabemos o dedo indicador é usado vulgarmente para apontar para uma determinada direcção, contudo, e como salienta Calero “ (…) finger pointing in some cultures is considered inappropriate and vulgar (Calero 2005: 115). O mesmo se passa com inúmeros outros gestos. É o caso do gesto do anel (polegar e índice do dedo em forma de círculo) que, para todos os países anglófonos significa “Está tudo óptimo!”, enquanto que na França e na Bélgica significa “Zero” ou “Nada”. 35 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador 2.3.3.3. Tipologias dos Gestos As classificações dos gestos que acompanham a fala são diversas. Com o decorrer do tempo os gestos foram classificados de maneira mais ou menos detalhada, mediante o enfoque de cada estudioso, em função dos seus objectivos. No presente estudo vamos apenas destacar as duas tipologias mais relevantes e detalhadas: a de Ekman e Friesen (1969) e a de McNeil (1992, 1995). Ekman e Friesen (1969) McNeil (1992) Gestos emblemáticos Gestos icónicos Gestos ilustradores Gestos metafóricos Gestos demonstradores de afecto Gestos deícticos Gestos reguladores Gestos batuta (beat) Gestos adaptadores Tabela 4: Tipologias de Ekman e Friesen e McNeil ©Produção gráfica pessoal Tipologia de Ekman e Friesen (1969) Emblemas Os emblemas são actos não-verbais que têm uma tradução verbal directa. Essa tradução é compartilhada por todos os elementos de um determinado grupo e é equivalente a uma palavra ou frase curta. Cruzar os dedos, por exemplo, é um emblema de sorte ou de se precaver contra o azar. O signo “ok” também é um emblema que tem sido difundido pelo mundo. Rulicki e Cherny acrescentam que os emblemas “son los actos no-verbales realizados com mayor grado de conciencia y constituyen esfuerzos intencionales de comunicación” (Rulicki e Cherny 2007: 47). Ilustradores 36 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Os gestos ilustradores são sinais não-verbais que estão directamente relacionados com as palavras. Eles reforçam a comunicação verbal e permitem acentuar palavras ou ideias (Hartman 2009: 2). Temos como exemplo o pescador que procura demonstrar o tamanho do peixe que lhe escapou. Neste sentido, os ilustradores são um tipo cinésico de “ajuda visual” e incluem comportamentos que apontam, esboçam ou retratam as emoções do interlocutor. Na percepção de Ribeiro e Guimarães, aquelas pessoas que fazem um uso mais frequente de ilustradores quando falam são percebidas como mais animadas e energéticas do que aquelas que não usam ou usam poucos (Ribeiro e Guimarães 2009: 9). Reguladores Os gestos reguladores são comportamentos que mantêm e regulam a interacção discursiva. Estes sinais não-verbais incluem os movimentos dos olhos, posições da cabeça e posturas que reclamam, retêm, entregam ou cedem os turnos do diálogo. Indicam ao interlocutor que continue, repita, se apresse ou preste atenção. São exemplos, os gestos de assentimento ou negação com a cabeça, idênticos ao “sim” e “não” da linguagem verbal. Demonstradores de Afecto São gestos que expressam estados emocionais ou demonstram afecto. Incluem movimentos faciais, tais como sorrisos, franzir as sobrancelhas, certas posturas, entre outros e denotam ansiedade, tensão, dor, triunfo e alegria. Segundo Friedman (1987) os demonstradores de afecto podem “repetir, aumentar, contradecir … o no guardar relación con las manifestaciones afectivas verbales”.8 8 In http://www.dolmenintranet.es/gestion/files/files_cursos/6_4_dolmen%20capitulo%203.pdf 37 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Adaptadores Os adaptadores são gestos involuntários, reacções que o corpo dispara no sentido de “digerir” ou reduzir certas emoções que se pretendem ocultar. Na visão Ekman e Friesen (1969) estas condutas incrementam quando a angústia ou a tensão aumentam. A título de exemplo, Elizabeth Sad no texto “Lenguage Corporal: Silencio que habla” explica que “quando un niño se chupa el dedo expressa miedo o inseguridad; cuando un adulto se toma las manos o alisa su ropa busca frenar el impacto emocional ante uma mala noticia o agresión” (Sad, p.3). Knapp (1987) ainda acrescenta que, os adaptadores não têm como finalidade ser usados na comunicação mas que, no entanto, eles vêm arrastados a ela. Ou seja os adaptadores são condutas com uma intenção comunicativa nula mas transmitem informações claras9. Tipologia de McNeil (1992) Os resultados dos estudos de McNeil têm demonstrado que os falantes produzem quatro tipos de gestos das mãos – deícticos, icónicos, matafóricos e rítmicos - durante as relações interpessoais desempenhando uma função integradora. Vejamos como McNeil define cada um dos componentes da sua tipologia: Icónicos São movimentos que fazem alusão ao conteúdo semântico da fala (McNeil, 1992). Estes gestos estão relacionados com o discurso e expressam representações figuradas exibindo o significado de objectos e acções. Os gestos icónicos podem fornecer informação complementar, “sugerem não só o que é importante para o falante, mas também o que é relevante (marcado através do gesto)” (Rodrigues, p.69). Por outras palavras podemos dizer que estes gestos oferecem uma representação 9 In http://www.dolmenintranet.es/gestion/files/files_cursos/6_4_dolmen%20capitulo%203.pdf 38 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador visual acerca das qualidades dos objectos como o tamanho, a forma e outras características físicas. Deícticos São gestos demonstrativos ou direccionais que indicam objectos e acções do mundo concreto ou fictício. São normalmente realizados com o dedo indicador esticado mas também podem ser realizados por qualquer outra parte do corpo, nomeadamente, pela cabeça, nariz, queixo, e até mesmo por objectos como lápis, paus, etc. Na visão de Pereira o gesto deíctico é considerado um “detalhador”, uma vez que exerce a função de esclarecer e clarear. Salienta ainda que o seu significado está sempre dependente do valor referencial que é atribuído ao espaço gestual seleccionado (Pereira 2007: 57). Metafóricos Estes gestos são reflexos de uma abstracção, na qual o conteúdo é uma ideia abstracta, em vez de um objecto concreto, um evento ou um lugar (McNeill 1992: 14 e 15). A diferença entre o gesto icónico e o gesto metafórico resido no facto de, enquanto que a imagem criada pelo gesto icónico é do mundo real, a criada pelo gesto metafórico é do mundo mental. Um exemplo é a expressão verbal “A professora repetia … e repetia…” acompanhada pela mão descrevendo um movimento circular de rolar. Batuta (Beats) Um quarto tipo de gesto é o compasso, uma vez que aparecem ligados ao ritmo da fala. São considerados batidas rítmicas, normalmente do dedo, da mão ou do 39 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador braço, que conferem estrutura temporal ao que é dito e enfatizam determinado aspecto ou ponto particular do discurso. Como explica Barttie (2003): As batidas e as repetições associam-se a sentimentos primitivos de configurações (padrões) básicas e podem variar de sentido de acordo com o contexto. Uma batida é um golpe staccato (na música, notas acentuadamente curtas) que dá ênfase e chama a atenção. Uma batida única e curta pode marcar (chamar a atenção para) um ponto importante numa conversação, enquanto que batidas repetidas forçam, em determinado ponto, o encaixamento de um conceito crítico (Barttie citado por Pereira 2007: 62”. Deste modo, o gesto marca o ritmo no discurso, acentuando determinadas partes do mesmo. Acontece frequentemente com as contagens. 2.3.3.4. Gesticulação lenta vs Gesticulação brusca Segundo o Dicionário de Língua Portuguesa, o conceito de lento é definido como algo “que revela falta de rapidez ou agilidade; vagaroso; arrastado; tardio”. A definição de brusco é-nos apresentada como “inesperado; súbito, áspero e arrebatado” (Dicionário da Língua Portuguesa). Mediante as definições anteriores, podemos salientar que a gesticulação lenta é aquela que é realizada vagarosamente, prolongando-se no tempo, que é branda, frouxa e pouco intensa. Por sua vez, a gesticulação brusca pode ser descrita como rápida, veloz, ligeira e instantânea. Contudo, neste caso, uma breve descrição dos conceitos não é suficiente. Precisamos de ser mais rigorosos e apresentar informações mais objectivas. Neste sentido, decidimos realizar um pequeno experimento constituído por dois grupos independentes (cada um composto por cinco sujeitos) e submete-los à visualização de dois vídeos: um elucidativo à gesticulação lenta e outro à brusca. Depois de visualizados os vídeos, procuramos verificar a percepção dos indivíduos relativamente á rapidez ou lentidão dos movimentos. Constatou-se que, aqueles que visualizaram o vídeo relativo à gestualidade lenta consideraram os movimentos demorados e pouco rápidos. Os que assistiram ao outro classificaram-nos como rápidos e bruscos. 40 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Mediante estes resultados, recorremos ao programa Adobe Première CS4 para realizar uma medição do que foi considerado movimento lento e movimento brusco. Optamos por seleccionar os primeiros 15 movimentos das mãos e braços de cada vídeo, e apurar por quantos frames era constituído cada um deles. De seguida, calculamos a média de frames por cada movimento para uma posterior conversão em segundos. Tendo em conta que, cada 25 frames correspondem a 1 segundo, obtivemos os resultados apresentados na Tabela 5. Nº de frames / vídeo Média de frames / movimento VÍDEO1 Gesticulação Lenta 346 346/15= 23,06 VÍDEO 2 Gesticulação Brusca 658 658/15 = 43,87 23, 06/25 = 0,92 s 43, 87/25 = 1, 72 s Duração / movimento (s) Tabela 5: Duração do movimento lento e do movimento brusco © Produção gráfica pessoal Assim, no presente estudo o movimento lento das mãos/braços é aquele que ocorre com uma duração aproximada de 0,92s e o movimento brusco com uma duração de 1,72 s. Para além de se verificar uma diferença significativa na duração destes movimentos, também há outros gestos corporais que importa salientar, e que são igualmente divergentes nos dois vídeos. A título de exemplo, temos os movimentos da cabeça e do tronco. Embora não nos seja possível realizar uma medição exacta, tal como aconteceu com os movimentos das mãos, podemos constatar que no vídeo elucidativo à gestualidade brusca se verificou uma elevada movimentação da cabeça, e do corpo em geral, o que não é tão visível no primeiro vídeo, onde o orador assume uma posição mais estática, limitando-se quase sempre aos gestos das mãos e dos braços. 41 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador 2.4. Indumentária “Estar nu … é estar sem palavras” (Ogtemmêli citado por Nacif 2007: 1) Desde há milhares de anos que a primeira linguagem usada pelos seres humanos se comunicarem tem sido a indumentária (Lurie 1994: 22). Em função da fragilidade do seu corpo, nu, desprotegido perante o frio, o calor, as intempéries, o homem criou o objecto roupa na intenção de um segundo corpo ou de uma segunda pele. No entanto o vestuário, enquanto conjunto de peças e acessórios que compõem o traje, vai muito além dessa função especificamente protectora. A indumentária carrega signos, significados e gera uma comunicação. 2.4.1. A Comunicação através das Roupas Para Umberto Eco, o vestuário que serve para cobrir, para proteger do calor ou do frio e para ocultar a nudez, que a opinião pública encara como vergonhosa, não supera os cinquenta por cento do conjunto. Os restantes cinquenta por cento são utilizados como instrumento de comunicação não-verbal e “vão da gravata à bainha das calças, passando pelas bandas do casaco e chegando até às solas dos sapatos – e isto se nos detivermos ao nível puramente quantitativo, sem estender a investigação aos porquês de uma cor, de um tecido, de uma felpa ou de umas riscas em vez de um tecido ou de uma cor uniforme” – “O vestuário é comunicação” (Eco citado por Ribeiro 2008: 14) Seguindo na mesma direcção de Umberto Eco, de que a indumentária comunica, Alison Lurie (1994) considera-a como um instrumento de expressão cultural, linguística e simbólica. Segundo a autora, a indumentária é uma língua e como tal deve ter um vocabulário e uma gramática como as restantes línguas. Salienta que dentro de 42 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador cada língua da indumentária há muitos dialectos e acentos distintos, alguns quase ininteligíveis para os membros da cultura oficial (Lurie 1994: 22). Já Roland Barthes vê o vestuário numa perspectiva semiológica, considera-o como um sistema de signos idêntico ao verbal cujo paradigma é representado pelas “peças” – blusa, sapato, saia, calça, chapéu, etc. - tudo o que compõe o guarda-roupa. O sintagma, por sua vez, é a reunião das peças escolhidas; as combinações colocadas no “suporte” corpo. Além disso, como sabemos, a moda oferece um grande reportório de elementos a serem escolhidos. Estes elementos combinados formam um sintagma e ao escolher entre, por exemplo, os vários tipos de camisas – manga curta, comprida, entre outras – e combiná-las com outras peças, o sujeito forma um sintagma vestimentar (Barthes citado por Camargo 2009: 45). Independentemente das perspectivas de cada autor, a verdade é que o vestuário fala, é portador de significados e pode actuar como forma de comunicação entre os indivíduos. Muitas das vezes, as pessoas fazem leituras umas das outras mediante aquilo que elas vestem, sem sequer pronunciarem qualquer palavra. Como explica Camargo “no acto da observação, não são colocadas palavras, mas informações se registam no inconsciente, criando assim um diálogo imagético” (Camargo 2009: 45). Tendo em conta que a aparência de uma pessoa é o primeiro estágio da interacção podemos facilmente depreender que este diálogo imagético, por si só, vai determinar a primeira impressão e avaliação que fazemos do outro. De facto, o vestuário das pessoas envia mensagens umas às outras durante a interacção social. Dá indicações acerca do sexo, idade, actividade, situando até mesmo o indivíduo no tempo e no espaço. É o que enfatiza Umberto Eco ao dizer que “existe sempre no interior de cada grupo uma vestimenta mínima histórica e culturalmente determinada sem a qual a existência social, e mesmo biológica, do indivíduo se aniquilaria” (Eco citado por Nacif 2007: 46). A indumentária revela a subjectividade do ser humano, nomeadamente, os seus gostos, preferências, hábitos, humor, fantasias, desejos, bem como o seu grau de religiosidade, independência e originalidade. Podemos mesmo dizer que, a roupa é a 43 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador verbalização subjectiva dos nossos pensamentos e atitudes. Como salienta Larissa Camargo no texto “O potencial comunicativo da moda”, “a indumentária são significantes sociais e comunicacionais, através dela consumimos hábitos, valores e expressamos ideias, atitudes que, às vezes, palavras não conseguem descrever” (Camargos 2008: 19). O vestuário também define os grupos profissionais como soldados, religiosos, académicos, advogados, agricultores, operários, desportistas, banqueiros e prostitutas. Cada um possui o seu próprio vestuário distintivo, o seu “uniforme” para marcar a sua identidade através do trabalho que executa (Keith, p.4). Há pessoas que procuram, inclusive, ganhar poder sobre os outros pelo vestuário que usam, uma vez que ele actua como um recordatório constante da posição social de cada indivíduo. 2.4.2. Indumentária e Status De uma forma geral, a roupa, tanto modernamente quanto antigamente, sempre foi considerada um signo hierárquico, um signo de estatuto social, uma vez que serve para a distinção de status sociais, classes e categorias às quais o indivíduo faz parte ou não. O papel que uma pessoa exerce na sociedade é também identificado pelo que ela veste. Moda e indumentária podem também ser usadas para indicar ou definir os papéis sociais que as pessoas têm. Elas podem ser tomadas como sinais de que uma certa pessoa exerce um determinado papel e por essa razão espera-se dela que se comporte de uma maneira específica (Bernard citado por Aquino 2009: 2 e 3). Actualmente a roupa não representa tanto uma classe social, mas é considerada, acima de tudo, uma forma de distinguir o grupo ao qual o indivíduo pertence. Embora a representação dos papéis não seja exactamente assegurada pela forma de vestir, Monteiro refere que “a roupa “elegante” está sempre associada às classes sociais mais abastadas, mais educadas e mais finas, ao passo que a roupa mais 44 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador simples representa um cidadão da mesma forma: mais simples, menos educado, com menos dinheiro” (Monteiro 2003: 1 e 2). É por esta razão que o consumidor, ao entrar numa loja de roupas, não procura apenas proteger o seu corpo, busca a diferenciação que essa roupa lhe poderá dar ou a mensagem que poderá, eventualmente, transmitir vestindo-a. Como reforçam Chevalier e Gheerbrant (1991), “o traje manifesta o pertencer a uma sociedade caracterizada: clero, exército, marinha, magistratura, etc. Tirá-lo é, de certa forma, renegar essa relação” (Chevalier e Gheerbrant citados por Monteiro 2003: 2). 2.4.3. Indumentária e Identidade 2.4.3.1. Aparecer é Ser – O corpo e a roupa como a imagem de si A indumentária constrói identidades visuais e imagens do indivíduo, neste sentido, também ela adquire valores de comunicação. Através de acções quotidianas como o modo de vestir, de maquilhar, etc., o homem procura criar e vender uma imagem de si mesmo, cria uma forma de se ver e de se dar a ver aos outros. Com as roupas que veste o ser humano constrói uma identidade própria para estar mais próximo daquilo que quer ser ou que quer parecer ser aos olhos dos outros. Todos nós temos uma auto-imagem, baseada nos valores pessoais e sociais que possuímos. Faz parte da natureza humana, procurarmos nos cercar de objectos que reflictam nossa auto-imagem. (…) Eles (os objectos) fazem parte de um mosaico e, juntos, constituem a nossa imagem visual que projectamos aos outros (Baxter citado por Emerenciano 2005: 12). Segundo Monteiro (2003: 1), “quando o consumidor decide comprar uma roupa, ele não está apenas comprando alguns pedaços de panos bem costurados. Ele está comprando sua própria alma, para se reflectir no outro”. Estamos perante duas necessidades contraditórias do homem: por um lado, a necessidade de integração num 45 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador determinado grupo, que o faz buscar ser igual a todos os outros; por outro, a necessidade de diferenciação que o faz buscar a sua singularidade com o todo social. Assim sendo, o vestuário pode ser entendido como um veículo ideológico, através do qual se estabelece uma identidade individual, mas também como instrumento de integração e individualização. A roupa actua como uma extensão da nossa pele, para guardar e distribuir o nosso próprio calor (Mcluhan citado por Ribeiro 2008: 14). Ela envolve gestos, comportamentos, escolhas, fantasias, desejos representando assim um traço da individualidade do ser humano. Através do vestuário a pessoa pode demonstrar que é única e diferenciar-se das outras. No entanto para construir uma identidade própria e ser aceite na sociedade que o rodeia, ou num determinado grupo social, o ser humano tem que se vestir de acordo com aquilo que lhe é imposto. Mesmo que queira fugir à trilha traçada pela sociedade, a realidade é que ao tentar-lhe escapar pode cair na desaprovação social e, por consequência, na exclusão por parte do outro. Como refere Umberto Eco: A indumentária assenta em códigos e convenções, muitos dos quais fortes e intocáveis, defendidos por sistemas de sanções ou incentivos, tais como levar os utentes a ‘falar de modo gramaticalmente correcto’ a linguagem do vestuário, sob a pena de ser banido pela comunidade (Eco citado por Teófilo 2010: 8). Verifica-se assim, que o sentimento de pertença relativamente a um determinado grupo exige que a roupa esteja em sintonia com os seus pares. 2.4.3.2. A camuflagem de “um ser” para um “querer parecer” Esta busca pela autenticidade desejada - de fazer coincidir o que se quer ser com o que se é - tem conduzido a uma sociedade intensamente narcisista e individualista onde a roupa “permite a camuflagem de desigualdades sociais através de uma aproximação estética dos indivíduos” (Mota 2006: 3). 46 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Ora, esta corrida conformista à imitação transformou a indumentária num instrumento de manipulação, onde o indivíduo esconde e camufla criando, muitas vezes, uma falsificação do eu. No fundo, o homem moderno brinca com o vestuário com o intuito de iludir a imagem que o outro poderá ter de nós. Como diz Michel Bihen, actualmente “faz-se batota” no que diz respeito ao vestir. O vestuário define quem a pessoa e. (…) Pela forma como se vestiam, as pessoas distinguiam-se claramente e sabia-se em que etapa da vida se encontravam. Hoje e tudo muito mais fluido, faz-se batota, tem-se as imitações, joga-se (Bihen citado por Teófilo 2010: 32). O presente cenário de falsificação e imitação também preocupa Carlyle: “a roupa nos deu a individualidade, as distinções; os requintes sociais; mas ameaça transformar-se em meros manequins” (Carlyle citado por Monteiro 2003: 6). Por outro lado, este fenómeno pode pôr em causa o correcto decorrer das interacções humanas. Se um indivíduo se veste de uma determinada forma, representando o seu papel correctamente, os outros com os quais irá estabelecer interacção sabem espontaneamente o que esperar dele e o modo como devem agir. Caso contrário, a relação com os outros pode tornar-se confusa, pois a roupa que constrói aparência tem de estar em sintonia com os comportamentos do indivíduo que a vai vestir. Uma mulher que se apresente vestida num traje de festa, num belo vestido comprido, espera possivelmente que o homem lhe abra a porta para lhe dar passagem, assim como o homem, ao ver a mulher assim vestida, se torne, possivelmente, mais delicado para com ela (Teófilo 2010: 35). Deste modo, é essencial que a aparência e o modo de actuar sejam consistentes e de confirmação, pois, muitas das vezes, o vestuário actua como instrumento facilitador da acção humana constrangimentos. 47 na interacção social, evitando A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador 2.4.4. Da Cabeça aos Pés Umberto Eco no seu texto “O hábito faz o monge” reafirma o carácter ideológico da indumentária, quando nos diz que: Porque a linguagem do vestuário, tal como a linguagem verbal, não serve apenas para transmitir certos significados, mediante certas formas significativas. Serve também para identificar posições ideológicas, segundo os significados transmitidos e as formas significativas que foram escolhidas para transmitir (Eco, 1989). Os significados das roupas e a forma de os transmitir, de que nos fala anteriormente Umberto Eco, ficaram registados em algumas peças do vestuário e confirmam o seu trabalho original de que os significados chegam até nós como mutações da simbologia que tinham em eras passadas. Algumas peças do vestuário carregam uma simbologia própria. Vejamos alguns exemplos no quadro seguinte: Peça do Vestuário Simbologia Estar desprovido de camisa é sinal de extremo despojamento material; completa solidão moral e de ser relegado pela sociedade; já não existe Camisa protecção: nem a de um lugar material, grupo; nem a de um amor. Por sua vez, dar a própria camisa é símbolo de generosidade sem limites (Chevalier, Gheerbrant citado por Monteiro 2003: 5). É elemento mais antigo do traje do homem moderno. Tem uma ambivalência simbólica definida por dois verbos: o religar e o ligar. Mediante o significado do primeiro verbo (atar, ligar bem) o cinto tranquiliza, dá força e poder. Isto acontece quando se torna um emblema visível que proclama a força e os poderes do seu portador. São exemplos as faixas dos judocas com as suas Cinto diferentes cores e os cinturões dos soldados. Relativamente ao verbo ligar (que significa atar, prender) o cinto representa a submissão e a dependência. Em algumas culturas mais antigas, era costume as jovens exibirem os cintos da castidade com orgulho até que os noivos os desatassem. O cinto demonstrava a submissão da mulher perante o homem com quem se ia casar (Monteiro 2003: 5 e 6). 