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O mundo tornou-se um só. Não há mais forasteiros, estranhos ou coisas externas neste mundo.
A globalização das relações econômicas anda no mesmo passo que a globalização das relações sociais.
Hoje, o mundo se restringe às ligações financeiras que vão de indivíduo para indivíduo, saltando as
fronteiras nacionais.
Os contratos não vêm mais com a chancela do Estado, mas com carimbos de advogados que
constituem elos da “lex mercatoria”.
Agora não se vira mais cidadão do mundo: você já nasce sendo um. As platéias de espectadores
e torcedores estão globalizadas. Eu, um italiano, não torci pela Itália nesta copa, virei um seguidor
apaixonado do Senegal.
O Mundial de futebol é, nessa perspectiva, um anacronismo singular. Nele, as nações guerreiam
ainda umas contra as outras. Certo, é um jogo, é uma experiência lúdica que não comporta declarações
de guerra: batem de frente países, e não diferentes imperialismos.
Na verdade, tudo isso é uma ficção. Não existem mais nações, com as relações sociais,
econômicas e financeiras se desenvolvendo em escala universal, onde as identidades se esvanecem e
valem muito pouco no meio de tanto intercâmbio. A copa se apresenta como uma ficcional permanência
das nações, e o nosso orgulho nacional é artificialmente reavivado.
Neste planeta sem confins não vale a pena se divertir com essas nações-fetiches. O fato é que
o futebol não havia previsto a realidade da globalização. Mas a antecipou. É por isso que o futebol é
uma chave para interpretar o “espírito do mundo”. O futebol já havia começado a circulação de mãode-obra (ou pé-de-obra) de um país a outro, já tornava híbridos os torneios locais e contaminava as
torcidas futebolísticas.
Na Europa, as grandes seleções européias são todas híbridas: a seleção italiana bicampeã nos
anos 30 estava cheia de argentinos, os franceses vencedores de 1998 eram quase todos estrangeiros.
Isso demonstra como o futebol se antecipa à realidade.
A força de trabalho futebolística se move com toda a liberdade e chegou a todos os rincões
primeiro que a globalização. Hoje, observando os torneios locais, se percebe como está avançado esse
processo.
Foi divertido (digo ironicamente, afinal, tratou-se na verdade de uma afirmação indecente)
ouvir recentemente um nacionalista francês exclamar, diante da multicolorida seleção de seu país, que,
para conquistar a vitória, era preciso uma equipe só de brancos...Pobre idiota!
A mistura é irreversível. É uma exigência do mundo. E, além disso, essa lógica não diz respeito
só a equipes de futebol. Ela serve como condição para nossa experiência, para nós, seres cosmopolitas.
E, depois, existe um efeito profundamente positivo. Essa lógica acaba com a possibilidade de
usar uma herança de cor ou de raça como arma para a exploração ou a exclusão. O campeonato
mundial de futebol é útil por isso. Não porque exalta as nações, mas porque mistura as raças, as cores,
as paixões. Em suma, mostra as condições elementares da liberdade.
Toni Negri, Folha de São Paulo, 27 de junho 2002- Trad. Rodrigo Bertolotto
Processo Seletivo/UFU - Setembro 2002 - 1ª Prova Comum
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QUESTÃO 51
Assinale a ÚNICA alternativa em que a palavra ou expressão em negrito NÃO está adequadamente
interpretada de acordo com seu sentido no texto.
A) “Na Europa, as grandes seleções européias são todas híbridas...” (linha 22) = misturadas
B)
“...as identidades se esvanecem e valem muito pouco no meio de tanto intercâmbio.” (linhas 14-15) =
permuta
C)
“...as identidades se esvanecem e valem muito pouco no meio de tanto intercâmbio.” (linhas 14-15) =
desfazem
D) “O Mundial de futebol é, nessa perspectiva, um anacronismo singular.” (linha 10) = individual
QUESTÃO 52
Assinale a ÚNICA alternativa que NÃO corresponde às idéias apresentadas pelo autor.
A)
B)
C)
D)
O Mundial de futebol permite reavivar nosso patriotismo de forma artificial.
No mundo globalizado, as relações sociais apenas se desenvolvem no interior das nações.
O aspecto lúdico do Mundial de futebol permite ainda pensar em nações separadas.
O futebol foi precursor da globalização.
QUESTÃO 53
“O campeonato mundial é útil por isso. Não porque exalta as nações, mas porque mistura as raças, as
cores, as paixões.” (linhas 34-36)
Assinale a ÚNICA alternativa em que as relações semânticas presentes no fragmento acima NÃO foram
alteradas.
A) O campeonato mundial é útil, porque mistura as raças, as cores, as paixões e não porque exalta as nações.
