Intervenção de Marília Vilaverde Cabral, da URAP – União de Resistentes Antifascistas Caras Amigas, Caros Amigos, Em nome da URAP – União de Resistentes Antifascistas Portugueses, agradeço o convite que nos fizeram para participar nesta iniciativa “Itinerários e Conquistas dos Direitos das Mulheres” e saudar o MDM pela sua realização. Aqui, neste local, muitos homens e mulheres sofreram torturas, humilhações que, em alguns casos chegaram até à morte. Aqui, neste local, indiferentes aos apelos de muitos democratas (só a URAP recolheu milhares de assinaturas), entidades competentes permitiram que, em vez de um Museu, como aconteceu noutros países, se construísse um condomínio de luxo. Se pensavam que assim, apagariam o que foi o fascismo em Portugal e o que foi a Resistência, enganaram-se. E. a prova, é estarmos aqui hoje a afirmar que lutaremos contra o esquecimento e que continuaremos nesta luta para que as novas gerações que, felizmente, não viveram esses tempos negros do fascismo, saibam que, no nosso Portugal, houve sempre quem não se rendesse perante um país onde havia fome, onde havia guerra, onde não havia Liberdade. E foram muitos esses homens e mulheres que, por quererem um Mundo melhor e lutarem por ele, foram trazidos para este local sinistro, onde não havia lei, onde os presos estavam à mercê dos torturadores e onde só a crença nos seus ideais e a fé nos seus companheiros os ajudavam a resistir. E conseguiam cantar e as canções davam-lhes força para a luta que aí travavam, como demonstra o Hino de Caxias: “Longos corredores nas trevas percorremos Sob o olhar feroz dos carcereiros. Mas nem a luz dos olhos que perdemos Nos faz perder a fé nos companheiros”. São exemplos como estes que a URAP se comprometeu a divulgar, como o fez nestes 40 Anos do 25 de Abril, com Sessões e visitas ao Forte de Peniche com alunos de cerca de uma centena de escolas e com a Exposição “ 25 de Abril, Ontem e hoje – Evocação, Memória e luta, que percorreu o País, num contributo para que, mesmo que queiram, não deixaremos esquecer as prisões do Porto, Angra do Heroísmo, Tarrafal, Caxias e Peniche. Hoje, estamos aqui a lembrar tempos negros, tempos terríveis que o poeta Alexandre O’ Neill caracterizou e que ilustra bem o medo com que se vivia: “Ah o medo vai ter tudo tudo (Penso no que o medo vai ter E tenho medo Que é justamente O que o medo quer” Mas, apesar do medo, resistia-se e permitam-me que lembre aqui Aida da Conceição Paulo, Aida Magro, Albertina Diogo, Albina Fernandes, Casimira da Conceição Silva, Conceição Matos, Gina Azevedo, Isaura da Conceição Silva, Maria Custódia Chibante, Eugénia Varela Gomes, Maria Lourença Cabecinha, Maria Luísa Cabral, Maria Machado, Maria Rosa Viseu, Olímpia Braz, Sofia Ferreira. São mulheres que resistiram ao medo e que fizeram com que pudéssemos estar Hoje aqui a celebrar o 25 de Abril e as suas conquistas. Numa situação muito diferente que vivemos hoje, mas em que muitas vezes a esperança nos parece fugir, são exemplos como estes que nos ajudam a continuar o combate contra o esquecimento e pelos ideais que nortearam o 25 de Abril. VIVA O MDM! VIVA O 25 de ABRIL! Lisboa (António Cardoso), 28 de Junho de 2014 Marília Villaverde Cabral