48 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador É símbolo de afirmação social, autoridade. Para o escravo no Brasil o sapato é um signo de liberdade, elemento da sua auto-afirmação como cidadão e ser social, uma vez que a escravidão não Sapato lhes dava o direito de se calçarem (Wissenbach citado por Nacif 2007: 39). Para o homem moderno, o calçado representa a liberdade. É o símbolo de um homem que é responsável pelos seus actos. Simboliza a emancipação masculina e independência, o poder e o dinheiro. “O homem que consegue comprar seus sapatos é um homem que não depende mais dos pais e da família” (Monteiro 2003: 6). A gravata surgiu como forma de distinção dos homens “dignos” dos homens sem formação. Introduziu no vestuário masculino o porte austero ligado a vida profissional onde características como a racionalidade e a sinceridade eram fortemente apreciadas. Segundo Balzac “ *A gravata+ nasceu para a vida Gravata pública, conquistou importância social; pois foi chamada a ressuscitar os matizes integralmente apagados do vestir, converteu-se no sinal pelo qual se distinguiria o homem digno deste nome do homem sem educação” (Balzac citado por Teófilo 2010: 30). Tabela 6: Significado de algumas peças do vestuário ©Produção gráfica pessoal Ao abordar a temática da indumentária e a sua simbologia é importante não descurar a cultura em que esta se insere. A simbologia que representa numa determinada cultura pode ser completamente diferente noutra. Essa diferença está bem saliente na obra de Umberto Eco (1989) “Psicologia do vestir” quando diz: Em Citânia: tem mini-saia – é uma rapariga leviana; Em Milão: tem mini-saia – é uma rapariga moderna; Em Paris: tem mini-saia – é uma rapariga; Em Hamburgo, no Eros: tem mini-saia – se calhar é um rapaz. (Eco citado por Ribeiro 2008: 16). 49 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador 2.4.5. Cor Foi demonstrado por diversos psicólogos que as pessoas reagem de diferentes maneiras quando são expostas às cores, podendo estas alterar a pressão arterial, o batimento cardíaco e a taxa de respiração. (…) os tons de azul e verde tem o poder de diminuir a pressão sanguínea, já o vermelho e outras cores intensas como ele, podem acelerar os batimentos cardíacos. O branco pode fazer uma pessoa ter a sensação de frio, o amarelo, energia, o cinza, pode transmitir a ideia de seriedade ou depressão (Jones citado por Aesse 2010:17). A cor é considerada o elemento mais significativo da indumentária. Sem ela o vestuário seria apenas uma segunda pele que aqueceria ou refrescaria o corpo, que o embelezasse ou enfeasse, não teria, portanto, qualquer outra mensagem ligada ao deslumbramento, às emoções, ao imprevisto, etc. Seria simplesmente um tecido sem comunicação visual. Patrícia Doria também salienta a importância da cor na indumentária, nomeadamente, a sua implicação sócio-cultural, e diz que “los distintos colores afectam la aparência superficial del vestido, logrando modificaciones en la percepción visual, creando limites físicos (cortes, avios, uniones, texturas) y límites semánticos, los cuales darán lugar a convenciones y normativas culturalles em los distintos grupos e individios” (Doria 2011: 1). Como podemos constatar, a cor e os tecidos podem fazer declarações eloquentes e comunicam sempre algo acerca das pessoas. Para além de aumentar o impacto visual, chamando a atenção, a cor da indumentária pode comunicar vários aspectos relativamente a uma pessoa, desde o seu estado de espírito até características ou simbolismos como arrojamento, originalidade, excentricidade conservadorismo, ingenuidade, etc. Por exemplo, um extrovertido eufórico, muito provavelmente, não se vestirá de fato escuro e gravata. Deste modo, através do uso das cores o indivíduo transmite uma mensagem, faz um apelo emocional para que as outras pessoas o percebam. 50 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Segundo Alison Lurie a cor do vestuário é como o tom de voz num discurso, uma vez que pode alterar o significado daquilo que é “dito” por outros aspectos do traje como tecidos, estilo, adornos, etc. Tal como as palavras “Você quer dançar comigo?” podem sussurrar como algo tímido ou extrovertido também o efeito de um vestido branco será muito diferente de um tecido e padrão escarlate (Lurie 2000: 188). A cor do vestuário também pode indicar o humor, no entanto, tal como qualquer outro meio, não é um guia infalível, uma vez que as convenções podem prescrever certas matizes. É o exemplo do empresário urbano que deve usar um fato azul-marinho, cinza escuro ou, em certas regiões, castanho ou bege podendo apenas expressar os seus sentimentos pela escolha da camisa ou da gravata, mesmo aqui as possibilidades são muito limitadas. Por outro lado, as convenções também alteram o significado das cores dependentemente da hora e do local em que são usadas. O vermelho usado no escritório não é o mesmo vermelho usado na discoteca (Lurie 2000: 188). De referir ainda que, aquele indivíduo cujas roupas não estão dentro do intervalo de cores reconhecidas para um determinada situação atrai a atenção e, normalmente (embora nem sempre), uma atenção desfavorável. Tal como nos diz Alison Lurie, para além do camaleão, o homem é único animal que pode mudar a sua pele para se adequar ao seu ambiente e se isso estiver a funcionar com sucesso então ele deve fazê-lo (Lurie 2000: 189). 2.4.6. Indumentária Formal e Informal “Es preferible pecar por exceso de formalidade, que por falta de ella” (Juan Alvarez in Portal de Relações Públicas) A roupa e o estilo que adoptamos assumem especial importância nos estágios iniciais das relações interpessoais. Este aspecto verifica-se quando ocorre um impacto 51 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador inicial positivo, onde os outros são estimulados a nos conhecerem melhor. O mesmo se verifica em situações de ordem pessoal e profissional. O estilo de roupa e o cuidado com a aparência são determinantes e podem fazer toda a diferença entre uma oportunidade de progredir ou uma rejeição imediata. Segundo os autores Forteberry, Maclean, Morris e O´Connell, o vestuário gera influência. E não são apenas os uniformes que o fazem. Num estudo realizado, um homem e uma mulher foram colocados num corredor onde qualquer pessoa que quisesse passar teria que se desviar deles. Num primeiro experimento o casal vestia roupas formais, enquanto que num segundo usava roupas desportivas. As atitudes dos passantes foram diferentes relativamente ao casal mediante o estilo de roupa adoptado. Verificou-se que, os indivíduos reagiram positivamente quando estava bem vestido e negativamente quando eles usaram uma indumentária desportiva (Forteberry; Maclean; Morris e O´Connell citados por Adler 2000: 124). Um outro estudo neste domínio demonstrou que estamos mais predispostos a imitar os comportamentos das pessoas mais bem vestidas, até mesmo no que respeita ao desrespeito das regras sociais. Constatou-se que 83% dos pedestres seguiram um indivíduo bem vestido que atravessava a rua com o sinal vermelho, enquanto que apenas 48% seguiram um outro indivíduo que usava roupas aparentemente de baixo status (Lefkowitz; Blake; Mouton citado por Adler 2000: 124). As pessoas que se vestem com um elevado grau de formalidade e que, por sua vez, demonstram um status mais alto são, assim, mais persuasivas do que aquelas que optam por uma indumentária informal. Por outro lado, a formalidade do vestuário dá indicações claras acerca da classe social do indivíduo e do cargo que ele pode eventualmente ocupar na sociedade. O facto de as pessoas estarem bem vestidas é um diferencial, conferindo-lhes poder e sofisticação. O desleixe na indumentária pode interferir, e até mesmo, prejudicar o profissional. Por exemplo, um advogado vestido inadequadamente pode ter perdido metade da causa (Schemes et al. 2009: 21). Assim sendo, é essencial que as pessoas tenham consciência de que o vestuário que usam é um texto e que este terá significados para o interlocutor. No entanto, para que o indivíduo se vista adequadamente para cada acto ele tem de possuir uma visão clara 52 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador acerca do grau de formalidade da indumentária, do que é considerado formal e informal, mediante os cânones da sociedade à qual pertence. Neste sentido, e com o intuito de garantir uma clara explicitação das variáveis independentes, tentaremos de seguida esclarecer cada um destes conceitos, abarcando tanto o universo masculino como feminino. 2.4.6.1. Indumentária Formal Indumentária Masculina O terno escuro (azul marinho ou cinzento) é tido como referência no que respeita ao grau de formalidade dos homens. Na visão de Kalil (2000) o terno assume uma grande importância no meio social, e isso advém da boa aceitação do mesmo ao longo dos séculos (Kalil citado por Schemes et al. 2009: 17). Esta peça da indumentária apresenta características remotas, o que se tem alterado são os tecidos e os detalhes, porém, a sua estrutura, formas de utilização e cores quase não sofreram alterações “para dar um quê de cultura, erudição ou inteligência” (Lurie citado por Schemes et al. 2009: 17), portanto, para, de certa forma, manter os significados que nele estão impregnados. Na reflexão de Richard James, alfaiate inglês de Savile Row, o homem exprime-se pelo terno que traz vestido. Salienta que, para além de possuir uma grande versatilidade é portador de anonimato e confere ao portador uma grande visibilidade, transmitindo respeitabilidade, seriedade e profissionalismo (James citado por Simão e Mesquita 2010: 361). O terno continua, assim, a ser regra em todos os locais de trabalho considerados formais, bem como para os cargos mais importantes Como explica Barros: “como se trata de uma roupa mais ou menos padronizada é preciso também se esmerar nos detalhes. Eles fazem a diferença entre o homem realmente bem-vestido e o que está apenas de terno” (Barros citado por Schemes et al. 2009: 17). 53 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador - FORMALIDADE 1. Desportivo • 2.Blazer • 3. Blazer bege • 4. Casaco tweed (lã de cordeiro da escócia) • 5. Blazer azul marinho • 6. Terno cinza claro ou azul • 7. Terno cinza escuro, com ou sem riscas finas • 8. Terno azul marinho muito escuro • 9. Terno azul marinho escuro cruzado • 10.Terno azul marinho escuro com listras finas + FORMALIDADE Ilustração 4: Vestuário do homem segundo o seu grau de formalidade Fonte: Adaptado de Beatriz de Suabia, p.40. © Produção gráfica pessoal A camisa dá um toque de distinção e formalidade ao vestuário do homem. A considerada de excelência é a branca, para além de ser a mais elegante é, segundo especialistas em imagem, aquela que demonstra mais profissionalismo e seriedade (Vile, p.3). Segundo Juan Alvarez o grau de formalidade da camisa não depende apenas da cor mas também de outros componentes como por exemplo a gola e os punhos10. O uso da gravata comunica sobriedade e é indispensável em qualquer indumentária que exija um elevado grau de formalidade. O indicado é que as gravatas 10 In http://www.rrppnet.com.ar/comportamientosocial.htm 54 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador sejam usadas sem desenhos, se usem com camisas lisas e vice-versa. No que respeita à cor, esta deve estar em harmonia com o terno e a camisa. “Para camisas a rayas o estampadas se impone la corbata lisa. De manera inversa, una camisa lisa habilita el uso de corbatas a rayas o estampadas”11. Normalmente os homens sentem-se seguros ao ousar na cor da gravata, no entanto eles não podem fugir dos padrões sugeridos pela sociedade, tendo sempre em linha de conta que as cores significam e influenciam as atitudes, tanto do emissor como do receptor. Como aborda Barros (1997): Gravatas de cores muito vivas, por exemplo, podem dar um tom mais ousado a alguém que esteja usando um terno clássico. Com um blazer também de cor mais forte, o conjunto fica ainda mais chamativo, e isso deve ocorrer apenas de forma intencional e equilibrada. Uma camisa de cor azul ou cinza, por exemplo, pode abafar um pouco a força da gravata. Já camisas brancas dão maior destaque a uma gravata colorida – por isso, em geral, é preferível usar, com essas camisas, gravatas mais claras, como em tons ou desenhos bege, ou ainda as do tipo clássico, como as de cor azul-marinho e gravatas regimentais (Barros citado por Schemes; Araújo e Andrade 2009: 19). Relativamente ao calçado, numa indumentária formal, impõem-se os sapatos pretos de cordões, sendo imprescindíveis para um traje preto, azul ou cinzento12. Indumentária Feminina Ao contrário do que se verifica no caso do homem, não existem normas rígidas que traçam a indumentária formal feminina. A mulher tem que ser capaz de adoptar um estilo próprio que comunique uma imagem elegante e feminina. Segundo a Professora Karina Vile o vestuário mais elegido é o terno saia e casaco. Na percepção de Temple e Lowen as mulheres que vestem blazers são consideradas mais poderosas do que aquelas que optam apenas por um vestido ou saia e blusa (Temple e Lowen 11 12 In http://www.rrppnet.com.ar/comportamientosocial.htm In http://www.rrppnet.com.ar/comportamientosocial.htm 55 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador citados por Adlen e Rodman 2000: 124). A saia requer-se curta e pela altura do joelho (Vile, p.3). É também usual o terno combinado com calça, embora este não seja considerado tão formal como o anterior. É de notar que, o poder e a mensagem de formalidade contínua, característicos do terno masculino, apropriaram-se também à indumentária feminina com o intuito de conferir à mulher uma maior credibilidade e competência profissional. As camisas devem ser similares às dos homens mas completamente fechadas e sem transparências. (Suabia, págs. 109 e 110). Usar roupas com corte masculino pode dar à mulher uma sensação confiante de poder. Atraída por ternos e calças, não só pelo conforto, mas por seu simbolismo fálico velado, a mulher que usa calça comprida e ombreira ao mesmo tempo se sente e parece mais forte. E não é mistério o motivo pelo qual iríamos desejar investir nas qualidades masculinas, uma vez que, historicamente, os homens têm alcançado uma série de oportunidades e privilégios negados às mulheres. Usar roupa de homem é uma maneira simbólica de herdar essa posição privilegiada (Fisher-Mirkin citado por Aquino 2011:11). O vestido também pode ser considerado “um básico” na indumentária formal se for preto e com linhas simples. Os acessórios, por sua vez, é que lhe darão um toque mais formal ou casual13. Os sapatos, a carteira e o cinto devem estar em harmonia com a restante indumentária, não apenas em cor mas também em tamanho e estilo. Relativamente aos sapatos, os de tacão fomentam o grau de formalidade. Este deve ser de altura média de modo a transmitir altura e equilíbrio, e por sua vez, favorecer a postura da mulher. Por fim, as meias clássicas também são um complemento importante na indumentária da mulher, potenciando o atractivo feminino. 13 In http://www.rrppnet.com.ar/comportamientosocial.htm 56 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador 2.4.6.2. Indumentária Informal O vestuário informal é aquele que serve para usar no dia-a-dia e para trabalhar, dependendo, obviamente, do cargo e do tipo de trabalho. Este tipo de indumentária abarca uma grande variedade de estilos de roupa. A roupa casual para ir de férias é diferente daquela que, por exemplo, vestimos para ir para o trabalho. Na visão de Alison Lurie, “la ropa informal, como el habla informal, suele ser holgada, desenfadada y con mucho colorido. Con frecuencia contiene lo que se podría llamar “palabras de argot”: pantalones vaqueros, zapatillas de tela, gorros de beísbol, delantales, batas de algodón floreadas y otras por el estilo” (Lurie 2000: 26). Considera-se indumentária casual, no caso masculino, a ausência de gravata, o uso de casacos, jeans, calças de veludo, camisas de algodão aos quadrados, às riscas, de diversas cores, pólos, calçado do género mocassim, roupa e calçado desportivo, etc.. No que respeita às camisas, Suabia acrescenta que listras finas reduzem o grau de formalidade, bem como os quadrados. Quanto maiores menos formais são (Suabia, 102). Relativamente à realidade feminina, é tida como informal toda a roupa desportiva, nas suas diferentes combinações, o calçado plano, sacos grandes bem como o excesso de adornos e complementos. Segundo Suabia, o uso de calças de ganga é visto como o nível máximo de informalidade (idem, p.82). Há diversas cores e formas que potenciam a imagem de formalidade ou informalidade no indivíduo, influenciando-o não só a ele mas também a todos aqueles que o rodeiam. Vejamos na seguinte tabela alguns exemplos: Imagem Formal Formas Cores - Caimento estruturado: mais recto e mais rígido (ex. vestido de tecido encorpado). - Tecidos lisos: são geralmente considerados mais sérios e mais formais do que os estampados; - Escuras e fechadas (preto, marinho, castanho, verde musgo) - Foscas, tons bem discretos. 57 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador - Tecidos e materiais de tramas fechadas com/sem textura: gabardines, couro lustroso, liso, etc. Imagem Casual - Caimento desestruturado: peças esvoaçantes, flexíveis (ex. vestido vaporoso). - Tecidos estampados: estampas casuais, de destacar as que possuem formas arredondadas, florais, xadrezes e multicoloridas. - Tecidos e materiais de tramas abertas/e ou com texturas: jeans, tricôs (quanto mais aberto for o ponto mais casual), linho, malha, borracha, etc. - Claras como azul e rosa bebé, bege. - Vivas, puras e fortes como o laranja, vermelho, azul turquesa, rosa choque e amarelo. Tabela 7: Cores e formas que projectam uma imagem de formalidade e casualidade. Fonte: Adaptado de Ana Vaz (2010) © Produção gráfica pessoal É de notar que, a indumentária formal se rege por estilos mais rigorosos de etiqueta e seriedade. Os tecidos são essencialmente lisos e as cores maioritariamente escuras e sóbrias, conferindo ao indivíduo maior elegância e autoridade. A informalidade está presente em roupas desalinhadas com estampados e muita cor. Em ambientes profissionais, o uso de uma indumentária formal ou casual faz toda a diferença, pois o colaborador leva a identidade da sua empresa com a sua imagem. É devido a este facto que, cada vez mais, as organizações se preocupam com a imagem dos seus colaboradores, estabelecendo padrões de vestuário obrigatórios no ambiente laboral. Ilsa Lemos traça a diferença entre uma indumentária formal e informal no plano profissional quando refere que “uma vestimenta informal, no ambiente profissional, comunica um superior amigável, entusiasta e flexível, enquanto a formal enseja um superior preparado, competente e organizado” (Lemos 2006: 4). No entanto, e apesar da formalidade estar condicionada pelo cumprimento de certas convenções sociais e estéticas, na realidade nem tudo pode ser classificado simplesmente em formal ou informal. Há certas nuances que convém ter em atenção. A nível profissional existem certas profissões onde a formalidade da indumentária não é possível. Em relação aos pacientes, nomeadamente de saúde e higiene, os médicos 58 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador são obrigados ao uso de uma indumentária específica como batas, luvas, etc. Neste sentido, é importante ter em consideração que há variantes no campo profissional que, por vezes, podem jogar de forma contrária à formalidade, e que, por si só, não podem definir a personalidade do profissional. Outra realidade que importa salientar é a multiplicidade e variedade de estilos que compõem a indumentária feminina, mesmo a considerada formal no ambiente de trabalho. Não existe um vestuário chamado de “ padrão” que não diga nada a respeito da mulher que o traz, todos eles comunicam. Ao contrário dos homens, que adoptam um estilo que não chama a atenção, as mulheres, independentemente do penteado, das roupas e acessórios que usam, não conseguem passar despercebidas, comunicando, muitas das vezes, informações ambíguas ou falsas, acerca das mesmas. Como demonstra Deborah Tannen, As mulheres têm que escolher entre sapatos confortáveis e sapatos considerados atraentes. Se as roupas de uma mulher são justas e reveladoras (em outras palavras, sensuais), elas enviam uma mensagem – a intenção de mostrar-se atraente; mas também enviam uma outra mensagem, possivelmente, nãointencional de disponibilidade. Entretanto, se as roupas não forem sensuais, elas também trazem consigo, calcada no senso comum de que essa mulher se poderia ter vestido de maneira mais atraente (Tannen citada por Adlen e Rodman 2000: 125). O mesmo se verifica relativamente ao corte de cabelo. Se, de entre a enorme variedade de penteados existentes, a mulher não possuir um estilo determinado isso pode declarar que ela não se preocupa com a sua aparência, uma mensagem que pode desqualificar a mulher para muitas posições na carreira profissional (idem 2000: 125). Embora os homens também tenham que fazer escolhas para se vestirem formalmente, a verdade é que os parâmetros dentro dos quais têm que escolher são muito mais limitados do que o leque de cores e estilos dentro dos quais a mulher deve optar. Em contrapartida, eles possuem menos liberdade do que as mulheres para expressarem as suas personalidades mediante os tecidos, cores, estilos, etc., mas, como refere Tannen, “(…) uma liberdade que eles têm e as mulheres não (…) é a 59 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador liberdade de passarem despercebidos, sem carregar rótulos por intermédio das roupas que usam (…).” (Idem 2000: 125). A indumentária possui significados, e estes por si só, são alusivos, ambíguos, inconscientes e variáveis, pois dependem de inúmeras características como a identidade e o estado emocional de quem as leva e de quem observa. Como diz Blau, “(…) es vestido habla pero no mantiene una conversación; además es difícil señalar qué y cómo habla (…) ” (Blau citado por Almendros 2006: 29). 2.5. Credibilidade do Comunicador “Não ter credibilidade significa sempre sofrer perdas” (Neves 200: 14) A credibilidade do comunicador é considerada um factor determinante da maior ou menor eficácia comunicativa. Na sua ausência, um emissor dificilmente conseguirá obter a atenção que deseja por parte dos seus interlocutores. Definir credibilidade não é uma tarefa fácil e nem sempre nos podemos referir à credibilidade como um constructo único e directo. Como explica Perloff, “(…) trata-se de um constructo psicológico ou interpessoal ao nível da comunicação, que parte tanto das características do comunicador como das percepções da audiência sobre este” (Perloff citado por Ribeiro 2006: 9). A título de exemplo, temos as figuras de autoridade que tendem a ser vistas como fontes credíveis, contudo isso nem sempre acontece devido a factores como o contexto, o comportamento anterior, bem como a percepção de incongruências relativamente às mesmas. A credibilidade rege-se por uma relação bipolar e dinâmica, onde por um lado, temos o emissor da mensagem, e por outro, o receptor dessa mesma informação. Para uma melhor compreensão do conceito vejamos o significado dos termos “credível” e “credibilidade”. Segundo alguns dicionários contemporâneos, verificamos mediante a tabela que uma das três palavras: acreditar, credível e crença, 60 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador são usadas na maioria das definições. Neste sentido, a credibilidade refere-se à veracidade da fonte nas ocasiões em que as suas comunicações podem ser verificadas pela exactidão. Conceito Definições Referência Merecedor de confiança; levado a sério; The Longman Dictionary of Contemporany English (Longman 1990: 241) 1. Credível; digno de crença ou aceitação; 2. Propenso, disposto, inclinado a acreditar; The new shorter Oxford English Dictionary (Brown 1993: 545). 1. (uma pessoa ou uma declaração) credível ou digna de fé; 2. Convincente; The Oxford Dictionary and Thesaurus (Tulloch, 1995:337). Capaz de ser acreditado; merecedor de ser credível; Webster’s New Encyclopedic Dictionary (Webster’s 1993:236). 1. The Random House Dictionary of the English Language (Berg Flexner 198: 473). Credível 2. Capaz de ser acreditado, credível. Digno de fé, confiança; A qualidade de merecedor de fé e confiança; ser credível. The Longman Dictionary of Contemporany English (Longman 1990: 241). A qualidade de ser credível; boa reputação. The new shorter Oxford English Dictionary (Brown 1993:545). 