B)
Não porque mistura as raças, as cores, as paixões, mas porque exalta as nações, o campeonato mundial é
útil.
C)
O campeonato mundial é útil, porque não só exalta as nações, mas também porque mistura as raças, as
cores, as paixões.
D) O campeonato mundial é útil, porque mistura as raças, as cores, as paixões e exalta as nações.
Processo Seletivo/UFU - Setembro 2002 - 1ª Prova Comum
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QUESTÃO 54
“Agora não se vira mais cidadão do mundo...” (linha 7)
No fragmento acima, o termo em destaque refere-se
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A)
B)
C)
D)
ao momento posterior ao qual o fato é enunciado.
ao momento em que o fato é enunciado.
ao momento seguinte ao qual o fato é enunciado.
ao momento imediatamente posterior ao qual o fato é enunciado.
QUESTÃO 55
Em: “Agora não se vira mais cidadão do mundo: você já nasce sendo um”. (linha 7), a relação entre as
orações pode ser estabelecida por meio de:
A)
B)
C)
D)
logo
mas
desde que
pois
QUESTÃO 56
Assinale a ÚNICA alternativa em que ocorre oposição entre as idéias estabelecidas nos períodos.
A) “Os contratos não vêm mais com a chancela do Estado, mas com carimbos de advogados...” (linha 5)
B)
“A mistura é irreversível. É uma exigência do mundo.” (linha 31)
C)
“Eu, um italiano, não torci pela Itália nesta copa, virei um seguidor apaixonado do Senegal.” (linhas 8-9)
D) “...essa lógica não diz respeito só a equipes de futebol. Ela serve como condição para nossa experiência...”
(linhas 31-32)
Processo Seletivo/UFU - Setembro 2002 - 1ª Prova Comum
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QUESTÃO 57
Assinale a ÚNICA alternativa em que o termo em destaque NÃO está determinando o verbo.
A)
B)
C)
D)
“...essa lógica não diz respeito só a equipes de futebol”. (linhas 31-32)
“...você já nasce sendo um”. (linha 7)
“Nele, as nações guerreiam ainda umas contra as outras”. (linhas 10-11)
“....e valem muito pouco, no meio de tanto intercâmbio”. (linhas 14-15)
QUESTÃO 58
Numere a 2ª coluna de acordo com a 1ª.
I II III IV -
“O fato é que o futebol não havia previsto a realidade da globalização”. (linhas 17-18)
“... já tornava híbridos os torneios e contaminava as torcidas futebolísticas”. (linhas 20-21)
“...virei um seguidor apaixonado do Senegal”. (linhas 8-9)
“Os contratos não vêm mais com a chancela do Estado...” (linha 5)
(
(
(
(
o tempo verbal indica ação permanente.
o tempo verbal denota um fato passado, mas não concluído.
o tempo verbal denota um fato passado já concluído.
o tempo verbal denota um fato passado que poderia ter acontecido após outro fato passado.
)
)
)
)
Assinale a alternativa que apresenta a seqüência correta.
A)
B)
C)
D)
I,
IV,
II,
III,
IV,
II,
I,
IV,
II, III
III, I
III, IV
I, II
Processo Seletivo/UFU - Setembro 2002 - 1ª Prova Comum
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QUESTÃO 59
Assinale a ÚNICA alternativa em que o termo em destaque pode ser considerado como indeterminador
do sujeito.
A) “Isso demonstra como o futebol se antecipa à realidade.” (linha 24)
B)
“Não existem mais nações, com as relações sociais, econômicas e financeiras se desenvolvendo em
escala universal...” (linhas 13-14)
C)
“Agora não se vira mais cidadão do mundo...” (linha 7)
D) “... as identidades se esvanecem e valem muito pouco no meio de tanto intercâmbio.” (Linhas 14-15)
QUESTÃO 60
Assinale a ÚNICA alternativa em que o elemento em destaque NÃO possui a mesma função dos demais.
A) “Hoje, o mundo se restringe às ligações financeiras que vão de indivíduo para indivíduo, saltando as
fronteiras nacionais.” (linhas 3-4)
B)
“Foi divertido (...) ouvir recentemente um nacionalista francês exclamar, diante da multicolorida seleção de
seu país, que para conquistar a vitória era preciso uma equipe só de brancos...” (linhas 28-30)
C)
“Não existem mais nações, com as relações sociais, econômicas e financeiras se desenvolvendo em escala
universal, onde as identidades se esvanecem ...” (linhas 13-14)
D) “Certo, é um jogo, é uma experiência lúdica que não comporta declarações de guerra: batem de frente
países, e não diferentes imperialismos.” (linhas 11-12)
Processo Seletivo/UFU - Setembro 2002 - 1ª Prova Comum