1. A condição de ser credível ou convincente. 2. Reputação; status. The Oxford Dictionary and Thesaurus (Tulloch 1995:337). Credibilidade Tabela 8: Definições dos conceitos “Credível” e “Credibilidade”. Fonte: Adaptado de Pettersson (1998: 62). © Produção gráfica pessoal De acordo com Armand Balsebre, a credibilidade é definida como a confiança que um deposita no outro, a partir da qual se procede a um acto de fé: crê-se naquilo que o emissor diz, na sua palavra (Balsebre citado por Losada 2007: 3). 61 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Schtrumpf, numa recente enciclopédia de retórica, segue na mesma direcção e refere que a credibilidade é a “impressão de fiabilidade que um orador, ou os argumentos que ele ou ela usa, deixa no auditório” (Schtrumpf citado por Serra e Ferreira 2008: 155 e 156). Diversos estudos demonstraram que a credibilidade do comunicador é um factor importante na persuasão e, por sua vez, na mudança de atitudes por parte do interlocutor. Um estudo realizado por Hovland, com a colaboração de Janis e Kelly, ratifica que uma fonte com maior credibilidade é mais persuasiva do que uma fonte “neutra” ou com baixa credibilidade (Berrogal, p.61). Num outro estudo, o mesmo autor, juntamente com Walter Weiss, demonstrou que a credibilidade do comunicador influencia a eficácia da comunicação. Quatro tópicos diferentes – drogas, submarinos atómicos, escassez do aço e o futuro das salas de cinema – foram abordados por oito comunicadores diferentes. Para cada tema foram preparadas duas versões alternativas: uma com o lado afirmativo da questão e outra com o lado negativo. As fontes consistiam em escritores individuais ou de periódicos, alguns eram fictícios, mas plausíveis, enquanto que outros eram reais. Para cada versão foi ainda usada uma fonte credível e outra não-credível. A comunicação consistia num livreto que continha um artigo para cada um dos quatro temas com o nome da fonte no final. Segundo os resultados obtidos, tanto a aquisição de informação como a retenção da mesma não são afectadas pela credibilidade da fonte, mas as mudanças de opinião são significativas, dependendo de ser uma fonte de alta ou baixa credibilidade; constatouse uma rejeição por parte dos sujeitos quando a fonte em questão era tida como não confiável. (Hovland e Weiss, págs. 647 e 648). A credibilidade é, assim, condição sine qua non para obter êxito na transmissão de uma determinada mensagem. Hovland e os seus colegas fazem assentar a credibilidade do comunicador em duas componentes fundamentais: a competência e fiabilidade. No que respeita aos atributos do emissor que podem indicar a competência temos nomeadamente a idade, a posição de liderança e a similaridade do auditório. Relativamente à fiabilidade os autores tendem a considerar que quando um comunicador tem intenção prévia de persuadir o receptor é porque tem algum benefício e que, por isso, não merece, assim, (tanta) credibilidade. 62 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Este aspecto verifica-se, por exemplo, em profissões como publicitários, vendedores, etc., mas não em outras como é o caso dos jornalistas, que por isso mesmo, são considerados mais credíveis. Na generalidade somos mais facilmente persuadidos por aqueles que não têm (ou pensamos que não têm) intenção de nos persuadir (Hovland citado por Serra e Ferreira 2008: 156). O dinamismo enquanto factor de credibilidade foi identificado por Berlo, Lemert e Mertz (1969). Os autores afirmam que um comunicador que possua uma elevada taxa de dinamismo será descrito pela audiência como forte, enfático, franco, contundente, activo, enérgico, vigoroso, enquanto que um comunicador que careça deste factor será descrito como dócil, lento, mole e vacilante (Berlo, Lemert e Mertz citados por Berrogal, p.62). Jorge Peña (2000), tal como Hovland e os seus colaborados, considera a competência um dos factores da credibilidade da fonte mas acrescenta-lhe outro - a sinceridade. Na sua opinião, a competência inclui a confiança na experiência da fonte, ou seja, se esta é qualificada ou não, se sabe ou não o que é correcto14. Um estudo realizdo por Bochner e Insko (1966) demonstrou que, por exemplo, uma mesma mensagem, relativa à quantidade de horas de sono que uma pessoa necessitava diariamente, era mais efectiva quando era transmitida por um eminente fisiólogo premiado com o Prémio Nobel do que quando provinha do Director de uma associação juvenil (Moya, p.159). É devido a este facto que na publicidade nos deparamos com especialistas em saúde a recomendar determinados medicamentos e donas de casa a anunciar produtos para o lar; supõe-se, portanto, que ambas as fontes sabem daquilo que estão a falar. A competência perceptiva da fonte depende de inúmeras características, tais como (O´Kofee, 1990): Educação, ocupação e experiência da fonte, tal como o médico que fala de problemas de saúde e a dona de casa de produtos para o lar. É a habilidade e o domínio do comunicador em relação ao tópico que vai 14 In http://catarina.udlap.mx/u_dl_a/tales/documentos/lco/garcia_m_m/capitulo1.pdf 63 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador levar o receptor da mensagem a vê-lo como uma autoridade no assunto em questão. Ailes e Kraushar (1988) também acreditam que o conhecimento sobre o assunto é fundamental e ressaltam que os membros de uma audiência devem sentir que o emissor da mensagem sabe mais do que eles (Ailes e Kraushar citados por Prud’Home 2004: 45). O mesmo é dizer que, depois de reconhecida a experiência da fonte, os membros da audiência provavelmente serão mais receptivos e levarão a sério os seus conselhos e opiniões. Clareza na transmissão da mensagem. Há medida que na mensagem verbal aumenta o número de repetições, pausas, dificuldades de articulação, entre outros indícios de falta de fluidez, diminui a competência com que a fonte é percebida (Moya, p.159). Assim, é essencial que o comunicador se prepare bem para fazer o seu discurso. Um discurso que é bem pesquisado, organizado e apresentado irá aumentar consideravelmente a percepção de competência por parte dos receptores da mensagem. Citação de outras fontes que possuem algum grau de autoridade e prestígio pode incrementar a competência do emissor. É a credibilidade das evidências da fonte, nomeadamente das fontes que cita, dos exemplos escolhidos, do modo de apresentação de dados estatísticos e da qualidade de recursos visuais que vai incrementar a sua competência. No entanto, tal como refere McCroskey (1969), este efeito pode não ser muito grande e, muitas das vezes, limita-se apenas a fontes que inicialmente tenham uma baixa credibilidade (McCroskey citado por Moya, p.159). Posição defendida pelo emissor. Quando a mensagem transmitida pela fonte supera as expectativas que o emissor tem sobre o receptor, a competência com que o emissor é percebido aumenta, e em consequência, a sua credibilidade (Moya, p.159). O exemplo mais claro é quando o comunicador fala contra os seus próprios interesses, quando 64 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador é visto como uma fonte desinteressada, que expressa uma opinião que não é motivada por interesses pessoais. Segundo Walster (1996) uma fonte que fala contra os seus interesses ou os da organização é mais credível (Walster citado por Prud’Home 2004: 48). Contudo, apesar de uma fonte parecer suficientemente experiente e perita no assunto, ela tem de parecer também suficientemente sincera e honrada. A sinceridade é equivalente a características como ausência de lucro, falta de intenção claramente persuasiva e percepção de honestidade relativamente às declarações do comunicador15. Quando uma fonte é honesta, ela estabelece, mantém e reforça a sua credibilidade. Independentemente das visões de cada autor, na generalidade todos eles definem a credibilidade de uma forma idêntica. O termo confiança, ora implícita ora explicitamente, é a palavra-chave das suas afirmações. Ela é muito importante para a credibilidade, não só para consegui-la, mas também para mantê-la. Segundo Simmel G. (1990) e, em certa medida, Luhmann, N. (1979) “la confianza funciona principalmente como un atajo, como una heurística mental en el sentido de la racionalidad limitada, que le permite al indivíduo hacer frente a la incertidumbre suspendiendo su incredulidad y realizando un “acto de fe” en el outro” (Luhmann e Simmel citados por Rosas 2011: 1084). Neste sentido, podemos depreender que a credibilidade é considerada como o maior ou menor crédito e confiabilidade que o comunicador projecta para os seus interlocutores. Assim, a credibilidade é um processo que se constrói progressivamente, não sendo possível a sua criação. É algo que comunicador tem que conquistar, nunca é um dado estabelecido à priori. 15 In tp://catarina.udlap.mx/u_dl_a/tales/documentos/lco/garcia_m_m/capitulo1.pdf 65 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador 2.5.1. A Construção da Credibilidade Tendo em conta que a credibilidade é um constructo, antes de se instalar definitivamente, ela interage com outros factores que compartilham a sua construção. Neste sentido, e com o intuito de explicar como ocorre o processo de construção da credibilidade, iremos basear-nos na concepção apresentada por Jaime Morera, sugerida inicialmente pela Escola de Palo Alto. Segundo o autor, o acto comunicativo, que ele denomina de “nova comunicação” ocorre em dois níveis: o nível 1 e o nível 2. Nível 1 Nível 2 Tipo de vestuário Movimentos do corpo Palavras Olhares Voz/ Entoação Tipologia do corpo Gestos claramente significativos Tipologia da Cara Odores Manifestações sem uma deliberada carga significativa/codificada Manifestações com uma deliberada carga significativa (signos de um código) Ilustração 5: O nível 1 e o nível 2 da comunicação Fonte: Adaptado de Morera (2004: 8) ©Produção gráfica pessoal O nível 1, constituído por inúmeras manifestações não-verbais, tem-se tornado cada vez mais significativo. O vestir-se de uma determinada maneira, o odor a um perfume concreto, o penteado, entre outros aspectos deste nível 1 da comunicação, estão carregados de significado, obrigando o receptor a interpretar aquilo que vê (Morera 2004: 8 e 9). 66 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Segundo Morera, são as manifestações do nível 1 que geram a credibilidade necessária como emissor de uma mensagem. Elas actuam como uma pré-comunicação que vai predispor ou não a crer naquilo que se está a escutar. “La “credibilidade” es una categoria del emissor, no del mensaje transmitido. Esta se muestra, como es lógico, en el ya analizado nível 1 de comunicación (pré-comunicación” o “metacomunicación”)” (Morera 2004: 8). Neste sentido, Petty e Caccioppo (1984) explicam que quando os efeitos pessoais e os efeitos da mensagem são moderados ou pouco sedutores, as pessoas não estão certas se vale ou não a pena pensar naquilo que estão a ouvir. “Nestas circunstâncias, as características da fonte da mensagem podem ajudar uma pessoa a decidir se vale ou não a pena considerar a mensagem” (Petty e Caccioppo citado por Serra, p.11). Yerena possui uma visão idêntica à dos autores citados anteriormente e, a título de exemplo, salienta que características como a aparência física e a personalidade são determinantes no processo de construção de credibilidade do comunicador. Como refere a autora: “ (…) el público ve, observa y emite ciertos juicios del comunicador por la forma en que está estido, peinado, etcétera. Si en su aparência la gente lo aprueba, seguramente le dará credibilidade. En caso contrario, la imagen o personalidade del comunicador, percebida antes del discurso, servirá para emitir juicios negativos y quitará deseos de oir el discurso” (Yerena 2005: 148). De facto, o atractivo físico da fonte pode incrementar a credibilidade do comunicador. Para além de condicionar a atenção, percepção e retenção do receptor pode também incentivar mecanismos de identificação com ela, o que por si só melhora a credibilidade do emissor, e em consequência a sua eficácia persuasiva. Foi demonstrado que as pessoas associam o atractivo físico da fonte a outras características positivas como, por exemplo, honestidade, sinceridade ou credibilidade (Maté et al, p.14). Ou seja, são as características do comunicador que vão determinar se ele é, ou não, digno de ser escutado pelo receptor. A credibilidade não é, assim, um juízo acerca da mensagem ou do seu conteúdo mas sim uma atribuição que se faz ao emissor da mesma. Como refere o professor Edison Bello “un contenido qualquiera 67 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador encontrará mayor disposición a ser creído o aceptado conforme la instancia que lo transmite es percibida como creíble por los receptores” (Bello 2007: 20). Como principais manifestações que produzem a credibilidade do emissor temos (Morera 2004: 8): Expressão do rosto. O nosso rosto é uma potencial fonte de emoções e atitudes. Existem inúmeros indícios não-verbais que estão associados à comunicação enganosa, nomeadamente sinais de ansiedade, reticência e stress. Assim, é fundamental que cada comunicador tenha em atenção a sua linguagem corporal e adopte movimentos que reflictam a exactidão das suas palavras. A título de exemplo, temos o contacto visual que o emissor estabelece com o receptor. Este deve ser longo e contínuo. Ambiente físico. As condições em que decorre a comunicação comprometem a percepção de credibilidade por parte dos receptores. São de evitar acima de tudo ruídos na transmissão da mensagem. Tom de voz. Na visão de Myers e Lamarche (1992) uma fonte que fala rápido, com uma intensidade e tom alto é mais credível. Um tom de voz elevado demonstra a experiência do comunicador, a sua autenticidade, a sua sinceridade, confiança e conforto (Myers e Lamarche citados por Prud’Home 2004, 65). Para além do tom e intensidade da voz, também outros aspectos vocálicos são importantes na percepção de credibilidade. São exemplos a dicção e o ritmo. Um estudo relatado por Prescott (200) mostra que as pessoas que pronunciam mal são percebidas como menos convincentes e menos informadas (…) do que as pessoas que possuem uma boa dicção (Prescott citado por Prud’Home 2004: 63). Uma voz monótona dá aos ouvintes a impressão de uma voz indiferente e distante. Esta percepção, por si só, tornase menos confiável pelo público. Deste modo, o comunicador que demonstra carência de energia corre o risco de enfraquecer a sua credibilidade. Falar com convicção, autoridade e entusiasmo é muito importante, uma vez que incrementa a percepção de verdade e credibilidade. 68 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Naturalidade (sinceridade). Na visão de Smith uma fonte honesta significa que a fonte está pronta para fornecer informações completas e precisas para trabalhar com imparcialidade; além de ser confiável (Smith citado por Prud’Home 2004: 47). Portanto, é impossível ser um emissor credível quando a sua sinceridade é posta em causa pelos receptores. A honestidade, sinceridade, integridade e imparcialidade são requisitos obrigatórios para a obter e manter a credibilidade. Ausência de tensões. Na percepção de Prescott, as fontes que perdem a calma, ou estão demasiado nervosas tendem a ser menos credíveis (Prescott citado por Prud’Home 2004: 68). Neste sentido, o emissor da mensagem deve permanecer sempre calmo e relaxado. Para tal o comunicador deve preparar a sua apresentação cuidadosamente e antecipar possíveis objecções. A utilização do sentido de humor pode ser um recurso para ajudar a reduzir o nervosismo. Desejo de não impor ou oprimir ao receptor. Esta característica está fortemente relacionada com a anterior. O emissor deve permanecer paciente e evitar estabelecer “um jogo agressivo” com o receptor, uma vez que tal atitude pode ser devastadora para a sua credibilidade. Empatia. A empatia é a percepção que a audiência tem de factores como: simpatia, gentileza e afabilidade. Segundo Howard, o público está mais inclinado a ouvir uma pessoa gentil e amigável (Howard citado por Prud’Home 2004, 54). Por outro lado, os estudos de Chaiken (1980) e Petty et al. (1981) constataram que o público gasta muito pouco tempo a pensar sobre os argumentos, sendo, simplesmente, mais influenciado pela sua simpatia para com a fonte (Chaiken e Petty et al. citados por Prud’Home 2004: 53). As fontes que são percepcionadas como simpáticas e amigáveis tornam-se mais credíveis. Interesse real naquilo que se está a transmitir. Aqui está em causa o carácter do emissor, como a sua honestidade e imparcialidade (características já referidas anteriormente). O comunicador deve estabelecer e manter um diálogo aberto, autêntico e sincero com os membros da plateia de modo a criar 69 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador um clima de confiança. Convém sempre estar consciente de que a confiança e a credibilidade estão intimamente ligados. Preocupação com a compreensão da mensagem por parte do receptor. Tal como o emissor se esforça para transmitir eficazmente a sua mensagem, também o receptor se deve apresentar como alguém capaz de a aceitar. Quando o receptor demonstra desinteresse pelo tema, não estabelece contacto visual, deseja acelerar o processo de transmissão, desvirtua, mal interpreta a mensagem, ou então, em vez de escutar prepara a sua futura intervenção, podemos dizer que esse receptor não está preocupado com a eficácia do fenómeno comunicativo. Pedir opiniões (retroalimentação comunicativa). A adopção de uma comunicação bidireccional e simétrica actua como um factor de credibilidade na medida em que respeita o público e as suas opiniões e cria um clima de compreensão e confiança mútuo. Uso de signos (palavras, gestos, etc.) que o receptor entenda. Os sinais nãoverbais do comunicador, para além de contribuírem para uma transmissão clara e objectiva da mensagem, também irão mostrar, muito melhor do que as palavras, aquilo em que o emissor acredita. A linguagem corporal da fonte irá comunicar, por exemplo, se a sua voz é sincera e animada, se os seus gestos reflectem o entusiasmo, se a sua expressão facial demonstra a sua preocupação com a audiência, etc. Predisposição em converter-se, por sua vez, em receptor. Esta característica do emissor está directamente relacionada com uma outra referida anteriormente – a empatia - uma vez que o comunicador empático é aquele que é capaz de identificar e experimentar os sentimentos, pensamentos e atitudes do seu público. Não dar a sensação de indisponível. A disponibilidade, enquanto característica do emissor, envolve, além de estar presente e ouvir, fornecer informação e atenção ao seu público. A fonte deve proporcionar uma sensação de contacto e 70 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador relacionamento com as pessoas a quem se dirige, ou seja, deve permanecer informada e acessível. Sugestão da mensagem como alterável para o receptor (mudar de opinião segundo das respostas). O emissor deve procurar sempre promover a compreensão mútua, a mudança de atitudes e opiniões com base numa recepção activa. A comunicação do receptor ocorre na forma de feedback e é desse retorno comunicativo que a fonte precisa, a fim de avaliar o impacto das suas comunicações e ajustar as suas mensagens. Deste modo, vai ganhando a credibilidade do público. Para que a mensagem seja operacional é necessário a emergência de uma fonte interpretada como capaz de ser escutada. É comum ouvir-se, se as pessoas não crêem no mensageiro tão pouco vão crer na mensagem. A eficácia da transmissão da mensagem é assim directamente proporcional ao grau de credibilidade transmitido pelo comunicador. Como diz Paulo Serra, “é a credibilidade do orador que torna o seu discurso credível mas, por outro lado, é o discurso credível que revela a credibilidade do orador” (Serra 2010: 8). Desta forma, um argumento do emissor é tanto mais forte ou convincente quanto mais facilmente podemos deduzir, através dele, a credibilidade ou carácter do orador; o argumento actua como “um signo – indiciário – do carácter do orador” (Garver citado por Serra, p.12). No entanto, se por um lado, o comunicador deve adoptar certas “formas” para transmitir a sua credibilidade, por outro o receptor deve apresentar-se como alguém capaz de aceitar a mensagem do emissor. Como explica Morera, a credibilidade do emissor deve estar correspondida com a credibilidade do receptor, este último deve manifestar que a mensagem é aceite e que procura uma descodificação justa e positiva. (Morera 2004: 9). Também já há muito evidenciado pela retórica clássica, “a credibilidade é, em todos os casos, uma construção que vai sendo feita pela acção conjugada do orador/emissor e do ouvinte/receptor” (Serra 2010: 11). 71 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador 2.5.1.1. Processo de Credibilização – Leis Fundamentais Segundo Francisco Serra o processo de credibilização obedece pelo menos a quatro leis fundamentais. São elas: 1) Lei da progressão geométrica – refere que em cada episódio de credibilização a credibilidade de A não só aumenta como aumenta cada vez mais; 2) Lei da indução – Não basta um número infinito de episódios de credibilização para que A atinja o topo da sua credibilidade, no entanto um único caso de quebra de credibilidade é suficiente para eliminar a sua credibilidade por completo; 3) Lei da associação – a credibilidade de A aumenta quando este é associado por B a uma entidade C, a quem reconhecida credibilidade; 4) Lei da transferência – Se A se demonstrou como credível num determinado contexto demonstrar-se-á também credível num contexto diferente; (Serra 2010: 3). 2.5.2. Factores Não-verbais de Credibilidade Como podemos verificar na concepção da Escola de Palo Alto, existem inúmeras as manifestações não-verbais responsáveis pela construção da credibilidade do comunicador. Segundo Morera, “la credibilidade del emisor se halla precisamente en el área del “comportamento” (Morera 2004: 7), sendo assim a conduta da fonte que vai determinar a sua credibilidade. Existem certos comportamentos não-verbais que podem gerar uma atribuição de competência, confiança, dinamismo, seriedade, enquanto que outros podem gerar efeitos negativos e, em consequência, afectar de alguma maneira a credibilidade do comunicador. A título de exemplo temos as manifestações não-verbais que estão sistematicamente associadas à comunicação enganosa, portanto, à mentira. De acordo com Ekman (1989), as expressões faciais, os movimentos do corpo, as pausas, a evitação do olhar, os tropeços, os maneirismos e a conduta verbal (acelerar os movimentos das mãos enquanto se eleva o tom de voz) 72 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador podem ser alguns indicadores precisos para detectar pessoas que mentem (Lopez et al, p.43). Miller e Burgoon (1982) foram mais longe e fizeram uma boa revisão dos factores conductuais que afectam a credibilidade, analisando as diferenças entre emissor e receptor. O seu estudo mostra os principais correlatos não-verbais de credibilidade e mentira. Na tabela que se segue podemos ver os indícios em que os emissores se baseiam para serem credíveis bem como aqueles são utilizados para conferir credibilidade a uma fonte. Indícios codificados como: Codificação não-verbal Cinésica Proxémica Háptica Vocálica Credíveis Enganosos - Maiores e contínuos contactos oculares; - Maiores movimentos afirmativos da cabeça; - Maior actividade facial; - Maior gesticulação nas mulheres; - Mais gestos rítmicos forçados; - Níveis moderados de relaxação postural; - Menos número de voltas do tronco das mulheres. - Reduzidos contactos oculares; - Poucas afirmações da cabeça; - Menos sorrisos, menos alegres; - Movimentos desagradáveis da boca; - Expressões muito breves; - Expressões agradáveis mas muito ansiosas; - Menos gestos; - Maior encolhimento de mãos; - Mudanças frequentes da postura das pernas e do corpo; - Tensão na posição das pernas e dos pés; - Menor movimento das pernas e pés; - Pernas cruzadas nos homens; - Bloqueio corporal; - Indicadores fisiológicos; - Rubor; Piscar; Sacudidas; Suor; - Pupilas dilatadas ou instáveis. - Menor ângulo de inclinação - Corpo menos orientado para a audiência; - Menos inclinação para a frente; - Distâncias maiores; - Menores condutas adaptativas e auto manipulativas, mas mais auto manipulações com audiências receptivas; - Mais auto adaptações, representação de expressões faciais e objectos adaptativos; amplamente adaptativos; -Volume de voz mais alto; - Nível da fala mais rápido; - Maior entoação; - Nível da fala mais lento ou mais rápido do que o normal; - Menor fluidez verbal; - Graduação do tom de voz mais alta; - Mais pausas ou registo aberto; - Maior latência de respostas; - Menor duração da palavra: menos tempo de fala; 73 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador - Contradições ou inconsistências entre indícios não-verbais; -Mais informação das mãos e dos pés do que da cara; Global Indícios interpretados como: Codificação nãoverbal Credíveis Cinésica Proxémica Háptica Vocálica Geral Enganos - Maiores contactos oculares; - Maior actividade facial: maior implicação; - Mais gestos; mais ilustrativos; - Relaxação moderada; - Menos contactos oculares; - Menor seriedade; - Menor empatia; mais sorrisos; - Gesticulação excessiva; - Maior tensão e ansiedade; - Mais mudanças posturais; - Corpo menos orientado para a audiência nos homens; - Menores distâncias; - Menos condutas auto manipulativas e adaptativas; - Menos auto submissa; - Volume de voz maior; - Nível da fala moderado ou ligeiramente mais rápido; - Maior fluidez verbal; - Maior entoação e variedade do tom; - Menor graduação do tom de voz; - Mais implicação vocal; - Estilo deliberadamente conversacional; - Uso da lada ou dialecto comum; - Menor fluidez verbal; - Maior latência de resposta; - Violação positiva das expectativas; - Maior confiança na voz do que na cara e maior confiança na cara do que no corpo; Tabela 9: Indícios de credibilidade (Miller e Burgoon 1982) Fonte: Adaptado de Manzanero e Diges 1993: 5 Como podemos constatar, a credibilidade do comunicador é muito influenciada pelo seu desempenho real, isto é, pela conduta que adopta na frente da audiência. Neste sentido, quando a fonte mente, ela será exposta pela sua linguagem corporal. O público irá acreditar mais facilmente naquilo que vê do que naquilo que ouve. Bettinghaus e Cody (1987) seguem na mesma direcção e acrescentam que o que as fontes dizem é extremamente importante, mas como o dizem e como se 74 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador comportam ao dizê-lo afecta drasticamente a percepção do receptor, influenciando, assim, a extensão da sua mudança de atitude (Bettinghaus e Cody citados por Pettersson 1998: 67). Em suma, podemos concluir que a credibilidade é uma atribuição que é conferida à fonte pelo receptor. É a confiança que o receptor deposita no emissor/comunicador. Uma fonte credível é aquela que é fiável para o receptor, confiável e digna de crédito. Como vimos, a credibilidade não é um processo unidimensional, depende de inúmeras variáveis interrelacionadas que fomentam a sua construção e solidificação. A grande maioria dessas variáveis são assentes em manifestações não-verbais que, por sua vez, geram atribuições de competência, honestidade, prestígio e confiança, características essenciais para a construção da credibilidade. Também factores como a atractividade da fonte, atenção, dinamismo, compromisso, carácter, carisma e dedicação são determinantes na percepção de credibilidade por parte do público. Neste trabalho de investigação, a credibilidade será considerada como o grau de confiança, fiabilidade e crédito percepcionados pelos receptores mediante a manipulação de duas variáveis intrínsecas ao comunicador: a indumentária e a gesticulação. Assim sendo, temos como principal objectivo verificar se a gesticulação e a indumentária (segundo Morera, uma manifestação do nível 1 e outra do nível 2) podem contribuir para a construção da credibilidade do comunicador. 75 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador 3. METODOLOGIA Para o alcance dos objectivos definidos neste trabalho de investigação é necessário adoptar uma metodologia específica e vertical. Segundo Seaman, uma investigação é por definição, “um processo sistemático de colheita de dados observáveis e verificáveis, a partir do mundo empírico (…) com vista a descrever, explicar e predizer ou controlar fenómenos” (Seaman citado por Fortin 1999: 17). Neste sentido, este estudo é conduzido por uma investigação exploratória, tendo como suporte a pesquisa bibliográfica, que constitui a base para o desenvolvimento das questões de investigação, bem como para a realização de um estudo frutífero. Os estudos exploratórios servem para nos familiarizarmos com fenómenos relativamente desconhecidos, para obter informações sobre a possibilidade de realizar uma pesquisa completa sobre um contexto particular, pesquisar problemas de comportamento humano que os profissionais de determinada área consideram cruciais (Sampieri et al. 1991: 100). Este tipo de estudo tem como finalidade desenvolver, esclarecer e modificar ideias sobre um determinado tema pouco estudado, neste caso a comunicação nãoverbal, mais precisamente a indumentária e a gesticulação. Quanto à generalização o presente estudo é do tipo nomotético, uma vez que este método prescinde da singularidade dos indivíduos para realizar a medição de diferenças qualitativas que permitem a comparação dos indivíduos entre si em variáveis específicas, com intuito de conhecer o modo como as ditas variáveis influenciam o seu comportamento. Em definitivo, visa o estabelecimento de leis gerais. 76 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador 3.1. Desenho da Investigação De acordo com Fortin (1999), o desenho de investigação assenta num plano lógico elaborado pelo investigador para obter respostas às questões de investigação, permitindo também controlar possíveis fontes de enviesamento, que podem influenciar os resultados da investigação (Fortin 199: 132). A investigação realizada comporta as seguintes etapas evidenciadas no desenho de investigação que se segue. Para uma melhor visibilidade dos passos adoptados recorreu-se à apresentação das fases inerentes ao processo de investigação: a conceptual, a metodológica e a empírica. FASE CONCEPTUAL FASE METODOLÓGICA Identificação do tema Tipo e métodos de investigação FASE EMPÍRICA Resultados, conclusões e principais limitações Pesquisa Bibliográfica Objectivos de investigação Selecção da amostra Apresentação e análise dos dados Definição do problema Questões de investigação Instrumentos de colheita de dados Ilustração 6: Desenho da investigação © Produção gráfica pessoal 77 Recolha de dados A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Ora, como sabemos, qualquer investigação tem início na formulação do problema, pelo que é, assim, necessário, identificá-lo, descrevê-lo e relacioná-lo com os objectivos do trabalho de investigação. 3.2. Problema de Conhecimento A comunicação não-verbal tem sido um tema frequente desde sempre, mas não necessariamente para os cientistas. Somente a partir do século XX é que esta temática despertou o interesse da comunidade científica e psicólogos, antropólogos, linguistas, comunicólogos, começando então a pesquisar relativamente a tudo no que diz respeito ao conhecimento da expressividade corporal (Maciel 2002: 1). De entre os inúmeros canais de comunicação não-verbal, a indumentária e a gesticulação são dois deles extremamente expressivos, no entanto, apesar dos estudos realizados neste domínio, ainda há muito por desvendar. Neste trabalho de investigação, tentamos verificar se a indumentária e a gesticulação influenciam a credibilidade do comunicador. Ou seja, se os estímulos – indumentária e gesticulação – conferem, ou não, credibilidade ao comunicador na percepção dos interlocutores; Assim, definimos como objectivos do presente estudo os seguintes: a) Apurar um conceito definido, claro e objectivo de credibilidade; b) Estudar e verificar se a gesticulação e indumentária influenciam a credibilidade do comunicador; 3.3. Hipóteses de Trabalho Um estudo não pode ser considerado uma verdadeira investigação se a sua estrutura não for assente na formulação de hipóteses. As hipóteses são directrizes de trabalho e esforço de uma pesquisa. Tal como explicam Quivy e Campenhoudt “a 78 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador hipótese fornece à investigação um fio condutor particularmente eficaz, a partir do momento em que ela é formulada, substitui nessa função a pergunta de partida, ainda que não esteja completamente esquecida” (Quivy e Campenhoudt 1988: 120). O termo hipótese é sinónimo de princípio16, uma proposição com vista à solução de um dado problema, traduzindo “uma expectativa sobre acontecimentos, baseada nas generalizações de uma relação que se assume como tal, entre determinadas variáveis” (Truckman citado por Lima e Pacheco 2006: 15). Verificamos assim que, a principal função das hipóteses é orientar a investigação mediante a formulação de enunciados provisórios, que mais tarde serão sujeitos a processos de confirmação ou infirmação. No entanto, para que estas sejam consideradas científicas têm que obedecer a alguns critérios de formulação: 1) expressar-se de forma declarativa e não como pergunta; 2) traduzir uma relação entre variáveis clara e verosímil; 3) reflectir a teoria ou os estudos publicados, nos quais se baseia a investigação; 4) ser breve e concisa; 5) ser susceptível de ser comprovada (Neil 1998: 22-23). Deste modo, a formulação de hipóteses na investigação científica é uma peça fulcral do processo, actuando como guias do orientador. Para além de concentrarem o problema de investigação e os objectivos, concentram também todo um conjunto de preocupações a ter em conta para a sua verificação empírica. Ao contrário do que muitas vezes se pensa, as hipóteses não têm que ser necessariamente verdadeiras ou comprovadas. Elas são apenas proposições sujeitas à verificação empírica. No momento em que as formula, o investigador não pode assegurar a sua comprovação. Tal como mencionam Black e Champion “uma hipótese é diferente de uma afirmação de facto” (Black e Champion citados por Sampieri et al. 2003: 120). O papel das hipóteses de investigação é ajudar a solucionar o problema de investigação. Elas constituem uma ferramenta que ajudam a ordenar, estruturar e sistematizar o conhecimento, actuando como uma ponte entre o conhecimento já obtido e o novo conhecimento. Neste sentido, e com o intuito de dar resposta ao nosso problema de conhecimento, apresentamos a seguinte hipótese geral: 16 “A palavra hypotheses em grego liga-se ao verbo tifheni ‘ponho’ e à partícula hypo ‘por baixo’. A palavra de origem latina ‘suposição’ é, portanto, o seu decalque literal; o seu sentido envolve simultaneamente a idéia de ‘conjetura’ e a de ‘princípio’, de ponto de partida de um raciocínio.” In Enciclopédia Einaudi disponível em: http://www.virtual.ie.ufrj.br/infoeducar/bib/granger2.doc. 79 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador HIPÓTESE GERAL: A indumentária e a gesticulação influenciam a credibilidade do comunicador. Como se pode constatar no enunciado acima exposto, a hipótese de investigação define a relação entre diversas variáveis. Trata-se de uma hipótese de causalidade, uma vez que se estabelece uma relação de causa e efeito entre as variáveis, isto é, as variáveis independentes17 devem produzir um efeito sobre a variável dependente18 (Fortin 2009: 104). VARIÁVEIS INDEPENDENTES VARIÁVEL DEPENDENTE DEPENDENTE Gesticulação Credibilidade do comunicador Indumentária Ilustração 7: Variáveis dependentes e independentes da investigação Adaptado de Sampieri et al. (2003: 129) © Elaboração própria Segundo Marie-Fabienne Fortin, todas as hipóteses causais são direccionais (Fortin 2003, 104). As hipóteses direccionais reflectem uma diferença entre grupos e especificam a direcção da diferencia (Neil 1998: 20). Exprimem-se, normalmente pelos termos “menos” ou “mais” ou por “positiva” ou “negativa”. Assim, pretendemos no 17 A variável independente representa os tratamentos ou condições que o investigador controla para provar os seus resultados (Neil 1999: 25). 18 A variável dependente é a que reflecte os resultados de um estudo de investigação (Neil 1999: 25) 80 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador nosso estudo verificar quatro hipóteses causais, de entre elas três direccionais (H2, H3 e H4). HIPÓTESES OPERATIVAS: H1 A gestualidade lenta acompanhada de uma indumentária informal tem um efeito neutro na credibilidade do comunicador. H2 A gestualidade brusca acompanhada de uma indumentária informal tem um efeito negativo na credibilidade do comunicador. H3 A gestualidade lenta acompanhada de uma indumentária formal tem um efeito positivo na credibilidade do comunicador. H4 A gestualidade brusca acompanhada de uma indumentária formal tem um efeito positivo na credibilidade do comunicador. Depois de pautada a hipótese geral e respectivas hipóteses operacionais passamos a definir e a descrever o desenho experimental da nossa investigação. 3.4. Desenho Experimental A escolha do tipo de método a utilizar depende do problema que se visa estudar. Neste sentido, tendo em conta o problema de investigação e os objectivos que se pretendem alcançar adoptamos o método experimental com uma abordagem metodológica do tipo quantitativo, uma vez que os dados recolhidos no decorrer da pesquisa serão processados através de medidas estatísticas que permitirão avaliar e interpretar a informação numérica com o intuito de responder às indagações do estudo. 81 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador O método experimental é um procedimento lógico que visa a obtenção de uma resposta significativa a um problema de conhecimento. Segundo J.S.Mill, este método de investigação assenta na realização de observações, na recolha e observação de dados, tendo como objectivo provar uma relação causal entre dois factores (J.S.Mill citado por Greenwood, p.315). No entanto, para que o método experimental produza respostas válidas ele tem de possuir três características fundamentais: a manipulação, o controle e a aleatorização das variáveis. Através destas ferramentas o investigador consegue controlar e eliminar as variáveis estranhas19, susceptíveis de produzirem resultados diferenciais. Neste sentido, João Paiva refere que a manipulação ocorre quando o investigador manipula pelo menos uma variável independente e observa o efeito numa ou mais variáveis dependentes (Paiva 2005: 10). Deste modo, como a variável independente é controlada, pode-se compreender a relação causal com maior rigor e exactidão. O controlo está relacionado com a redução ou mesmo exclusão das fontes de erro e influências exteriores que podem afectar os resultados da investigação (Fortin 1999: 140). Quando o investigador introduz uma variável independente ele tem que exercer controlo sobre a situação, assegurando-se que o tratamento experimental não varia, ou seja, que é aplicado de forma constante. Em outras palavras, “purifica-se” a relação entre a vaiável dependente e a independente de outras fontes que podem afectar a VD e “contaminar” o experimento” (Sampieri et al. 2006, 166-167). Segundo Greenwood, “ (…) um controle efectivo das unidades de estudo e do condicionalismo circundante da investigação constitui o cerne do método experimental” (Greenwood, p.317). Uma das técnicas que o investigador tem à sua disposição para controlar as unidades de estudo é a aleatorização. Esta prática refere-se à selecção aleatória nos grupos experimentais e de controle, de forma a que cada sujeito do estudo possua a mesma probabilidade de fazer parte de um ou de outro grupo (Fortin 1999: 133). Neste sentido, a distribuição aleatória produz controle, uma vez que as variáveis a 19 Variável estranha é aquela que tem um impacto imprescindível sobre a variável dependente (Neil 1999, 27). 82 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador controlar (variáveis estranhas e fontes de invalidação interna20) são distribuídas de forma idêntica nos grupos do experimento (Sampieri et al. 2006: 178). Cochan e Cox (1992) seguem na mesma direcção e afirmam que “a aleatoriedade, de certa forma, assemelha-se a um seguro, porque se trata de uma precaução contra inferências que podem ocorrer ou não, e ser importantes ou não, caso ocorram” (Cochan e Cox citados por Sampieri et al. 1996: 177). Apesar de todos os desenhos experimentais serem portadores destas características e obedecerem a um esquema previamente definido, a realidade é que cada investigação requer sempre um modelo especial dependente dos objectivos traçados pelo investigador. Neste sentido, e com o intuito de contrastar as hipóteses de trabalho, optamos pelo desenho factorial21. Este modelo experimental é utilizado quando o investigador manipula duas ou mais variáveis independentes e inclui dois ou mais níveis em cada uma delas (Sampieri et al. 2006: 204). Os desenhos factoriais são considerados muito úteis uma vez que permitem determinar o efeito de cada uma das variáveis independentes, bem como avaliar os efeitos da interacção entre as variáveis independentes. Segundo Fortin, a interacção num experimento afecta a variável dependente de tal maneira que o efeito de uma variável independente deixa de permanecer constante aquando da aplicação dos níveis da outra (Fortin 1999: 188). Assim sendo, se procedermos à realização individual de vários experimentos, no sentido de verificar os efeitos de cada um dos factores na variável dependente, teremos a possibilidade de averiguar em que medida cada uma das variáveis independentes contribui para a credibilidade do comunicador. No nosso estudo queremos estudar o efeito de duas intervenções sobre a credibilidade do comunicador. Estas consistem no tipo de indumentária e na gesticulação enquanto instrumentos de comunicação não-verbal que influenciam a credibilidade do sujeito falante. Cada uma destas variáveis independentes comporta respectivamente dois níveis. Trata-se assim de um desenho factorial 2x2 com quatro 20 A validade interna diz respeito ao rigor e à precisão dos resultados obtidos, isto é, o quanto as conclusões obtidas representam e/ou explicam a realidade estudada (Punch citado por Chaves e Coutinho 2002, 234). 21 Os desenhos factoriais são acções conjuntas de duas ou mais variáveis independentes, chamadas também de factores (Cazau 2006: 106). 83 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador grupos independentes22 (Ver Tabela 8). A formação dos grupos e respectiva distribuição pelos tratamentos experimentais é realizada aleatoriamente. A aleatorização implica que “los sujetos, seleccionados mediante algún procedimiento de muestreo, sean asignados al azar a diferentes grupos y que, también al azar, se asignen los tratamientos a cada uno de los grupos» (Roca et al. citados por Cairrão, p.14). Nível de gesticulação Nível de indumentária Formal Informal Lenta A B Brusca C D Tabela 10: Desenho factorial 2x2 ©Elaboração própria O experimento manipula duas variáveis independentes (a indumentária e a gesticulação) com dois níveis de tratamento cada uma. No âmbito do factor indumentária, consideramos os estímulos formalidade e informalidade; relativamente à gesticulação a natureza do estímulo varia entre lento e brusco. Assim, para cada variável independente manipulamos dois níveis experimentais, dado origem a quatro tratamentos experimentais diferentes (duas variáveis independes x dois níveis de variação). 3.5. Sujeitos do Estudo Escolher entre uma amostra probabilística e não-probabilística depende dos objectivos, do tipo de pesquisa bem como da contribuição que se pensa fazer com ela (Sampieri et al. 2006: 254). No presente estudo trabalharemos com uma amostra não 22 Um desenho factorial 2x2 supõe duas variáveis independentes, cada uma com dois valores, portanto, tem quatro combinações possíveis (Cazau 2006: 101). 84 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador probabilística por conveniência 23, uma vez que para estudar a relação entre variáveis dependentes e independentes não é necessária uma amostra representativa do universo mas sim garantir a homogeneidade dos indivíduos. Neste sentido, e de forma a garantir tal homogeneidade, consideramos variáveis de controlo relativamente ao sujeito (sexo, idade, instrução académica, estado das condições visuais e auditivas bem como a familiaridade com situações de apresentação pública) ao contexto (mesmo ambiente em todas as situações experimentais) e ao procedimento (aleatorização completa). Este conjunto de variáveis de controlo, para além de assegurar a equivalência entre os grupos experimentais, também ajuda a controlar as variáveis estranhas que são desconhecidas pelo investigador. Foram assim constituídos quatro grupos experimentais independentes formados por 10 sujeitos cada um, que serão submetidos aos diferentes tratamentos experimentais apresentados a seguir: Tratamentos experimentais (t) t1 = (Indumentária informal + Gesticulação lenta) t2 = (Indumentária informal + Gesticulação brusca) t3 = (Indumentária formal + Gesticulação lenta) t4 = (Indumentária formal + Gesticulação brusca) Tabela 11: Tratamentos experimentais © Produção gráfica pessoal De referir ainda que, cada grupo experimental recebe um único tratamento e que cada sujeito participante realiza a experiência apenas uma única vez. A amostra do estudo foi formada por alunos do Curso de Ciências da Comunicação da Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro. O principal motivo da sua selecção foi a familiaridade com situações de apresentação em público, um aspecto importante a ter em conta, uma vez que o experimento é realizado num cenário idêntico. Neste sentido, será seleccionado um professor de teatro onde, na 23 Na amostragem por conveniência os elementos são escolhidos porque se encontram onde os dados para o estudo estão a ser recolhidos. A sua participação no estudo é como que “acidental” (Churchill e Vogt citados por Vicente et al. 1996: 64). 85 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador apresentação de um discurso24, irá representar, de forma o mais rigorosa possível, estes tratamentos. Após a prova experimental, os alunos foram submetidos a um teste de verificação da credibilidade formada pela autonomia das variáveis independentes. Aqui, os sujeitos participantes foram apenas informados que iriam participar num estudo, desconhecendo por completo o seu objectivo ‐ aprendizagem acidental.25 3.6. Instrumento de Recolha de Dados Regra geral, os instrumentos de recolha de dados são instrumentos administrados para avaliar opiniões, percepções e atitudes, os quais podem apresentar diversas modalidades de perguntas, nomeadamente abertas ou fechadas. Quando o sujeito experimental pode responder livremente, embora no âmbito das perguntas previstas, diz-se que assumem a forma de questões abertas. Quando, pelo contrário, o inquirido tem que optar entre uma lista tipificada de respostas, as questões em causa dir-se-ão fechadas (Almeida e Pinto 1975: 105). Segundo Tremblay, o instrumento de recolha de dados é considerado um instrumento de medição quantitativa, normalizado, calibrado e de duplo aspecto (Tremblay citado por Gomes, 2007). Como instrumento quantificador, descreve a influência das variáveis independentes sobre as dependentes; enquanto instrumento normalizado, requer uma total homogeneidade e uniformidade das perguntas de modo a possibilitar uma posterior análise comparativa das respostas com técnicas estatísticas; como instrumento calibrado, exige ensaios prévios com sujeitos de características idênticas à da amostra de modo a corrigir possíveis erros de conceituação e formulação das questões; por último, o questionário enquanto técnica de duplo, para além de possuir uma orientação prioritária ao estudo de grandes amostras, também permite quantificar unidades de observação simples (Gomes 2007). 24 O discurso usado para a realização do experimento pode ser consultado nos anexos deste trabalho. Aprendizagem acidental é a aprendizagem “ en la que el sujeto desconocía, durante la adquisición, que iba a ser sometido a una prueba de memoria posterior (...) ” (Aparicio e Zaccagnini citados por Meirinhos, p.11). 25 86 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Assim, com o objectivo de descrever e verificar a influência da indumentária e da gesticulação sobre a credibilidade do comunicador optamos por realizar um instrumento de recolha de dados de perguntas fechadas com escalas do tipo diferencial semântico. O diferencial semântico, desenvolvido por Charles Osgood em 1957, é uma técnica utilizada para medir o significado que os participantes atribuem a um conceito, ou seja, permite medir as atitudes do sujeito relativamente a um determinado fenómeno. Na visão de Rose e Bartoloti, este instrumento permite ainda “registrar, quantificar ou comparar o significado de um ou de vários conceitos, para um ou vários indivíduos, em uma ou várias situações” (Rose e Batoloti 2007: 88). Este modelo de recolha de dados é constituído por um conjunto de escalas bipolares de sete intervalos de dois objectivos opostos. Por sua vez, cada escala possui um continuum de positividade e negatividade, que aumenta à medida que se aproxima das extremidades, bem como um ponto neutro, que indica que o conceito a medir está igualmente relacionado com os dois adjectivos, ou então que a escala não possui qualquer relação com o estímulo em questão (Salor, p.11). O instrumento de recolha de dados é formado por quatro questões, cujas respostas permitem a verificação das hipóteses de trabalho. As questões assentam na utilização de escalas bipolares, onde foi solicitado aos participantes que, do conjunto de adjectivos opostos, assinalassem um grau (entre 3 e -3) correspondente a um diferencial semântico de sete possibilidades de resposta, em que os valores 1, 2 e 3 representam atitudes favoráveis, 0 é o ponto neutro e as pontuações -1, -2, -3 indicam atitudes desfavoráveis (Ver Anexo 2). As questões iniciais são de carácter demográfico e visam saber o género, idade, o curso que os alunos frequentam na UTAD, bem como o ano que frequentam; As restantes são do tipo diferencial semântico. A questão um é constituída por 10 pares de adjectivos opostos e visa aferir as atitudes dos sujeitos em relação à indumentária. A questão dois é constituída por 14 pares de adjectivos bipolares e tem como objectivo aferir as atitudes dos participantes em relação à gesticulação. Por sua vez, as questões três e quatro têm como objectivo aferir as atitudes dos participantes relativamente à imagem transmitida tanto pela 87 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador indumentária (questão três, constituída por 13 pares de adjectivos), como pela gesticulação (questão quatro, constituída por 12 pares de adjectivos). Através de uma análise individual e conjunta das variáveis, poderemos verificar em que medida estas influenciam e determinam a credibilidade do comunicador. O somatório das pontuações do sujeito experimental permite-nos averiguar o valor individual das suas apreciações entrando em linha de conta com os níveis apriorísticos da combinatória das variáveis independentes a que foi submetido em contexto experimental. No âmbito desta investigação, consideramos como efeito positivo, negativo ou neutro o somatório das pontuações individuais que estejam compreendidas entre os valores apresentados na tabela 11. Diferenciais semânticos 1. 2. 3. 4. Avaliação individual: Indumentária Avaliação individual: Gesticulação Avaliação conjunta: Imagem transmitida pela indumentária Avaliação conjunta: Imagem transmitida pela gesticulação Efeito positivo Efeito neutro Efeito negativo individual individual individual Entre Entre Entre [10 e 30] [9 e -9] [-10 e -30] Entre Entre Entre [14 e 42] [13 e -13] [-14 e -42] Entre Entre Entre [13 e 39] [12 e -12] [-13 e -39] Entre Entre Entre [12 e 36] [11 e -11] [-12 e -36] Tabela 12: Intervalos definidores dos efeitos por sujeito experimental © Elaboração própria A banda de variação das pontuações colectivas permite conformar um valor holístico por grupo experimental, que nos vai permitir distinguir o valor da combinatória dos níveis das variáveis independentes (às quais foram submetidas os diferentes grupos experimentais). Os valores apurados na tabela abaixo foram obtidos pela multiplicação dos valores da banda de variação de cada efeito pelo número de sujeitos presentes em cada grupo independente (10 sujeitos). 88 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Diferenciais semânticos Efeito positivo Efeito neutro Efeito negativo colectivo colectivo colectivo 1. Avaliação individual: Indumentária Entre [100 e 300] *[95 e 99] Entre [90 e -90] *[91 e 99] Entre [-100 e -300] *[-95 e -99] 2. Avaliação individual: Gesticulação Entre [140 e 420] *[135 e 139] Entre [130 e -130] *[131 e 139] Entre [- 140 e -420] *[-135 e -139] 3. Avaliação conjunta: Imagem transmitida pela indumentária Entre [130 e 390] *[125 e 129] Entre [120 e -120] *[121 e 129] Entre [-130 e -390] *[-125 e -129] 4. Avaliação conjunta: Imagem transmitida pela gesticulação Entre [120 e 360] *[115 e 119] Entre [110 e -110] *[111 e 119] Entre [-120 e -360] *[-115 e -119] Tabela 12: Intervalos definidores dos efeitos colectivos © Elaboração própria *Por se verificar um “buraco” na banda de variação tivemos que alargar os intervalos definidores dos efeitos Por outro lado, e na apreciação dos valores numa perspectiva mais minuciosa, iremos apurar valores para cada um dos grupos e para cada um dos pares de adjectivos opostos (ver ilustração 8). Este apuramento permitir-nos-á conhecer os pares de adjectivos que mais contribuíram para cada um dos efeitos previstos. Ainda neste sentido, e depois de termos seleccionado um conjunto de pares que nos merecem mais atenção por causa dos valores apurados, calcularemos a média, a moda e o desvio padrão, na perspectiva de perceber a importância desses pares, bem como as suas respectivas especificidades/ características intrínsecas. 89 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Ilustração 8: Apreciação de valores por grupo e por par de adjectivos opostos © Elaboração própria Com o objectivo de avaliar a eficácia e pertinência do instrumento de recolha de dados, realizou-se um pré-teste a quatro grupos independentes formados por três sujeitos cada um. Cada grupo visionou um vídeo elucidativo a um tratamento experimental e de seguida solicitou-se-lhes que respondessem ao questionário tipo. Segundo Fortin, o pré-teste é uma etapa indispensável e extremamente importante pois permite corrigir ou modificar os instrumentos de colheita de dados, resolver imprevistos e verificar a redacção e ordem das questões formuladas (Fortin 1999: 253). O pré-teste é, assim, um exercício preliminar que visa determinar se as questões foram elaboradas com clareza, imparcialidade e se é susceptível de gerar as informações desejadas para a investigação. Nesta prova “preliminar” podemos constatar que tanto as questões como os conceitos foram claramente compreendidos, não havendo necessidade de alterar a forma e estrutura do instrumento de recolha de dados. 90 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador 4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS Uma vez recolhidos, os dados foram submetidos a tratamentos estatísticos com o intuito de dar respostas às questões de investigação. Segundo Cachingan (1986), a estatística é a disciplina científica cujo fim consiste na “recolha, organização e interpretação de dados de acordo com procedimentos estatísticos” (Cachingan citado por Silvestre 2007:1). Bento Murteira segue na mesma direcção e refere que a estatística é “um reportório de instrumentos adequados para: recolher descrever explorar e interpretar conjuntos de dados numéricos (Murteira 1993: 1). Por um lado a estatística permite “(…) com a ajuda de estatísticas descritivas, resumir a informação numérica de uma maneira estruturada, a fim de obter uma imagem geral das variáveis medidas numa amostra” e, por outro lado, possibilita também, “com a ajuda de estatísticas inferenciais, ou seja, dos testes estatísticos (comparação de médias, comparação de proporções, correlação, etc.), determinar as relações observadas entre certas variáveis numa amostra” (Fortin 1999: 269). No presente trabalho de investigação, a selecção das ferramentas estatísticas foi realizada de acordo com as características da investigação, o tipo de variáveis utilizadas bem como as hipóteses de investigação formuladas. Com o intuito de sistematizar e realçar a informação fornecida pelo instrumento de recolha de dados utilizamos a estatística descritiva, nomeadamente: Distribuição de frequências (absolutas (n) e relativas (%)). Medidas de tendência central. 91 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador 4.1. Perfil dos Grupos Independentes As principais características demográficas da amostra deste estudo encontram-se apresentadas na tabela 13. Assim, podemos constatar que cada grupo independente foi formado por 10 sujeitos com frequência universitária do 1º e 2º Ciclos do Curso de Ciências da Comunicação da Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro. Enquanto que, nos grupos 2 e 4 verificámos uma igual participação entre género masculino e feminimo (3 homens e 7 mulheres); no grupo 1 verificamos uma predominância do género feminino em detrimento do género masculino (9 mulheres contra 1 homem); e no grupo 3 apurámos uma equivalência geral entre ambos os géneros (4 homens contra 6 mulheres). A média de idades nos quatro grupos é de 23 anos, cuja idade mínima nos grupos 2 e 3 é de 18 anos. De realçar ainda que, o grupo 1 inclui um indivíduo com 38 anos de idade e o grupo 4 inclui outro com 46 anos de idade. Este aspecto também está relacionado com o ano de frequência do curso, uma vez que os sujeitos dos grupos 1 e 4 frequentam o 3º/4º/5º anos do curso, ao invés dos do grupo 2 e 3, que ainda se encontram a frequentar o 1º ano. Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 [II + GL] [II + GB] [IF + GL] [IF + GB] Mulheres 9 (90%) 7 (70%) 6 (60%) 7 (70%) Homens 1 (10%) 3 (30%) 4 (40%) 3 (30%) 23,7 21,5 18,5 28,2 Idade mínima 38 29 20 46 Idade máxima 19 18 18 21 3º, 5º 1º 1º 4º Perfil dos sujeitos Média de Idades Ano de frequência do curso Tabela 14: Perfil da amostra em estudo Legenda: II=Indumentária Informal; IF=Indumentária Formal; GL=Gesticulação lenta; GB=Gesticulação Brusca 92 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador 4.2. Grupos Independentes Com o intuito de verificar a influência da indumentária e da gesticulação na credibilidade do comunicador foram realizados quatro experimentos distintos com a manipulação das variáveis independentes. Neste sentido, foi solicitado aos sujeitos experimentais submetidos aos diferenciais semânticos de pares de adjectivos opostos que indicassem o valor discreto entre 3 e -3, por forma a identificar pensamento pessoal em torno das variáveis indispensáveis em estudo na prova experimental. O objectivo foi aferir se os sujeitos revelavam atitudes favoráveis ou desfavoráveis em relação à credibilidade do comunicador cujos valores das atitudes foram apurados através das médias calculadas para cada par de adjectivos opostos. No Grupo 1, e com base na análise da Tabela 15, os valores médios de atitudes mais elevados em relação á indumentária registaram-se nos pares de adjectivos Rígida versus Flexível e Perfeccionista versus Improvisada, com médias totais de -2,3 e -2,1 respectivamente. Isto significa que a maioria dos sujeitos experimentais considera que a indumentária é, consideravelmente, improvisada e flexível. A seguir, aparecem os pares de adjectivos Profissional versus Amadora e Expressiva versus Irrelevante, com médias de -1,8 e -1,6. De constatar ainda que, de entre os 10 pares de adjectivos, nove deles obtiveram uma pontuação negativa, com excepção do par Moderna versus Tradicional, com uma pontuação média de 0,5. Esta atitude neutra poderá dever-se à subjectividade do par de adjectivos dado que o conceito de modernidade é pouco compreensível para a maioria. Tendo em conta os pares de adjectivos opostos, a gesticulação no Grupo 1 foi classificada por Discreta, com uma média total de 2,3; Moderada, com uma média de 2,2; e Compreensível e Segura, com médias 2. 93 GRUPO 1 1 2 Indumentária 1.2 Elegante/ Odinária 1.4. Rígida/ Flexível 1.5. Original/ Convencional 1.6. Perfecionista/ Improvisada 1.7. Idónea/ Inapropriada 1.8. Ousada/ Discreta 1.9. Expressiva/ Irrelevante 1.10. Profissional/ Amadora Total 5 -3 -4 -23 -11 -21 -11 -1 -16 -18 -103 Média* 0,5 -0,3 -0,4 -2,3 -1,1 -2,1 -1,1 -0,1 -1,6 -1,8 -1,03 Gesticulação 2.1. Moderada/ Exagerada 2.2. Explicativa/ Genérica 2.3. Objectiva/ Informativa 2.4. Segura/ Insegura 2.10. Organizada/ Descompass 2.11. Uniforme/ Informe 2.5. 2.6. Congruente/ Confusa/ Clara Incongruente 2.7. Discreta/ Irrisória 2.8. Persuasiva/ 2.9. Compreens/ Impertativa Incompreen Soma das pontuações 22 7 3 19 15 14 23 10 20 14 16 Média* 2,2 0,7 0,3 1,9 1,5 1,4 2,3 1 2 1,4 1,6 Gesticulação 2.12. Condescend/ Intransig 2.13. Enfática/ Não enfática 2.14. Racional/ Emotiva Total Soma das pontuações 4 9 14 190 Média* 0,4 0,9 1,4 1,357142857 3.10. Credibilid/ Não credibilid 3.11. Cuidada/ Descuidada Soma das pontuações 3.2. 3.1. Seriedade/ Profissionalis/Div Descontraç ersão -24 3.3. Maturidade/ Jovialidade 3.4. 3.5. Coerência/ Responsabilid/Irr Incoerência esponsabili 3.6. Força/ Delicadeza -16 -23 -8 -6 -3 -0,8 -0,6 -0,3 Média* -2,4 -1,6 -2,3 Imagem da Indumentária 3.12. Sucesso/ Insucesso 3.13. Reverência/ Irreverência Total Soma das pontuações -14 -19 -134 Média* -1,4 -1,9 -1,030769231 4.1. 4.2. Imagem da Gesticulação Competênc/In Profissionalis/Im 4 1.3. Atractiva/ Repelente Soma das pontuações Imagem da Indumentária 3 1.1. Moderna/ Tradicional 4.3. Segurança/ Insegurança 4.4. Credibilid/ Não credibilid 3.7. 3.8. Autoridade/ 3.9. Segurança/ Flexibilidade/Rigi Obdiência Insegurança dez 19 -16 -2 -12 -10 -1,6 -0,2 -1,2 -1 4.10 Empatia/ Apatia 4.11. Sabedoria/ Ignorância 4.7. 4.5. Autoridade/ 4.6. Delicadeza/ 4.8. Sinceridade/ 4.9. Coerência/ Proximidade/Dist Submissão Agressividade Hipocrisia Incoerência anciamen competên aturidade Soma das pontuações 16 19 17 20 -3 13 14 20 16 18 18 Média* 1,6 1,9 1,7 2 -0,3 1,3 1,4 2 1,6 1,8 1,8 Imagem da Gesticulação 4.12. Preparo/ Despreparo Total Soma das pontuações 12 180 Média* 1,2 1,5 * O valor da média está compreendido entre 3 e -3 Tabela 15: Atitudes dos sujeitos no Grupo 1 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Na globalidade as atitudes dos sujeitos em relação à gesticulação foram positivas, registando-se apenas quatro pares de adjectivos com uma média total neutra, nomeadamente os pares: Condescendente versus Intransigente; Informativa versus Objectiva; Explicativa versus Genérica e Enfática versus Não-enfática. Não obstante, a pontuação neutra nestes mesmos pares de adjectivos pode ser relevante, podendo indicar que, embora a gestualidade tenha sido lenta, ela não foi suficientemente enriquecedora e expressiva. Dito de outra forma, a combinatória dos níveis de variação das variáveis (indumentária informal acompanhada de gesticulação lenta) não gerou uma influência significativa. A imagem transmitida pela indumentária neste grupo foi visivelmente negativa, embora existam evidências ao nível da Descontracção (obteve uma média total de -2,4) e da Jovialidade (apresentou uma média de -2,3) as mais evidenciadas. Numa 3ª posição temos a Flexibilidade, que evidenciou uma média de 2. Como podemos constatar, a indumentária informal é uma realidade flexível e versátil. São de destacar também as pontuações com um cariz neutro nos pares de adjectivos Responsabilidade versus Irresponsabilidade; Coerência versus Incoerência; Força versus Delicadeza e Segurança versus Insegurança. Ao contrário da indumentária, a gesticulação transmitiu uma imagem muito favorável na percepção dos sujeitos. Repare-se que, à excepção do par de adjectivos Autoridade/Submissão, todos os outros obtiverem uma pontuação média acima de um. Os atributos mais apreciados foram a Credibilidade e a Sinceridade (ambos com uma média de 2) seguidos do Profissionalismo, da Empatia e da Sabedoria. Os dados apurados permitem assim constatar que a gesticulação é um forte indicador da credibilidade do comunicador. Para verificar os dois pares de adjectivos mais expressivos em cada diferencial semântico, enumerámos cada um destes pares na seguinte tabela: GRUPO 1 Pares de Adjectivos Opostos Indumentária Gesticulação Imagem Indumentária Imagem da Gesticulação Rígida/Flexível Discreta/Irrisória Seriedade/Descontracção Credibilidade/Não (-2,3) (2,3) (-2,4) Credibilidade (2) Perfeccionista/Improvisada Moderada/Exagerada Maturidade/Jovialidade Sinceridade/Hipocrisia (-2,1) (2,2) (-2,3) (2) 95 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Tabela 16: Pares de adjectivos mais apreciados nas atitudes no Grupo 1 De uma forma geral, como podemos observar na representação gráfica, a gesticulação lenta e a Imagem transmitida pela mesma proporcionaram atitudes positivas aos sujeitos, o oposto do que se verificou nos diferenciais semânticos relativos à indumentária informal. GRUPO 1 Escala do Diferencial Semântico 2,5 2 1,5 1 0,5 0 -0,5 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 1.10 2.1 2.2 2.3 -1 -1,5 -2 -2,5 Indumentária Pares de Adjectivos Opostos Gesticulação Imagem da indumentária Imagem da gesticulação Gráfico 1: Atitudes no Grupo 1 À semelhança do grupo independente anterior, verificou-se nos sujeitos experimentais do Grupo 2 que a indumentária gerou uma atitude desfavorável, uma vez que todos os pares de adjectivos estão abaixo de zero. Tal como no Grupo 1, a indumentária foi, essencialmente, considerada como muito Flexível com uma média total de -2.5, Improvisada (com uma média total de -2.2 e Amadora com uma média total de -2. Para além destes adjectivos registarem a média de atitudes mais elevada, verificamos que ambos os grupos também ocupam as mesmas posições. Os pares de adjectivos menos pontuados foram os pares Atractiva versus Repelente e Ousada versus Discreta com uma média total de -0,6. 96 GRUPO 2 1 2 Indumentária 1.2 Elegante/ Odinária 1.4. Rígida/ Flexível 1.5. Original/ Convencional 1.6. Perfecionista/Im provisada 1.7. Idónea/ Inapropriada 1.9. 1.10. 1.8. Expressiva/Irrele Profissional/Ama Ousada/Discreta vante dora Total -12 -8 -6 -25 -18 -22 -14 -6 -14 -20 -145 Média* -1,2 -0,8 -0,6 -2,5 -1,8 -2,2 -1,4 -0,6 -1,4 -2 -1,45 Gesticulação 2.1. Moderada/ Exagerada 2.2. Explicativa/ Genérica 2.3. Objectiva/ Informativa 2.4. Segura/ Insegura 2.5. Confusa/ Clara 2.6. Congruente/ Incongruente 2.7. Discreta/ Irrisória 2.10. Organizada/ Descompass 2.11. Uniforme/ Informe Soma das pontuações -25 -9 -22 -3 -7 -16 -17 -24 -1 -16 -19 -0,7 -1,6 -1,7 -2,4 -0,1 -1,6 -1,9 Média* -2,5 -0,9 -2,2 -0,3 Gesticulação 2.12. Condescend/In transig 2.13. Enfática/ Não enfática 2.14. Racional/ Emotiva Total Soma das pontuações -11 -2 -19 -191 Média* -1,1 -0,2 -1,9 -1,36 3.1. Seriedade/ 3.2. Profissional/ Descontraç Diversão 3.3. Maturidade/ Jovialidade Soma das pontuações Média* 27 -2,7 -23 -2,3 -26 -2,6 Imagem da Indumentária 3.12. Sucesso/ Insucesso 3.13. Reverência/ Irreverência Total Soma das pontuações -15 -20 -192 Média* -1,5 -2 -1,476 4.1. 4.2. Imagem da Gesticulação Competênc/In Profissionalis/Im 4 1.3. Atractiva/ Repelente Soma das pontuações Imagem da Indumentária 3 1.1. Moderna/ Tradicional 3.4. 3.5. Coerência/ Responsabilid/Irr Incoerência esponsabili -13 -1,3 4.3. Segurança/ Insegurança 4.4. Credibilid/ Não credibilid -15 -1,5 3.6. Força/ Delicadeza -6 -0,6 2.8. 2.9. Persuasiva/Impe Compreensível/I rtativa ncompreen 3.7. 3.8. Autoridade/ 3.9. Segurança/ 3.10. Credibilide/ Flexibilidade/Rigi Obdiência Insegurança Não credibilid dez 14 1,4 -19 -1,9 -15 -1,5 4.7. 4.5. Autoridade/ 4.6. Delicadeza/ 4.8. Sinceridade/ 4.9. Coerência/ Proximidade/Dist Submissão Agressividade Hipocrisia Incoerência anciamen 3.11. Cuidada/ Descuidada -14 -1,4 -16 -1,6 4.10. Empatia/ Apatia 4.11. Sabedoria/ Ignorância competên aturidade Soma das pontuações -17 -19 -16 -18 -1 -23 -20 -21 -15 -19 -11 Média* -1,7 -1,9 -1,6 -1,8 -0,1 -2,3 -2 -2,1 -1,5 -1,9 -1,1 Imagem da Gesticulação 4.12. Preparo/ Despreparo Total Soma das pontuações -20 -200 Média* -2 -1,666 * O valor da média está compreendido entre 3 e -3 Tabela 17: Atitudes dos sujeitos no Grupo 1 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Da observação da Tabela 16, podemos verificar que as atitudes em relação à Imagem transmitida pela indumentária foram todas negativas e com pontuações superiores ao Grupo 1. Os valores extremos situam-se nos pares de adjectivos Seriedade versus Descontracção com uma média total de -2.7 e Maturidade versus Jovialidade com média total de -2.6, tal como se verificou no grupo anterior, embora neste ocupassem posições opostas. Seguiram-se atributos como a Diversão e a Irreverência com médias de -2.3 e -2 respectivamente. O valor mínimo foi registado no par de adjectivos Força versus Delicadeza, com uma pontuação neutra de -0.6. De realçar também que, o atributo Não credível apresenta uma média negativa em ambos os grupos. A indumentária informal é uma manifestação não-verbal que condiciona negativamente a percepção de credibilidade por parte dos sujeitos, dado que passamos de -1 para -1.4. No Grupo 2, a gesticulação foi globalmente classificada pelos sujeitos como Exagerada (média total de -2.5), Imperativa (média total de -2.4) e Objectiva (média total de -2.2). Note-se que, no grupo anterior uma das características mais apreciadas foi a moderação da gesticulação, enquanto que neste grupo esse atributo assumiu uma conotação muito negativa. A mudança de estímulo, de lento para brusco, influenciou todos os restantes itens, tendo estes sido todos pontuados abaixo de zero. A Ênfase e a Compreensibilidade foram os menos pontuados, com médias negativas de -0.1 e -0.2 respectivamente, o que significa que a gestualidade rápida e instantânea peca pela falta de expressividade e clareza (com uma média total de -0.7). A negatividade das atitudes também se verificou na Imagem transmitida pela indumentária, o que era de prever tendo em conta os dados discutidos anteriormente. Os atributos mais apreciados foram a Agressividade (média total de -2.3) e a Hipocrisia (média total de -2.1). A falta de sinceridade aqui evidenciada é reforçada pela carência de credibilidade, que obteve um dos valores mais elevados com uma média total de 1.8. Neste sentido, podemos afirmar que a gesticulação brusca transmite uma impressão de desonestidade e falta de confiança. São de realçar também os pares de adjectivos Preparo versus Despreparo e Proximidade versus Distanciamento, ambos com médias totais de -2, seguidos da Empatia e Imaturidade, com médias de 1.9, o que 98 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador nos permite afirmar que a gesticulação efectuada com movimentos bruscos estimula factores como a antipatia, indelicadeza, falta de profissionalismo e competência, pontuada com uma média total de -1.7. Tal como no grupo anterior, enumerámos os dois pares de adjectivos mais significativos em cada diferencial semântico. Os pares de adjectivos com as médias de atitudes mais elevadas estão apresentados na tabela que se segue. GRUPO 2 Pares de Adjectivos Opostos Indumentária Gesticulação Imagem Indumentária Imagem da Gesticulação Rígida/Flexível Moderada/Exagerada Maturidade/Jovialidade Delicadeza/Agressividade (-2,5) (-2,5) (-2,6) (-2,3) Perfeccionista/Improvisada Persuasiva/Imperativa Seriedade/Descontracção Sinceridade/Hipocrisia (-2,2) (-2,4) (-2,4) (-2,1) Tabela 18: Pares de adjectivos mais apreciados nas atitudes no Grupo 2 O Grupo 2 foi de entre todos os grupos aquele que obteve uma atitude mais desfavorável, com todos os diferenciais semânticos pontuados abaixo de zero. A indumentária informal acompanhada de uma gesticulação brusca proporcionou um efeito negativo nos sujeitos (Gráfico 2). Escala do Diferencial Semêntico GRUPO 2 1,5 1 0,5 0 -0,5 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 1.10 2.1 2.2 2.3 -1 -1,5 -2 -2,5 -3 Pares de Adjectivos Opostos Gesticulação Indumentária Imagem da Indumentária Gráfico 2: Atitudes do Grupo 2 99 Imagem da Gesticulação A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Como podemos observar na Tabela 19, os valores médios de atitudes mais elevadas no Grupo 3 relativamente à indumentária posicionaram-se nos pares de adjectivos Elegante versus Ordinária com uma média de 2.5 bem como o par Profissional versus Amadora com uma média de 2.2. De seguida, deparamo-nos com médias totais elevadas nos atributos Rígida (MT: 2.1), Perfeccionista e Idónea (MT: 2). Estes dados permitem-nos constatar que a indumentária formal é uma fonte de seriedade, sofisticação e poder, algo que não se constatou na indumentária informal, sendo geralmente descrita como Amadora, Irrelevante e Flexível. De entre a totalidade de pares de adjectivos, apenas o par Ousada versus Discreta obteve uma pontuação negativa com o valor de -0.4. No entanto, note-se que o adjectivo pontuado negativamente tem uma conotação positiva perante o carácter formal da indumentária. Na opinião dos sujeitos experimentais, a gesticulação no Grupo 3 foi largamente descrita como Segura, Clara e Racional (com médias totais de 2.1 e de 2 respectivamente). De seguida, destacaram-se os atributos como a gestualidade moderada (MT: 1.9), Informativa, Compreensível e Enfática (com médias totais de 1.8), sendo o oposto perante aquilo que se verificou no grupo anterior. De realçar ainda que, todos os pares de adjectivos foram pontuados positivamente e acima do valor 1, o que nos permite afirmar que, de facto, a gesticulação lenta teve uma atitude bastante favorável por parte dos indivíduos submetidos ao estímulo. O diferencial semântico relativo à Imagem transmitida pela indumentária também indicou atitudes bastante favoráveis, vindo apenas reforçar os dados apurados na avaliação individual da indumentária. É de destacar o valor extremo para a Credibilidade (MT: 2.6) seguido de uma imagem Cuidada, Profissional e de Madura com médias de 2.5 e 2.3 respectivamente. Assim, os dados apurados permitem-nos reconhecer que a indumentária formal é um grande indicador de Seriedade, Respeitabilidade, Profissionalismo, e consequentemente de credibilidade. O atributo menos pontuado foi a Rigidez com o valor neutro de 0.1. 100 GRUPO 3 1 2 Indumentária 1.2 Elegante/ Odinária 1.4. Rígida/ Flexível 1.5. Original/ Convencional 1.6. Perfecion/ Improvisada 1.7. Idónea/ Inapropriada 1.8. Ousada/ Discreta 1.10. 1.9. Expressiva/ Profissional/Ama Irrelevante dora Total 17 25 11 21 2 20 20 -4 19 22 153 Média* 1,7 2,5 1,1 2,1 0,2 2 2 -0,4 1,9 2,2 1,53 Gesticulação 2.1. Moderada/ Exagerada 2.2. Explicativa/ Genérica 2.3. Objectiva/ Informativa 2.4. Segura/ Insegura 2.5. Confusa/ Clara 2.6. Congruente/ Incongruente 2.7. Discreta/ Irrisória 2.10. Organizada/ Descompass 2.11. Uniforme/ Informe Soma das pontuações 19 14 18 21 20 15 10 14 18 13 12 2 1,5 1 1,4 1,8 1,3 1,2 3.10. Credibilid/ Não credibilid 3.11. Cuidada/ Descuidada Média* 1,9 1,4 1,8 2,1 Gesticulação 2.12. Condescend/In transig 2.13. Enfática/ Não enfática 2.14. Racional/ Emotiva Total Soma das pontuações 12 18 20 224 Média* 1,2 1,8 2 1,6 3.2. 3.1. Seriedade/ Profissional/Dive Descontraç rsão 3.3. Maturidade/ Jovialidade 3.4. 3.5. Coerência/ Responsabilid/Irr Incoerência esponsabili 3.6. Força/ Delicadeza 2.9. 2.8. Persuasiva/ Compreensív/Inc Impertativa ompreen 3.7. 3.8. Autoridade/ 3.9. Segurança/ Flexibilidade/Rigi Obdiência Insegurança dez Soma das pontuações 21 23 23 21 15 16 1 20 22 26 25 Média* 2,1 2,3 2,3 2,1 1,5 1,6 0,1 2 2,2 2,6 2,5 Imagem da Indumentária 3.12. Sucesso/ Insucesso 3.13. Reverência/ Irreverência Total Soma das pontuações 17 13 243 Média* 1,7 1,3 1,8692 4.1. 4.2. 4.10. Empatia/ Apatia 4.11. Sabedoria/ Ignorância Imagem da Gesticulação Competênc/In Profissionalis/Im 4 1.3. Atractiva/ Repelente Soma das pontuações Imagem da Indumentária 3 1.1. Moderna/ Tradicional 4.3. Segurança/ Insegurança 4.4. Credibilid/ Não credibilid 4.7. 4.5. Autoridade/ 4.6. Delicadeza/ 4.8. Sinceridade/ 4.9. Coerência/ Proximidade/Dist Submissão Agressividade Hipocrisia Incoerência anciamen competên aturidade Soma das pontuações 19 22 17 22 21 9 14 19 22 17 19 Média* 1,9 2,2 1,7 2,2 2,1 0,9 1,4 1,9 2,2 1,7 1,9 Imagem da Gesticulação 4.12. Preparo/ Despreparo Total Soma das pontuações 14 215 Média* 1,4 1,7916 * O valor da média está compreendido entre 3 e -3 Tabela 19: Atitudes dos sujeitos no Grupo 3 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador No que respeita à Imagem comunicada pela gesticulação, também esta obteve valores muito elevados, ao contrário do que se verificou nos grupos anteriores. À semelhança dos conjuntos anteriores, os pares de adjectivos mais apreciados foram, a Credibilidade e o Profissionalismo, juntando-se a Imagem de Coerência com médias totais de 2.2. A seguir, os atributos mais mencionados foram a Sabedoria, a Competência e a Sinceridade com médias iguais de 1.9. No extremo, o item menos pontuado foi a Delicadeza com o valor de 0.9. De entre os quatro, note-se que o Grupo 3 foi aquele pontuado mais favoravelmente, o que não deixa de ser conclusivo. Tal como nos grupos anteriores, enumerámos os pares de adjectivos mais apreciados. Como podemos ver na Tabela 20, apuramos os pares mais relevantes para o Grupo 3 em todos os diferenciais semânticos em estudo. GRUPO 3 Pares de Adjectivos Opostos Indumentária Gesticulação Imagem Indumentária Imagem da Gesticulação Elegante/Ordinária Segura/Insegura Maturidade/Jovialidade Credibilidade/Não (2,5) (-2,5) (2,1) credibilidade (2,6) Profissional/Amadora Clara/Confusa (2) Seriedade/Descontracção (- Cuidada/Descuidada 2,4) (2,5) (2,2) Racional/Emocional (2) Tabela 20: Pares de adjectivos mais apreciados nas atitudes no Grupo 3 No gráfico 3, podemos observar que, a gesticulação lenta acompanhada de uma indumentária formal gerou atitudes muito favoráveis por parte dos sujeitos, sendo esta combinatória a conjugação mais expressiva em termos de credibilidade. Escala do Diferencial Semântico GRUPO 3 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 -0,5 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 1.10 2.1 2.2 2.3 Pares de Adjectivos Opostos Indumentária Gesticulação Imagem da Indumentária Gráfico 3: Atitudes do Grupo 3 102 Imagem da Gesticulação A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Por último, e à semelhança do grupo anterior, a indumentária no Grupo 4 obteve atitudes globalmente favoráveis, com valores máximos nos pares de adjectivos Perfeccionista versus Improvisada e Profissional versus Amadora, com médias de 2.1 e 2 respectivamente. Tanto no Grupo 3 como no Grupo 4 constatámos que, o Profissionalismo, Perfeccionismo e Elegância são as características mais evidenciadas em termos de atitudes. É de salientar ainda que, todos os itens foram pontuados acima de zero, com excepção do par de adjectivos Ousada versus Discreta, com o valor de -0.5. Com base na Tabela 21, podemos verificar que as atitudes acerca da Imagem transmitida pela indumentária também são bastante favoráveis, atingindo valores mais elevados relativamente ao diferencial semântico anterior. Os atributos mais pontuados pelos sujeitos foram a Credibilidade e o Profissionalismo, ambos com médias totais de 2.3. Tal como no Grupo 3, a credibilidade foi o item mais evidenciado, ocupando a 1ª posição em ambos os grupos, o que nos permite mais uma vez apontar a indumentária formal como um factor determinante de credibilidade do comunicador. Seguiram-se a Maturidade, a Responsabilidade e a Imagem Cuidada. Por contra, o item menos pontuado foi a Coerência com o valor de 1, num intervalo entre -3 e 3. Deparamo-nos ainda com uma pontuação negativa no par de adjectivos Flexibilidade versus Rigidez (MT: -1,1), cujo valor constitui um aspecto positivo, tendo em conta que a Rigidez é uma característica apontada da indumentária formal. Relativamente à gesticulação no Grupo 4, e tal como se constatou no Grupo 2, apresenta o seu valor extremo no par de adjectivos Moderada versus Exagerada, cujos valores são muito idênticos. De seguida, os mais apreciados foram os atributos Racional (MT: -2.3), Irrisória e Imperativa (ambas com MT: -2.1). Note-se que, no Grupo 2, o item Imperativa também foi um dos mais pontuados com uma média um pouco superior. 103 GRUPO 4 1 2 Indumentária 1.2. Elegante/ Odinária 1.4. Rígida/ Flexível 1.5. Original/ Convencional 1.6. Perfecionista/Im provisada 1.7. Idónea/ Inapropriada 1.8. Ousada/ Discreta 1.10. 1.9. Expressiva/ Profissional/Ama Irrelevante dora Total 13 19 12 5 8 21 18 -5 11 20 122 Média* 1,3 1,9 1,2 0,5 0,8 2,1 1,8 -0,5 1,1 2 1,22 Gesticulação 2.1. Moderada/ Exagerada 2.2. Explicativa/ Genérica 2.3. Objectiva/ Informativa 2.4. Segura /Insegura 2.5. Confusa/ Clara 2.6. Congruente/ Incongruente 2.7. Discreta/ Irrisória 2.8. Persuasiva/ Impertativa 2.9. Compreensí/ Incompreen 2.10. Organizada/ Descompass 2.11. Uniforme/ Informe Soma das pontuações -26 3 -3 5 -6 -12 -21 -21 -8 -19 -20 -0,6 -1,2 -2,1 -2,1 -0,8 -1,9 -2 3.10. Credibilid/ Não credibilid 3.11. Cuidada/ Descuidada Média* -2,6 0,3 -0,3 0,5 Gesticulação 2.12. Condescen/ Intransig 2.13. Enfática/ Não enfática 2.14. Racional/ Emotiva Total Soma das pontuações -9 -1 -23 -161 Média* -0,9 -0,1 -2,3 -1,15 3.1. Seriedade/ 3.2. Profissional/ Descontraç Diversão 3.3. Maturidade/ Jovialidade 3.4. 3.5. Coerência/ Responsabilid/Irr Incoerência esponsabili 3.6. Força/ Delicadeza 3.7. 3.8. Autoridade/ 3.9. Segurança/ Flexibilidade/Rigi Obdiência Insegurança dez Soma das pontuações 19 23 22 21 10 14 -11 16 20 23 21 Média* 1,9 2,3 2,2 2,1 1 1,4 -1,1 1,6 2 2,3 2,1 Imagem da Indumentária 3.12. Sucesso/ Insucesso 3.13. Reverência/ Irreverência Total Soma das pontuações 14 13 205 Média* 1,4 1,3 1,5769 4.1. 4.2. 4.10 Empatia/ Apatia 4.11. Sabedoria/ Ignorância Imagem da Gesticulação Competênc/In Profissionalis/Im 4 1.3. Atractiva/ Repelente Soma das pontuações Imagem da Indumentária 3 1.1. Moderna/ Tradicional 4.3. Segurança/ Insegurança 4.4. Credibilid/ Não credibilid 4.7. 4.5. Autoridade/ 4.6. Delicadeza/ 4.8. Sinceridade/ 4.9. Coerência/ Proximidade/Dist Submissão Agressividade Hipocrisia Incoerência anciamen competên aturidade Soma das pontuações -17 -19 -9 -17 3 -25 -17 -21 -13 -13 -5 Média* -1,7 -1,9 -0,9 -1,7 0,3 -2,5 -1,7 -2,1 -1,3 -1,3 -0,5 Imagem da Gesticulação 4.12. Preparo/ Despreparo Total Soma das pontuações -19 -172 Média* -1,9 -1,43333 * O valor da média está compreendido entre 3 e -3 Tabela 21: Atitudes dos sujeitos no Grupo 4 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Outro aspecto que importa aqui salientar é o facto de os pares de adjectivos Explicativa versus Genérica e Segura versus Insegura terem sido pontuados positivamente, embora com valores neutros, 0.5 e 0.3 respectivamente. Embora no Grupo 2 estes atributos tenham obtido igualmente valores considerados neutros, não foram positivos. O item menos pontuado foi a Ênfase com uma média total de -0.1, sendo desta forma um dos menos pontuados no âmbito do Grupo 2. O diferencial semântico relativo à Imagem transmitida pela gesticulação também indicou atitudes bastante desfavoráveis por parte dos sujeitos. À semelhança do Grupo 2, os atributos mais evidenciados foram a Agressividade com uma média total de -2.5, seguida da Hipocrisia com uma média total de -2.1. Logo a seguir apuramos o Despreparo e a Imaturidade com médias de -1.9, ocupando a 3ª posição. A credibilidade foi também pontuada negativamente (MT: -1,7), aliás muito idêntica à do Grupo 2, o que nos permite inferir que a gestualidade brusca gera uma percepção de pouca crença e fiabilidade por parte do receptor. A elevada pontuação da Hipocrisia, Imaturidade e da Incompetência (MT: -1,7) confirma este argumento. Por outro lado, devemos realçar ainda que, de entre os 12 itens apenas o par de adjectivos Autoridade versus Submissão foi pontuado positivamente com o valor neutro de 0.3. Também neste grupo apuramos os pares de adjectivos mais evidenciados em cada diferencial semântico. Da enumeração, obtivemos os valores máximos nos seguintes pares de adjectivos opostos: na indumentária o par Perfeccionista versus Improvisada (MT: 2.1); na gesticulação o par Moderada versus Exagerada (MT: -2.6); na Imagem transmitida pela indumentária par Credibilidade versus Não credibilidade (MT: 2.3) e na Imagem transmitida pela gesticulação o par Delicadeza versus Agressividade (MT: -2.5). GRUPO 4 Pares de Adjectivos Opostos Indumentária Gesticulação Imagem Indumentária Imagem da Gesticulação Perfeccionista/Improvisada Moderada/Exagerada Credibilidade/Não Delicadeza/Agressividade (2,1) (-2,6) credibilidade (2,3) (-2,5) Profissionalismo/Diversão Sinceridade/Hipocrisia (2,3) (-2,1) Profissional/Amadora (2) Racional/Emocional (-2,3) Tabela 22: Pares de adjectivos mais apreciados nas atitudes no Grupo 4 105 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador De uma forma global, o Grupo 4 registou atitudes positivas relativamente à indumentária formal, e mais uma vez, a gestualidade brusca foi pontuada desfavoravelmente como podemos verificar na próxima representação gráfica. Escala do Diferencial Semântico GRUPO 4 2,5 2 1,5 1 0,5 0 -0,5 -1 -1,5 -2 -2,5 -3 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 1.10 2.1 2.2 2.3 Pares de Adjectivos Opostos Indumentária Gesticulação Imagem da Indumentária Imagem da Gesticulação Gráfico 4: Atitudes do Grupo 4 Tendo em conta os valores apurados anteriormente, e embora o Grupo 3 tenha apontado os valores mais elevados, o Grupo 2 apresenta os valores mais baixos. Nos quatro grupos, e em relação ao par de adjectivos Credibilidade versus Não Credibilidade podemos constatar o seguinte: Os Grupos 1 e 2 consideraram a Imagem transmitida pela Indumentária como não credível (c.f. com a Tabela 23); Os Grupo 3 e 4 pontuaram a Imagem transmitida pela Indumentária como muito credível, com médias de 2.2 e 2.3 respectivamente; Os Grupo 1 e 3 classificaram a Imagem transmitida pela Gesticulação como muito credível; por último, os Grupos 2 e 4 apresentaram atitudes desfavoráveis em relação à credibilidade da Imagem transmitida pela gesticulação. 106 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3 GRUPO 4 [II + GL] [II + GB] [IF + GL] [IF + GB] Credibilidade transmitida pela Indumentária -1,2 -1,4 2,6 2,3 Credibilidade transmitida pela Gesticulação 2 -1,8 2,2 -1,7 Tabela 23: Credibilidade transmitida pela indumentária e pela gesticulação nos quatro grupos Legenda: II=Indumentária Informal; IF=Indumentária Formal; GL=Gesticulação lenta; GB=Gesticulação Brusca Tendo em conta as representações gráficas 5 e 6 rapidamente nos apercebemos que, quando o estímulo se baseia na gesticulação lenta (presentes nos Grupos 1 e 3), as atitudes dos sujeitos foram positivas em termos de credibilidade. Por sua vez, quando o estímulo se baseia na gestualidade brusca obtiveram-se valores negativos e o mesmo se verificou relativamente à indumentária. Os sujeitos dos Grupos 3 e 4 foram submetidos a uma indumentária formal registando-se elevados índices de credibilidade. Já os Grupos 1 e 2, expostos a uma indumentária informal, evidenciaram atitudes negativas em termos de credibilidade. Dito de outra forma, o movimento moderado na gestualidade e a formalidade da indumentária apresentamse como duas manifestações não-verbais responsáveis pela construção da credibilidade do comunicador. Credibilidade transmitida pela indumentária Credibilidade transmitida pela gesticulação 3 3 2 2 Indumentária Formal 1 1 Gesticulação Brusca 0 Indumentária Informal 0 Gesticulação Lenta -1 -1 -2 -2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 1 Gráfico 5: Credibilidade transmitida pela indumentária Grupo 3 Grupo 2 Grupo 4 Gráfico 6: Credibilidade transmitida pela gesticulação 107 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Terminada a apresentação dos dados relativamente aos diversos grupos independentes, iremos agora proceder a uma análise dos dados no âmbito das variáveis independentes. 4.3. Variáveis Independentes As variáveis independentes são aquelas que o investigador manipula para medir o seu efeito na variável dependente. Neste caso concreto, as variáveis independentes são a indumentária e a gesticulação e a variável dependente é a credibilidade do comunicador. O estudo manipula ambas as variáveis independentes com dois níveis de variação. No âmbito da indumentária, consideramos como níveis de variação a formalidade e informalidade e, no que respeita à gesticulação, a natureza do estímulo varia entre lento e brusco. Para medirmos as atitudes da indumentária, construímos dois diferenciais semânticos: um para realizarmos uma avaliação individual do estímulo e outro para obtermos uma avaliação conjunta. O mesmo procedimento metodológico foi aplicado à gesticulação na qualidade de variável independente. Neste sentido, e com o intuito de aprofundarmos a nossa análise dos dados, vamos abordar individualmente cada diferencial semântico numa perspectiva comparativa entre os vários grupos independentes. O objectivo é apurar as diferenças e semelhanças das atitudes relativamente às variáveis independentes em estudo. 4.3.1. Indumentária A partir dos dados apurados e apesentados na Tabela 24, podemos verificar que nos Grupos 1 e 2, onde os sujeitos foram submetidos a uma indumentária informal, as atitudes dos sujeitos foram desfavoráveis, registando-se na generalidade valores abaixo de zero. No entanto, embora o estímulo da indumentária tenha sido o mesmo nos dois grupos, registaram-se diferenças significativas na pontuação de determinados pares de adjectivos opostos. Os exemplos mais relevantes são: Moderna 108 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador versus Tradicional (MT: 0.5 no Grupo 1 e MT: -1.2 no Grupo 2); Elegante versus Ordinária (MT: -0.3 no Grupo 1 e MT: -0.8 no Grupo 2); Original verus Convencional (com MT: -1.1 no Grupo 1 e MT: -1.8 no Grupo 2) e Ousada versus Discreta (MT: -0.1 no Grupo 1 e MT: -0.6 no Grupo 2). Ou seja, os sujeitos classificaram a indumentária como mais Tradicional, Ordinária, Convencional e Ousada no Grupo 2 do que no Grupo 1. Porém, note-se que, ao contrário do Grupo 1, o Grupo 2 foi exposto ao estímulo da gestualidade brusca, o que poderá ter influenciado as atitudes dos sujeitos relativamente à indumentária. O aumento dos atributos Flexível, Ousada e Amadora vem também reforçar o nosso ponto de vista, uma vez que, o próprio movimento brusco também estimula estas características. GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3 GRUPO 4 [II + GL] [II + GB] [IF + GL] [IF + GB] 1.1. Moderna/Tradicional 0,5 -1,2 1,7 1,3 1.2. Elegante/Ordinária -0,3 -0,8 2,5 1,9 1.3. Atractiva/Repelente -0,4 -0,6 1,1 1,2 1.4. Rígida/Flexível -2,3 -2,5 2,1 0,5 1.5. Original/Convencional -1,1 -1,8 0,2 0,8 1.6. Perfeccionista/Improvisada -2,1 -2,2 2 2,1 1.7. Idónea/Inapropriada -1,1 -1,4 2 1,8 1.8. Ousada/Discreta -0,1 -0,6 -0,4 -0,5 1.9. Expressiva/Irrelevante -1,6 -1,4 1,9 1,1 1.10. Profissional/Amadora -1,8 -2 2,2 2 -1,03 -1,45 1,53 1,22 INDUMENTÁRIA Média Total Tabela 24: Atitudes dos sujeitos em relação à indumentária Legenda: II=Indumentária Informal; IF=Indumentária Formal; GL=Gesticulação lenta; GB=Gesticulação Brusca Nos Grupos 3 e 4, as atitudes dos sujeitos relativamente à indumentária, foram bastante favoráveis. Tal como no nível de variação anterior - Indumentária Informal, também aqui nos deparamos com algumas diferenças consideráveis entre os grupos. Neste sentido, são de destacar os pares de adjectivos Moderna versus Tradicional (MT: 1.3 no Grupo 4 MT: 1.7 no Grupo 3); Elegante verus Ordinária (MT: 1.9 no Grupo 4 e MT: 2.5 no Grupo 3); Rígida versus Flexível (MT: 0.5 no Grupo 4 e 2.1 no Grupo 3) e Expressiva vesus Irrelevante (MT: 1.1 no Grupo 4 e MT: 1.9 no Grupo 3). Os sujeitos consideraram a indumentária mais Moderna, Elegante, Rígida e 109 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Expressiva quando ela esteve acompanhada de uma gesticulação lenta, do que acompanhada com a gesticulação brusca. De certa forma, a moderação da gestualidade acabou por impulsionar favoravelmente as atitudes dos sujeitos em relação à indumentária formal. Ainda assim, deparemo-nos com o par de adjectivos Original versus Convencional que, ao contrário da maioria dos atributos obteve valores superiores no Grupo 4. A indumentária formal foi descrita como mais original acompanhada de movimentos bruscos, do que conjugada com movimentos lentos. De uma forma geral, a indumentária apresentou valores positivos extremos nos pares de adjectivos Elegante versus Ordinária (MT: 2.5) e Profissional versus Amadora (MT: 2.2). Os valores negativos mais elevados foram verificados no par Rígida versus Flexível (com MT: -2.5 e -2.3). Os pares que obtiveram valores considerados neutros foram: Ousada versus Discreta (com MT: -0.1) e Original versus Convencional (com MT: 0.1). 4.3.2. Gesticulação Nos Grupos 1 e 3, os diferenciais semânticos relativos à gesticulação apresentaram atitudes favoráveis. Não obstante, note-se que os valores obtidos no Grupo 3 foram na generalidade superiores aos evidenciados no Grupo 1. Essa discrepância verificou-se acima de tudo nos atributos Explicativa MT: 1.4 no Grupo 3 e MT: 0.7 no Grupo 1); Informativa MT: 1.8 no Grupo 3 e MT: 0.3 no Grupo 1) e Discreta (MT: 2.3 no Grupo 1 e MT: 1 no Grupo 3). Para além de apresentarem valores bastante díspares, é de salientar que nos primeiros dois, tal como se constata nos atributos Condescente e Enfática, a média total passa de valores neutros para valores superiores a 1. Ou seja, a Seriedade, o Profissionalismo e a Respeitabilidade comunicados pela indumentária formal impulsionaram, mesmo que indirectamente, os parâmetros avaliativos da gesticulação lenta. 110 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3 GRUPO 4 [II + GL] [II + GB] [IF + GL] [IF + GB] 2.1. Moderada/Exagerada 2,2 -2,5 1,9 -2,6 2.2. Explicativa/Genérica 0,7 -0,9 1,4 0,3 2.3. Informativa/Objectiva 0,3 -2,2 1,8 -0,3 2.4. Segura/Insegura 1,9 -0,3 2,1 0,5 2.5. Clara/Confusa 1,5 -0,7 2 -0,6 2.6. Congruente/Incongruente 1,4 -1,6 1,5 -1,2 2.7. Discreta/Irrisória 2,3 -1,7 1 -2,1 2.8. Persuasiva/Imperativa 1 -2,4 1,4 -2,1 2.9. Compreensível/Incompreensível 2 -0,1 1,8 -0,8 2.10. Organizada/Descompassada 1,4 -1,6 1,3 -1,9 2.11. Uniforme/Informe 1,6 -1,9 1,2 -2 2.12. Condescendente/Intransigente 0,4 -1,1 1,2 -0,9 2.13. Enfática/Não enfática 0,9 -0,2 1,8 -0,1 2.14. Racional/Emocional 1,4 -1,9 2 -2,3 1,3571 -1,3642 1,53 -1,15 GESTICULAÇÃO Média Total Tabela 25: Atitudes dos sujeitos em relação à gesticulação Legenda: II=Indumentária Informal; IF=Indumentária Formal; GL=Gesticulação lenta; GB=Gesticulação Brusca Nos Grupos 2 e 4, na genaralidade também se apurou uma diferença bastante acentuada em alguns pares de adjectivos. A gesticulação brusca apresentou atitudes mais desfavoráveis quando acompanhada de uma indumentária informal (presente no Grupo 2) do que quando conjugada com uma formal ( presente no Grupo 4). Os pares de adjectivos opostos ou bipolares que melhor o comprovam são: Explicativa versus Genérica (MT: -0.9 no Grupo 2 e MT: 0.3 no Grupo 4), Segura versus Insegura (MT: -0.3 no Grupo 2 e MT:0.5 no Grupo 4) e Informativa versus Objectiva (MT: -2.2 no Grupo 1 e MT: -0.3 no Grupo 4). Isto é, a gesticulação brusca foi pontuada como menos Genérica, Insegura e Objectiva no Grupo 4 do que no Grupo 2. Repare-se que, os dois primeiros pares chegaram mesmo a obter valores positivos no Grupo 4. Por outro lado, a incompreensão da gestualidade aumentou significativamente no Grupo 4, passando de uma média total de -0.1 (no Grupo 2) para -0.8 ( no Grupo 4). Assim, tendo em conta a análise da Tabela 25, verificámos que as atitudes dos sujeitos relativamente à gesticulação (lenta ou brusca) foram influenciadas pelo grau de formalidade da indumentária. Neste sentido, podemos afirmar que, quando a indumentária adoptou o nível formal, a gesticulação lenta obteve valores positivos muito expressivos (Grupo 3) e a gesticulação brusca apurou valores negativos, embora 111 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador não tão significativos como no Grupo 4. Por sua vez, quando a indumentária foi de cariz informal, a gesticulação lenta obteve valores positivos não tão expressivos, comparativamente aos do Grupo 3. Já a gesticulação brusca apresentou valores negativos mais elevados como foi apanágio do Grupo 2. Neste diferencial semântico, os pares de adjectivos Discreta versus Irrisória (com MT: 2.3) e Moderada versus Exagerada (com MT: 2.2) foram os que obtiveram valores positivos mais elevados; por sua vez, os pares Compreensível versus Incompreensível (com MT: -0.1) e Enfática versus Não Enfática (com MT: -0.1) apresentaram valores neutros. Por último, o par pontuado mais desfavorávelmente foi Moderada versus Exagerada (com MT: -2.6 e -2.5). 4.3.3. Imagem transmitida pela indumentária Globalmente, no que respeita à Imagem transmitida pela indumentária, as atitudes dos sujeitos foram desfavoráveis nos Grupos 1 e 2, e favoráveis nos Grupos 3 e 4. Tal como nos diferenciais semânticos anteriores, também aqui se evidenciaram algumas diferenças que importam salientar. No Grupo 2, as médias totais dos atributos aumentaram comparativamente ao Grupo 1. Os aumentos mais significativos ocorreram nos pares de adjectivos Segurança versus Insegurança (com MT: -0,2 no Grupo 1 e MT: -1.5 no Grupo 2), Coerência versus Incoerência (com MT: -0.6 no Grupo 1 e MT: -1.5 no Grupo 2) e Profissionalismo versus Diversão (com MT: -1.6 no Grupo 1 e MT: -2.3 no Grupo 2). Na opinião dos sujeitos experimentais, a Indumentária transmitiu uma Imagem Segurança, de Incoerência e de Diversão muito superiores no Grupo 2. As Imagens de Descontração, Jovialidade, Não credibilidade e Descuido também aumentaram quando a indumentária informal foi acompanhada de uma gestualidade brusca. Porém, e curiosamente, o atributo Flexibilidade sofreu uma elevada redução à semelhança do Grupo 1. Consideramos esta discrepância de valores um pouco contraditória, tendo em conta que na avaliação individual da indumentária, o par de adjectivos Rígida versus Flexível registou um aumento Grupo 2. 112 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador IMAGEM TRANSMITIDA PELA GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3 GRUPO 4 INDUMENTÁRIA [II + GL] [II + GB] [IF + GL] [IF + GB] 3.1. Seriedade/Descontracção -2,4 -2,7 2,1 1,9 3.2. Profissionalismo/Diversão -1,6 -2,3 2,3 2,3 3.3. Maturidade/Jovialidade -2,3 -2,6 2,3 2,2 3.4. Responsabilidade/Irresponsabilidade --0,8 -1,3 2,1 2,1 3.5. Coerência/Incoerência -0,6 -1,5 1,5 1 3.6. 3.5. Força/Delicadeza -0,3 -0,6 1,6 1,4 3.6. Flexibilidade/Rigidez -1,9 1,4 0,1 -1,1 3.7. Autoridade/Obdiência -1,6 -1,9 2 1,6 3.8. Segurança/Insegurança -0,2 -1,5 2,2 2 -1,2 -1,4 2,6 2,3 -1 -1,6 2,5 2,1 3.11. Sucesso/Insucesso -1,4 -1,5 1,7 1,4 3.12. Reverência/Irreverência -1,9 -2 1,3 1,3 -1,030 -1,4769 1,8692 1,5769 3.9. Credibilidade/Não Credibilidade 3.10. Cuidada/Descuidada Média Total Tabela 26: Atitudes dos sujeitos relativamente à Imagem transmitida pela indumentária Legenda: II=Indumentária Informal; IF=Indumentária Formal; GL=Gesticulação lenta; GB=Gesticulação Brusca Os Grupos 3 e 4, ao contrário do que se tem verificado, não apresentaram valores muito divergentes. Para além de se constatar uma ligeira descida na maioria dos valores médios de atitudes no Grupo 4, estas diferenças não são muito consideráveis. Já os atributos Coerência (com MT: 1.5 no Grupo 3 e MT: 1 no Grupo 4) e Flexibilidade (com MT: 0.1 no Grupo 3 e MT: -1.1 no Grupo 4) foram os que apresentaram maior disparidade de valores. No entanto, repare-se que, a Imagem transmitida pela indumentária formal apresentou valores positivos mais elevados quando esteve acompanhada da gestualidade lenta, do que quando esteve conjugada com a gestualidade brusca. Por outro lado, tal como é possível visualizar na Tabela 26, a Imagem transmitida pela indumentária informal apurou valores negativos mais baixos quando acompanhada de uma gesticulação lenta, do que quando acompanhada com uma gesticulação brusca. Ou seja, também aqui é notória a influencia do nível de variação da gesticulação na análise conjunta da indumentária. No que respeita à Imagem transmitida pela indumentária, esta apresentou valores positivos extremos nos pares de adjectivos Credibilidade versus Não Credibilidade (com MT: 2.6) e Cuidada versus Descuidada (com MT: 2.5) e valores negativos mais elevados nos pares opostos Seriedade versus Descontração (com MT: 113 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador 2.7) e Maturidade versus Jovialidade (com MT: -2.6). Já os valores neutros foram apurados nos pares Flexibilidade versus Rigidez (com MT: 0.1) e Segurança verus Insegurança (com MT: -0.2). 4.3.4. Imagem transmitida pela gesticulação Por útimo, relativamente à Imagem transmitida pela gesticulação, podemos verificar que os valores médios de atitudes foram favoráveis nos Grupos 1 e 3, e desfavoráveis nos Grupos 2 e 4. O Grupo 1, submetido à indumentária informal e à gesticulção lenta, apresentou valores positivos mais baixos à semelhança do Grupo 3, que foi submetido ao mesmo tipo de gesticulação, mas com uma indumentária formal. Os atributos que melhor exemplificam esta disparidade de valores são a Autoridade (com MT: -0.3 no Grupo 1 e MT: 2.1 no Grupo 2) e a Coerência (com MT: 1.6 no Grupo 1 e MT: 2.2 no Grupo 3). Repare-se que, na opinião dos sujeitos do Grupo 3, a gesticulação lenta acompanhada de uma indumentária formal transmitiu uma Imagem de elevada autoridade, ao passo que os sujeitos do Grupo 1 consideraram ter sido uma Imagem de submissão ou neutra. À semelhança da autoridade, também a coerência apresentou valores relativamente superiores no terceiro grupo. Por contra, a Delicadeza foi o único iten que registou uma ligeira descida, comparativamente ao Grupo 1. IMAGEM TRANSMITIDA PELA GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3 GRUPO 4 GESTICULAÇÃO [II + GL] [II + GB] [IF + GL] [IF + GB] 4.1. Competência/Incompetência 1,6 -1,7 1,9 -1,7 4.2. Profissionalismo/Imaturidade 1,9 -1,9 2,2 -1,9 4.3. Segurança/Insegurança 1,7 -1,6 1,7 -0,9 2 -1,8 2,2 -1,7 4.5. Autoridade/Submissão -0,3 -0,1 2,1 0,3 4.6. Delicadeza/Agressividade 1,3 -2,3 0,9 -2,5 4.7. Proximidade/Distanciamento 1,4 -2 1,4 -1,7 4.8. Sinceridade/Hipocrisia 2 -2,1 1,9 -2,1 4.9. Coerência/Incoerência 1,6 -1,5 2,2 -1,3 1,8 -1,9 1,7 -1,3 1,8 -1,1 1,9 -0,5 4.4. Credibilidade/Não-Credibilidade 4.10. Empatia/Apatia 4.11. Sabedoria/Ignorância 114 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador 4.12. Preparo/Despreparo Média Total 1,2 -2 1,4 -1,9 1,5 -1,666 1,791 -1,433 Tabela 27: Atitudes dos sujeitos relativamente à Imagem transmitida pela gesticulação Legenda: II=Indumentária Informal; IF=Indumentária Formal; GL=Gesticulação lenta; GB=Gesticulação Brusca No que respeita à Imagem transmitida pela gesticulação brusca, a partir dos dados apurados na Tabela 27, podemos verificar que os valores médios de atitudes foram mais desfavoráveis no Grupo 2 do que no Grupo 4. As diferenças mais expressivas verificaram-se nos pares de adjectivos Segurança versus Insegurança (com MT: -1.6 no Grupo 2 e MT: -0.9 no Grupo 1), Empatia versus Apatia (com MT: -1.9 no Grupo 2 e MT: -1.3 no Grupo 4) e Sabedoria versus Ignorância (com MT: -1.1 no Grupo 1 e MT: -0.,5 no Grupo 4). A gesticulação transmitiu uma Imagem de maior Insegurança, Apatia e Ignorância quando foi acompanhada pela indumentária informal, do que quando foi conjugada com a indumentária formal. Repare-se que, os valores da Insegurança e da Apatia apesar de negativos foram neutros no Grupo 4. O atributo Autoridade também registou uma ligeira diferença, tendo obtido um valor médio de -0.1 no Grupo 2 e 0.3 no Grupo 4. Neste sentido, podemos afirmar que a Sobriedade, Profissionalismo e Respeitabilidade, presentes na indumentária formal, influenciaram positivamente os parâmetros de avaliação conjunta da gesticulação e a indumentária informal ajudou na descida dos valores relativos à Imagem transmitida pela gesticulação. Neste diferencial semântico, os atributos que obtiveram valores positivos mais expressivos foram o Profissionalismo, a Responsabildiade e a Coerência (com MT: 2.2); com valores negativos extremos temos Agressividade (com MT: -2.5 e -2.3) e, por último, com valores neutros apuramos o par de adjectivos opostos Autoridade versus Submissão (com MT: -0.1 e -0.3). 115 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador 4.4. Efeitos colectivos A determinação dos efeitos foi realizada através da soma das pontuações de todos os diferenciais semânticos. O somatório das pontuações dos sujeitos experimentais permite-nos apurar o valor colectivo das suas apreciações por grupo experimental, tendo em linha de conta os níveis de variação da combinatória de variáveis independentes a que foi submetido o sujeito. No âmbito desta investigação, consideramos como efeito positivo, negativo ou neutro, o somatório das pontuações colectivas que estejam compreendidas entre os valores da Tabela 28. Estes valores foram obtidos através da soma dos valores apresentados na Tabela 12 do Capítulo 3, relativo à metodologia da presente investigação. Efeito positivo colectivo Efeito neutro colectivo Efeito negativo colectivo Entre [490 e 1470] *[470 e 490] Entre [450 e -450] *[451 e 489] Entre [-490 e -1470] *[-470 e-489] Tabela 28: Intervalos definidores dos efeitos por grupo experimental. *Por se verificar um “buraco” na banda de variação tivemos que alargar os intervalos definidores dos efeitos Definidos os intervalos dos efeitos por grupo experimental, realizamos a soma das pontuações colectivas para cada diferencial semântico e para cada grupo independente. Os resultados obtidos estão apresentados na tabela seguinte: Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 [II e GB] [IF e GL] [IF e GL] -103 -145 153 122 2 - Avaliação individual: Indumentária 190 -191 224 -161 3 - Avaliação conjunta: Imagem transmitida pela indumentária -134 -192 243 205 4 - Avaliação conjunta: Imagem transmitida pela gesticulação 180 -200 215 -172 Soma das pontuações dos diferenciais semânticos 133 -728 835 -6 EFEITO OBTIDO EFEITO NEUTRO EFEITO NEGATIVO EFEITO POSITIVO EFEITO NEUTRO DIFERENCIAIS SEMÂNTICOS Grupo 1 [II e GL] 1 - Avaliação individual: Indumentária Tabela 29: Efeitos por grupo experimental 116 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador Da observação da Tabela 29, podemos verificar que a indumentária acompanhada de uma gesticulação lenta (Grupo 1) obteve um efeito neutro na credibilidade do comunicador; a indumentária informal conjugada com uma gesticulação brusca (Grupo 2) apurou um efeito negativo na credibilidade do comunicador; por sua vez, a indumentária formal acompanhada de uma gesticulação lenta (Grupo 3) obteve um efeito positivo em termos de credibilidade e, por último, a indumentária formal conjugada com uma gesticulação brusca (Grupo 4) proporcionou um efeito neutro na credibilidade do comunicador. 4.5. DISCUSSÃO Depois de apresentados e analisados os dados, podemos afirmar que a hipótese geral deste estudo se verifica, tendo sido possível verificar três das quatro hipóteses operativas. Através da H1, foi possível verificar que a gestualidade lenta acompanhada de uma indumentária informal obteve um efeito neutro na credibilidade do comunicador. A amostra do Grupo 1 apresentou atitudes desfavoráveis relativamente à indumentária informal, classificando-a como Amadora, Flexível e Improvisada. Segundo os sujeitos experimentais ela transmitiu uma imagem de Descontracção, Jovialidade, Irreverência e Obediência. No entanto, o efeito negativo da indumentária informal foi atenuado pela gesticulação lenta, que foi descrita como Moderada, Discreta e Compreensível. Na opinião dos sujeitos ela transmitiu uma imagem de Credibilidade, Sinceridade, Profissionalismo, Empatia e Sabedoria. Ou seja, a moderação da gestualidade e os atributos por ela comunicados influenciaram as atitudes dos sujeitos relativamente à informalidade da indumentária. A H2 permitiu-nos constatar que a indumentária informal (do tipo jeans, sweat e sapato desportivo) conjugada com uma gesticulação brusca proporcionou um efeito negativo em termos de credibilidade. Os sujeitos experimentais do Grupo 2 pontuaram negativamente quase todos os atributos relativos à gestualidade e à 117 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador indumentária. Na percepção do Grupo 2 a indumentária informal foi tida consideravelmente como Flexível, Improvisada e Amadora, e transmitiu Imagens de Descontracção, Jovialidade, Diversão, Irreverência e de Não Credibilidade. Estas verificações permitem-nos constatar que, de facto, a indumentária do indivíduo denota informação, podendo dar indicações acerca dos seus interesses, personalidade, status, etc.. Em geral, a aparência e atractivo da pessoa influenciam as relações interpessoais e actuam como fortes indicadores na construção de uma imagem de credibilidade. Segundo Américo de Sousa, a atractividade do indivíduo é um factor que influencia na modificação de atitudes e confere diferentes graus de persuadibilidade (Sousa, p.150). Neste caso, a indumentária informal em vez de colaborar com a formação de uma imagem de credibilidade acabou por depor contra a mesma. Este aspecto está bem saliente na elevada pontuação de atributos como a Diversão, Jovialidade, Descontracção, Insucesso e Irreverência. O mesmo se apurou na gestualidade, onde as atitudes dos sujeitos foram notavelmente desfavoráveis. Neste trabalho, a gesticulação brusca foi considerada como Exagerada, Imperativa, Objectiva, Informe e Emocional e transmitiu Imagens de Agressividade, Hipocrisia, Despreparo, Imaturidade, entre outras, como o caso da Não-Credibilidade. Tal como a indumentária, os gestos utilizados pelo comunicador também dão informações sobre o seu carácter e personalidade, chegando por vezes a por em causa as percepções de confiança e fiabilidade por parte do interlocutor. Isto acontece por vezes quando as nossas palavras dizem uma coisa e os nossos gestos dizem outra, denunciando-nos em mensagens implícitas que não queremos desvendar. Tal como salienta Caetano, “o que se dá a conhecer aos olhos é muito mais marcante que o que somente se dá a conhecer aos ouvidos” (Caetano 2009: 90). Note-se que, neste estudo, a gestualidade brusca transmitiu imagens de Hipocrisia e Incoerência bastante assinaláveis levandonos a afirmar que os gestos executados com demasiada rapidez podem por em causa a percepção de sinceridade e, consequentemente, a credibilidade do comunicador na óptica do receptor. Tal como referem Dorna e Argentin, “(..) la gestualidade juega un rol importante en la credibilidade del emisor. En efecto, la utilización reiterada de gestos no relacionados com el discurso (registro adaptador) ejerce una influencia perturbadora en la recepción del mensaje” (Dorna e Argentin 1993: 65). Os 118 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador movimentos corporais excessivos e incoerentes com a linguagem verbal podem actuar como fortes indicadores de ansiedade, reticência, stress e até mesmo mentira, sendo percepcionados pela audiência com desconfiança. Ora, quando a confiança é posta em causa é impossível haver geração de credibilidade. Por sua vez, a H3 permitiu-nos verificar que a gestualidade lenta acompanhada de uma indumentária formal obteve um efeito positivo na credibilidade do comunicador. A amostra do Grupo 3 foi aquela que evidenciou atitudes mais favoráveis relativamente às variáveis em estudo. A indumentária formal (do tipo terno preto, camisa branca e gravata escura) foi descrita pelos sujeitos experimentais como sendo Elegante, Profissional, Perfeccionista e Idónea. Na percepção da amostra, a indumentária transmitiu Imagens de Profissionalismo, Maturidade, Segurança, Autoridade, Sucesso, entre outras. A Imagem de Credibilidade foi a mais pontuada, o que nos permite afirmar que o grau de formalidade da indumentária é um forte indicador na construção da credibilidade do comunicador. O carácter formal da indumentária confere ao seu portador grande visibilidade, potenciando o seu atractivo. Por outro lado, comunica respeitabilidade, competência e seriedade, características que, por si só, potenciam a percepção de fiabilidade por parte do receptor da mensagem. Segundo Bonásio, as roupas estão directamente relacionadas com a imagem que o comunicador quer passar ao público. Se o emissor quiser ser levado a sério pela sua audiência, ele tem que ter noção de que a sua roupa deve complementar os próprios objectivos da comunicação (Bonásio citado por Aquino 2011: 52). Assim sendo, é importante que o comunicador adopte uma indumentária conservadora e moderada, uma aparência séria e profissional para que possa ser considerado digno de confiança. No Grupo 3, a gestualidade lenta foi apontada como Segura, Racional, Clara, Moderada, Enfática e Informativa. Perante a considerável pontuação destes atributos, rapidamente nos apercebemos que a gesticulação actuou como uma potencial forma de comunicação. Para além de ilustrar e reforçar o discurso verbal, também contribuiu para a transmissão de uma mensagem mais clara e unívoca. A gesticulação adoptada 119 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador também chamou a atenção do público, tendo em linha de conta que foi descrita como Persuasiva e Congruente. Ou seja, o uso de gestos moderados e adequados aumentou o impacto da comunicação, ajudando as pessoas a reter maior percentagem de informação. Os gestos são como uma arma de dois gumes: por um lado, valorizam a comunicação se forem bem feitos; por outro, podem comprometer a sua eficácia, se forem mal feitos, exagerados ou excessivos (Rei 1995: 17). Na visão de Esteves Rei, para que a gesticulação seja considerada eficaz ela tem que possuir alguns requisitos, nomeadamente: a naturalidade, sobriedade, harmonia, variedade e calma (Rei 2005: 17). A nível da Imagem transmitida pela gestualidade, os sujeitos experimentais evidenciaram atributos como o Profissionalismo, a Responsabilidade, Autoridade e Delicadeza. Note-se ainda que, a Sinceridade, Coerência e Credibilidade foram consideravelmente assinaladas, ao contrário do que se verificou na gesticulação brusca. Aqui, os gestos demonstraram estar em harmonia com a mensagem falada, complementando-a e dando-lhe mais relevo. A existência de coerência é muito importante, uma vez que permite ao receptor compreender e validar aquilo que está a ouvir. Por sua vez, o emissor, ao obter aceitação por parte do público, está a conquistar a sua confiança. Por último, na H4 tentámos verificar se a indumentária formal acompanhada de uma gesticulação brusca proporcionava um efeito negativo em termos de credibilidade do comunicador. No entanto, da análise dos dados podemos constatar que esta hipótese não se verificou e que obteve um efeito neutro. O facto de a indumentária formal não ter sido pontuada tão favoravelmente como foi no Grupo 3, e o facto de a gesticulação brusca não ter sido classificada tão desfavoravelmente como se evidenciou no Grupo 2, podem ter sido duas das razões para obtermos o efeito neutro. Este aspecto demonstra que as variáveis independentes estão associadas e que se influenciam de forma mútua, mesmo que indirectamente, o que é compreensível, uma vez que actuam em simultâneo. Isto significa que, o nível de variação da gestualidade influencia as percepções acerca da indumentária e, por sua vez, o grau de formalidade afecta as atitudes relativamente à gesticulação. Tendo em conta os resultados obtidos nas outras combinatórias, podemos afirmar que no Grupo 120 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador 4 a indumentária formal amenizou os efeitos negativos da gestualidade brusca e esta afectou a percepção dos sujeitos relativamente à indumentária. 5. CONCLUSÕES A comunicação não-verbal tem exercido fascínio sobre a Humanidade desde os seus primórdios, pois envolve todas as manifestações corporais que não são expressas por palavras como os gestos, as expressões faciais, as posturas, as distâncias entre as pessoas, o odor, o tacto, os elementos paralinguisticos da voz, a indumentária, etc.. Muitas vezes está presente no nosso dia-a-dia mas não temos consciência da sua ocorrência nem da sua importância. Para além de exercer uma função comunicativa, enriquecendo a linguagem verbal, também transmite informações acerca da personalidade, gostos, emoções e atitudes do indivíduo. As palavras podem ser bonitas e excitantes, no entanto, não representam a mensagem total. Na verdade, segundo a opinião de um cientista “a palavra é aquilo que o homem usa quando tudo o resto falha” (Davis 1979: 22). As manifestações não-verbais são também determinantes no processo de construção da credibilidade do comunicador. É através do seu comportamento e da sua conduta que o receptor vai verificar se ele, ou não, é digno de crença e confiança. Como foi possível perceber através deste estudo, a indumentária e a gesticulação demonstraram ser dois poderosos canais de comunicação não-verbal que influenciam e determinam a percepção da crebilidade por parte do receptor da mensagem. Demonstrou-se que, a gestualidade lenta acompanhada de uma indumentária formal tem um efeito positivo na credibilidade do comunicador, enquanto que, a gesticulação brusca conjugada com uma indumentária informal gerou um efeito negativo em termos de credibilidade. A indumentária comunica através das cores, formas, texturas das roupas, entre outros componentes que possam ser significativos (Barnard citado por Aquino 121 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador 2011:4). O tipo de tecido, o corte, a cor podem dizer muito acerca de um indivíduo e do mundo em que vivem. Por outro lado, cerca de 95% da primeira impressão que causamos é proporcionada pelas roupas, uma vez que elas cobrem 95% do nosso corpo (…). Assim sendo, a indumentária é considerada crucial para a formação da primeira impressão do indivíduo e respectiva imagem. No presente estudo podemos verificar que o grau de formalidade é decisivo na percepção de fiabilidade e confiança por parte dos sujeitos experimentais. As amostras dos Grupos 1 e 2, ambas submetidas a uma indumentária informal, evidenciaram atitudes negativas em termos de credibilidade. Já as amostras dos Grupos 3 e 4, ambas submetidas a uma indumentária formal, demonstraram apreciações favoráveis. Estes resultados revelaram-se naturais, tendo em conta que a indumentária informal transmitiu Imagens de Jovialidade, Diversão, Descontração, Irreverênica e Insucesso, enquanto que a indumentária formal comunicou Imagens de Seriedade, Profissionalismo, Maturidade, Sucesso e Reverência. Neste sentido, podemos afirmar que, o caractér formal da indumentária projectou ao comunicador um subtexto de inteligência, competência, respeitabilidade e confiança. Ou seja, a indumentária formal contribuiu para a construção de uma imagem de credibilidade, ao contrário da indumentária informal, que acabou por depor contra a mesma. Estar bem vestido é, asssim, fundamental para inspirar confiança, prestígio e respeitabilidade. À semelhança da indumentária, a gestualidade também demonstrou ser muito importante no processo de construção da credibilidade do comunicador. Os resultados obtidos demonstraram que a gesticulação lenta gerou percepções de Delicadeza, Profissionalismo, Segurança, Coerência, Empatia e Sabedoria. A realização de gestos moderados e coerentes enriqueceu a mensagem do sujeito falante e contribuiu para a percepção de uma imagem de competência e confiabilidade. Não obstante, confirmou-se que a gesticulação brusca gera uma percepção negativa em termos de credibilidade. Na opinião dos sujeitos experimentais ela transmitiu Imagens de Agressividade, Imaturidade, Insegurança, Hipocrisia, Incoerência e Distanciamento. Ou seja, gerou a percepção de não credibilidade e falta de confiança e sinceridade. O uso de gestos nervosos, atrapalhados e excessivos denuncia falta de concentração e 122 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador rigor pessoais. Assim sendo, não é apenas na fala que o emissor deve dominar os seus impulsos e reflexos, mas também na gesticulação do sujeito (Rei 2005: 17). Ainda, no presente estudo confirmou-se que a gestualidade lenta acompanhada de uma indumentária informal gera um efeito neutro na credibilidade do comunicador. Não obstante, não conseguimos validar a última hipótese de investigação. Verificamos que, a gesticulação brusca conjugada com a indumentária formal em vez de gerar um efeito positivo em termos de credibilidade gerou um efeito neutro. 5.1. Limites e Desafios para Investigações Futuras Um estudo em torno da comunicação não-verbal, nomeadamente da indumentária e da gesticulação, adivinha-se como um campo vastíssimo. Por isso, também este estudo foi sujeito a alguns condicionalismos ou limitações como: A dimensão e o perfil da amostra. A amostra foi constituída por apenas 40 estudantes universitários quando poderíamos ter seleccionado uma amostra mais representativa e diversificada; A não distribuição homogénea dos sujeitos quanto ao género (número reduzido de sujeitos do género masculino); Ausência de sujeitos experimentais de outras culturas, uma vez que o significado das mensagens não-verbais é determinado pela cultura. A presente dissertação, pela sua própria natureza exploratória, mais do que conclusões permitiu abrir um conjunto de novas interrogações. Assim sendo, aqui ficam alguns desafios para possíveis investigações futuras: Alargar o presente estudo a uma amostra mais vasta, tentando verificar as atitudes de outros segmentos de indivíduos e outras culturas; Medir quantitativamente os efeitos obtidos nos diversos grupos e compará-los entre si com o intuito de verificar quantas vezes uma determinada 123 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador combinatória de variáveis é mais credível comparativamente às outras e viceversa. Analisar e avaliar mais detalhadamente a importância e a eficácia de outros factores da indumentária e da gesticulação que podem influenciar a percepção de credibilidade por parte do receptor. Um desses factores poderia ser, por exemplo, a cor da indumentária. Alterar o género do comunicador, para verificar se há ou não diferenças em termos de credibilidade; Realizar investigação sobre outros canais de comunicação não-verbal e a sua possível influência na credibilidade do comunicador. Para finalizar, há que referir que este trabalho de investigação, para além de já se tratar de um processo rico ao nível da experiência pessoal e académica, pode também dar a conhecer a importância da indumentária e da gesticulação no processo de construção de uma imagem de credibilidade, prestígio e respeitabilidade. 124 A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Adler, Ronald e Rodman, George (2000): Comunicação Humana. LTC. Aesse, Joana (2010): A definição da cartela de cores a partir da metodologia de desenvolvimento de colecção. Estudo de caso Brasil Sul. Internet. Disponível em: http://ged.feevale.br/bibvirtual/Monografia/MonografiaJoanaAesse.pdf (Consultado em 5 de Julho de 2011). 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O formato do 1ºciclo de estudos em Ciências da Comunicação obedece aos princípios orientadores da Declaração de Bolonha, cuja duração é de seis semestres (três anos) estruturados em 180 ECTS, de modo a que as competências desenvolvidas sejam equivalentes e reconhecidas em qualquer sistema de ensino europeu. Esta licenciatura visa ministrar formação nas áreas do grupo das Ciências da Comunicação, nomeadamente nas áreas do Jornalismo, Publicidade e Relações Públicas e Documentação e Informação. O curso oferece assim uma forte componente teórica e profissional, orientada para a aquisição de competências científicas e técnicas, para enfrentar um mercado de trabalho cada vez mais competitivo e exigente em termos de saídas profissionais. No seu conjunto, as várias unidades curriculares que integram o plano de estudos proporcionam um somatório dinâmico de competências no final da licenciatura. O 1º Ciclo de estudos deste curso tem como principais objectivos: A concepção estratégica de campanhas de marketing para empresas, organizações públicas, privadas e instituições sem fins lucrativos; A concepção, desenvolvimento, implementação e controlo das estratégias comunicacionais das organizações; A gestão de recursos humanos, técnicos e financeiros envolvidos nas acções de comunicação e marketing; O desenvolvimento de processos criativos aplicados ao mundo empresarial; A organização e a promoção de eventos relacionados com os produtos ou serviços das organizações; O desenvolvimento de projectos radiofónicos, televisivos e editoriais impressos e digitais Relativamente ao Plano de Estudos: É constituído por algumas unidades curriculares comuns a todas as áreas de especialização tais como: Seminário de Investigação e Estágio; Estão incluídas unidades curriculares específicas de cada uma das áreas de formação do curso. Por exemplo, na variante do jornalismo temos unidades curriculares como: Imprensa, rádio e TV, Atelier de Jornalismo, Estágio em Jornalismo, entre outras; e na variante de Relações Públicas e Publicidades constam unidades curriculares como: Atelier, Estágio, Comunicação Organizacional e Interpessoal, Publicidade e Relações Públicas, etc; Existe uma grande valência em comunicação, com unidades curriculares como Semiótica e Comunicação, Ética e Direito da Comunicação, Análise Social da Comunicação e Estética e Comunicação; Há uma assinalável presença da língua materna através da unidade curricular Língua materna e laboratório de comunicação, presente em dois semestres; Compreende saberes específicos do mundo dos negócios através de unidades curriculares como: Gestão de Empresas de Comunicação; Complementam-no ainda outros saberes organizados em unidades curriculares como: Media e Cultura e Instituições Europeias e Comunicação Internacional. Com o decorrer dos anos, algumas unidades curriculares têm vindo a ser alteradas, tendo sido recentemente inseridas no plano de estudos as unidades curriculares Corpo, Voz e Dicção, e Cinema e Documentário. Saídas Profissionais: A licenciatura em Ciências da Comunicação permite o acesso, entre outras, às seguintes saídas profissionais: Director de comunicação e imagem; Director de marketing, publicidade e relações públicas; Planeador de meios e audiências; Publicitário/Relações Públicas; Consultor em comunicação empresarial; Assessor de comunicação pública, política e institucional; Editor e Jornalista (imprensa, rádio, televisão e digital); Realizador/produtor de televisão, rádio e multimédia. Mestrado em Ciências da Comunicação O mestrado em Ciências da Comunicação tem uma duração de quatro semestres (dois anos) e pretende dar continuidade à formação do 1º ciclo de estudos. A formação do 2ºciclo caracteriza-se por proporcionar as condições de observação, reflexão e descoberta relativamente à realidade nacional e internacional da comunicação. O mestrado em Ciências da Comunicação assegura também ao estudante uma especialização de natureza académica com a apresentação e defesa de uma dissertação, com recurso a actividades de investigação e inovação nas diferentes áreas de especialização das ciências da comunicação. O 2º ciclo do curso de Ciências da Comunicação da Universidade de Trás-OsMontes e Alto Douro que confere o grau de mestre ao estudante possui quatro vertentes de especialização: Jornalismo, Publicidade e Relações Públicas, Informação e Documentação e Comunicação Pública, Política e Intercultural. Este ciclo de estudos tem como principais objectivos: O domínio das diferentes variantes da comunicação: publicidade e relações públicas, comunicação pública, política e institucional; O conhecimento aprofundado em tarefas de auditoria, controlo e avaliação do investimento comunicacional das organizações; A concepção, desenvolvimento, implementação e controlo dos planos de comunicação das organizações; A aplicação de instrumentos científicos de análise dos processos de comunicação nas instituições; Especialização na elaboração de peças jornalísticas no âmbito da imprensa, rádio, audiovisuais, televisão e internet. No que respeitas às saídas profissionais deste ciclo de estudos, estas vão desde as profissões relacionadas com os media (jornais, rádio, TV, internet, etc.) às relações públicas, à gestão de informação e documentação (empresas públicas e privadas, bibliotecas, centros culturais, autarquias, etc.) até profissões emergentes como as que estão ligadas às relações internacionais e interculturais (empresas e organismos de mediação, de difusão e de criação de imagem ao nível empresarial, social, político, cultural, educativo e artístico. INSTRUMENTO Nota Introdutória O presente instrumento de recolha de dados tem como objectivo a angariação de dados necessários para a realização de um estudo no âmbito do mestrado (2º ciclo) em Ciências da Comunicação da UTAD. Solicitamos que responda de forma espontânea e verdadeira a todos os diferenciais semânticos. O instrumento de recolha de dados é anónimo e servirá exclusivamente para estudo académico. Dados Pessoais Género: Masculino Feminino Idade: Curso: Ano: Explicação Geral De seguida, apresentaremos-lhe um conjunto de adjectivos opostos, onde deve assinalar com um a posição (entre 3 e -3) que considerar mais pertinente. Exemplo: - Se acha que Vila Real é uma cidade extremamente bonita assinale assim: 3 Bonita 2 1 0 -1 -2 -3 Feia - Se acha que Vila Real é uma cidade ligeiramente feia assinale assim: 3 Bonita 2 1 0 -1 -2 -3 Feia - Se acha que Vila Real é uma cidade nem feia nem bonita assinale assim: 3 Bonita 2 1 0 -1 -2 -3 Feia Diferencial semântico nº1: Avaliação individual - Indumentária 3 2 1 0 -1 -2 -3 Moderna Tradicional Elegante Ordinária Atractiva Repelente Rígida Flexível Original Convencional Perfeccionista Improvisada Idónea Inapropriada Ousada Discreta Expressiva Irrelevante Profissional Amadora Diferencial semântico nº2: Avaliação individual - Gesticulação 3 2 1 0 -1 -2 -3 Moderada Exagerada Explicativa Genérica Informativa Objectiva Segura Insegura Clara Confusa Congruente Incongruente Discreta Irrisória Persuasiva Imperativa Compreensível Incompreensível Organizada Descompassada Uniforme Informe Condescendente Intransigente Enfática Não-enfática Racional Emocional Referencial semântico nº 3: Avaliação conjunta - Imagem transmitida pela indumentária 3 2 1 0 -1 -2 -3 Seriedade Descontração Profissionalismo Diversão Maturidade Jovialidade Responsabilidade Irresponsabilidade Coerência Incoerência Força Delicadeza Flexibilidade Rigidez Autoridade Obediência Segurança Insegurança Credibilidade Não credibilidade Cuidada Descuidada Sucesso Insucesso Reverência Irreverência Referencial semântico nº4: Avaliação conjunta - Imagem transmitida pela gesticulação 3 2 1 0 -1 -2 -3 Competência Incompetência Profissionalismo Imaturidade Segurança Insegurança Credibilidade Não credibilidade Autoridade Submissão Delicadeza Agressividade Proximidade Distanciamento Sinceridade Hipocrisia Coerência Incoerência Empatia Apatia Sabedoria Ignorância Preparo Despreparo Muito obrigado pela sua colaboração. INDUMENTÁRIA GRUPO 1 Indumentária Moderna/ Tradicion Elegante/ Ordinária Atractiva/ Repelente Rígida/ Flexível Original/ Convencio Perfecion/Imp rovisad Idónea/ Inapropria Ousada/ Discreta Expressiva/ Irrelevant Profissional/A madora Total Soma Média 5 0,5 -3 -0,3 -4 -0,4 -23 -2,3 -11 -1,1 -21 -2,1 -11 -1,1 -1 -0,1 -16 -1,6 -18 -1,8 -103 -1,03 Elegante/ Ordinária Atractiva/ Repelente Profissional/A madora Total -12 -1,2 -8 -0,8 -6 -0,6 -25 -2,5 -20 -2 -145 -1,45 Indumentária Moderna/ Tradicion Elegante/ Ordinária Atractiva/ Repelente Rígida/ Flexível Soma Média 17 1,7 25 2,5 11 1,1 21 2,1 2 0,2 Indumentária Moderna/ Tradiciona Elegante/ Ordinária Atractiva/ Repelente Rígida/ Flexível Soma Média 13 1,3 19 1,9 12 1,2 5 0,5 GRUPO 2 Indumentária Soma Média Moderna/ Tradicional Rígida/ Flexível Original/ Convencio -18 -1,8 Perfecionis/Im Idónea/ provis Inapropri -22 -2,2 Ousada/ Discreta Expressiva/ Irrelevante -14 -1,4 -6 -0,6 -14 -1,4 Idónea/ Inapropri Ousada/ Discreta 20 2 20 2 -4 -0,4 19 1,9 22 2,2 153 1,53 Original/ Convencio Perfecionis/Im provis Idónea/ Inapropria Ousada/ Discreta Expressiva/ Irrelevant Profissional/A madora Total 8 0,8 21 2,1 18 1,8 -5 -0,5 11 1,1 20 2 122 1,22 GRUPO 3 Original/Conve Perfecionist/I ncio mprovis Expressiva/Irre Profissional/A levante madora Total GRUPO 4 GESTICULAÇÃO GRUPO 1 Gesticulação Moderad/ Exagerad Explicativ/ Genérica Informativa/Ob jectiva Segura/ Insegura Clara/ Confusa Congruente/Inc ongruent Discreta/ Irrisória Persuasiva/ Imperativa Compreensiv/In Organizada/Des compr compas Uniforme/ Informe Soma Média 22 2,2 7 0,7 3 0,3 19 1,9 15 1,5 14 1,4 23 2,3 10 1 20 2 14 1,4 16 1,6 Gesticulação Condescen/ Intransig Enfática/ Ñ enfática Racional/ Emocional Total Soma Média 4 0,4 9 0,9 14 1,4 190 -1,3643 Gesticulação Moderad/ Exagerad Explicativ/ Genérica Informativa/Ob jectiva Segura/ Insegura Clara/ Confusa Congruente/Inc ongruent Discreta/ Irrisória Persuasiva/ Imperativa Compreens/ Incompr Organizada/Des compas Uniforme/ Informe Soma Média -25 -2,5 -9 -0,9 -22 -2,2 -3 -0,3 -7 -0,7 -16 -1,6 -17 -1,7 -24 -2,4 -1 -0,1 -16 -1,6 -19 -1,9 Gesticulação Condescen/ Intransig Enfática/ Ñ enfática Racional/ Emocional Total Soma Média -11 -1,1 -2 -0,2 -19 -1,9 -191 -1,3643 Gesticulação Moderad/ Exagerad Explicativ/ Genérica Informativa/Ob jectiva Segura/ Insegura Clara/ Confusa Congruente/Inc ongruent Discreta/ Irrisória Persuasiva/ Imperativa Compreens/ Incompr Organizada/Des compas Uniforme/ Informe Soma Média 19 1,9 14 1,4 18 1,8 21 2,1 20 2 15 1,5 10 1 14 1,4 18 1,8 13 1,3 12 1,2 GRUPO 2 GRUPO 3 Gesticulação Condescen/ Intransig Enfática/ Ñ enfática Racional/ Emocional Total Soma Média 12 1,2 18 1,8 20 2 224 1,6 Gesticulação Moderad/ Exagerad Explicativ/ Genérica Informativa/Ob jectiva Segura/ Insegura Clara/ Confusa Congruente/Inc ongruent Discreta/ Irrisória Persuasiva/ Imperativa Compreens/ Incompr Organizada/Des compas Uniforme/ Informe Soma Média -26 -2,6 3 0,3 -3 -0,3 5 0,5 -6 -0,6 -12 -1,2 -21 -2,1 -21 -2,1 -8 -0,8 -19 -1,9 -20 -2 Gesticulação Condescen/ Intransig Enfática/ Ñ enfática Racional/ Emocional Total Soma Média -9 -0,9 -1 -0,1 -23 -2,3 -161 -1,163636 GRUPO 4 IMAGEM DA INDUMENTÁRIA GRUPO 1 Imagem da Indumentária Soma Média Imagem da Indumentária Soma Média Seriedade/ Descontraç Profission/ Diversão -24 -2,4 -16 -1,6 Maturidade/Jov ialidade Responsab/ Irresponsab Coerência/ Incoerência Força/ Delicadeza -23 -2,3 -8 -0,8 -6 -0,6 -3 -0,3 Sucesso/ Insucesso Reverência/ Irreverênc Total -14 -1,4 -19 -1,9 -134 -1,0308 Profission/ Diversão Maturidade/Jov ialidade Responsab/ Irresponsab Coerência/ Incoerência Força/ Delicadeza -24 -2,7 -23 -2,3 -26 -2,6 -13 -1,3 -15 -1,5 -6 -0,6 Sucesso/ Insucesso Reverência/ Irreverència Total -15 -1,5 -20 -2 -192 -1,4769 Profission/ Diversão Maturidade/Jov ialidade Responsab/ Irresponsab Coerência/ Incoerência Força/ Delicadeza 21 2,1 23 2,3 23 2,3 21 2,1 15 1,5 16 1,6 Sucesso/ Insucesso Reverência/ Irreverênci Total 17 1,7 13 1,3 243 1,869 Flexibilidad/Rigi Autoridade/Ob Segurança/ dez diênci Insegurança 19 1,9 -16 -1,6 -2 -0,2 Credibili/Ñ credibilid -12 -1,2 Cuidada/ Descuidad -10 -1 GRUPO 2 Imagem da Indumentária Soma Média Imagem da Indumentária Soma Média Seriedade/ Descontraç Flexibilidad/Rigi Autoridade/Ob Segurança/ dez diênci Inseguranç 14 1,4 -19 -1,9 -15 -1,5 Credibilid/Ñ credibili -14 -1,4 Cuidada/ Descuidad -16 -1,6 GRUPO 3 Imagem da Indumentária Soma Média Imagem da Indumentária Soma Média Seriedade/ Descontraç Flexibilidad/Rigi Autoridade/Ob Segurança/Inse Credibilid/ Ñ dez diênci guranç credibili 1 0,1 20 2 22 2,2 26 2,6 Cuidada/ Descuidad 25 2,5 GRUPO 4 Imagem da Indumentária Soma Média Imagem da Indumentária Soma Média Seriedade/ Descontraç Profission/ Diversão Maturidade/Jov ialidade Responsab/ Irresponsab Coerência/ Incoerência Força/ Delicadeza 19 1,9 23 2,3 22 2,2 21 2,1 10 1 14 1,4 Sucesso/ Insucesso Reverência/ Irreverênci Total 14 1,4 13 1,3 205 1,5769 Flexibilidad/Rigi Autoridade/Ob Segurança/ dez diênci Inseguranç -11 -1,1 16 1,6 20 2 Credibilid/Ñ credibili 23 2,3 Cuidada/ Descuidad 21 2,1 IMAGEM DA GESTICULAÇÃO GRUPO 1 Imagem da Gesticulação Soma Média Imagem da Gesticulação Soma Média Competênc/ Incompet Profission/ Imaturidade Segurança/ Insegurança 16 1,6 19 1,9 17 1,7 Preparo/ Despreparo Total 12 1,2 180 1,5 Competênc/ Incompet Profission/ Imaturidade Segurança/ Insegurança -17 -1,7 -19 -1,9 -16 -1,6 Preparo/ Despreparo Total -20 -2 -200 -1,667 Competênci/Inc ompet Profission/ Imaturidade Segurança/ Insegurança 19 1,9 22 2,2 17 1,7 Credibilid/ Ñ credibilid 20 2 Autoridade/Sub Delicadeza/Agr Proximidade/Di Sinceridade/Hip Coerência/ missão essividad stanciam ocrisia Incoerência -3 -0,3 13 1,3 14 1,4 20 2 16 1,6 Empatia/ Apatia 18 1,8 Sabedoria/ Ignorância 18 1,8 GRUPO 2 Imagem da Gesticulação Soma Média Imagem da Gesticulação Soma Média Credibilid/ Ñ credibilid -18 -1,8 Autoridade/Sub Delicadeza/Agr Proximidade/Di Sinceridade/Hip Coerência/ missão essividad stanciam ocrisia Incoerência -1 -0,1 -23 -2,3 -20 -2 -21 -2,1 -15 -1,5 Empatia/ Apatia -19 -1,9 Sabedoria/ Ignorância -11 -1,1 GRUPO 3 Imagem da Gesticulação Soma Média Credibilid/ Ñ credibilid 22 2,2 Autoridade/Sub Delicadeza/Agr Proximidade/Di Sinceridade/Hip Coerência/ missão essividad stanciam ocrisia Incoerência 21 2,1 9 0,9 14 1,4 19 1,9 22 2,2 Empatia/ Apatia 17 1,7 Sabedoria/ Ignorância 19 1,9 Imagem da Gesticulação Soma Média Preparo/ Despreparo Total 14 1,4 215 1,7916 Competênci/Inc ompet Profission/ Imaturidade Segurança/ Insegurança -17 -1,7 -19 -1,9 -9 -0,9 Preparo/ Despreparo Total -19 -1,9 -172 -1,433 GRUPO 4 Imagem da Gesticulação Soma Média Imagem da Gesticulação Soma Média Credibilid/ credibilid -17 -1,7 Ñ Autoridade/Sub Delicadeza/Agr Proximidade/Di Sinceridade/Hip Coerência/ missão essividad stanciam ocrisia Incoerência 3 0,3 -25 -2,5 -17 -1,7 -21 -2,1 -13 -1,3 Empatia/ Apatia Sabedoria/ Ignorância -13 -1,3 -5 -0,5 GRUPO 1 1.1 F F F F F F F F F M S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 Indumentária 1.2 23 38 19 22 31 22 20 20 21 21 Moderna/ Tradicional Soma Média Indumentária Soma Média Elegante/ Ordinária 5 0,5 1.3 CC CC CC CC CC CC CC CC CC CC 1.4 5 3 3 3 3 3 3 3 3 3 Atractiva/ Repelente -3 -0,3 Rígida/ Flexível -4 -0,4 Original/ Convencion -23 -2,3 Perfecionista/I mprovisada -11 -1,1 Idónea/ Inapropriad -21 -2,1 Ousada/ Discreta -11 -1,1 Expressiva/ Irrelevante -1 -0,1 Profissional/Am adora -16 -1,6 -18 -1,8 Total -103 -1,03 Gesticulação Moderad/ Exagerad Explicativ/ Genérica Informativa/Ob jectiva Segura/ Insegura Clara/ Confusa Congruente/ Incongruente Discreta/ Irrisória Persuasiva/ Imperativa Soma Média 22 2,2 7 0,7 3 0,3 19 1,9 15 1,5 14 1,4 23 2,3 10 1 Gesticulação Uniforme/Infor me Condescen/ Intransig Enfática/ Ñ enfática Racional/ Emocional Total Soma Média 16 1,6 4 0,4 9 0,9 14 1,4 147 1,47 Compreensiv/In Organizada/Des compr compas 20 2 14 1,4 Imagem da Indumentária Soma Média Imagem da Indumentária Soma Média Seriedade/Desc ontraç Profission/ Diversão Maturidade/Jov ialidade Responsab/ Irresponsab Coerência/ Incoerência Força/ Delicadeza -24 -2,4 -16 -1,6 -23 -2,3 -8 -0,8 -6 -0,6 -3 -0,3 Cuidada/ Descuidada Sucesso/ Insucesso Reverência/ Irreverência Total -10 -1 -14 -1,4 -19 -1,9 -91 -0,91 Imagem da Gesticulação Soma Média Imagem da Gesticulação Soma Média Competênc/Inc ompet Profission/ Imaturidade Segurança/ Insegurança Autoridade/Sub missão Delicadeza/ Agressividad 16 1,6 19 1,9 17 1,7 -3 -0,3 13 1,3 Sabedoria/ Ignorância Preparo/ Despreparo Total 18 1,8 12 1,2 150 1,5 Credibilid/ Ñ credibilid 20 2 Flexibilidad/Rigi Autoridade/Ob Segurança/ dez diência Insegurança 19 1,9 -16 -1,6 -2 -0,2 Proximidade/Di Sinceridade/Hip Coerência/ stanciam ocrisia Incoerência 14 1,4 20 2 16 1,6 Credibilid/ credibilid -12 -1,2 Empatia/ Apatia 18 1,8 Ñ GRUPO 2 S11 S12 S13 S14 S15 S16 S17 S18 S19 S20 1.1 F F F F F F M F M M 1.2 19 29 18 18 19 29 24 19 22 18 1.3 CC CC CC CC CC CC CC CC CC CC 1.4 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Indumentária Moderna/ Tradicional Elegante/ Ordinária Atractiva/ Repelente Rígida/ Flexível Original/ Convencion Perfecion/Imp rovis Idónea/ Inapropriad Ousada/ Discreta Expressiva/ Irrelevante Profissional/A madora Soma Média -12 -1,2 -8 -0,8 -6 -0,6 -25 -2,5 -18 -1,8 -22 -2,2 -14 -1,4 -6 -0,6 -14 -1,4 -20 -2 Indumentária Total Soma Média -145 -1,45 Gesticulação Moderad/ Exagerad Explicativ/ Genérica Informativa/O bjectiva Segura/ Insegura Clara/ Confusa Congruente/ Incongruent Discreta/ Irrisória Persuasiva/ Imperativa Soma Média -25 -2,5 -9 -0,9 -22 -2,2 -3 -0,3 -7 -0,7 -16 -1,6 -17 -1,7 -24 -2,4 Gesticulação Uniforme/ Informe Racional/ Emocional Total Soma Média -19 -1,9 -19 -1,9 -140 -1,4 Condescen/ Enfática/ Ñ Intransig enfática -11 -1,1 -2 -0,2 Compreensiv/I Organizada/De ncompr scompas -1 -0,1 -16 -1,6 Imagem da Indumentária Soma Média Imagem da Indumentária Soma Média Seriedade/ Descontraç Imagem da Gesticulação Soma Média Imagem da Gesticulação Soma Média Competência/I Profission/ ncompetência Imaturidade Profission/ Diversão Maturidade/Jo vialidade Responsab/ Irresponsab Coerência/ Incoerência Força/ Delicadeza -24 -2,4 -23 -2,3 -26 -2,6 -13 -1,3 -15 -1,5 -6 -0,6 Cuidada/ Descuidada Sucesso/ Insucesso Reverência/ Irreverència Total -16 -1,6 -15 -1,5 -20 -2 -141 -1,41 Segurança/ Credibilid/ Insegurança Ñ credibilid -17 -1,7 -19 -1,9 -16 -1,6 Sabedoria/ Ignorância Preparo/ Despreparo Total -11 -1,1 -20 -2 -169 -1,69 -18 -1,8 Autoridade/ Submissão -1 -0,1 Flexibilidad/Ri Autoridade/O Segurança/ gidez bdiência Insegurança 14 1,4 -19 -1,9 -15 -1,5 Delicadeza/ Proximidade/ Sinceridade/Hi Coerência/ Agressividade Distanciam pocrisia Incoerência -23 -2,3 -20 -2 -21 -2,1 -15 -1,5 Credibilid/ Ñ credibilid -14 -1,4 Empatia/ Apatia -19 -1,9 GRUPO 3 S21 S22 S23 S24 S25 S26 S27 S28 S29 S30 1.1 F M F F M F M F M F 1.2 19 18 18 18 19 18 18 19 18 20 1.3 CC CC CC CC CC CC CC CC CC CC 1.4 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Indumentária Moderna/ Tradicional Elegante/ Ordinária Atractiva/ Repelente Rígida/ Flexível Original/ Convencion Perfecionist/Im provisad Idónea/ Inapropriad Ousada/ Discreta Soma Média 17 1,7 25 2,5 11 1,1 21 2,1 2 0,2 20 2 20 2 -4 -0,4 Gesticulação Moderad/ Exagerad Explicativ/ Genérica Informativa/Ob jectiva Segura/ Insegura Clara/ Confusa Congruente/Inc ongruent Discreta/ Irrisória Soma Média 19 1,9 14 1,4 18 1,8 21 2,1 20 2 15 1,5 10 1 Racional/ Emocional Total 20 2 174 1,5818182 Gesticulação Soma Média Condescen/Intr Enfática/ Ñ ansig enfática 12 1,2 18 1,8 Expressiva/Irrel Profissional/Am evante adora 19 1,9 22 2,2 Persuasiva/Imp Compreensiv/In Organizada/Des erativa compr compas 14 1,4 18 1,8 13 1,3 Total 153 1,53 Uniforme/ Informe 12 1,2 Imagem da Indumentária Soma Média Imagem da Indumentária Soma Média Seriedade/Desc Profission/Diver Maturidade/Jov Responsab/Irre ontraç são ialidad sponsab Imagem da Gesticulação Soma Média Imagem da Gesticulação Soma Média 21 2,1 23 2,3 23 2,3 Sucesso/ Insucesso Reverência/ Irreverênci Total 17 1,7 13 1,3 213 1,9363636 Competênc/Inc ompet Profission/ Imaturidad Segurança/ Inseguranç 19 1,9 22 2,2 17 1,7 Preparo/ Despreparo Total 14 1,4 201 1,8272727 21 2,1 Credibilid/ credibilid 22 2,2 Coerência/ Incoerência Força/ Delicadeza 15 1,5 16 1,6 Flexibilidad/Rigi Autoridade/Ob Segurança/ dez diência Inseguranç 1 0,1 20 2 22 2,2 Ñ Autoridade/Sub Delicadeza/Agr Proximidade/Di Sinceridade/Hip Coerência/ missão essividad stanciam ocrisia Incoerência 21 2,1 9 0,9 14 1,4 19 1,9 22 2,2 Credibilid/ Ñ credibilid Cuidada/ Descuidada 26 2,6 25 2,5 Empatia/ Apatia Sabedoria/ Ignorância 17 1,7 19 1,9 GRUPO 4 S31 S32 S33 S34 S35 S36 S37 S38 S39 S40 1.1 F F F F F M M F M F 1.2 22 23 38 21 21 22 46 38 30 21 1.3 CC CC CC CC CC CC CC CC CC CC 1.4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 Indumentária Moderna/ Tradicional Elegante/ Ordinária Atractiva/ Repelente Rígida/ Flexível Original/ Convencion Perfecionist/Im provisad Idónea/ Inapropriada Ousada/ Discreta Expressiva/ Irrelevante Profissional/Am adora Soma Média 13 1,3 19 1,9 12 1,2 5 0,5 8 0,8 21 2,1 18 1,8 -5 -0,5 11 1,1 20 2 Indumentária Total Soma Média 122 1,22 Gesticulação Moderad/ Exagerad Explicativ/ Genérica Informativa/Ob jectiva Segura/ Insegura Clara/ Confusa Congruente/ Incongruente Discreta/ Irrisória Soma Média -26 -2,6 3 0,3 -3 -0,3 5 0,5 -6 -0,6 -12 -1,2 -21 -2,1 Gesticulação Uniforme/ Informe Condescen/ Intransig Enfática/ Ñ enfática Racional/ Emocional Total Soma Média -20 -2 -9 -0,9 -1 -0,1 -23 -2,3 -108 -1,08 Persuasiva/Imp Compreensiv/In Organizada/Des erativa compr compas -21 -2,1 -8 -0,8 -19 -1,9 Imagem da Indumentária Soma Média Imagem da Indumentária Soma Média Seriedade/Desc ontraç Profission/ Diversão 19 1,9 23 2,3 22 2,2 21 2,1 Cuidada/ Descuidada Sucesso/ Insucesso Reverência/ Irreverência Total 21 2,1 14 1,4 13 1,3 157 1,57 Imagem da Gesticulação Soma Média Imagem da Gesticulação Soma Média Competênc/ Incompet Profission/ Imaturidade Segurança/ Insegurança -17 -1,7 -19 -1,9 -9 -0,9 Sabedoria/ Ignorância Preparo/ Despreparo Total -5 -0,5 -19 -1,9 -148 -1,48 Maturidade/Jov Responsab/Irre ialidade sponsab Credibilid/ Ñ credibilid -17 -1,7 Coerência/ Incoerência Força/ Delicadeza 10 1 14 1,4 Flexibilidad/Rigi Autoridade/Ob Segurança/ dez diência Insegurança -11 -1,1 16 1,6 20 2 Autoridade/Sub Delicadeza/ Proximidade/Di Sinceridade/Hip Coerência/ missão Agressividade stanciam ocrisia Incoerência 3 0,3 -25 -2,5 -17 -1,7 -21 -2,1 -13 -1,3 Credibilid/ Ñ credibilid 23 2,3 Empatia/ Apatia -13 -1,3